01 junho 2023

OS CRISTÃOS E O LUTO

Mulher Cristã - Vivenciando o Luto 

(Comentário do 3⁰ Tópico da Lição 10: Quando os pais sepultam os filhos)


Ev. WELIANO PIRES

 

No terceiro tópico, veremos como os cristãos devem enfrentar a triste realidade do luto na família. Em primeiro lugar, jamais devemos culpar a Deus ou blasfemar contra Ele. Há mistérios nesta vida que jamais os entenderemos, somente na eternidade. Em segundo lugar, o cristão deve viver o seu momento de luto, manifestando naturalmente as suas reações emocionais, como choro, silêncio e tristeza. Até o Senhor Jesus, em sua condição humana, chorou diante do túmulo de Lázaro. Por último, devemos manter viva a esperança na ressurreição, pois, o Nosso  Senhor Jesus Cristo venceu a morte, ressuscitando dos mortos, e garantiu que nós também iremos ressuscitar para nunca mais morrermos  e estaremos para sempre com o Senhor, se permanecermos fiéis a Ele até à morte. 


1- Não culpe a Deus. Uma das razões que mais costuma levar pessoas ao ateísmo é a revolta diante de um sofrimento extremo, como a perda de um ente querido muito próximo, como um filho, o cônjuge ou os pais. Nestas circunstâncias, muitas pessoas costumam culpar a Deus pela tragédia que lhes sobreveio, ou passam a duvidar da existência de Deus, pois, segundo imaginam, se Deus existisse, teria evitado que a tragédia acontecesse. Outros, quando perdem os seus entes queridos, não chegam a duvidar da existência de Deus, mas duvidam do seu amor e se revoltam contra Deus e blasfemam. 


A declaração de Jó diante das perdas de todos os seus bens, inclusive os seus dez filhos, tem muito a nos ensinar: "Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!". A primeira frase de Jó é um reconhecimento de que tudo o que temos nesta vida, incluindo a própria vida, é emprestado. A vida e tudo o que há no Universo pertence a Deus (Sl 24.1). Quando viemos a este mundo, nada trouxemos e nascemos frágeis e com uma aparência não muito agradável. Tudo o que adquirimos ao longo da vida foi porque Deus nos deu a vida, o crescimento, a saúde, o ar, o sol, etc. Na segunda frase, Jó afirma que tudo pertence a Deus e, portanto, Ele tem o direito de dar e de tirar o que quiser, quando quiser e da forma que quiser. Se tivermos esta consciência, jamais iremos culpar Deus por tirar de nós aquilo que não nos pertence. Sobre isso, muito bem disse o Pr. Antonio Mesquita Neves: 

"Deus tem o direito de tirar, porque é Ele quem dá. Então, por Jó o fato foi visto como natural. Se Deus é o Senhor de tudo e dá a quem quer, e tira de quem quer, não há motivo de queixa. Foi isso precisamente o que Jó entendeu; tudo vem de Deus e Ele dá e tira como lhe apraz. É uma lição que vale a pena aprender, mas nem sempre estamos devidamente preparados."


Por último, Jó louvou a Deus, em meio às mais dolorosas perdas, fazendo exatamente o oposto daquilo que o inimigo imaginou que ele faria.  O apóstolo Paulo escrevendo aos Tessalonicenses disse: "Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco." (1 Ts 5.18). A nossa fidelidade a Deus é provada em todas as circunstâncias, tanto na prosperidade, quanto nas adversidades. Há pessoas que esquecem de Deus, quando tudo vai bem. Outras blasfemam contra Deus quando tudo dá errado. Mas, o crente fiel adora a Deus em qualquer circunstância, pois a sua fé não está condicionada ao que Deus lhe dá e sim ao que Ele é. Tem um hino antigo do cantor Eduardo Silva, que eu gosto muito, cujo refrão diz o seguinte: 


Se você perdeu tudo aqui

menos a fé em Deus,

Se você perdeu tudo nesta vida,

menos a fé, você não perdeu nada.

