(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 12: Vivendo no Espírito)
Ev. WELIANO PIRES
No terceiro tópico, falaremos sobre o avivamento pelo Fruto do Espírito Santo. Veremos que o Fruto do Espírito Santo e os dons espirituais são características essenciais à vida cristã. Os dons espirituais não são para todos os crentes e são concedidos pelo Espírito Santo a quem Ele quer, para o que for útil. O Fruto do Espírito Santo, no entanto, é indispensável a todos os crentes. Por último, faremos uma breve exposição das nove virtudes do Fruto do Espírito que são inseparáveis e interdependentes. A conclusão que Paulo faz da exposição dessas virtudes é que não há Lei contra o Fruto do Espírito.
1- Fruto do Espírito. O fruto do Espírito, no singular, se opõe frontalmente às obras da carne, vimos no tópico anterior. Muitos não entendem porque o Fruto do Espírito aparece no singular, diferente dos dons que aparecem no plural e são diversos. Isto significa que, as virtudes do Fruto do Espírito são inseparáveis e interdependentes, ou seja, não é possível ter uma e não ter as outras, como acontece com os dons espirituais. Para facilitar o entendimento, os expositores bíblicos comparam o Fruto do Espírito a uma fruta, como uma laranja, que tem vários gomos, mas é um só fruto.
O fruto do Espírito Santo é o resultado de uma vida cristã sob a direção e o domínio do Espírito Santo. O amor encabeça esta lista de virtudes e resume as demais, pois não quem ama de verdade tem alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Estas virtudes são produzidas em nosso interior pelo Espírito Santo e estão relacionadas ao nosso caráter. Não podem ser criadas artificialmente ou simuladas. Ou a pessoa anda no Espírito e produz estas virtudes, ou anda segundo a sua própria natureza e produz as obras da carne.
2- Os nove aspectos do Fruto do Espírito (Gl 5.22). O Fruto do Espírito se divide em nove virtudes inseparáveis e interdependentes, como já falamos. O apóstolo Paulo citou estas nove virtudes, escrevendo aos Gálatas. O comentarista fez uma breve exposição de cada delas, citando inclusive, os respectivos termos gregos correspondentes:
a. Amor (gr. ágape). É a mais nobre das virtudes. Somente Deus é capaz de amar com este amor e é Ele que produz em nós este amor sacrificial, capaz de fazer o bem a quem não merece, sem esperar nada em troca. Este não é o amor phileo, que é o amor aos amigos. Também não é o amor storge, que é direcionado aos familiares; nem tampouco, o amor eros, que é a atração sexual. O amor ágape, que é fruto do Espírito Santo, é uma virtudes chamadas de teologais, junto com a fé e a esperança, pois é Deus quem as concede ao ser humano que anda com Ele. Este é o amor de 1 Coríntios 13, que está acima dos dons espirituais.
b. Alegria (gr. chara). A alegria produzida pelo Espírito Santo no crente, não é a alegria comum, que está relacionada às circunstâncias favoráveis ou a momentos felizes. A alegria como fruto do Espírito transcende às circunstâncias e à própria vida. O crente que tem a alegria do Espírito, alegra-se no Senhor e na esperança que tem nEle (Rm 12.12; Fp 4.4).
c. Paz (Gr. eirene). A paz que o Espírito Santo produz no crente não é simplesmente ausência de guerra. Não é a paz que o mundo oferece. É a paz com Deus, consigo mesmo e com o próximo, independente das circunstâncias. É a paz que excede a todo entendimento. Infelizmente, em muitos meios ditos evangélicos não há esta paz e as pessoas vivem em disputas pelo poder.
d. Longanimidade (gr. makrothumia). Longanimidade pode ser dividida em duas palavras: longo e ânimo. Portanto significa manter em paz por muito tempo, mesmo sob ofensas. É a paciência para suportar afrontas e não revidar.
e. Benignidade (gr. chrestotes). É a disposição para desejar e fazer o bem ao próximo, independente de quem seja. A pessoa benigna jamais faria mal a alguém mesmo que tenha motivos para isso.
f. Bondade (gr. agathosune). É a prática de boas ações. Somente Deus é bom, portanto, só faz coisas boas quem tem Deus no coração, pois as coisas boas vem dele. Quem tem esta virtude do Espírito tem uma boa índole e só pratica o que é bom.
g. fé / Fidelidade (gr. pistis). Fé neste contexto não se refere apenas à crença na existência de Deus. É a confiança inabalável em Deus, que leva o crente a ser fiel a Deus em todas as coisas, renunciando até a própria vida e praticando boas obras por amor a Deus. Sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6).
h. Mansidão (gr. prautes). É virtude de quem é brando, dócil, amável e manso nas reações. Jesus é o nosso maior exemplo de mansidão e disse para aprendermos com Ele a ser mansos. A mansidão é o oposto de um comportamento explosivo e descontrolado.
i. Temperança (gr. egkrateia). A palavra grega egkrateia traduzida por temperança, na versão Almeida Revista e Corrigida, é formada por dois vocábulos gregos eg (eu) e Kratos (domínio). Significa, portanto, domínio próprio, autocontrole, moderação e equilíbrio em todas as coisas.
3- Contra o Fruto do Espírito, não há lei. Paulo concluiu o seu ensino sobre o Fruto do Espírito dizendo: "contra estas coisas não há lei". (Gl 5.23). A lei foi dada a Israel para mostrar o pecado e a incapacidade do ser humano de cumprir a Lei. A graça veio por Jesus Cristo, que concede ao ser humano o Espírito Santo, o qual produz nele estas virtudes e o capacitam a vencer a sua natureza pecaminosa.
As virtudes do Espírito Santo não são condenadas pela Lei de Deus nem pelas leis dos homens. Estas virtudes cumprem a Lei de Deus mais do que sacrifícios, ordenanças e rituais. O apóstolo Paulo disse que o cumprimento da Lei é o amor: "Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo." (Gl 5.14).
REFERÊNCIAS:
RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 1182.
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Novo Testamento. Vol. I. 1 Ed 2006. Editora Central Gospel. pág. 9
LOPES, Hernandes Dias. GÁLATAS: A carta da liberdade cristã. Editora Hagnos. pág. 248.
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