30 setembro 2022

SOBRE O LIVRO DE EZEQUIEL


(Comentário do 1º tópico da Lição 1: Ezequiel, o atalaia de Israel).

Neste primeiro tópico falaremos sobre a estrutura do Livro de Ezequiel, dividindo-o em três partes: a primeira parte abrange os primeiros 24 capítulos e contém as profecias de Ezequiel antes da destruição de Jerusalém e do Templo. A segunda parte vai dos capítulos 25 a 32 e contém as profecias contra as nações inimigas de Israel: Amom, Moabe, Edom, Filístia, Tiro, Sidom e Egito. A terceira e última parte, abrange os capítulos 33 a 48 traz mensagens de consolo e promessa de restauração nacional e espiritual de Israel, apontando para um futuro glorioso.


1.  Primeira parte. Esta primeira parte do Livro de Ezequiel, que vai do capítulo 1 ao 24, abrange as visões e profecias de Ezequiel, antes da destruição do templo de Jerusalém. O livro de Ezequiel inicia com uma narrativa cheia de datas precisas: "No trigésimo ano, no quarto mês, no quinto dia do mês." (Ez 1.1). Provavelmente, é uma referência aos anos de vida do profeta. Depois, no versículo 3, novamente, o profeta descreve a data da sua visão, referindo-se ao tempo do rei: "No quinto dia do mês, no quinto ano do cativeiro do rei Jeoiaquim". Na continuação do primeiro capítulo, temos a primeira visão de Ezequiel junto ao Rio Quebar e os detalhes do que ele viu. É uma visão cheia de simbologias, como as do Livro do Apocalipse. Ele viu um forte vento, uma grande nuvem e um fogo, do qual saíam quatro seres viventes. 


Nos capítulos 2 e 3, temos a chamada de Deus a Ezequiel, constituindo-o como profeta de Israel e também contra as nações, no cativeiro babilônico. Enquanto ouvia a voz de Deus falar com ele, Ezequiel disse que o Espírito de Deus entrou nele e o colocou de pé. Deus advertiu o profeta, para que não fosse rebelde como o povo de Israel e falasse tudo o que Deus lhe mandava. Em seguida, o Senhor lhe deu o rolo de um livro escrito, por dentro e por fora, para que ele comesse. 


No final do capítulo 3, Ezequiel recebeu de Deus a missão de ser o atalaia de Israel (3.16-27). Nesta função, Deus advertiu o profeta sobre a responsabilidade do atalaia, que é avisar as pessoas que estão no pecado, para que se convertam. Se ouvirem, bem. Se não ouvirem, o atalaia está livre da responsabilidade. Falaremos mais disso no 3º tópico desta lição e na lição 7.


Ainda nesta primeira parte temos várias profecias, contendo os juízos de Deus contra Israel (7.1-13); a Mensagem contra os falsos profetas (13.1-23), que é o tema na lição 05; A saída da glória de Deus do templo (8.1–11.25), que é o assunto da lição 04; a justiça divina (14.12-23), que é o tema da lição 6; e a responsabilidade individual (18.1-4) que é o tema da lição 07.


2.  Segunda parte. Nesta segunda parte do Livro de Ezequiel, que vai do capítulo 25 ao 32, o Espírito Santo direciona as profecias com pesados juízos, contra as nações vizinhas, que são inimigas de Israel: Amom, Moabe, Edom, Filístia, Tiro, Sidom e Egito. Cinco delas eram vassalos da Babilônia e se juntaram a ela contra Israel (Jr. 27:1-3). No caso de Edom, que são os descendentes de Esaú, eles comemoraram a destruição de Jerusalém e o cativeiro de Judá (Sl 137.7). 


Estas profecias contra outras nações mostram a Soberania de Deus não apenas em Israel, mas também em outras nações. (Êx 19.5; Sl 24.1; Ap 4.11). Os Israelitas pensavam que Deus se importava apenas com eles. Mas, embora Deus tenha formado a nação de Israel, para através dela trazer o Salvador do mundo, Deus é o Senhor de todo o Universo. Nada acontece sem a permissão dele. Deus nunca é pego de surpresa e tem o controle de tudo. Outros profetas também pronunciaram juízos contra estas nações, antes e durante o cativeiro, como Isaías  (Is. 13-23); Jeremias (Jr 46-51);  Joel (Jl 3.19); Amós (Am 1, 2); e Obadias (Ob 1).


Um fato curioso é o silêncio de Ezequiel em relação à Babilônia, que era o principal algoz de Jerusalém. Alguns dizem que, que ele ter se referido a essa nação de forma figurada nas profecias condenatórias, sob o símbolo de Gogue, na profecia dos capítulos 38 e 39. Porém, não há nenhuma indicação no texto dessa possibilidade. É possível que Ezequiel, assim como Jeremias, considerasse Nabucodonosor como um servo de Jeová para punir Judá pelos seus pecados e, portanto, as suas ações seriam ordenadas pelo próprio Deus. O fato é que Ezequiel não recebeu nenhuma profecia contra a Babilônia e, por isso, não falou. É assim que deve se comportar um profeta de Deus. Deve falar única e exclusivamente aquilo que Deus lhe mandar. 


3.  Terceira Parte. A terceira parte do Livro de Ezequiel abrange os capítulos 33 a 48. No início dessa terceira parte, no capítulo 33, mais uma vez o Senhor chama a atenção de Ezequiel, sobre a responsabilidade do atalaia em alertar o ímpio do seu pecado, para que se arrependa e não pereça (Ez 33.1-20). Em seguida, o Senhor avisa a Ezequiel, que estava na Babilônia, da destruição de Jerusalém (Ez 33.21). 


A partir da destruição de Jerusalém, o ofício profético de Ezequiel passa a ser o de um pastor dos exilados no cativeiro. Ezequiel traz profecias de consolo e esperança de restauração para o povo de Israel. Nestes discursos finais do livro, encontramos a repreensão aos falsos pastores de Israel e promessa de que Deus os apascentará como o Bom Pastor (Ez 34.1-31); a profecia sobre julgamento contra Gogue (Ez 38.1-39.29), que estudaremos na lição 9; as profecias do retorno dos judeus de todas as partes do mundo e a unificação de todo o Israel em uma restauração nacional (Ez 36.1-37.28), que se cumpriu em 1948, e a restauração espiritual de Israel, que acontecerá no milênio. Este tema será estudado na lição 10; a promessa da restauração do templo (40.1-46.24), que estudaremos na lição 11; Por último, a restauração da terra de Israel, principalmente a região do Mar Morto (Ez 47.1-48.35), que será estudada na lição 12. 


Por causa desta mensagem de consolação e promessas de um futuro glorioso para Israel, alguns acreditam que esta parte do livro tenha sido um livro separado que foi juntado depois ao Livro de Ezequiel, como o Livro de Lamentações de Jeremias, que era um livro separado e os editores juntaram ao Livro de Jeremias, na Bíblia hebraica. 


REFERÊNCIAS:


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 9-11.

CHAMPLIN, Russell Norman. Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3197.

Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody: Ezequiel. Editora Batista Regular. pág. 12; 97-98; 12-123.

DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Ezequiel. pág. 5,6. 

Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica, CPAD, p.179. 

Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.1171.


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Pb. Weliano Pires

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