24 março 2023

O CLAMOR PELO AVIVAMENTO


(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 13: Aviva ó Senhor a tua obra)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico falaremos sobre o clamor pelo avivamento. Veremos a intercessão angustiada do profeta Habacuque, que após ter uma visão sobre os horrores da invasão babilônica e diante da aparente indiferença de Deus, fez uma oração, questionando a Deus, perguntando até quando ele clamaria a não teria resposta. Veremos também a resposta imediata de Deus ao profeta. 


1- A intercessão angustiada do profeta. Não temos informações sobre o profeta Habacuque em seu livro, ou em outra parte da Bíblia sobre a pessoa do profeta. O livro o identifica apenas como “o profeta Habacuque”. Isso pode ser um indicativo de que ele era bem conhecido. O nome Habacuque significa “aquele que abraça” e, no final da sua profecia, o nome faz sentido, pois, o profeta se apegou a Deus. 

As referências ao templo (Hc 2.20) e a oração em forma de canto no capítulo 3, com referência ao cantor-mor e instrumentos musicais, são indicativos de que Habacuque deve ter sido um levita e cantor do templo. Habacuque iniciou seu ministério por volta do ano 609 a.C., no governo de Jeoaquim, rei de Judá (2 Rs 23.30-34) e profetizou durante os últimos momentos do império da Assíria e início da ascensão da Babilônia. Foi contemporâneo de Jeremias, Ezequiel, Daniel e Sofonias. 

O livro de Habacuque começa com a perplexidade do profeta diante da violência e da iniquidade que presenciava. Diante disso, ele clamou a Deus com várias perguntas, questionando porque Deus não o respondia e permitia que os ímpios (Caldeus) punissem ao povo de Israel (Hc 1.4-6). No capítulo 2, o Senhor lhe respondeu dizendo: “Escreve a visão e torna-a bem legível sobre tábuas, para que a possa ler o que correndo passa.” (Hc 2.2). O Senhor lhe mostrou que o povo de  Judá não era justo e mereceu a punição. No capítulo 3, Habacuque fez uma oração em forma de canto, suplicando a misericórdia do Senhor,  louvando-o por seu poder e demonstrando a sua confiança em Deus em qualquer circunstância. O versículo chave de Habacuque é: “O justo viverá pela sua fé (fidelidade)”. (Hc 2.4).

Warren Wiersbe, comentando sobre esse clamor de Habacuque, escreveu: "Habacuque orou pedindo a Deus que tomasse uma providência quanto à violência, às contendas e às injustiças na terra, mas Deus pareceu não ouvir [….] O profeta usa o verbo “clamar”, que significa simplesmente “pedir socorro”, mas em seguida diz: 'gritar-te-ei', que no original significa: 'clamar com um coração perturbado'. "


2- A aparente indiferença de Deus. O profeta Habacuque clamou a Deus, angustiado com a violência e a iniquidade do seu povo. Inicialmente, ele teve a impressão de que Deus não estava indiferente a tudo aquilo e perguntou até quando, Deus ficaria em silêncio diante daquela situação (Hc 1.2,3). Entretanto, esta aparente demora de Deus em agir, na verdade, era a sua misericórdia e longanimidade para com os transgressores. Deus não tem prazer na morte dos ímpios e dá tempo para que eles se arrependam. 

Antes de destruir os povos de Canaã, Deus esperou que o limite da maldade deles se completasse (Gn 15.16).  O povo de Israel permaneceu na escravidão por 430 anos e os cananeus praticavam as mais terríveis abominações. Queimavam os próprios filhos a Moloque, adoravam ídolos e praticavam a prostituição sagrada. Deus, em sua longanimidade, esperou completar o limite da iniquidade, antes de destruir aquelas nações. 

Com o povo de Israel não foi diferente. Eles pecavam e Deus mandava os profetas para repreendê-los e exortá-los ao arrependimento. Muitos reis ímpios, além de não se arrependerem, ainda perseguiam e matavam os profetas. No Reino do Norte, todos os reis foram mais. O rei Acabe e a rainha Jezabel mandaram matar os profetas do Senhor. Alguns foram escondidos em covas por Obadias, mordomo do rei, para escaparem da morte. Muitas maldades foram praticadas, mas o Senhor esperou muitos anos até permitir o cativeiro da Assíria. 

No Reino do Sul, que era governado pela dinastia de Davi, houve muitos reis piedosos, como Asa, Josafá, Uzias, Jotão, Ezequias e Josias. Mas também teve reis ímpios como Roboão, Jeorão, Acazias, Acaz, Manassés, Amom e Zedequias. Estes reis ímpios levaram o povo à idolatria e praticavam a injustiça. Deus os alertou através dos profetas para que abandonassem o pecado, mas eles não deram ouvidos. Por isso, foram entregues ao cativeiro da Babilônia. 

Atualmente também as pessoas mergulham em todo tipo de pecado e maldade, como se Deus não existisse. O Filho de Deus veio a este mundo, pregou a mensagem de salvação e fé, muitos milagres. Mas o seu próprio povo o rejeitou e o crucificaram. Mas Ele ressuscitou e subiu ao Céu. Os seus discípulos continuaram pregando a mensagem dEle e foram barbaramente torturados e mortos pelos judeus e pelos romanos. Hoje, nós continuamos pregando, mas as pessoas não dão ouvidos à nossa pregação. Entretanto, Deus não está indiferente a tudo isso. Ele é longânimo e espera que as pessoas se arrependam e cheguem ao conhecimento da Verdade. Mas um dia, Ele julgará os ímpios e os condenará. 


3- A resposta pronta de Deus. Habacuque clamou a Deus e ficou incomodado porque a resposta não vinha. Entretanto, quando a resposta de Deus veio, ele ficou mais incomodado ainda, pois Deus não deu a resposta que ele esperava. O profeta imaginava que Deus levantaria pessoas entres os nobres de Judá para punir os pecados e crimes que eram praticados ali. Quando Deus lhe revelou que usaria a Babilônia como instrumento de punição ao povo judeu, Habacuque ficou perplexo e indagou a Deus, perguntando por que Ele usaria alguém para punir Judá, sendo aquele povo mais ímpio do que Judá (Hc 1.13). Em sua resposta, no capítulo 2, Deus explicou a Habacuque que os caldeus também receberiam a sua punição pelo que fariam ao povo de Judá (Hc 2.17). 

Na atualidade também há muitas pessoas que clamam a Deus e querem que Ele lhes responda de acordo com a vontade deles. Outros querem ser mais justos e mais misericordiosos do que Deus, dizendo que Deus não condenará ninguém ao lago de fogo e que não há sofrimento eterno. O falso ensino do Universalismo ensina que no final dos tempos Deus salvará a todos. Mas não é isso que a Bíblia ensina. Jesus deixou claro que há dois caminhos: um largo e outro estreito. O caminho estreito conduz à vida e poucos são os que o encontram. O caminho largo, por sua vez, conduz à perdição e muitos são os que entram por ele. Deus é soberano e não submete as suas decisões à opinião humana. Ele é absolutamente justo em tudo o que faz. 


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

LOPES, Hernandes Dias. HABACUQUE: Como transformar o desespero em Cântico de vitória. Editora Hagnos. pág. 37-41; 47-48.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos.  3615, 3516. 

PALMER, Robertson. Comentário do Antigo Testamento: Naum, Habacuque e Sofonias. Editora Cultura Cristã. pág. 181-182.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

AS TRÊS ARMAS ESPIRITUAIS DO CRISTÃO

(Comentário do 2º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais)  Ev. WELIANO PIRES No segundo tópico, descreveremos as três princip...