08 março 2023

O AVIVAMENTO NA MISSÃO DA IGREJA LOCAL

Foto do site Projeto Ide Missões nas ruas

(Comentário do 2º tópico da Lição 11: O avivamento e a missão da Igreja). 

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos sobre o avivamento na missão da Igreja local.  Em Atos 1.8, Jesus reafirmou aos seus discípulos, a promessa da descida do Espírito Santo. Em seguida falou do objetivo deste revestimento de poder, que era capacitá-los para serem suas testemunhas (Gr. martyria), tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra. Jesus fez referência à missão da Igreja no âmbito local (Jerusalém), regional (toda a Judéia (e Samaria) e transcultural (Até aos confins da terra). Neste segundo tópico estudaremos sobre o avivamento nas missões locais, nas missões regionais e sobre o contexto atual das missões.  

1- O avivamento nas missões locais. Antes subir ao Céu, Senhor Jesus orientou os seus discípulos a permanecerem em Jerusalém, aguardando a promessa do Pai, que era a descida do Espírito Santo sobre eles, para guiá-los e capacitá-los para a sua missão em Jerusalém, Judéia, Samaria e nos confins da terra. Paulo falou que o Senhor Jesus foi visto por mais de quinhentos irmãos, após a sua ressurreição. Entretanto, somente cento e vinte pessoas permaneceram orando e esperando a promessa do Consolador. 

Passados dez dias após a ascensão de Jesus e quarenta dias após a sua ressurreição, chegou o dia de Pentecostes. A cidade de Jerusalém estava em festa e havia judeus e prosélitos de várias partes do mundo, que vieram para a celebração da festa do Pentecostes. Aqueles cento e vinte discípulos estavam reunidos em oração em um cenáculo. De repente, veio do céu um som como de um vento forte e impetuoso e encheu todo ambiente. Foram vistas também línguas como se fossem de fogo pousando sobre as cabeças deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, falaram em outras línguas e profetizaram. O barulho emitido por eles foi ouvido de longe e uma multidão cercou o cenáculo para saber o que estava acontecendo. 

Quando se aproximaram, perceberam que aqueles homens falavam das maravilhas de Deus em vários idiomas e cada um dos estrangeiros identificava alguém falando em seu idioma. Surpresos, perguntavam uns aos outros, o que seria aquilo, pois souberam que aqueles discípulos eram da região da Galiléia e não eram poliglotas. Alguns, no entanto, zombaram e insinuaram que os discípulos estavam embriagados. 

Pedro, então, se levantou junto com os demais discípulos e fez um longo e ousado discurso para a multidão, explicando que aqueles homens não estavam embriagados, como alguns pensaram, mas aquilo era o cumprimento da profecia de Joel 2.28-30, que dizia que nos últimos dias, Deus derramaria do Seu Espírito sobre toda carne. Na sequência, em seu discurso Pedro falou sobre Jesus, citando várias passagens bíblicas do Antigo Testamento e dizendo que Ele era o Messias prometido a Israel. Pedro concluiu o seu discurso dizendo que este Jesus, a quem eles haviam crucificado, Deus o fez Senhor e Cristo. Estas duas palavras eram muito significativas para o povo de Israel. A palavra grega "kyrios" (Senhor) é a tradução do hebraico "adon", que eles usavam para se referir a Deus e o imperador romano exigia ser tratado assim. A palavra grega "Christos" (Cristo), por sua vez, traduz o hebraico "Mashiach", (Messias), que significa o Ungido.

Diante destas declarações ousadas de Pedro, a multidão veio à frente e perguntaram unânimes, o que eles deveriam fazer. Pedro respondeu:

– Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar. (At 2.38,39). 

Os que de bom grado receberam a Palavra pregada, foram batizados. O número dos que se converteram após esta pregação de Pedro, foi de quase três mil pessoas. Não foi apenas emocionalismo por causa de um discurso inflamado. Houve conversão genuína e estas pessoas permaneceram na doutrina dos apóstolos, no partir do pão, na comunhão e nas orações. Veio um grande temor e grande comunhão sobre todos, a ponto de venderem voluntariamente as suas propriedades e entregar o dinheiro aos apóstolos para socorrer os necessitados. 

