23 janeiro 2023

O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO E O PÚBLICO-ALVO


(Comentário do 1º tópico da Lição 05: O Avivamento na Vida da Igreja).

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico falaremos sobre o Batismo com o Espírito Santo e o público-alvo. O chamado de Jesus para a Salvação envolve: a experiência da salvação, a obediência a Deus e a santificação. O batismo no Espírito Santo é uma experiência subsequente à salvação, ou seja, é para quem já é salvo. Veremos ainda neste tópico que a promessa do revestimento de poder é para todos os salvos (At 2.39), em qualquer época, local ou cultura. Por isso, os cessacionistas, que são aqueles que dizem que a manifestação dos dons espirituais se restringiram aos dias dos apóstolos, estão equivocados. 


1. O chamado abrangente de Jesus. Há muitos teólogos que confundem o batismo no Espírito Santo com a própria experiência da salvação. Outros ensinam que o batismo no Espírito Santo é diferente da salvação, porém, dizem que tanto o batismo no Espírito Santo como os dons espirituais, foram concedidos apenas à Igreja do tempo dos apóstolos. Estas duas correntes teológicas, no entanto, não se sustentam à luz do Novo Testamento. 


Por outro lado, há também muitos equívocos doutrinários em relação à doutrina da salvação. Por isso, neste primeiro subtópico, o comentarista explica passo a passo, a dinâmica da salvação, com base no resumo da pregação de Jesus no início do seu ministério, apresentado pelo evangelista Marcos: “O tempo está cumprido e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho”. (Mc 1.15). Nesta mensagem, Jesus apresenta duas condições iniciais da parte do homem, para ser salvo: Arrependimento e fé. O comentarista acrescenta também a obediência, mas ela está contida na fé. É importante deixar claro, que a fé para a salvação não consiste apenas em acreditar na existência de Deus, pois os demônios também crêem e estremecem, mas não obedecem (Tg 2.19). Tiago diz também que a fé sem as obras é morta (Tg 2.17). Há ainda outro aspecto da salvação apresentado pelo comentarista, que é a santificação, que aparece na Epístola aos Hebreus como condição para a salvação: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.” (Hb 12.14). 


Em relação à doutrina da Salvação, há vários tipos de heresias como: salvação por merecimento, por sofrimento, pelas obras, por pertencer a uma instituição religiosa e até pela intercessão após a morte. Estas doutrinas são ensinadas pelo catolicismo e não tem nenhum fundamento bíblico. Há quatro correntes teológicas no Cristianismo em relação à doutrina da Salvação: O pelagianismo, semi-pelagianismo, o calvinismo e o arminianismo. Claro que há subdivisões e divergências dentro destes grupos e não daria para comentar tudo aqui. Os dois primeiros são hereges e antibíblicos, mas os outros dois são considerados apenas divergências teológicas entre os cristãos: 

1. Pelagianismo. Doutrina ensinada por Pelágio, um monge do século IV d.C. Segundo Pelágio, os seres humanos nascem inocentes, sem a mancha do pecado original. Ele dizia também que Deus criou diretamente toda alma humana, livre do pecado. Pelágio acreditava que o homem que pecar pode, pelos próprios esforços, arrepender-se e ser salvo.

2. Semipelagianismo. Diferente de Pelágio, o semipelagianismo ensina que toda a humanidade foi manchada pelo pecado, mas não ao extremo de não podermos cooperar com a graça de Deus, mediante os nossos próprios esforços. 

3. Calvinismo. É também chamado de Monergismo, pois defende que a salvação é uma obra realizada unica e exclusivamente por Deus, sem qualquer cooperação do esforço humano. É chamada de Calvinismo, pois foi ensinada pelo teólogo e reformador francês, João Calvino. 


O Calvinismo se resume em cinco pontos, denominados pelo acrônimo TULIP, referentes às iniciais desses pontos em inglês:

  1. Depravação total. Como resultado da queda de Adão, toda a raça humana foi afetada e é incapaz de salvar-se, inclusive de decidir se quer ser salvo.

  2. Eleição incondicional. Deus, na eternidade passada, elegeu algumas pessoas para a salvação e outras para a condenação.

  3. Expiação limitada. Deus determinou que Cristo morreria apenas pelos eleitos. Todos a quem Deus elegeu e por quem Cristo morreu, serão salvos.

  4. Graça irresistível.  Aqueles a quem Deus elegeu, Ele chama a si mesmo através da graça, sem que o homem possa recusar. 

  5. Perseverança dos santos. Aqueles a quem Deus elegeu e atraiu a Si mesmo através do Espírito Santo irão perseverar na fé. (Uma vez salvo, salvo para sempre). 

4. Arminianismo. Sistema de Teologia formulado por Jacob Armínio, teólogo da Igreja holandesa, que resolveu refutar o sistema de Calvino. É também conhecido como Sinergismo e defende que, de alguma forma, o homem coopera na obra da salvação. Entretanto, é importante esclarecer que, embora os arminianos sejam sinergistas, nem todos os sinergistas são arminianos. Há muitos que são hereges, como os pelagianos e os semipelagianos. 


