17 janeiro 2023

JESUS E A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

(Comentário do 1º tópico da Lição 04: o Ministério avivado de Jesus)

Neste primeiro tópico, falaremos sobre Jesus e a pessoa do Espírito Santo.  Discorremos sobre a ação do Espírito Santo na vida de Jesus em três momentos: em seu nascimento, no batismo e na tentação. Depois falaremos sobre o mover do Espírito Santo no Ministério de Jesus. O Mestre iniciou o seu ministério aos trinta anos e durou cerca de três anos. Logo no início, na Sinagoga de Nazaré, onde Ele fora criado, Ele leu a profecia de Isaías 61, que diz "O Espírito do SENHOR está sobre mim…" e aplicou-a ao seu ministério. Durante todo o seu ministério terreno, Ele foi guiado pelo Espírito Santo, operou muitos milagres pelo poder do Espírito Santo e a sua mensagem também era proclamada com autoridade. 


1. O Espírito Santo na vida de Jesus. Deus é um Ser Triúno, ou seja, Ele subsiste eternamente em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Neste aspecto, Pai, Filho e Espírito Santo são inseparáveis. Onde o Pai está, o Filho e o Espírito Santo também estão, pois Deus é Onipresente. Esta união intrínseca entre as três pessoas da Santíssima Trindade é chamada na teologia de "Pericorese". É um conceito teológico que se refere à habitação das Pessoas da Trindade uma na outra. Cada pessoa da Trindade está nas outras e cada uma se dá às outras duas. É assim que acontece a eterna intimidade entre o Filho e o Espírito Santo. Jesus falou desse relacionamento, que já existia antes da fundação do mundo: (Jo 17.5). Falou também dessa intimidade, que sempre teve com o Pai: "Não crês tu que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?" (Jo 14.10). O Espírito está também nessa Trindade (1 Co 2.10).


Jesus é Deus e sempre existiu. Ele estava no princípio com Deus, ou seja, é alguém distinto do Pai. Mas, Ele também é Deus, igual ao Pai e ao Espírito Santo (Jo 1.1; 17.5). Como Deus, Jesus não poderia se manifestar ao mundo em glória, pois ninguém O suportaria. O plano de Deus para a salvação da humanidade incluía: o cumprimento da Lei, que o homem falhou em cumprir  (Mt 5.17; Gl 4.5); e um sacrifício perfeito de sangue, para apagar os pecados (Hb 9.22; Hb 10.5). Somente o próprio Deus teria condições de fazer isso, pois não havia ninguém perfeito na humanidade que pudesse oferecer este sacrifício. Portanto, era necessário o Filho de Deus tornar-se homem, mas, sem pecado. Este processo é chamado de “Encarnação do Verbo”: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós".  (Jo 1.14). 


a. A ação do Espírito Santo no nascimento de Jesus. Todo o processo de encarnação do Filho de Deus foi conduzido e realizado pelo Espírito Santo. Uma virgem de Nazaré, na Galiléia, chamada Maria, estava desposada com um jovem da descendência de Davi, chamado José. Desposada era uma espécie de noivado, na cultura Judaica da época do nascimento de Jesus, que acontecia cerca de um ano antes do casamento. Os cônjuges oficializaram o casamento, mas esperavam um ano para se relacionarem sexualmente. Neste período, a jovem Maria recebeu a visita do anjo Gabriel, que lhe disse as seguintes palavras: “Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres; Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus. E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.” (Lc 1.28; 30-31). 


Maria, evidentemente, ficou sem entender, pois ainda não era casada oficialmente e não havia se relacionado sexualmente com ninguém. Ela, então, perguntou ao anjo: “Como se fará isto, visto que não conheço homem algum?” (Lc 1.34). O anjo lhe respondeu dizendo: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus.” (Lc 1.35). Após esta resposta do anjo, Maria creu e deu-lhe uma sábia resposta: “Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra”. (Lc 1.38). 


b. A ação do Espírito Santo no batismo de Jesus. No evangelho de João, quando lemos sobre o batismo de Jesus, João Batista nos informa que antes de batizar Jesus, aquele que havia lhe enviado a batizar o orientou sobre quem seria o Cristo, e que Ele batizaria com o Espírito Santo: “E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu como uma pomba e repousar sobre ele. Eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo.” (Jo 1.32,33). 