Após o dia de Pentecostes, o trabalho de evangelização não parou mais. Os apóstolos estavam todos os dias no templo e nas ruas pregando ousadamente a Palavra de Deus, no templo, nas casas e nas ruas. Deus os usava também para realizar grandes sinais entre o povo. Um coxo de nascença foi curado na porta do Templo e Pedro fez outro discurso cristocêntrico. O número de convertidos chegou a quase cinco mil pessoas. 

Isso gerou inveja e despertou a fúria das autoridades religiosas, que mandaram prender Pedro e João. Entretanto, eles foram libertos milagrosamente da prisão, mesmo com os portões fechados e um forte aparato de segurança. Após saírem da prisão, continuaram pregando ousadamente o Evangelho nas ruas. Assustados, as autoridades mandaram prendê-los novamente e os ameaçaram para que não pregassem mais no nome de Jesus. Não adiantou, pois os apóstolos, de forma ousada e corajosa, disseram que poderia deixar de falar daquilo que tinham visto e ouvido e que importava mais obedecer a Deus do que aos homens. Sem saber o que fazer e seguindo conselho de um fariseu respeitado chamado Gamaliel, mandaram soltar os apóstolos. 

A pregação do Evangelho na cidade de Jerusalém continuou, mesmo sob intensa oposição e perseguição dos judeus, que resultou na morte do diácono Estevão. Este modelo de crescimento da Igreja local é o ideal que devemos seguir. Os discípulos foram cheios do Espírito Santo e cada um deles se tornou uma testemunha fiel do Senhor Jesus. Até o Sumo Sacerdote,  ao reprovar as ações dos discípulos disse: “E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina […]”. (At 5.28). Então, aprendemos com a Igreja Primitiva que a missão local deve ser feita por pessoas cheias do Espírito Santo, que tenham ousadia e conheçam a Palavra de Deus para pregar mensagens cristocêntricas. 


2- O avivamento nas missões regionais. Inicialmente, a Igreja Primitiva permaneceu apenas em Jerusalém e não se lembrou da ordem de Jesus não era esta. O Senhor ordenou que eles seriam testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra (At 1.8). Esta missão era para ser cumprida simultaneamente, não era para evangelizar primeiro Jerusalém, depois a Judéia, depois Samaria e, por último o restante do mundo. Foi necessário o Senhor permitir que levantasse uma grande perseguição, a ponto deles não poderem continuar em Jerusalém, para que eles saíssem para outras regiões. 

A partir da morte de Estevão, os discípulos se espalharam por outras cidades e pregavam o Evangelho onde chegavam. Quanto mais perseguiam, mais a Igreja crescia. Muitos sacerdotes se converteram e até Saulo, o grande perseguidor da Igreja, teve um encontro pessoal com o Senhor Jesus e se converteu ao Cristianismo. Antes da conversão de Saulo, a Igreja já havia se espalhado por várias cidades de Israel. O diácono Filipe, por exemplo, foi a Samaria e lá pregou o Evangelho. Muitas pessoas se converteram lá e a Igreja enviou Pedro e João para estabelecer o trabalho em Samaria e impor as mãos que os crentes recebessem o batismo no Espírito Santo. 

Judéia e Samaria são duas regiões que compreendem basicamente os reinos do Sul e do Norte de Israel. A capital do Reino do Sul ficava em Jerusalém e a do Reino do Norte ficava em Samaria. Com os dois cativeiros, da Assíria que dominou o Reino do Norte e da Babilônia que dominou o Reino do Sul, houve várias alterações, principalmente nas tribos do Norte que se espalharam pelo mundo e não voltaram mais depois do cativeiro. Portanto, Judéia e Samaria significam a missão regional e nacional da Igreja. A evangelização do nosso bairro e da nossa cidade é importante, mas a Igreja local não pode se limitar ao local onde está estabelecida ou aos locais onde possui membros. Há muitas regiões do nosso estado e do nosso país, que são carentes do Evangelho e não há quem pregue. 


