(Comentário do 3º tópico da Lição 5: O Avivamento na vida da Igreja)
Ev. WELIANO PIRES
No terceiro e último tópico, falaremos sobre o ministério ungido para os dias atuais. É indispensável na pregação do Evangelho que haja sinais e maravilhas, como conversões de almas, batismo no Espírito Santo, expulsão de demônios e curas divinas. Isso só acontecerá se a Igreja tiver a unção do Espírito Santo. Quando Jesus enviou os seus discípulos a pregar o Evangelho, Ele disse: “Estes sinais seguirão aos que crerem…”. (Mc 16.17). Os sinais comprovam a autenticidade do ministério por Deus. Os milagres, além de autenticar a mensagem pregada, servem também para glorificar a Cristo, não ao pregador e a denominação.
1. Na unção do Espírito Santo. A palavra "unção" significa o ato de derramar óleo em uma pessoa ou objeto, consagrando-o para um serviço ou finalidade específica. No Antigo Testamento, através do ato simbólico, de derramar o óleo sobre uma pessoa, a autoridade de Deus era conferida à pessoa ungida. Esta autoridade conferida era chamada de unção. A pessoa ou objeto ungido, se tornavam santos (Êx 30: 22-33; 1 Sm 24: 6; 10). No contexto do Antigo Testamento, a unção era determinada por Deus e só se ungia três tipos de pessoas: reis, profetas e sacerdotes. Conforme estudamos na passada, Jesus foi ungido pelo Espírito Santo e cumpriu, com perfeição, estes três ofícios: Rei, Profeta e Sacerdote.
No Novo Testamento, os discípulos de Jesus também foram ungidos pelo Espírito Santo para darem continuidade ao ministério terreno de Jesus. Não se trata mais do ato simbólico de derramar óleo sobre a cabeça deles, para serem ungidos. Mas, o poder do Espírito Santo é derramado sobre o crente e ele passa a ter a virtude do Espírito Santo atuando através dele. Quando falamos de poder, é preciso entender que no grego há quatro palavras que significam poder:
a. Exousia. É a autoridade exercida por uma pessoa em nome de outro maior, como por exemplo, um oficial do rei fala em nome dele. Este é o poder que o Espírito Santo concede ao crente, contra as potestades, principados e hostes espirituais da maldade. Nós lhes damos ordens pela autoridade que o Senhor Jesus nos concedeu. É desta palavra que vem a palavra "exorcismo".
b. Ischyros. Refere-se à força física capaz de vencer ou dominar outra pessoa através da força dos músculos. Esta força está relacionada unicamente ao corpo.
c. Kratos. É o poder das autoridades que governam um país. É desta palavra que vem as palavras democracia e aristocracia. Este poder, Deus concedeu às autoridades e não à Igreja. (Rm 13.1-4).
d. Dynamis ou dunamis. Significa energia, grande força e grande habilidade, vindas do mundo espiritual. É a força que vem de Deus e concede ao crente ousadia e habilidade para pregar o Evangelho e poder para operar sinais e maravilhas. Esta palavra deu origem às palavras dinamite, dínamo e dinâmico. Paulo disse que "o Evangelho é o 'poder' (dynamis) de Deus, para a salvação de todo aquele que crer". (Rm 1.16). Escrevendo aos Coríntios, Paulo disse: "A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder (dynamis); Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder (dynamis) de Deus." (1 Co 2.4,5).
2. Autenticado por Deus. O Evangelho segundo Marcos, conforme vimos na Lição 03, é o mais sucinto dos quatro evangelistas. Marcos termina o seu relato, com as últimas palavras de Jesus e a sua ascensão aos Céus: "Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém". (Mc 16.19,20). Fica evidente que ele fala dos "sinais que se seguiram", após a ascensão de Jesus e após o dia de Pentecostes, pois não há registros de que eles tenham operado milagres ou mesmo pregado entre estes dois eventos.
Atualmente vivemos a era da informação a um clique. A comunicação é feita em tempo real, com muitos recursos audiovisuais e técnicas para se comunicar bem. Há até uma frase que diz: "a comunicação é a alma do negócio". De fato, mesmo o produto não sendo muito bom, se houver uma boa estratégia de marketing, ele acaba se tornando atrativo. Até políticos corruptos, ou que não tem bons projetos, são eleitos mediante estratégias de marqueteiros.
