22 abril 2023

A IDOLATRIA DENTRO DOS LARES



(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 04: Os ídolos na família).

Ev. WELIANO PIRES

Vimos nos dois tópicos anteriores os casos de ídolos domésticos, protagonizados por Raquel e por Mica. A primeira, buscava obter vantagem econômica ou talvez algum tipo de proteção. O segundo fez um ídolo, consagrou o seu próprio filho como sacerdote e mandou fazer um manto sacerdotal, para ter um culto à sua maneira, ignorando os parâmetros da Lei do Senhor.


Neste terceiro tópico falaremos sobre a idolatria dentro dos lares na atualidade. Tudo aquilo que requer honra, lealdade e dedicação acima de Deus, pode ser considerado um ídolo. Identificaremos os principais ídolos domésticos atuais, que estão presentes na chamada “cultura da mídia”. Precisamos, urgentemente, reagir e quebrar os ídolos domésticos que ocupam o lugar de Deus na família. 


1- Os ídolos domésticos dos tempos atuais. Em nosso texto áureo, temos o alerta do apóstolo João, à Igreja do seu tempo: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1Jo 5 21). A região para onde o apóstolo escreveu era a Ásia Menor, uma região completamente entregue à idolatria. Além dos inúmeros deuses pagãos, havia pequenos ídolos e amuletos por toda parte. Em Éfeso, principal cidade da Ásia Menor que depois se tornou a capital desta província romana, estava o templo de Diana, que era uma das sete maravilhas do mundo antigo. Por causa do culto a Diana, vinha gente de várias partes do mundo para esta adoração. 


Em Éfeso também havia um negócio muito lucrativo dos ourives que fabricavam pequenos amuletos. Acreditava-se que o poder de Diana estava presente nestes objetos e que estes garantiam proteção, fertilidade e segurança econômica e política. Era muito forte também em Éfeso, a magia e a feitiçaria. Por todos os cantos da cidade estavam disponíveis os encantamentos, a astrologia e o exorcismo. Para completar era exigido o culto ao Imperador, inclusive queimava-se incenso a ele. 


Como João escreveu à Igreja, é bem provável que não era aos deuses que ele se referia. Este versículo é uma espécie de resumo da Epístola e se refere à idolatria espiritual, ou seja quando há honra demasiada a qualquer pessoa, instituição, objeto a si mesmo, tomando o lugar que é de Deus. A Bíblia Viva traduz assim este versículo: “Meus queridos filhos, afastem-se de qualquer coisa que possa tomar o lugar de Deus no coração de vocês”. Sobre esta recomendação do apóstolo João, o pastor Hernandes Dias Lopes assim escreveu: "Os mesmos ídolos ainda nos tentam: dinheiro, segurança, prazer, pessoas, carreiras e posses são ídolos que exigem que cultuemos a eles em vez de prestar culto a Deus. Nossos ídolos podem ser qualquer coisa ou pessoa que ameace ocupar o trono do nosso coração. Substitutos de Deus podem exigir muito de nosso tempo, dinheiro e energia."


2- Identificando os ídolos modernos dentro dos lares. No mundo antigo, os ídolos eram de ouro, prata, gesso, madeira, barro, etc. Eram reconhecidos e cultuados como se fossem realmente deuses. Muitos cristãos que vieram do paganismo tinha dificuldades de abandonar completamente estes ídolos. Na atualidade, pelo menos no meio evangélico, não existem ídolos desse tipo. Não vemos nas casas dos crentes, estatuetas de deuses ou imagens de escultura, servindo de instrumentos de proteção. Entretanto, há outros tipos de ídolos que ocupam o lugar de Deus em muitos corações. Quais são os ídolos que se instalam nos lares nos dias atuais? 


O comentarista coloca os meios eletrônicos de comunicação (rádio, televisão e internet) como instrumentos a serviço "da concupiscência da carne, da concupiscência dos olhos e da soberba da vida," que são as três principais portas de entrada para o pecado. (1 Jo 2.16,17). De fato, os meios de comunicação, embora sejam indispensáveis à vida moderna e tenham muita utilidade, oferecem muitos riscos, servindo como instrumentos de manipulação diabólica e podem roubar o nosso tempo de dedicação às disciplinas da vida cristã: oração, leitura e meditação na Palavra de Deus. 


