05 abril 2023

O CONFLITO FAMILIAR


(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 02: A predileção por um dos filhos)

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico falaremos sobre o conflito familiar no lar de Isaque e Rebeca. Isaque casou-se com Rebeca aos 40 anos. Após o casamento, no entanto, Isaque descobriu que Rebeca era estéril. Naquela sociedade, aquilo era considerado uma maldição. Além disso, isso inviabilizaria o cumprimento da promessa de Deus a Isaque. Diferente de Abrão e Sarai, que colocaram em prática um plano para ajudar a Deus, Isaque foi orar e Deus ouviu. Falaremos também neste tópico sobre o significado da luta dos filhos no ventre de Rebeca. Por último, falaremos sobre o favoritismo de Isaque e Rebeca por um dos filhos. 


1- A esterilidade de Rebeca. É considerado esterilidade ou infertilidade feminina, a dificuldade da mulher engravidar mesmo fazendo várias tentativas e sem ter usado contraceptivos, durante um ano. As causas da infertilidade são diversas: estresse, alcoolismo, tabagismo, uso de drogas, má alimentação, doenças metabólicas, doenças cardíacas, doenças vasculares, síndrome de ovários policísticos, endometriose (crescimento do tecido que reveste internamente o útero), problemas nas trompas, etc. Hoje, com o avanço da medicina, há tratamentos e muitos destes casos podem ser revertidos. 


Na atualidade, além de haver tratamentos para a esterilidade, não há desprezo ou preconceito por mulheres que não têm filhos. Ao contrário, muitas mulheres optam por não ter filhos e outras, chegam ao cúmulo do absurdo de provocar o aborto, ou abandonar a criança depois que nasce. Na época em que viveram Sara e Rebeca, porém, não era assim. A esterilidade feminina era considerada uma maldição e não um problema de saúde. Naqueles tempos, uma mulher que não tivesse filhos era desprezada e o marido poderia repudiá-la por este motivo. 


Isso, no entanto, não é um problema para Deus cumprir as suas promessas, pois, Ele pode resolver problemas que não teriam nenhuma solução, do ponto de vista humano. Além dos casos de Sara e Rebeca, temos também os casos de Raquel, da mãe de Sansão, de Ana, mãe de Samuel e de Isabel, mãe de João Batista, que eram estéreis e Deus lhes concedeu filhos. 


Eu também sou uma testemunha de que a esterilidade não é um problema para Deus. Eu casei e a minha esposa tinha dificuldades para engravidar. Nós fomos orar e depois de quatro anos de casamento, sem nenhum tratamento, ela engravidou. A gravidez era de risco, pois ela tinha anemia e, mesmo assim, a nossa filha nasceu saudável, grande e extremamente ativa. Louvado seja Deus!  


2- O conflito: Diferente do que aconteceu com os seus pais, Abrão e Sarai, Isaque quando descobriu que a sua esposa era estéril, não duvidou da promessa de Deus e não tentou subterfúgios humanos para "ajudar Deus" a cumprir a promessa. Ele resolveu orar insistentemente por sua esposa. Mesmo orando, a esterilidade de Rebeca durou 20 anos. 


Deus ouviu a oração de Isaque e Rebeca engravidou dos gêmeos, Esaú e Jacó. Próximo ao nascimento, ela percebeu que os bebês "lutavam" (a palavra hebraica significa esmagavam) dentro dela. Sem entender o significado desta luta de bebês, Rebeca foi perguntar ao Senhor. A resposta de Deus foi:  “Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas: um povo será mais forte do que o outro povo, e o maior servirá ao menor”. (Gn 25.23). Deus revelou a Rebeca, o futuro dos seus filhos, que seriam os conflitos entre os descendentes de Esaú e Jacó. Os edomitas eram descendentes de Esaú e eram ferrenhos de Israel, os descendentes de Jacó. Amaleque, o primeiro grande inimigo de Israel, após a saída do Egito, era neto de Esaú (Gn 36.12). Além disso, Esaú casou-se com uma das filhas de Ismael (Gn 36.3) e alguns povos árabes são descendentes dele. Alguns dizem que os atuais palestinos também são descendentes de Esaú. Sendo assim, historicamente, os conflitos entre os descendentes de Esaú e Jacó são muitos. 


Esta resposta de Deus a Rebeca mostra mais uma vez, a presciência de Deus e a sua soberania. Neste caso, Deus não apenas conhecia o futuro antecipadamente, mas também escolheu Jacó, antes do seu nascimento, para dele formar a nação de Israel, pela qual viria o Messias, o Salvador do mundo. 


Numa gravidez, os abortistas vêem apenas um amontoado de células e defendem que a mulher deve ter o direito de eliminar a criança que ainda não nasceu, como se fosse uma parte indesejada do seu corpo. Entretanto, Deus que é presciente e soberano, vê ali nações que se formarão, profetas, reis, pastores e até o Salvador do mundo, que foi também um embrião e um feto. Por estas e por outras razões, nós, os cristãos somos radicalmente contrários ao aborto. 


3- O favoritismo do casal pelos filhos. Neste subtópico chegamos finalmente ao assunto principal desta lição, que é a preferência ou predileção por um dos filhos. Abordaremos com mais detalhes este assunto no próximo tópico. Esaú e Jacó, apesar de serem gêmeos, eram muito diferentes, tanto no aspecto físico, como no temperamento, nas habilidades profissionais e no comportamento: Esaú era peludo e Jacó era liso; Esaú tinha um temperamento explosivo e Jacó era mais calmo; Esaú era um valente caçador e Jacó preferia viver mais em casa e cuidar de pequenos rebanhos. 


Não há nada de errado nas diferenças que há entre os filhos. Evidentemente, todos nós somos diferentes e com os nossos filhos acontece a mesma coisa. Mesmo sendo filhos do mesmo casal e trazendo algumas características genéticas do pai, da mãe e de outros ancestrais, além de reproduzirem alguns comportamentos dos pais, os filhos nunca serão iguais. Cabe aos pais ouvir, observar, conhecer a cada um dos seus filhos, entender as diferenças, amar e proteger a todos. 


REFERÊNCIAS: 


CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 33-34.

CHAMPLIN, Russell Norman.

O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 174.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthehw Henry: Deuteronômio.  Editora CPAD. 4 Ed 2004. pág. 133.

MESQUITA, Antonio Neves de. Livro de Gênesis. Editora JUERP.

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