02 março 2023

A VIDA PESSOAL E FAMILIAR DO CRENTE AVIVADO


(Comentário do 3º tópico da Lição 10: O avivamento na vida pessoal)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico falaremos sobre a vida individual e familiar do crente avivado. O avivamento na vida do crente não se limita ao ambiente religioso, dentro dos templos. Precisa refletir também em sua vida pessoal, conjugal, social e profissional. Por isso, neste tópico falaremos dos efeitos de uma vida avivada, no relacionamento com o cônjuge, na criação dos filhos e na santificação do crente.

1- A vida pessoal. Há um grande equívoco por parte de alguns cristãos, inclusive obreiros, em relação ao cuidado pessoal. Estas pessoas acham que o crente deve cuidar apenas das coisas espirituais e pensam que um crente espiritual vive em outra dimensão, como se fosse um anjo, totalmente desconexo da vida terrena. Entretanto, o avivamento espiritual compreende também os aspectos emocionais, relacionais e emocionais. O apóstolo Paulo escrevendo ao jovem pastor Timóteo recomendou:  “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.” (1 Tm 4.16). Ou seja, antes de cuidar da doutrina ou de outras pessoas, o obreiro precisa cuidar de si mesmo. 

Este cuidado de nós mesmos envolve todos os aspectos da nossa vida. O crente precisa, em primeiro lugar, cuidar da própria espiritualidade, exercitando-se nas disciplinas da vida cristã, como a oração e meditação diária na Palavra de Deus, conforme vimos no tópico anterior. Se não alimentarmos o nosso espírito com as coisas de Deus morreremos espiritualmente de inanição. Em outra recomendação a Timóteo, Paulo diz: “...exercita-te a ti mesmo em piedade.” (1 Tm 4.7). 

Ter cuidado de si mesmo envolve também o cuidado com a própria saúde. Paulo recomendou a Timóteo que não bebesse apenas água, mas tomasse também um pouco de vinho, por causa das frequentes enfermidades no estômago (1 Tm 5.23). Naquela época, não havia medicina como hoje. O que havia era apenas remédios caseiros e tratamentos primitivos. Hoje, no entanto, a medicina avançou muito. Além dos tratamentos para várias doenças, temos a medicina preventiva, a educação alimentar e a educação física, que são essenciais para uma vida saudável. Quem descuida da própria saúde, além de correr o risco de morte prematura, pode sofrer muito com doenças que poderiam ser evitadas. Um crente, principalmente um obreiro doente traz prejuízos à obra de Deus. 

O crente também deve cuidar da sua santificação, fugindo do pecado e de toda aparência do mal. O pecado jaz à nossa porta, à espreita, como instrumento do inimigo para nos destruir. Por isso, o crente além de exercitar-se na piedade, deve vigiar o tempo todo, para cair em tentação. Um momento de distração pode ser fatal. Neste aspecto, precisamos cuidar também da nossa reputação, para não escandalizar o Evangelho. 

2- A vida com o cônjuge. Não é possível dissociar a vida cheia do Espírito Santo da vida conjugal, no caso dos casados. Escrevendo a Timóteo, o apóstolo Paulo deu a seguinte recomendação: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel.” (1 Tm 5.8). O apóstolo Pedro, por sua vez, alertou que se o marido não tratar bem a esposa, as suas orações serão impedidas: “Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações.” (1 Pe 3.7).

Escrevendo aos Efésios, Paulo estabeleceu as bases do relacionamento conjugal, que são o amor e a submissão e comparou-o com o relacionamento entre Cristo e a Sua Igreja. Paulo recomendou que a mulher seja submissa ao marido, no Senhor, como a Igreja está sujeita a Cristo. Na Bíblia não há espaço para o feminismo que promove uma verdadeira guerra das mulheres contra os homens e é radicalmente contrário à submissão da mulher ao seu marido. 

A submissão da esposa ao marido deve ser voluntária e alegre, com base no amor. Deve estar condicionada à missão do marido como líder da família. Ser submissa ao marido, no Senhor, significa submeter-se à missão que o Senhor lhe confiou. É importante esclarecer também que a submissão da mulher ao marido não é absoluta e não está acima da sua submissão a Cristo. Se o marido quiser impedir a esposa de servir ao Senhor, ela tem a obrigação de contrariá-lo, pois Cristo é Senhor absoluto da vida dela e está acima da liderança do marido. 

O apóstolo reafirmou também a liderança do homem na família, da mesma forma que Cristo é o líder da Igreja. Entretanto, esta liderança deve ser uma liderança servidora e sacrificial. O marido deve amar a esposa como Cristo amou a Igreja e a si mesmo se entregou por ela. (Ef 5.22-25). O marido cristão tem a obrigação de prover o sustento do lar e sacrificar-se pela família até com a própria vida, se for o caso. Ser o líder, do ponto de vista de Deus, não significa ser superior ou ditador. Significa que tem uma responsabilidade maior e é aquele que serve. O marido deve ser o líder da casa segundo o modelo de liderança de Cristo, que sacrificou-se voluntariamente por nós. 