Recentemente tivemos uma lição em nossa Escola Bíblica Dominical, falando sobre "a sutileza das mídias sociais", comentada pelo Pr. José Gonçalves. Na ocasião, foi destacado os aspectos positivos das mídias sociais, para a comunicação e principalmente para a proclamação do Evangelho. Entretanto, foi alertado para os problemas advindos delas. As redes sociais contribuem para a desumanização do ser humano, pois as pessoas trocam o real pelo virtual e mostram um universo fictício em seus perfis nas redes sociais. 


Há também outros problemas graves nas redes sociais, como o mundanismo, o materialismo, o hedonismo, a sensualidade e o narcisismo. A facilidade de se comunicar escondido tem levado muitos a flertar com o pecado, trocando mensagens e imagens íntimas, que levam ao adultério e à fornicação. Os criminosos, como pedófilos, traficantes e golpistas, também estão escondidos nas redes sociais. Por isso, todo cuidado é pouco, principalmente com adolescentes, crianças e idosos. 


Os meios de comunicação não são os únicos ídolos domésticos da atualidade. Há muitos outros ídolos nos corações, como o desejo descontrolado de ganhar dinheiro, a preocupação excessiva com o próprio corpo, a obsessão pela fama, o hedonismo, que é a busca pelo prazer a qualquer custo, etc. Estes e outros ídolos modernos constituem-se em grandes empecilhos para as pessoas servirem a Deus. Se Deus pedisse para as pessoas abrirem mão de qualquer uma destas coisas para servi-lo, imediatamente as pessoas se "retirariam tristes", como fez o jovem rico (Mt 19.22). 


3- Precisamos reagir contra os inimigos da família. Diante de tantos ídolos domésticos modernos precisamos, urgentemente, reagir para evitar que a nossa família e a nossa comunhão com Deus sejam destruidas por eles. Mas, o que fazer para combater e destronar estes ídolos do nosso lar? O primeiro passo, como vimos acima, é identificá-los. Para saber se há ídolos em nosso lar ou no nosso coração, precisamos fazer uma varredura e destruir tudo aquilo que estiver recebendo honra e dedicação igual, semelhante, ou maior do que aquela que é devida somente a Deus. 


No Sermão do Monte, Jesus disse que os seus discípulos são "o sal da terra…" (Mt 5.13). 

A principal função do sal sempre foi dar sabor aos alimentos. Qualquer alimento, exceto os que são adocicados, não tem graça nenhuma se não tiver sal. A outra função do sal, nos tempos bíblicos era a preservação da carne, pois, não havia refrigeração como hoje. Sendo assim, além da sua função principal que usamos atualmente como item de tempero para dar sabor, o sal servia para preservar a carne da putrefação. 


Estas duas funções do sal, dar sabor e preservar os alimentos, ilustram a diferença que o cristão deve fazer neste mundo, exercendo uma boa influência, através da moderação, amabilidade, paz, justiça, etc. É importante destacar que o cristão não é um sal no saleiro. Jesus falou que somos o sal na terra, para dar sabor. Neste sentido, o sal precisa se misturar aos alimentos e não ficar isolado. Durante muito tempo, alguns cristãos tinham uma postura antissocial e isolacionista. Mas Jesus nunca agiu assim. Aliás, esta era uma das principais razões das críticas, que ele recebia dos escribas e fariseus, pelo fato de ir às casas de publicanos e pecadores. 


Esta analogia entre os discípulos de Jesus e o sal indica que a Igreja é a única instituição neste mundo, que tem a prerrogativa de impedir a degeneração generalizada dos valores morais e espirituais neste mundo, evitando assim, a sua destruição. 

 

REFERÊNCIAS:


CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 73-77.  

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 6. pag. 303.

LOPES, Hernandes Dias. 1, 2, 3 JOÃO: Como ter garantia da salvação. Editora Hagnos. pag. 123-126; 225-227.

GONÇALVES, José. Os ataques contra a Igreja de Cristo: As sutilezas de Satanás neste dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. 

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 2. pag. 773-774.

RIENECKER, Fritz.  Comentário Esperança Evangelho de Mateus. Editora Evangélica Esperança. 1° Ed. 1998.

SPROUL, R. C. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed 2017. Editora Cultura Cristã. pag. 77-78.

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 37-40.

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