Lucas, por sua vez, relata que no momento do batismo de Jesus, aconteceram três eventos extraordinários: (a) o céu se abriu (Lc 3.21); (b) o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma de pomba (Lc 3.22a); e (c) ouviu-se uma voz vindo do céu que estava aberto (Lc 3.22b). Esta descida do Espírito Santo desta forma é uma indicação de que aquilo foi real e não apenas uma visão, como muitos poderiam imaginar. Isso também não significa que Jesus não tivesse o Espírito Santo antes do seu batismo, pois, conforme já falamos Jesus foi cheio do Espírito Santo desde a  sua concepção. 


A descida do Espírito Santo no batismo de Jesus significa que Deus estava confirmando publicamente que Ele é o Messias. Era também um sinal para João, pois como já falamos, Deus havia lhe dado este sinal. Há também uma manifestação visível da Santíssima Trindade: O Pai falando dos Céus, o Filho sendo batizado na terra e o Espírito Santo descendo sobre o Filho.


c. A ação do Espírito Santo na tentação de Jesus. Todo o processo da tentação de Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo. O texto bíblico nos mostra que Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado pelo diabo. “E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto.” (Lc 4.1). No deserto, em jejum, oração e íntima comunhão com o Pai, Jesus foi tentado por um espaço de quarenta dias. 


O relato da tentação de Jesus nos ensina que Ele não foi tentado motivado por concupiscência interior, ou quaisquer resquício de soberba e cobiça, oriundo da natureza humana decaída, pois, Ele não tinha pecado e a sua natureza não era corrompida. Também não foi tentado por iniciativa do diabo. Fazia parte do plano de Deus e Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo a esse processo. Na tentação, o diabo tentou fazer com que Jesus desviasse o foco da sua missão e tentou fazê-lo ter dúvida de que Ele era o Filho de Deus. Mas, Jesus fortalecido no Espírito, venceu as investidas do inimigo com a poderosa Palavra de Deus.


Da mesma forma, quando somos tentados, nunca devemos enfrentar as forças espirituais da maldade e do pecado, com as nossas próprias forças, sem o poder do Espírito. Precisamos nos equipar com toda a armadura de Deus, para vencer e depois da vitória ficar firmes. (Ef 6.10-18). 


2. O Espírito Santo no ministério de Jesus. Além de estar presente e agir em todos os momentos da vida terrena de Jesus, o Espírito Santo também atuou no ministério de Jesus, desde o princípio. Após a vitória de Jesus sobre o diabo na tentação, Lucas registrou que “pela virtude do Espírito Santo, Jesus voltou para a Galiléia”. A sua fama corria toda parte e Ele ensinava nas Sinagogas (Lc 4.14,15). Na Sinagoga de Nazaré, onde Jesus havia sido criado e era conhecido de todos, Ele levantou-se para ler as Escrituras. Foi-lhe dado o Livro do profeta Isaías e Ele leu o trecho do capítulo 61.1-3, onde está escrito assim: "O Espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; A apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes; "A ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do SENHOR, para que ele seja glorificado." 


Após fechar o Livro e entregá-lo ao ministro da Sinagoga, os olhares do povo estavam voltados para Ele, aguardando a explicação daquela leitura. Jesus, então, respondeu-lhes: "Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos." Todos estavam admirados dos seus ensinos, até Ele dizer que nenhum profeta tem honra em sua própria pátria e fazer menção aos milagres realizados pelos profetas Elias e Eliseu entre os gentios e não em Israel. O povo de Nazaré se encheu de ira e o expulsaram da Sinagoga. Em seguida levaram-no ao cume do monte, tentando precipitá-lo de lá. Mas Ele conseguiu escapar. 


