09 março 2023

O AVIVAMENTO E AS MISSÕES TRANSCULTURAIS


(Comentário do 3º tópico da Lição 11: O avivamento e a missão da Igreja)

No terceiro e último tópico falaremos do avivamento nas missões transculturais. A última parte da ordem de Jesus fala das missões até aos confins da terra. É o que hoje conhecemos como missões transculturais. Nos primeiros anos da Igreja Primitiva, os discípulos pregavam o Evangelho apenas aos Judeus. Após a grande perseguição que se deu após o apedrejamento de Estêvão, eles foram obrigados a sair de Jerusalém e se espalharam por várias regiões. Mas onde chegavam anunciavam o Evangelho. 

A evangelização chegou à cidade de Antioquia da Síria e lá, em um culto de oração e jejum, o Espírito Santo chamou Barnabé e Saulo para a missão transcultural. Antioquia, então, se tornou a primeira igreja a fazer missões. Falaremos ainda neste tópico sobre a evangelização da Europa, que teve início com o apóstolo Paulo. Depois veremos que este continente que foi responsável por enviar missionários para vários países do mundo, entrou em decadência espiritual e hoje é considerado um continente pós-cristão. Precisamos clamar a Deus por um avivamento espiritual, que venha despertar a Igreja em todo o mundo para levar o Evangelho aos perdidos. 


1- Primeira igreja missionária. Há duas cidades mencionadas na Bíblia com o nome de Antioquia: Antioquia da Síria e Antioquia da Pisídia. Além disso, há outras cidades com este nome no mundo greco-romano, que não foram mencionadas na Bíblia. Estas cidades chamadas de Antioquia foram construídas pelo general Seleuco Nicátor, filho de Antíoco e fundador do reino dos Selêucidas na Síria. 


A cidade de Antioquia, que se tornou a base missionária de Barnabé e Saulo, é Antioquia da Síria. Nos tempos do Novo Testamento, Antioquia da Síria era uma das maiores cidades do Império Romano, com uma população de aproximadamente quinhentos mil habitantes. Bem estruturada e com belas construções, ficou conhecida como “a bela e dourada”. Tinha também uma localização privilegiada, que lhe rendeu o apelido de "rainha do Oriente”. 

O Evangelho chegou a Antioquia na ocasião da grande perseguição contra a Igreja de Jerusalém, que se deu após a morte de Estêvão. Alguns cristãos foram dispersos por vários lugares e anunciavam o Evangelho por onde passavam. Alguns deles passaram pela Fenícia, Chipre e Antioquia da Síria e anunciavam o Evangelho, somente aos judeus (At 11.19-21). Mas alguns homens chíprios e de Cirene, anunciaram o Evangelho também aos gentios (At 11.20). A mão do Senhor era com eles e um grande número de pessoas se converteram em Antioquia. 

Esta notícia chegou à Igreja de Jerusalém e Barnabé, que era natural de Chipre, foi enviado a Antioquia. Chegando lá, Barnabé viu o crescimento do Evangelho na cidade e exortou os novos convertidos para que permanecessem na fé. Em seguida, partiu para Tarso, em busca de Saulo. Durante um ano, Barnabé e Saulo ensinaram a palavra de Deus nesta Igreja e ela se tornou uma Igreja rica em líderes, com vários profetas e doutores. Em uma reunião de oração e jejum, o Espírito Santo mandou que a Igreja separasse Barnabé e Saulo para a obra missionária. A partir daí. Antioquia tornou-se, então, a primeira Igreja a fazer missões transculturais, ou seja, em outras culturas totalmente diferentes da cultura dos missionários.

A Igreja de Antioquia já era uma Igreja fervorosa e bem estruturada. Tinham o hábito de orar e jejuar e possuía em seu corpo de obreiros, ensinadores de excelência, como Barnabé e Saulo. Esta Igreja fazia missões locais em seu próprio reduto e muitas pessoas se converteram lá. Havia também o discipulado e o ensino da Palavra de Deus. Mas, o Espírito Santo chamou dois obreiros desta Igreja, Barnabé e Saulo, para levar a mensagem do Evangelho aos confins da terra: “Na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.” (At 13.1-3). 

Aprendemos com a Igreja de Antioquia que uma Igreja não pode continuar trabalhando somente em seu próprio campo, por mais eficiente que seja o trabalho que está fazendo. Antioquia era uma Igreja espiritual, que tinha comunhão com Deus. Com esta Igreja aprendemos também que a Igreja deve ser dirigida pelo Espírito Santo, inclusive na ordenação de obreiros e envio de missionários. Barnabé e Saulo já eram obreiros ali e, certamente, já sabiam que Deus os havia chamado para a missão. Mas aguardaram as orientações do Senhor. Depois que o Espírito Santo mandou que a Igreja os enviasse, eles fizeram a primeira viagem missionária pelo mundo. 


2- Evangelização e decadência espiritual da Europa. Na segunda viagem de Paulo, aconteceu uma divergência entre Paulo e Barnabé, por causa de João Marcos. Barnabé, que era primo dele, queria levá-lo consigo, mas Paulo discordou, porque ele havia abandonado a equipe na primeira viagem. Por causa disso, a equipe se dividiu. Barnabé navegou para Chipre com João Marcos e Paulo partiu com Silas, da Síria e Cilícia. Paulo e Silas iniciaram esta viagem missionária, visitando as cidades onde Paulo já havia pregado, até que chegou ao porto de Trôade. Ali, Paulo teve uma visão, na qual lhe apareceu um homem da Macedônia, que lhe rogava dizendo: 

- Passa à Macedônia e ajuda-nos!