A pregação do Evangelho, no entanto, não é um discurso qualquer, que basta ter um bom conhecimento do assunto a ser falado, usar os recursos da oratória e ter aprovação dos ouvintes. Paulo disse: "E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria." (1 Co 2.1). Embora seja importante ter uma boa comunicação, técnicas audiovisuais, conhecer profundamente o assunto que vamos falar (principalmente os professores da Escola Dominical), isso não é suficiente para sermos bem sucedidos na pregação do Evangelho. É preciso que a nossa pregação seja autenticada ou confirmada por Deus. Esta autenticação, conforme Marcos relatou, se dá através dos sinais que o Espírito Santo opera.
Um exemplo disso aconteceu na casa de Cornélio. Enquanto Pedro pregava a Palavra de Deus para os convidados do centurião de Cesaréia, o Espírito Santo desceu sobre eles e falaram em línguas e profetizaram (At 10.44,45). Um dado importante neste caso, é que Deus conduziu todo este processo. Primeiro, Cornélio estava orando e um anjo lhe apareceu para falar que as suas orações e esmolas tinham chegado diante de Deus e que ele deveria mandar chamar Pedro, para que este lhe explicasse o que deveria fazer. Por outro lado, Deus trabalhou para eliminar o preconceito de Pedro contra os gentios, mostrando-lhe através de uma visão, que Deus não faz acepção de pessoas. Pedro não iria, se Deus não tivesse tratado esta questão com ele antes.
A pregação para ser autenticada por Deus com os sinais, ela precisa ser dirigida por Deus e ser bíblica. Pedro foi à casa de Cornélio, mandado por Deus e expôs as Escrituras. O restante foi Deus quem fez. Não basta acontecer sinais para concluirmos que Deus está confirmando a mensagem. Lutero disse que "toda pregação que não estiver de acordo com as Escrituras deve ser rejeitada, mesmo que chova milagres todos os dias". Nesta mesma linha, Moisés escreveu em Deuteronômio 13.1-3: "Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, e te der um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los; Não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o Senhor vosso Deus vos prova, para saber se amais o Senhor vosso Deus com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma." Este texto bíblico deixa claro que podem acontecer sinais, através de pessoas que não pregam a verdade e se isto acontecer, não significa que a mensagem é de Deus e deve ser rejeitada.
3. Glorifica a Cristo. Quando Jesus prometeu aos seus discípulos que enviaria o Espírito Santo para que ficasse com eles, após a sua ascensão aos Céus, Ele disse que o Espírito Santo iria glorificá-lo: "Ele [o Espírito Santo] me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar." (Jo 16.14). Então, as manifestações poderosas do Espírito Santo na Igreja, além de autenticar a mensagem, tem também o objetivo de glorificar a Cristo. O Espírito Santo não opera sinais para exaltar pastores, pregadores ou denominações. Toda glória é para o Senhor Jesus, Rei dos reis e Senhor dos senhores.
Os verdadeiros servos do Senhor, quando são usados por Ele, seja na pregação da Palavra, ou nos dons espirituais, sempre transferem toda exaltação ao Senhor, pois é Ele que opera. Nós temos um tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não nossa (2 Co 4.7). João Batista foi informado pelos judeus de que Jesus estava com os seus discípulos batizando e as pessoas iam ao seu encontro. João respondeu: "O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu… Convém que Ele cresça e eu diminua". (Jo 3.27,30). O apóstolo Paulo também, não obstante todo o seu vasto conhecimento teológico e acadêmico, as visões que recebeu diretamente do Senhor Jesus e os dons espirituais que o Espírito Santo lhe concedeu, sempre deixava claro que a glória era para Deus, destacando a sua insignificância: "... ainda que nada sou." (2 Co 12.11); "Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo…" (Gl 4.14). "e, por derradeiro de todos, me [Cristo] apareceu também a mim, como a um abortivo." (2 Co 15.8).
O ministério do Espírito não glorifica nem a Si mesmo, mas única e exclusivamente ao Senhor Jesus. Da mesma forma que Jesus não veio a este mundo para glorificar a Si mesmo. Em seu ministério terreno, Jesus veio como enviado do Pai para buscar e salvar o que se havia perdido e glorificar ao Pai. Se Jesus, sendo Deus, não buscou glória para Si, quanto mais nós, meros mortais, vasos de barro, que por misericórdia somos usados por Deus! A Ele seja toda glória, louvor, exaltação e majestade, eternamente! Amém!
REFERÊNCIAS:
RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2ª Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 305.
HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pág. 505.
HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento: MATEUS A JOÃO. Edição completa. Editora CPAD. 1ª Ed. 2008. pág. 506.
BARCLAY, William. Comentário Bíblico: Marcos. pág. 360.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 590.
LOPES, Hernandes Dias. João: As glórias do Filho de Deus. Editora Hagnos. pág. 410.
CONDE, Emílio (Coord.). O Espírito Santo Glorificando a Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 1967, pp.146,47
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