Podemos ver a ação do Espírito Santo no Ministério de Jesus em pelo menos três aspectos: 


a. Ele foi ‘ungido’ pelo Espírito Santo. A palavra ungido em hebraico é “Mashiach”, transliterada para o português como “Messias”. No grego, a palavra correspondente é “Christos”. Literalmente, significa derramar óleo em uma pessoa ou objeto, consagrando-o para um serviço ou finalidade específica. Quando se tratava de unção de pessoas, através deste ato simbólico, a autoridade de Deus era conferida à pessoa ungida. Esta autoridade conferida é chamada de unção. A pessoa ou objeto ungido, se tornavam santos (Êx 30: 22-33; 1 Sm 24: 6; 10). No contexto do Antigo Testamento, a unção era determinada por Deus e só se ungia três tipos de pessoas: reis, profetas e sacerdotes. No Novo Testamento, Jesus foi ungido pelo Espírito Santo e cumpriu, com perfeição, estes três ofícios: Rei, Profeta e Sacerdote. Como vimos na lição passada, o evangelista Mateus demonstrou para os judeus, através das profecias que Jesus era o “Mashiach” (O Ungido) prometido a Israel. 


b. Ele operava milagres no Poder do Espírito Santo. Jesus realizou muitos milagres, que causaram espanto nas pessoas que os presenciaram: curou paralíticos, leprosos, cegos, uma mulher com um fluxo de sangue, um homem que tinha a mão ressecada, um surdo-mudo, ressuscitou mortos, multiplicou pães e peixes, andou sobre as águas, acalmou tempestades dando ordem ao vento e ao mar, transformou água em vinho, expulsou demônios e fez muitos outros milagres, que segundo João, não foram registrados todos, pois o livro não comportaria (Jo 21.25). Todos estes sinais e maravilhas foram realizados pelo poder do Espírito Santo que estava sobre Ele. Quando Ele ressuscitou o filho da viúva de Naim, as pessoas ficaram maravilhadas e glorificaram a Deus: “E de todos se apoderou o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós, e Deus visitou o seu povo. E correu dele esta fama por toda a Judéia e por toda a terra circunvizinha.” (Lc 7.16,17).


c. Ele pregou mensagens poderosas. Os sermões e diálogos de Jesus eram cheios do poder de Deus e causavam impactos nas pessoas que os ouviam. Após o discurso de Jesus na Festa dos Tabernáculos, as autoridades religiosas se encheram de ira contra Ele e mandaram os guardas prendê-lo. Os guardas o ouviram e voltaram sem o prenderem. As autoridades os questionaram, por não terem cumprido a ordem e eles responderam: “Nunca homem algum falou assim como este homem.” (Jo 7.46). No final do Sermão do Monte também, a multidão ficou admirada com as Palavras de Jesus: “E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina, porquanto os ensinava com autoridade e não como os escribas.” (Mt 7.28,29). A mensagem de Jesus causava ira e inveja nos incrédulos, mas oferecia liberdade aos cativos, alívio aos cansados, perdão aos pecadores e esperança aos desesperados. Ele pregou aos pobres e pescadores, mas também pregou aos ricos, como Zaqueu e José de Arimatéia; pregou aos indoutos, mas também pregou aos mestres da Lei, como Nicodemos; pregou também às categorias discriminadas e desprezadas, como os publicanos, prostitutas, mulheres e samaritanos. 


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

LOPES, Hernandes Dias. Lucas: Jesus o Homem. Editora Hagnos. 1 Ed 2017.        

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD. pag. 1529.    

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 322-323.

PEARLMAN, Myer. Lucas. O Evangelho do Homem Perfeito. Editora CPAD. pag. 29-30.


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Ev. Weliano Pires

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