(Comentário do 2⁰ Tópico da Lição 10: Quando os pais sepultam os filhos)
Ev. WELIANO PIRES
No segundo tópico veremos como lidar com a morte dentro da família. Jó e sua família eram prósperos, felizes e respeitados na comunidade em que viviam. De repente foram surpreendidos com uma série de notícias trágicas, principalmente, a morte de todos os seus filhos. Evidentemente, eles tinham razões para estarem tristes e terem o seu período de luto. Entretanto, mesmo diante de tamanha dor e tristeza, Jó manteve a sua fidelidade ao Senhor e o adorou.
1- Jó e sua esposa foram surpreendidos pela morte dos filhos. Era um dia como qualquer outro, na casa do patriarca Jó, um homem íntegro, reto, temente a Deus e que se desviava do mal, como vimos no tópico anterior. Em sua fazenda, a rotina agitada, com muitos trabalhadores e animais, arando terra, produzindo leite e fazendo transportes de pessoas e mercadorias em camelos e jumentos. Jó jamais imaginaria que uma avalanche de notícias trágicas iria se desencadear e mudar para sempre a sua vida.
Os seus filhos estavam reunidos, como de costume, em um banquete na casa do filho primogênito de Jó. De repente, um dos empregados chegou correndo à casa de Jó, trazendo a triste notícia de que um bando de sabeus cercaram os rebanhos, mataram os servos de Jó e levaram os bois e as jumentas. Somente aquele mensageiro havia escapado e trouxe a má notícia.
Jó ainda estava sem entender o que havia acontecido e, antes que o servo terminasse de falar, entrou outro correndo e deu a notícia de que havia caído fogo do céu e queimado as sete mil ovelhas de Jó. Os servos que pastoreavam as ovelhas, também foram atingidos pelo fogo e todos foram mortos. Escapara somente aquele e correu para trazer a notícia de mais uma tragédia a Jó.
Antes do segundo mensageiro terminar de falar, eis que entra outro servo correndo e diz a Jó que os caldeus reuniram três bandos, mataram todos os servos que estavam com os camelos e levaram os animais. Somente ele havia escapado e correu para dar a notícia a Jó. Com mais esta triste notícia, todos os bens de Jó tinham desaparecido instantaneamente.
Não deu nem tempo de Jó dizer para a esposa: estamos falidos! Ou quem sabe, avaliar os prejuízos. Talvez, Jó pensasse em dizer: Perdemos tudo, mas, pelos menos, nós e os nossos filhos escapamos com vida. Quando Jó pensou que não poderia piorar a situação, estando o servo ainda falando sobre o roubo dos seus camelos, entra outro servo correndo e grita assustado: Meu senhor, os seus filhos estavam reunidos em um banquete na casa de teu filho primogênito, veio um furacão e derrubou a casa sobre eles. Todos eles morreram na hora! Eu escapei por pouco e corri para trazer a notícia.
O mundo desabou instantaneamente sobre a cabeça de Jó e sua esposa. Se perder um filho já é a pior dor que um pai pode sentir, imagine a dor de perder dez filhos de uma vez e ficar sem nenhum! Mesmo sabendo que a morte é inevitável e que pode acontecer a qualquer momento a qualquer um de nós, nunca estamos preparados para receber a notícia de que um ente querido faleceu.
Existem situações, nas quais a morte já é esperada e, nestes casos, embora sofrendo com a partida do nosso ente querido, nos conformamos com mais facilidade. Quando se trata de um idoso com mais de 90 anos, ou de alguém acometido de uma doença incurável, cujo diagnóstico dos médicos atesta que não tem mais jeito, já esperamos a qualquer momento receber a notícia do falecimento. Entretanto, quando se trata de mortes por acidente, assassinato, ou morte súbita por infarto, AVC e coisas do tipo, principalmente, em pessoas jovens e aparentemente saudáveis, o choque é terrível. Muitas pessoas não conseguem se recuperar e praticamente morrem juntas, pois não encontram mais motivação para viver. Caem em tristeza profunda, depressão e desistem da vida.
2- Razões para a tristeza do luto de Jó e de sua mulher. Jó tinha uma família grande e próspera. De repente, todos os seus filhos foram mortos, de forma trágica. Aquela família que outrora vivia feliz e fazendo banquetes nas casas uns dos outros, agora estava em uma tristeza profunda, com os dez filhos e as suas famílias, todos mortos. Tinham razões de sobra para estarem com os corações dilacerados pela dor e tristeza.
Infelizmente, muitos cristãos querendo dar a impressão de que são seres extraterrestres, tentam desencorajar o choro ou o luto, interpretando erroneamente, o texto de 1 Tessalonicenses 4.13, que diz: “Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança”. Dizem, portanto, que o crente não deve chorar ou se entristecer por causa dos seus entes queridos que partiram. Ora, o que Paulo está dizendo é para não se desesperar, como aqueles que não tem a esperança da ressurreição. Como vamos dizer para uma mãe que acabou de perder um filho, de forma trágica, não chorar ou não ficar triste? O próprio Jesus, diante do túmulo do seu amigo Lázaro, que tinha morrido havia quatro dias, comoveu-se com o choro das irmãs dele e também chorou (Jo 11.35).
3- Fidelidade ao Senhor em meio à dor. Depois de receber as notícias trágicas da perdas de todos os seus bens, culminando com a pior das notícias que foi a morte dos seus dez filhos de uma vez, o texto bíblico descreve a reação de Jó: “Então, Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou, e disse: ‘Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor.’ Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.” (Jó 1.20-22).
Não temos ideia de quanto tempo demorou desde o momento em que Jó recebeu estas notícias trágicas e o momento em que ele se levantou. O fato é que o seu comportamento e as suas palavras diante desta avalanche de notícias avassaladoras, demonstram submissão e confiança plena em Deus. Diante de tantas tragédias, Jó encontrou forças, ergueu-se do chão e rasgou os seus vestidos em sinal de profunda angústia. Em seguida, rapou a sua cabeça, em sinal de perda da sua glória pessoal. Por último, quando Satanás e os demônios esperavam que ele fosse blasfemar contra Deus, Jó lançou-se em terra em sinal de humilhação e adorou a Deus.
Com estas atitudes e palavras, Jó provou que Satanás estava errado em relação à sua fé em Deus. A sua fé em Deus não era mercenária e interesseira, como o inimigo havia insinuado. Jó reconheceu que veio a este mundo sem nada e que tudo o quanto possuía era de Deus. Esta é a atitude de um verdadeiro adorador. Quem não tem esta concepção não adora a Deus de verdade, pois pensa que tem alguma coisa ou algum direito diante do Soberano de todo o Universo. O apóstolo Paulo falando sobre os males do amor ao dinheiro disse: “Porque nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele.” (1 Tm 6.7).
Referências:
CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 175-176.
SWINDOLL, CHARLES R. Jó: Um homem de tolerância heróica. Ed. 2003. Editora Mundo Cristão. pág. 37-41.
HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Jó a Cantares de Salomão. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 10.
Melo, Joel Leitão de. Eclesiastes Versículo por Versículo. Editora CPAD. Ed 2013. 6ª Impressão. pág. 68.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. págs. 1868, 2723.
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