21 março 2023

O CONFRONTO ENTRE A CARNE E O ESPÍRITO

(Comentário do 2⁰ tópico da lição 12: Vivendo no Espírito).

No segundo tópico, falaremos do confronto que há entre a carne e o Espírito. Esta é a maior luta que o crente enfrenta nesta vida. A carne é a natureza humana corrompida pelo pecado, que se inclina para a prática do pecado. Depois faremos uma breve exposição das obras da carne, descritas por Paulo em Gálatas 5.19-21.  


1- Carne x Espírito. Escrevendo aos crentes da Galácia,  o apóstolo Paulo disse: “Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis” (Gl 5.16-17). Para entendermos este texto bíblico, precisamos buscar o significado de três palavras chaves do texto: carne, Espírito (com "E" maiúsculo) e concupiscência. 

A palavra "carne" que aparece aqui, no grego é "sarx". Segundo o dicionário bíblico Wycliffe, esta palavra é usada em sentido figurado e refere-se à natureza carnal, ou a disposição no homem que é propensa a pecar e que é antagônica a Deus. A natureza humana foi corrompida pelo pecado e tem forte inclinação para o pecado. 

Espírito, por sua vez, é a tradução do grego "pneuma", que significa literalmente "sopro". Neste contexto de Gálatas 5 e em todas as vezes que aparece em nossa Bíblia com "E" maiúsculo, refere-se ao Espírito Santo. Quando recebemos a Jesus como Senhor e Salvador, o Espírito Santo nos é dado para habitar em nós e Ele se opõe frontalmente à natureza pecaminosa do homem (carne). 

A terceira palavra que devemos compreender para entender este texto é "concupiscência". A palavra grega traduzida por concupiscência é “epithymia”, que significa literalmente forte desejo por algo. É o contexto que determina o real significado, pois a palavra era usada em sentido positivo ou negativo. Por exemplo, o Senhor Jesus usou esta palavra em um sentido piedoso, quando se reuniu com os seus discípulos para a última ceia: “E disse-lhes: Desejei [epithymia] muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça." (Lc 22.15). Entretanto no contexto de Gálatas 5, a palavra é usada em sentido negativo, para se referir aos desejos da natureza pecaminosa, por práticas ilícitas. 

O apóstolo Paulo explica que em nosso interior há um embate entre a velha natureza, corrompida pelo pecado, e o Espírito Santo, que é absolutamente Santo e se opõe à carne. A seguir veremos as obras da carne descritas por Paulo e, no terceiro tópico discorreremos sobre as virtudes que compõem o fruto do Espírito. 


2- As obras da carne. Conforme mencionado acima, a carne, no contexto de Gálatas 5, não se refere aos órgãos e tecidos do corpo humano e sim, à natureza humana decaída, com forte inclinação ao pecado.  O apóstolo Paulo enumera uma lista de dezesseis obras da carne, mas deixa claro que esta lista não é exaustiva, quando diz "...e coisas semelhantes a estas". Estas obras de dividem em três categorias:

a. Pecados contra o próprio corpo: 

1. Prostituição. (Gr. porneia). Em sentido genérico, refere-se a qualquer tipo de imoralidade sexual, incluindo pornografia, homossexualismo, relacionamento sexual entre solteiros, etc. O adultério, que é o relacionamento sexual entre uma pessoa casada e outra que não é o seu cônjuge, no grego é moichéia, embora em alguns texto em português ambos são traduzidos como prostituição. 

2. Impureza. (Gr. Akatharsia). Refere-se aos desejos sexuais e pensamentos por pessoas que não sejam o seu cônjuge. Jesus disse que aquele que alimentar esse tipo de pensamento já cometeu adultério em seu coração (Mt 5.28). 

3. Lascívia (Gr. Aselgeia). Refere-se à sensualidade despudorada, para atrair o desejo sexual de outras pessoas. Por exemplo, exibir o próprio corpo, usando roupas minúsculas. Isso alimenta o pecado da impureza. Portanto, pecam aqueles que mostram o corpo e os que olham e desejam. 

4. Bebedices (Gr. methe). Descontrole físico e mental oriundo do consumo de substâncias inebriantes.

5. Glutonaria (Gr. Komos). Descontrole total em relação aos alimentos, bebidas, sexo, festas e diversões.

b. Pecados contra a religião:

1. Idolatria (Gr. Eidolatria). Vem da junção de dois termos gregos: eidolos (ídolos) e latreuo (adoração). Portanto, é a adoração a qualquer pessoa, espírito, instituição, pessoas ou objeto em lugar de Deus. 

2. Feitiçarias (Gr. Pharmakeia). Refere-se a todo tipo de espiritismo: magia negra, necromancia, invocação aos espíritos e uso de drogas na prática de feitiçarias.

c. Pecados contra o próximo.

1. Porfias (Gr. Eris). Brigas de disputas por posições superiores. 

2. Emulações (Gr. Zelos). Refere-se ao ressentimento e amargura pela prosperidade dos outros. 

3. Iras (Gr thumos). Explosão de fúria que resulta em palavras e atos violentos contra o próximo. Esta palavra deu origem à palavra portuguesa tumor.

4. Pelejas (Gr. Eriteia). Disputa ambiciosa pelo poder. 

5. Dissensões (Gr. Dichostasia). Ensinos exclusisvistas, sem nenhum respaldo bíblico. 

6. Heresias (Gr. Hairesis). Formação de grupos dentro da congregação, que destroem a unidade da congregação. 

7. Homicídios (Gr. Phonos). Assassinato doloso, por pura maldade. Jesus comparou o ódio aos irmãos com o assassinato. O apóstolo João também disse que aquele que odeia o seu irmão é assassino (1 Jo 3.15).


Estas e outras obras originam-se na natureza humana decaída e distante de Deus. No final, apóstolo Paulo diz que aqueles que praticam estas coisas não herdarão o Reino de Deus. Muitos crentes, equivocadamente, tentam repreender o demônio das pessoas que praticam estas coisas. Mas, embora o inimigo use estas coisas para escravizar as pessoas no pecado e afastá-las de Deus, estas pessoas não estão possessão por demônios. O que elas precisam fazer é buscar a Deus e andar segundo a direção do Espírito Santo. Somente assim, poderão vencer a carne e as suas concupiscências.


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 1180-1182.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2ª Impressão: 2010. Vol. 2. pag. 295-296.

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