(Comentário do 3º tópico da Lição 03: Ciúme, o mal que prejudica a família)
Ev. WELIANO PIRES
No terceiro tópico falaremos sobre alguns males que podem ser provocados pelo ciúme. Veremos que o ciúme pode causar tragédias familiares, como agressões e até assassinato, como aconteceu com José, que foi vendido por seus irmãos. A intenção inicial era matá-lo, mas Judá conseguiu demover os demais irmãos da ideia. Muitos maridos também espancam e até matam a esposa por ciúmes doentios. Falaremos também neste tópico sobre os casos lamentáveis de ciúmes no meio da Igreja, inclusive entre os colegas de ministério. Por último, veremos algumas recomendações bíblicas para vencer o ciúme.
1- O ciúme pode causar tragédias familiares. O ciúme no casamento é sufocante e gera muitos conflitos. Uma pessoa ciumenta vive em constante desconfiança, suspeita e medo de perder o afeto da outra pessoa. O ciúme doentio faz a pessoa vasculhar a intimidade do outro, em busca de indícios de traição: vasculha o celular e as redes sociais, em busca de mensagens ou ligações comprometedoras; verifica a camisa, em busca de sinais de batom; segue a pessoa ou contrata detetives para vigiar os seus passos; desconfia de qualquer pessoa do sexo oposto, seja no trabalho, na escola, entre amigos e até na Igreja; faz escândalos porque a pessoa conversou pessoalmente ou recebeu uma ligação de alguém do sexo oposto, sem ao menos saber de quem se tratava. Estes comportamentos sufocam a pessoa e tornam a sua vida um inferno. Se você está namorando alguém que tem algum desses comportamentos, fuja enquanto é tempo.
Além destes comportamentos sufocantes e invasivos, há um perigo maior nas pessoas ciumentas que é quando partem para a agressão verbal e física. Uma pessoa transtornada pelo ciúme agride verbal e fisicamente o cônjuge e quem dele (a) se aproximar. Em muitos casos, comete homicídio, contra o cônjuge, contra os supostos amantes, contra os próprios filhos, seguidos de suicídio. Já tivemos notícias de muitas tragédias que foram praticadas, movidas por ciúmes. Eu conheci um, que sempre foi um homem tranquilo. A esposa separou-se dele e ele, por não aceitar a separação, trancou-se em casa com os dois filhos pequenos, atirou na cabeça deles e em seguida se matou. Um dos filhos sobreviveu, mas o outro filho e o pai morreram. Muitas tragédias desse tipo acontecem todos os dias.
2- O ciúme entre os santos de Deus. Sentimentos como ciúmes, vanglória, invejas, disputas por posição, calúnias e difamações, etc., são incompatíveis com a vida cristã. São obras da carne e Paulo falou em mais de uma ocasião, que aqueles que praticam estas coisas não herdarão o Reino de Deus (I Co 6.10; Gl 5.19-21). Entretanto, lamentavelmente, muitos crentes, inclusive obreiros, por ciúmes e ambição por cargos, cometem injustiças, mentem, caluniam, ofendem e "puxam o tapete" dos irmãos em Cristo, para tomarem o lugar deles.
Em muitos ministérios e convenções, as disputas por poder se assemelham à política partidária praticada pelos corruptos, onde vale tudo para chegar ao poder. Fazem acordos espúrios, compram votos, consagram pessoas sem chamada ministerial, loteiam cargos nas Igrejas em busca de apoio, processam os companheiros de ministério e passam como rolos compressores por cima dos que atravessarem o seu caminho.
Fizeram assim com Jesus e com os seus apóstolos. As autoridades religiosas de Israel viam os milagres que Jesus e os apóstolos faziam. Nunca pararam para analisar as profecias e ver se o que eles pregavam estava de acordo com as Escrituras. Mas, por ciúmes e inveja, inflamavam as multidões contra eles, com falsas acusações de blasfêmia.
Ora, o ministério cristão nada tem a ver com esse tipo de comportamento carnal. Fomos chamados por Deus para servir a sua Igreja e pregar o Santo Evangelho. Não fomos chamados para ter poder terreno e receber glórias neste mundo. O apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo, trouxe algumas recomendações para a escolha dos bispos, presbiteriana e diáconos. Ele começou dizendo: "Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja". (1Tm 3.1). Ou seja, ser um bispo ou pastor é trabalho e não poder. Na sequência, o apóstolo diz que o bispo deve ser irrepreensível e lista vários requisitos morais para o exercício da função. Da mesma sorte, os presbíteros e diáconos.
3- Vencendo o ciúme. No início desta lição, vimos que o favoritismo de Jacó pelo seu filho José causou ciúme, inveja e ódio dos demais filhos contra José. Vimos também que o ciúme é a causa de muitos conflitos nos relacionamentos. Depois vimos que o ciúme pode causar tragédias no lar e provocar diversos problemas no meio do povo de Deus. Agora, a pergunta que fica é: o que fazer para vencer o ciúme? O comentarista sabiamente apontou três atitudes muito eficientes para vencer o ciúme:
a. Encher a mente com as coisas de Deus. Paulo assim escreveu aos Filipenses: "Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai." Jesus também disse, certa vez, que "Raça de víboras, como podem vocês, que são maus, dizer coisas boas? Pois a boca fala do que está cheio o coração." (Mt 12.34). Sendo assim, se enchermos o nosso coração das virtudes que o Espírito Santo produz, não haverá espaço para sentimentos e atitudes carnais como o ciúme e a inveja.
b. Avaliar o grau de ciúme. Conforme falamos no início, o ciúme é uma emoção natural do ser humano, no sentido de cuidar daquilo que lhe pertence para não se perder. Entretanto, se o ciúme se tornou extravagante, egoísta e doentio, é preciso buscar ajuda pastoral e talvez de um profissional, pois pode tratar-se de um transtorno. Na ajuda pastoral, é preciso cautela, pois nem todos os pastores estão preparados para lidar com isso.
c. Cultivar o amor. O ciúme é uma obra da carne e é incomparável com o amor bíblico. Devemos considerar as características do amor, descritas pelo apóstolo Paulo em I Coríntios 13: "O amor é sofredor (paciente), é benigno; não é invejoso; não trata com leviandade ( A expressão grega significa comportar-se como uma pessoa orgulhosa que não para de falar); não se ensoberbece; não se porta com indecência, não busca os seus interesses; não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." (I Co 13.4-7). Todas estas características do amor são incompatíveis com o ciúme. Logo, quem ama de verdade vence o ciúme.
REFERÊNCIAS:
CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 57.
WALTKE, Bruce K. Comentário do Antigo Testamento: Ezequiel. Vol. 1 & 2. Editora Cultura Cristã.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 1183-1184.
LOPES, Hernandes Dias. Provérbios: Manual de sabedoria para a vida. Editora Hagnos. pág. 546.
LOPES, Hernandes Dias. GÁLATAS: A carta da liberdade cristã. Editora Hagnos. pág. 252.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 1022-1023
KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento: I Coríntios. Editora Cultura Cristã. pág. 653-655.
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