Armínio também resumiu a sua soteriologia em 5 pontos:

  1. Capacidade humana, Livre-arbítrio. Embora todos sejam pecadores e incapazes de se salvarem a si mesmos, são livres para aceitar ou recusar a salvação que Deus oferece a todos (por meio da Graça Preveniente).

  2. Eleição condicional. Deus elegeu os homens que ele previu que teriam fé em Cristo, com base em sua presciência.

  3. Expiação ilimitada. Cristo morreu por todos os homens e não somente pelos eleitos;

  4. Graça resistível. Os homens podem resistir à Graça de Deus para não serem salvos;

  5. Decair da Graça. Homens salvos podem perder a salvação caso não perseverem na fé até o fim.


Nós da Assembleia de Deus seguimos o ponto de vista arminiano. Muitas pessoas confundem o calvinismo com o cessacionismo. Mas é importante esclarecer que não são a mesma coisa. Há calvinistas que são pentecostais, como a Igreja Presbiteriana Renovada e há arminianos que não são pentecostais, como as Igrejas Batistas tradicionais.


2. A promessa é para todos os salvos. Muitas Igrejas históricas e reformadas, ensinam que a promessa do batismo no Espírito Santo era apenas para a Igreja do primeiro século e que os dons cessaram com a morte do último apóstolo. Por isso, são chamados de "cessacionistas". Entretanto, diferente do que ensinam os cessacionistas, esta promessa é para todos os salvos, em todas as épocas da Igreja. Vejamos o que disse o apóstolo Pedro, em sua pregação no dia de Pentecostes: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar.” (At 2.39). 


Não há nenhum fundamento bíblico, para afirmar ou mesmo supor que a manifestação dos dons do Espírito Santo se restringia aos dias apostólicos. Ao contrário, temos a promessa, através do apóstolo Pedro, descrita acima, de que esta promessa era para aqueles dias, para a geração seguinte, para os de longe e para aqueles que o Senhor ainda chamaria. 


Em sua onisciência, o Senhor Jesus sabia de antemão, que os discípulos não resistiriam às perseguições sem o poder do Espírito Santo. Por isso, recomendou que não se ausentassem de Jerusalém, antes que fossem revestidos de poder (Lc 24.49). Se naquela época, o Senhor Jesus viu que era indispensável o revestimento de poder para os discípulos pregarem o Evangelho, não há nenhuma razão para pensarmos que hoje seria diferente.


3. O engano dos cessacionistas. Há muitos equívocos em relação à natureza e a abrangência do batismo no Espírito Santo. Há os que pensam que isto foi uma experiência restrita aos dias apostólicos e que cessou, com a morte do último apóstolo, que foi João. Os que pensam assim são chamados de “cessacionistas”. 


No primeiro trimestre de 2004, estudamos o tema “A Pessoa e a Obra do Espírito Santo”, com comentários do saudoso missionário finlandês, Eurico Bergstén. Na segunda lição daquele trimestre, cujo tema era: “Novo nascimento e batismo com o Espírito Santo — Experiências distintas”, Eurico Bergstén assim escreveu:


“Salvação e batismo com o Espírito Santo são bênçãos distintas. Os que foram batizados no dia de Pentecostes já eram salvos. Jesus fez esta declaração quando disse: “Alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus” (Lc 10.20). Além disso, delegou responsabilidades a eles que são próprias de salvos, tais como: o convite para que o ajudassem a pregar o evangelho, autoridade para que expulsassem demônios e curassem enfermos e, a ordem para que aguardassem o revestimento de poder caracterizado pela descida do Espírito Santo sobre eles com evidências como outras línguas e fogo.”


Fica claro, portanto, que o batismo no Espírito Santo se distingue do Novo Nascimento, que o Espírito Santo opera no interior do ser humano que recebe a Cristo como Senhor e Salvador. Nós, os pentecostais, somos continuístas, pois cremos que tanto o batismo no Espírito Santo, como a manifestação dos dons espirituais são ações contínuas do Espírito Santo na vida da Igreja, até a volta de Cristo. Cremos também, com base nas páginas do Novo Testamento, que o batismo no Espírito Santo é uma capacitação sobrenatural do Espírito Santo ao crente, que ocorre após a sua salvação. 


REFERÊNCIAS:


RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

PEARLMAN, Myer. Marcos, O Evangelho do Servo de Jeová. Editora CPAD. 6 Ed. 2006. pág. 15-16.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 184.

BERGSTÉN, Eurico. A Pessoa e Obra do Espírito Santo. Lições Bíblicas/Adultos, 1º Trimestre de 2004. Editora CPAD. 

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 638-639.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO. Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pag. 23.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Editora CPAD, págs. 189-192. 


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