Paulo, então, concluiu que o Senhor os chamava para anunciar o Evangelho naquela região. De Trôade, a equipe navegou em direção a Filipos, que era uma colônia romana e a primeira cidade da Europa, para quem vinha da Ásia. Ali, havia uma comerciante chamada Lídia, que temia a Deus e se converteu ao Evangelho com a pregação de Paulo. Após o batismo nas águas, Lídia ofereceu a sua casa como um ponto de pregação e ali teve início a Igreja de Filipos e o Cristianismo entrou na Europa.

O Cristianismo na Europa passou por vários períodos. Primeiro, a perseguição cruel do Império Romano, por cerca de duzentos anos, praticando as piores atrocidades contra os cristãos. Depois, com a conversão do imperador Constantino, teve fim a perseguição aos cristãos, com o édito de Milão em 313 d.C. e, em 390.d.C., Cristianismo foi declarado a religião oficial do império. 

Constantino também restituiu várias propriedades dos cristãos que haviam sido confiscadas e passou a oferecer benesses aos cristãos. Isso acabou atraindo para o Cristianismo, pessoas que não eram convertidas de verdade, as quais trouxeram práticas e doutrinas de outras religiões para dentro da Igreja. Esta mistura entre Igreja e estado trouxe muitos problemas, afastando a Igreja cada vez mais da Bíblia. Entretanto sempre houve os remanescentes fiéis. 

Somente no século XVI, com a Reforma Protestante, muitos cristãos retornaram aos princípios bíblicos, liderados por Martinho Lutero, João Calvino, Ulrico Zwinglio e outros. Antes deles houve também os precursores da Reforma Protestante como  Pedro Valdo, John Tauler, John Wycliffe, John Huss, Jerônimo Savonarola e outros, que se levantaram contra as heresias e desmandos do clero católico. Por isso, foram excomungados, presos e mortos pela Inquisição católica. 

A Reforma Protestante, conforme vimos em lições anteriores, deu bastante ênfase ao retorno às Escrituras e combateu muito a ideia de salvação pelas obras, compra de bençãos divinas e mediadores entre Deus e os homens, além de Jesus. Entretanto, não se aprofundou na Doutrina do Espírito Santo. Isso acabou levando muitas Igrejas ao formalismo, ao comodismo e à teologia liberal. Deixaram o primeiro amor,  pararam os cultos domésticos, deixaram de evangelizar e se entregaram à secularização. 

O resultado disso foi trágico! O materialismo e o ateísmo tomou conta das universidades e as novas gerações foram abandonando a fé cristã. Deus orientou Moisés, para alertar o povo a ensinar a Palavra de Deus aos filhos, quando estivessem na mesa com eles, andando pelo caminho e ao deitar e levantar. (Dt 11.18-21). Está orientação divina não pode ser negligenciada, pois se os pais não passarem para as próximas gerações a Palavra de Deus, os jovens não irão conhecer a Deus e se desviarão completamente. Não podemos deixar a educação dos nossos filhos a cargo da escola, da televisão e da internet. Eles precisam aprender desde cedo a amar a Deus e ter um relacionamento pessoal com Ele. Se isto acontecer, as ideologias malignas não conseguirão espaço em seus corações. 


3- Clamor pelo avivamento espiritual. É urgente clamarmos por um reavivamento espiritual na Europa e Estados Unidos, que no passado foram celeiros de muitos missionários e fizeram muitas missões transculturais, inclusive no Brasil. Nós somos frutos das missões transculturais iniciadas por dois corajosos e abnegados missionários suecos, Daniel Berg e Gunnar Vingren. Estes dois homens de Deus, foram revestidos de poder e deixaram os Estados Unidos, onde viviam, obedeceram à voz do Espírito Santo e vieram ao Brasil pregar o Evangelho, conforme estudamos na Lição 9.

Depois deles, outros missionários suecos e americanos, como Samuel Nystron, Frida Strandberg (que depois casou-se com Gunnar Vingren), Joel Carlson, Otto Nelson, Nils Kastberg, Eurico Bergstén, Orlando Boyer, Bernhard Johnson, John Kolenda Lemos e muitos outros,  também desembarcaram em terras brasileiras para dar apoio evangelístico e doutrinário a esta missão transcultural no Brasil. 

Hoje, precisamos nos voltar para os países de origem deles, clamando a Deus por um avivamento, contribuindo com as missões nestes países e, se for o caso, atender a chamada do Mestre para ir ao campo missionário. Oremos como Habacuque: “Ouvi, Senhor, a tua palavra e temi; aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira lembra-te da misericórdia” (Hc 3.2). Estudaremos mais sobre este assunto na última lição deste trimestre, cujo tema é: Aviva, ó Senhor, a tua obra. 


REFERÊNCIAS: 


RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 674; 680.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento: ATOS A APOCALIPSE. Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pág. 133-134.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. III. Editora Central Gospel. pág. 220-221.

VAILATTI, Carlos Augusto. Habacuque: Introdução, Tradução e Comentário. Editora Reflexão, Ed. 2020. pág. 233-238.


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