3- A vida com os filhos. Os filhos são herança do Senhor, que Ele nos confiou para criarmos e educarmos segundo os valores dele. O avivamento na vida do crente também deve repercutir no seu relacionamento com os filhos. Se por um lado há mandamentos no Antigo e no Novo Testamento para que os filhos honrem e obedeçam aos seus pais, há inúmeros mandamentos para que os pais criem os instruam os seus filhos nos caminhos do Senhor (Dt 6.6,7; Pv 22.6) e não lhes provoquem a ira (Ef 6.4). William Hendriksen aborda seis atitudes dos pais que provocam ira nos filhos: 1) excesso de proteção; 2) favoritismo; 3) desestímulo; 4) não reconhecimento do fato de que o filho está crescendo e, portanto, tem o direito de ter suas próprias ideias e de que não precisa ser uma cópia exata do pai para ter êxito na vida; 5) negligência; e 6) palavras ásperas e crueldade física.

Infelizmente há pais cristãos que são verdadeiros empecilhos para que os seus filhos sirvam ao Senhor, pois não expressam o amor, o carinho, o respeito e o temor a Deus, dentro de casa. São agressivos, arrogantes e desrespeitosos com o cônjuge e com os filhos. Outros, tratam bem os filhos, mas não cuidam da vida espiritual deles. Não oram com eles, não ensinam a Palavra de Deus e não os levam para a casa do Senhor. Há ainda os que são coniventes com os erros praticados pelos filhos e estes acabam enveredando por caminhos errados. É verdade que nem sempre a culpa é dos pais quando os filhos se desviam. Há filhos que os pais ensinam-lhes a Palavra de Deus desde pequenos, dão bons exemplos, mas, quando crescem eles se rebelam contra Deus, influenciados pelo mundo. Cuidemos da vida espiritual dos nossos filhos, ensinando desde cedo a Palavra do Senhor, principalmente com o nosso exemplo de vida. 

4- Os efeitos do avivamento na vida pessoal. Não basta o crente dizer que é avivado e não se identifica um crente avivado pelo barulho que faz em um culto, pelas profecias, ou pela quantidade de palavras proferidas em língua estranha. Conforme vimos na primeira lição, o avivamento é obra de Deus. Então, se um crente é avivado pelo Espírito Santo, os efeitos deste avivamento aparecem e os que estão ao seu redor irão perceber. 

O comentarista coloca pelo menos quatro efeitos de um autêntico avivamento na vida de um crente:

a. O crente avivado é alegre. Isto não significa a ausência de tristeza, mas que a alegria dele independe das circunstâncias, pois ela vem de Deus. Paulo escrevendo aos Filipenses, disse: "Regozijai-vos sempre no Senhor…" (Fp 4.4). Aos Romanos, ele escreveu: "Alegrai-vos na esperança…" (Rm 12.12a). Vemos, portanto, que a alegria do crente avivado está no Senhor e na esperança que temos nele, independente daquilo que estamos passando.

b. O crente avivado é forte (Ne 8.10). A alegria que vem do Senhor e a força do Seu poder nos fazem fortes. Neemias diz neste versículo que "a alegria do Senhor é a nossa força".  Paulo escrevendo aos Efésios mandou que eles se fortalecessem no Senhor e na força do seu poder. (Ef 6.10). O crente avivado recebe forças do Senhor para enfrentar as lutas, o inimigo e não recua. 

c. O crente avivado não teme a morte  (Dn 3.12; 19-26; Dn 6.1-10). Temos aí os exemplos de Sadraque, Mesaque e Abedenego, companheiros de Daniel que não adoraram a imagem do rei Nabucodonosor, mesmo sob ameaça de serem queimados vivos, e Deus os livrou da morte. Temos também o exemplo do próprio Daniel, que não se intimidou com a ameaça de ser lançado na cova dos leões, caso fizesse oração a Deus, por um período de 30 dias. Ele foi lançado na cova dos leões e Deus não permitiu que os leões lhe fizessem nenhum mal. 

d. O crente avivado é santo. Deus é absolutamente santo e exige santidade dos seus servos. Logo, um crente que foi avivado pelo Espírito Santo, também é santo é toda a sua maneira de viver. Santidade é o ato de afastar-se do pecado e dedicar-se a Deus. Se alguém vive na prática do pecado é porque não experimentou um avivamento da parte de Deus. 


REFERÊNCIAS:


RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

LOPES, Hernandes Dias. EFÉSIOS: Igreja, A Noiva Gloriosa de Cristo. Editora Hagnos. págs. 152-.159.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 4. pág. 328.

AIRHART, .Arnold E. Comentário Bíblico Beacon. I e II Timóteo.  Editora CPAD. Vol. 9. pág. 485.

LOPES, Hernandes Dias. HEBREUS: A Superioridade de Cristo. Editora Hagnos. 1 Ed. 2018.


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