23 junho 2023

FRUTOS DA AMIZADE COM JESUS


(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 13: A amizade de Jesus com uma família de Betânia).

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos dos frutos da amizade com Jesus. O primeiro deles é a presença do Filho de Deus em sua casa. Felizes são aqueles que desenvolvem uma amizade com Jesus e permitem que Ele habite em sua casa. O segundo fruto é o desenvolvimento espiritual. Uma família que recebe Jesus em sua casa desenvolve um relacionamento espiritual mais profundo com Ele. O terceiro e último fruto da amizade com Jesus é o serviço em família. Cada um à sua maneira, Marta, Maria e Lázaro faziam a sua parte, a fim de agradar o Mestre e oferecer-lhe uma hospedagem digna e agradável.

1- Presença real do Filho de Deus. Nada sabemos a respeito dos pais de Marta, Maria e Lázaro. Também não sabemos se tinham mais irmãos ou se eram casados. Podemos deduzir pelos detalhes dos relatos sobre eles, que Marta era a mais velha e Lázaro o mais novo. Mas isso é apenas uma suposição, pois Marta parece ser a dona de casa e reclama com Jesus, porque Maria não estava ajudando nos afazeres domésticos. O carinho de ambas por Lázaro e o fato dele não aparecer como protagonista são indícios de que poderia ser o mais novo.

O que é certo mesmo é que todos os membros desta família amavam profundamente a Jesus e eram amados por Ele. Muitas pessoas naquela época recebiam Jesus em suas casas e multidões o seguiam por onde Ele passava. Entretanto, boa parte destas pessoas buscavam a Jesus, não pela sua presença, mas por aquilo que Ele poderia fazer por elas. Uns buscavam multiplicação de pães, outros buscavam curas e milagres e havia também os que o seguiam pensando que ele fosse um líder político-militar, que lideraria uma rebelião contra Roma.

A família de Betânia, no entanto, buscava a presença de Jesus em sua casa. Eles não estavam interessados em receber o que Jesus tinha a oferecer. Queriam a presença dele em sua casa. A presença de Jesus em nós é suficiente, independente do que Ele venha a fazer. Após a sua ressurreição, Jesus reuniu os seus discípulos e disse-lhes: "É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém." (Mt 28.18-20). Este texto é conhecido como "A Grande Comissão", pois contém a principal comissão de Jesus à Sua Igreja, que é pregar o Evangelho e ensinar a Sua Palavra.

Depois de confiar aos seus discípulos esta grande comissão, Ele prometeu que a sua presença estaria com eles em todo o tempo. Moisés também entendeu que a presença de Deus era indispensável e disse: "Se a tua presença não for conosco, não nos faças subir daqui." (Ex 33.15). Jesus disse certa vez aos seus discípulos: "...Sem mim, nada podereis fazer". (Jo 15.5c). Portanto, devemos buscar a presença de Deus e não aquilo que Ele pode nos dar ou fazer por nós. Isso são consequências da Sua presença conosco. A sua presença é suficiente.
 
2- Desenvolvimento espiritual. O segundo fruto da amizade de Jesus com a família de Betânia é o desenvolvimento espiritual dos membros da família. Podemos notar que esta família vivia em união e tinha muito amor uns pelos outros. Estavam sempre juntos e, no episódio da morte de Lázaro, podemos notar que as irmãs o amavam muito. A desunião familiar é incompatível com a vida cristã. Em uma casa que tem Jesus como Senhor, o amor, o respeito, o carinho, a compreensão e o perdão serão sempre abundantes.

Podemos perceber também no desenvolvimento espiritual desta família, a adoração sincera, principalmente de Maria. Os evangelistas citaram três atitudes distintas da adoração de Maria ao Senhor:  Primeiro, ela assentou-se aos pés Jesus a fim de ouvir os seus ensinos (Lc 10.39); depois, na ocasião da morte do seu irmão, Maria lançou-se aos pés de Jesus chorando (Jo 11.32); por último, Maria adora a Jesus derramando sobre Ele uma vasilha de um perfume caríssimo, ungiu os pés do Mestre, molhando-os com as suas lágrimas e secando-os com os seus cabelos (Jo 12.3). Esta adoração de Maria foi um gesto público, espontâneo, sacrificial, generoso, pessoal e sem nenhum exibicionismo. Ela recebeu críticas até de um dos apóstolos. Mas, ela não se importou, pois buscava agradar única e exclusivamente ao Seu Senhor, por quem tinha muito amor e gratidão.