 

2- Vivendo o luto. O período de luto é natural e necessário para quem perdeu um familiar, principalmente um parente de primeiro grau, como filhos, cônjuge, pais ou irmãos. O luto tem prazo de validade e varia de uma pessoa para outra, por vários fatores, como o grau de afetividade com a pessoa falecida, estrutura emocional e/ou espiritual, circunstâncias em que ocorreu a morte, etc. As reações das pessoas enlutadas também variam e não podemos julgar os sentimentos das pessoas por se comportarem desta ou daquela forma. Há pessoas que choram muito, outras passam mal, desmaiam e outras simplesmente silenciam. Isso não está relacionado à intensidade da dor e sim à estrutura emocional da pessoa enlutada. O que devemos fazer é respeitar o luto da pessoa e suas manifestações, orar, visitar, chorar junto e oferecer o nosso abraço, ouvindo mais do que falando. Se for um cristão, podemos orar junto com ele e trazer mensagens de esperança da vida eterna.


Certa vez, eu estava em um velório e, nos momentos finais, quando já se preparavam para retirar o corpo, algumas pessoas choravam e um dos familiares dizia para as pessoas não chorarem, pois a falecida estava com Cristo. Ora, quanta insensatez! As pessoas não estavam chorando por causa do destino eterno daquela pessoa e sim, por causa da separação de uma pessoa que era muito querida. 


3- Mantenha a esperança. É natural e até saudável que a pessoa tenha o seu período de luto, pela perda de alguém que ama. Reprimir o choro e a tristeza para parecer forte pode trazer sérios problemas emocionais e à saúde física. Entretanto, o crente não pode perder de vista a sua esperança na vida eterna. Precisamos sempre lembrar que somos peregrinos e forasteiros neste mundo. O Senhor Jesus quando antes de subir ao Céu prometeu aos seus discípulos que viria outra vez para levá-los para si mesmo, para que onde Ele estiver, eles também estejam. (Jo 14.1-3). 


O apóstolo Paulo, escrevendo aos crentes de Tessalônica, sobre os mortos que morreram com Cristo disse: “Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.” (1 Ts 4.14-17). 


No mundo greco-romano, os pagãos não criam na ressurreição dos mortos. Os crentes de Tessalônica, vinham dessa triste realidade. Eles creram no Evangelho e aguardavam que Cristo voltaria ainda durante a vida deles. Eram brutalmente perseguidos e viam muitos dos seus entes queridos morrerem. Por isso, estavam entristecidos, pensando que aqueles que dormiam em Cristo haviam perecido. O apóstolo Paulo, então, esclarece que a morte não é o fim para o cristão. Aqueles que morreram em Cristo, ressuscitarão primeiro, depois os que estiveram vivos, na ocasião do arrebatamento, serão transformados. Todos serão arrebatados e subirão a encontrar o Senhor nos ares e estaremos para sempre com o Senhor.  



Se por um lado, é compreensível e necessário o período de luto e tristeza, por outro lado, não podemos dar lugar ao desespero e ao luto eterno, como se não houvesse esperança. Não temos morada permanente aqui, mas esperamos a nossa Pátria Celestial, onde não haverá mais mortes, tristezas, nem dores. (Ap 21.1-4). A vida cristã só fará algum sentido, se levarmos em consideração a Vida eterna. Do ponto de vista terreno, vivemos uma vida na contramão do mundo, sendo perseguidos e renunciando às próprias vontades e até a própria vida por amor a Cristo. Como disse o apóstolo Paulo: “Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. (1 Co 15.16-19)


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos  da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 175-176.

SWINDOLL, CHARLES R. Jó: Um homem de tolerância heróica. Ed. 2003. Editora Mundo Cristão. pág. 41,42.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág.1869,1982.

MESQUITA, Antonio Neves de. Jó: Uma interpretação do sofrimento humano. Editora JUERP.

LOPES, Hernandes Dias. 1 e 2 Tessalonicenses: Como se preparar para a segunda vinda de Cristo. Editora Hagnos. pag. 102-104.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 1395-1396.



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