3- Missões regionais atualmente. Nas primeiras décadas da Assembléia de Deus, conforme vimos na Lição 09, cada crente se tornava um evangelista e as casas dos novos convertidos se tornavam pontos de pregação. Conforme o trabalho ia crescendo e o local ficava pequeno, alugavam um salão e, finalmente, construíam templos, mesmo com poucos recursos, em forma de mutirões. Os obreiros iam para outras cidades, começavam a pregar em praças públicas e plantavam novas Igrejas. O resultado disso foi que em poucos anos, a Igreja se espalhou por todo o país e tornou-se a maior denominação pentecostal do mundo e o Brasil é o país com o maior número de membros da Assembléia de Deus. 

Entretanto, esta realidade vem mudando de uns anos para cá, depois que a Igreja cresceu. O fervor evangelístico e o amor pelas almas vem desaparecendo a cada dia. Mesmo tendo liberdade religiosa em nosso país, para expressar publicamente a nossa fé e pregar o Evangelho a toda criatura, o fato é que muitas Igrejas se conformaram com a quantidade de membros e simplesmente pararam de evangelizar. Os trabalhos que realizam são voltados única e exclusivamente para o público interno. Nos congressos, a preocupação é apenas chamar outras Igrejas e as mensagens são voltadas para os crentes. Não há mais a preocupação de convidar as pessoas que não conhecem a Cristo e pregar-lhes uma mensagem evangelística.

Há também a lamentável disputa por territórios. Embora ainda haja muitas cidades brasileiras onde não há nenhuma Igreja evangélica estabelecida, há nos grandes centros urbanos, muitos templos a poucos metros um do outro, disputando membros entre si. Mesmo a legislação exigindo um distanciamento mínimo de 100 metros de um templo para outro, em muitas ruas nas periferias abrem-se locais de cultos em frente ou ao lado de outras Igrejas. Até mesmo nas Assembléias de Deus, há ministérios que invadem o campo dos outros. 

Antigamente, a Convenção Geral proibia um ministério da Assembléia de Deus de abrir trabalhos nas áreas onde já houvesse uma Assembléia de Deus. Mas, muitos pastores ignoravam esta regra e abriam trabalhos. O Brasil é um país de dimensões continentais e há muitos campos locais extremamente carentes da pregação do Evangelho e não há obreiros dispostos a ir, ou Igrejas dispostas a enviar missionários regionais e nacionais. Em contrapartida, há muitos púlpitos lotados de pastores e evangelistas pregando apenas para crentes e disputando espaço. 

Oremos para que o Senhor envie sobre o Brasil um despertamento para as missões locais, regionais e nacionais. Que o Espírito Santo nos conceda estratégias eficientes de evangelização. Hoje dispomos de muito mais liberdade, recursos e tecnologia que podem ser usados em prol da evangelização. Hoje, as nossas leis permitem o trabalho de capelania nos hospitais, presídios, escolas, etc. Podemos também usar as redes sociais gratuitamente para evangelizar pessoas que jamais teríamos acesso de outra forma. Precisamos buscar a Deus em oração e nos preparar a cada dia para cumprir a ordem de Jesus para a sua Igreja de pregar o Evangelho a toda criatura. Ele não fez um pedido ou uma sugestão, mas nos deu uma ordem. Esta ordem não foi dada apenas aos apóstolos e sim a todos os crentes. 


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 646.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 654-655.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento: MATEUS A JOÃO. Edição completa. Editora CPAD. 1ª Ed 2008. pág. 81-82.

PETERS, George W. A Teologia Bíblica de Missões. Editora CPAD.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 1. 11 ed. 2013. pág. 309.

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