(Comentário do 2º tópico da Lição 04: o Ministério avivado de Jesus)
No segundo tópico, falaremos sobre a oração no seu ministério de Jesus. Veremos o valor da oração, com base no modelo de oração que Jesus ensinou aos seus discípulos, que é chamado de "Pai Nosso". Depois veremos que o Senhor Jesus em seu ministério terreno teve uma vida de oração. Em várias ocasiões, lemos nos Evangelhos que o Mestre buscava um lugar isolado para orar.
1. O Valor da Oração. Os discípulos viam sempre Jesus orando e, certa vez, pediram-lhe que Ele lhes ensinasse a orar. Jesus, então, forneceu para eles um modelo de oração, que ficou conhecido como "Pai-nosso", pois começa com estas palavras. Esta oração não é para ser repetida várias vezes como uma reza, como fazem os católicos no terço, repetindo 50 vezes a oração do Pai-nosso e outras que a acompanham. É apenas um modelo, para servir de parâmetro para as nossas orações. Tanto que não vemos em momento algum, Jesus ou os seus discípulos repetindo esta oração.
No Sermão do Monte, o Senhor já havia falado sobre a forma correta de orar, alertando aos seus discípulos de que não deveriam orar como os hipócritas que oravam em pé nas sinagogas e nas esquinas, com o objetivo de serem vistos pelos homens e, consequentemente, serem elogiados e tidos como pessoas piedosas (Mt 6.5). Evidentemente, o Senhor não estava condenando a oração feita em pé ou em público, como sugere a Congregação Cristã no Brasil, pois, Ele mesmo orou em pé e em público, várias vezes. O que Jesus estava condenando era a oração ostentativa e cheia de alardes, a fim de buscar a autopromoção.
Jesus recomendou que os seus discípulos fossem discretos nas orações, pois o Pai vê em secreto e recompensa aqueles que o buscam (Mt 6.6). Deus é onisciente e conhece até os nossos pensamentos. Por isso, Ele não se impressiona com longas orações, cheias de palavras bem elaboradas. Deus sabe do que precisamos, antes mesmo de lhe pedirmos.
Após trazer estes ensinos sobre a oração, os discípulos pediram que Jesus lhes ensinasse a orar e lhes ensinou, conforme o modelo abaixo:
“Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém!” (Mt 6.9-13).
Nesta oração modelo de Jesus, aprendemos alguns princípios importantes para as nossas orações:
a. Toda oração deve ser dirigida a Deus: “Pai nosso, que estás nos Céus” Os verdadeiros discípulos de Jesus não dirigem as suas orações a santos, anjos ou quaisquer entidades.
b. Toda oração deve começar com adoração: “Santificado seja o Teu Nome”. Antes de pedirmos qualquer coisa a Deus, devemos adorá-lo por quem Ele é e louvá-lo pelo que Ele fez, faz e fará.
c. As nossas orações devem buscar a vontade de Deus: “Faça-se a Tua Vontade”. Jamais devemos usar a oração para tentar impor as nossas vontades a Deus, ou tentar exigir algo dEle.
d. Na oração devemos pedir o necessário à nossa sobrevivência: “O pão nosso de cada dia”. Oração não deve ser usada para buscar coisas supérfluas deste mundo ou para satisfazer as concupiscências da carne.
e. Em nossas orações devemos confessar os nossos pecados e perdoar: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.” Os nossos pecados impedem a nossa comunhão com Deus, pois Ele é absolutamente santo. Portanto, devemos reconhecer os nossos pecados e pedir perdão a Deus. Porém, antes de pedir perdão, é preciso perdoar a quem nos ofender, senão não seremos perdoados (Mt 6.15).
f. Na oração devemos sempre buscar a proteção de Deus: “não nos induzas à tentação, mas, livra-nos do mal”. A versão Nova Almeida Atualizada diz: “não nos deixes cair em tentação”. Esta tradução parece mais adequada, pois induzir traz a ideia de que Deus estaria incitando alguém à tentação. Deus é o nosso protetor fiel. Somente Ele pode nos livrar de todos os males, até daqueles que não percebemos.
g. Em nossas orações devemos reconhecer sempre a Soberania de Deus. “Teu é o Reino, o poder e a Glória”. Deus é o Criador e sustentador de todas as coisas. Tudo pertence a Ele e, portanto, Ele faz o que quer, como quer, e quando quiser.
2. Uma Vida de Oração. Uma das estrofes do hino 296 da nossa Harpa Cristã diz o seguinte:
Jesus teve completa vitória
Porque sempre viveu em oração.
Muitos santos chegaram à glória
Sob o manto da doce oração.
De fato, o ministério terreno do Senhor Jesus foi marcado pela oração. Além de ensinar a orar, Jesus foi também um exemplo na oração. Mesmo sendo Deus, na condição humana Ele buscou ao Pai em diversas ocasiões. O Mestre orava sem cessar. Jesus falava constantemente com o Pai, em público e em particular.
Em algumas situações, Ele orava ao amanhecer, ainda escuro: “Levantando-se de manhã muito cedo, fazendo ainda escuro, saiu, e foi para um lugar deserto, e ali orava” (Mc 1.35). Antes de escolher os seus apóstolos, Ele passou a noite em oração: "E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar e passou a noite em oração a Deus." (Lc 6.12). Que exemplo a liderança da Igreja atual! Se todos os pastores passassem a noite em oração, antes de ordenar alguém ao ministério, certamente a qualidade dos nossos obreiros seria muito mais elevada.
No capítulo 17 de João, vemos a chamada Oração Sacerdotal de Jesus, onde Ele intercede ao Pai pelos seus discípulos. Outro exemplo muito importante a ser seguido pelos pastores, a oração intercessória pelos obreiros e membros da Igreja eles lideram. Em vez de reclamar das pessoas que lideramos na Igreja, ou maltratá-los com palavras, devemos apresentá-los a Deus em oração.
Jesus orou também, em gratidão ao Pai: “Naquela mesma hora, se alegrou Jesus no Espírito Santo e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste às criancinhas; assim é, ó Pai, porque assim te aprouve. (Lc 10.21; Mt 11.25). Temos aqui mais um exemplo do nosso Mestre: Ser grato a Deus por tudo e reconhecer que tudo vem dele.
No Jardim do Getsêmani, em profunda agonia, a ponto de suar gotas de sangue, o Mestre também orou ao Pai, dizendo: “Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.” (Mt 26.39). Aqui aprendemos que em nossas angústias, tristezas e lutas intensas, devemos orar e não desabafar nas redes sociais ou murmurar. Deus conhece e entende as nossas aflições. Nem sempre Ele nos livrará delas, mas, estará conosco em cada momento, por mais difícil que seja.
REFERÊNCIAS:
RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 47-48.
LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pág. 219 – 220.
BRANDT, Robert L. e BICKET, Zenas J. Teologia Bíblica da Oração: O Espírito nos Ajuda a Orar. Rio de Janeiro: CPAD, págs. 165-167).
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD. pág. 555-557.
Siga o nosso blog, deixe o seu comentário e compartilhe os nossos textos com outras pessoas.
Ev. Weliano Pires
Nenhum comentário:
Postar um comentário