O comentarista cita também a contrição e quebrantamento espiritual como fruto da amizade desta família com Jesus. Contrição significa tristeza e arrependimento pelos pecados cometidos, não por medo do castigo, mas pelo fato de desagradado a Deus. Em sentido metafórico a contrição significa que o adorador reconhece a sua inferioridade e condição de pecador indigno, diante do Deus Todo Poderoso e absolutamente Santo. O oposto disso é autossuficiência, autojustificação e autoexaltação.

3- Serviço concreto. O terceiro fruto da amizade com Jesus apontado pelo comentarista é o serviço completo. A família de Betânia era também uma família que procurava servir ao Senhor Jesus, oferecendo-lhe sempre o melhor. Como vimos no primeiro tópico, eles ofereciam hospedagem a Jesus e aos seus discípulos e os recebiam com alegria em sua casa. Mesmo de forma diferente, Marta e Maria procuravam agradar o Mestre.

Marta se preocupava com os serviços de casa, para oferecer ao Senhor um ambiente limpo e aconchegante e uma boa refeição. Maria faziam-lhe companhia, oferecendo uma boa recepção, ouvindo os seus ensinos e adorando-o com o coração contrito, como vimos acima. Lázaro, como o homem da casa, certamente providenciava os mantimentos e também recebia o Mestre com muito carinho, tanto que Jesus o chamou de "Lázaro, nosso amigo".

Muitas pessoas lêem o texto de Lucas 10.38-40 e recém muitas críticas a Marta, principalmente, os pregadores sensacionalistas. Isto porque Marta foi reclamar com Jesus, por sua irmã tê-la deixado servir sozinha e estar aos pés de Jesus, ouvindo as suas palavras. Jesus repreendeu a Marta, dizendo: "Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada." (Lc 10.41,42). Esta repreensão amorosa de Jesus a Marta não foi ao fato dela estar servindo e sim à preocupação excessiva com o serviço, em detrimento da adoração.

É um problema recorrente em muitos cristãos a falta de equilíbrio entre a adoração e serviço. De um lado, há pessoas que espiritualizam tudo e querem somente cultuar a Deus. Vão ao culto matutino, à "tarde da bênção", campanha à noite e depois do culto vão orar nos montes ou vigílias. Sendo assim, não conseguem trabalhar, cuidar da família e sequer da própria saúde. Tanto Jesus como os apóstolos nunca ensinaram isso. Jesus não disse em Mateus 6.33, para "buscar o Reino de Deus, que seriam acrescentadas as demais coisas", como muitos pensam  Ele disse para "buscar primeiro o Reino de Deus", depois de buscar o Reino de Deus, cuidamos das outras coisas também. É para priorizar o Reino de Deus e não buscar apenas isso. Ele também não falou que  "as demais coisas seriam acrescentadas". Jesus falou "todas estas coisas". Que coisas? O que comer, o que beber e o que vestir. Ou seja, o necessário à sobrevivência.

No outro extremo, há aqueles que são escravos do trabalho e não tem tempo para servir a Deus, nem tampouco para cuidar da família e de si mesmo. Trabalham em dois empregos, fazem cursos e ainda levam trabalho para casa. Estas pessoas são como o rico insensato, que pensava somente em acumular riquezas neste mundo e não se preocupou que naquela noite o Senhor pediria a sua vida e ele não levaria nada. Então, precisamos trabalhar e cuidar das coisas desta vida, pois ainda estamos neste mundo e temos que lutar pela sobrevivência. Mas temos que priorizar o Reino de Deus e a Sua Justiça e dedicar um tempo da nossa vida para servir ao Senhor.

REFERÊNCIAS:
 
CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 223-225.
HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: Lucas. Editora Cultura Cristã. pág.676; 718-720.
BARCLAY, William. Comentário Bíblico: Mateus. pág. 427-428.
LOPES, Hernandes Dias. João: As glórias do Filho de Deus. Editora Hagnos. pág. 317-319.
HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento: Mateus a João. Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pág. 938.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 397.

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