20 abril 2023

OS ÍDOLOS ENCONTRADOS NA TENDA DE RAQUEL


(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 04: Os ídolos na família).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico falaremos sobre os ídolos encontrados na tenda de Raquel. Depois de vinte anos trabalhando com o seu sogro,  Jacó e sua família voltaram para a Terra Prometida. Após a saída deles, Labão descobriu que os seus ídolos domésticos haviam sido furtados e foi atrás de Jacó. Quando alcançou Jacó, Labão vasculhou as tendas, mas não encontrou os ídolos. Raquel os escondeu na sela do camelo e usou uma mentira para impedir que o pai não revistasse o camelo.


1- A fuga de Jacó e sua família para a Terra Prometida. Para entender esta fuga de Jacó, precisamos retornar ao assunto estudado na Lição 2, que foi a predileção dos pais por um dos filhos. Isaque preferia Esaú, enquanto Rebeca preferia Jacó. Por causa disso, Rebeca arquitetou um plano, para que Isaque abençoasse Jacó em vez de Esaú. Isso deixou Esaú furioso, a ponto de querer matar o seu irmão Jacó. Por causa disso, Jacó teve que deixar a terra dos seus pais e fugir para Padã-Arã, onde moravam os parentes da mãe dele. 


Chegando a Padã-Arã, Jacó encontrou primeiro a sua prima Raquel, filha mais nova do seu tio Labão, irmão da sua mãe Rebeca. Jacó ficou encantado com a beleza da moça e por ela se apaixonou. Começou a trabalhar com o seu tio e, no momento de acertar o quanto ganharia, Jacó propôs trabalhar sete anos para se casar com Raquel. Labão aceitou a proposta, porém, ao final dos sete anos, enganou Jacó e deu-lhe como esposa, a sua filha mais velha Lia, que não era bela como Raquel. Devido ao costume da época, em que as noivas se cobriam com o véu, Jacó só percebeu no outro dia, que era Lia e não Raquel. 

Jacó foi questionar a Labão sobre o engano, e este arranjou uma desculpa de que na terra deles, a filha mais nova não poderia casar-se antes da mais velha. Mas, no momento do acordo, ele não falou isso. Percebendo que não havia mais o que fazer, Jacó aceitou trabalhar outros sete anos por Raquel. 

Ao todo, Jacó trabalhou vinte anos para o seu tio Labão e foi enganado várias vezes por ele. Jacó disse a Labão que o seu salário já havia sido mudado "dez vezes". Não se sabe ao certo, se estas dez vezes foram literais ou se era apenas uma ilustração para indicar que Labão havia mudado o salário muitas vezes, como costumamos dizer hoje em dia, "mil vezes". A verdade é que Labão estabelecia um salário e, conforme Jacó ia prosperando, ele mudava as regras. Mas não tinha jeito, pois Deus abençoava Jacó e o fazia prosperar.  

Chegou um ponto, em que a permanência de Jacó com o seu sogro tornou-se insustentável. Os filhos de Labão falavam mal de Jacó, insinuando que ele estaria enriquecendo às custas do seu pai. O próprio Labão já se mostrava incomodado com a presença de Jacó (Gn 31.1,2). Foi aí que Jacó decidiu retornar à terra dos seus pais. Jacó recebeu a orientação de Deus para fazer isso (Gn 31.3). Depois comunicou a Lia e a Raquel, suas mulheres, que iria deixar a casa do pai delas e retornar à casa dos pais dele. As mulheres concordaram com a saída, mas Jacó temendo que Labão não permitisse, saiu escondido e não falou nada para o seu sogro.


2- Labão descobre o furto de seus ídolos domésticos. Labão estava no campo tosquiando as suas ovelhas, a uma distância de três dias de viagem, quando Jacó fugiu. Depois de três dias que Jacó havia saído, Labão foi informado de que Jacó e a sua família haviam fugido. Labão voltou para casa e quando chegou, percebeu que os seus ídolos domésticos haviam desaparecido e logo imaginou que Jacó os havia furtado. Na verdade, quando Jacó saiu da casa de Labão, a sua esposa Raquel furtou os ídolos da família, chamados de terafins, sem Jacó saber. 

Não há consenso entre os estudiosos sobre o motivo deste furto, se ela pretendia adorá-los, se buscava a proteção deles, ou se era por medo de ficar sem a herança. O comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal diz que Raquel furtou os ídolos da família, "não para adorá-los, mas visando um ganho econômico". Esta é também a interpretação do comentarista. Alguns comentaristas judeus no intuito de limpar a barra de Raquel, diziam que ela queria livrar a família da idolatria. 

Labão reuniu os homens da sua família e seguiu atrás de Jacó. De noite, em sonhos, Deus lhe avisou que ele não deveria falar nada contra Jacó, nem bem nem mal (Gn 31.24). Sete dias após a saída de Jacó, Labão conseguiu alcançá-lo na Montanha de Gileade e disse:

- Por que fizeste isso? Saíste escondido, levando as minhas filhas como prisioneiras de guerra, sem me permitir beijar as minhas filhas e netos! Além disso, furtaste os meus deuses! Eu tenho poder em minhas mãos para te fazer mal, mas o Deus de teus pais me falou em sonhos ontem à noite, para não te falar bem nem mal.

Inocente na questão do furto dos ídolos, Jacó se justificou que saiu escondido, porque temia que Labão não o deixasse sair. Depois disso, falou para o seu sogro revistar as tendas e se achasse os ídolos com alguém, este alguém deveria ser morto. 


3- Raquel usa a mentira para esconder o ídolo. Labão vasculhou as tendas, mas não encontrou os ídolos, pois Raquel os escondeu na capacha (capa que cobria o assento) do camelo, enquanto ele os procurava e sentou-se em cima. Quando Labão foi em sua direção, Raquel mentiu para o pai, dizendo que não poderia levantar dali, pois estava no período de menstruação. 

Depois que Labão vasculhou todas as tendas e não encontrou os ídolos, Jacó se irritou com ele, por tê-lo acusado injustamente do furto dos seus ídolos, e fez-lhe um desabafo, sobre aquela injusta perseguição que sofreu e sobre todas as injustiças que sofrera na casa do sogro, com as constantes mudanças de salário circunstanciais. Por último, falou que se ele fosse culpado, Labão o teria despedido sem nada. Mas o Deus dos seus pais atentou para a sua aflição e repreendeu a Labão.

Raquel era a culpada daquela situação vexatória que o seu marido passou, sendo inocente. Conforme falamos acima, não sabemos com certeza a razão pela qual Raquel furtou os ídolos. Mas, independente do motivo, o fato é que ela escondeu ídolos no seio da família e ainda mentiu para evitar que fosse descoberta. Assim como Raquel, muitas pessoas dizem servir a Deus, mas guardam ídolos dentro de casa: servem ao dinheiro, à fama, à própria beleza, etc. Mas Jesus deixou claro que não podemos servir a dois senhores, pois iríamos amar a um e aborrecer o outro (Mt 6.24).


REFERÊNCIAS: 


CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 67-68.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD, pág. 82. 

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 204-206.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry: Deuteronômio.  Editora CPAD. 4 Ed 2004. pág. 156-157.

LOPES, Hernandes Dias. Gênesis, O Livro das Origens. Editora Hagnos. 1 Ed. 2021.

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