16 setembro 2022

A ESPIRITUALIDADE HUMANA E SUA NECESSIDADE DE EXPRESSÃO


(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 12: A sutileza da espiritualidade holística).

No tópico anterior falamos sobre o fenômeno religioso. Vimos que o ser humano tem em sua natureza, a necessidade de buscar o contato com o sagrado. Quando não conhece o Deus verdadeiro, acaba criando deuses segundo as suas próprias concepções. 


Neste tópico veremos que o ser humano não apenas tem a necessidade de buscar a espiritualidade, mas também tem a necessidade de expressá-la. Falaremos sobre as crenças do antigo paganismo nos antigos povos cananeus, egípcios e babilônios. Depois veremos um pouco do misticismo das principais religiões orientais: Hinduísmo, Taoísmo, Confucionismo e Budismo. 


1- O antigo paganismo.  A palavra "pagão" vem do termo latim "paganus", que significa "interiorano". Era uma referência às pessoas que viviam na zona rural e se recusavam a crer no Evangelho, preferindo permanecer em suas religiões de origem. Nas cidades, o Cristianismo tinha maior aceitação. Posteriormente, a palavra "pagão" adquiriu a conotação religiosa e, para os cristãos, significa aqueles que não seguem o Cristianismo. Os judeus usam a palavra "gentio" para se referir aos que não eram judeus de nascimento. Depois, o termo passou a ser usado para se referir a todos os que não pertencem ao Judaísmo. 


Em poucas gerações após a queda de Adão e Eva, a humanidade foi se afastando do Deus verdadeiro e, consequentemente, criando adoração e deuses falsos. Há uma lista enorme de deuses da antiguidade, nas mais diversas culturas. Os cananeus tinham como principais deuses, Baal e sua esposa Aserá. Entretanto, havia uma espécie de Baal para cada área e região: Baal Peor, Baal Zebube, etc. Os amonitas cultuavam uma divindade terrível chamada Moloque, ao qual ofereciam sacrifícios de crianças. Os Babilônios tinham como principal divindade Marduque, também chamado de Merodaque ou Bel, mas tinham também outros deuses. A principal divindade dos egípcios era Amom-Rá, mas também tinham uma lista enorme de deuses, para as mais diversas áreas. 


Os nomes dos deuses e a forma de adoração variam de acordo com a época e região. Mas o princípio e a essência são os mesmos. O ser humano busca uma divindade palpável, ou imaginária que resolva suas questões impossíveis. Atualmente, as religiões pagãs seguem o mesmo padrão. Os espíritas buscam contato com os espíritos de pessoas que já morreram, para que estas lhe tragam orientações do que devem fazer. Os umbandistas e adeptos de outras religiões afrodescendentes, buscam os orixás, caboclos, guias e outras entidades, que eles consideram como protetores e guias das suas vidas. O catolicismo, por sua vez, criou vários "santos" para atuarem nas mãos diversas áreas da vida: Santo Expedito, para as causas urgentes; Santa Luzia, para cuidar da visão; Santo Antonio, para arrumar casamento; São Pedro, para fazer chover e abrir a porta do Céu; São Jorge, para proteger os viajantes; e tem uma variedade enorme de "Nossa Senhora", para atuar em várias áreas.  etc. Os católicos se sentem incapazes de falar diretamente com Deus, e pedem que supostos mediadores "roguem por eles" a Deus.


Alguns acadêmicos da antropologia cultural, influenciados pela teoria da Evolução, sugerem o monoteísmo seria uma evolução do paganismo primitivo e que as pessoas adoravam vários deuses e depois foram reduzindo até chegarem em um Único Deus, no Judaísmo. Mas isso não é verdade. A Bíblia mostra que a religião inicial da humanidade era o monoteísmo e que a adoração a outras divindades significa a corrupção do monoteísmo e não o contrário. Achados arqueológicos comprovam isso. A religião mais antiga da China, por exemplo, era monoteísta e cultuava a Shang Ti, o dominador supremo.


2- O misticismo oriental. As chamadas religiões teístas, que acreditam em um Deus pessoal, tem a sua espiritualidade baseada na submissão, reverência e prestação de contas ao Deus que acreditam. Com base nisso, mantém o seu código de ética do que fazer e não fazer, conforme os seus escritos sagrados. No caso do Judaísmo, os escritos sagrados, são a Lei, os profetas e os escritos (Tanak) que correspondem ao nosso Antigo Testamento. O Islamismo, por sua vez, segue as leis do Alcorão, que contém as profecias e ensinos de Mohamed (Maomé). O Cristianismo segue a Bíblia Sagrada, formada pelo Antigo e Novo Testamento. 


No caso das religiões orientais, elas não tem um código de conduta exigido por um deus aos seus adeptos. Também não ensinam que haverá prestação de contas a um deus pelos atos praticados. As religiões orientais ensinam uma espécie de responsabilidade pessoal, mas estes princípios estão relacionados mais ao aspecto social do que religioso. Há uma mistura de crenças e alguns ensinos que são comuns a todas elas. As principais religiões orientais da atualidade são: Hinduísmo,  Budismo, Taoísmo, Confucionismo e Xintoísmo. 


a. O Hinduísmo. É a maior religião do mundo atualmente. Prega a libertação do mundo material para unir-se à realidade final. Esta união se daria através da reencarnação e do carma. Os hindus tem uns escritos chamados de Vedos, como escritos sagrados. Os três principais deuses do Hinduísmo são: Brahma, Vishnu e Shiva. Acredita em um fenômeno chamado Mocsa, que seria o fim do ciclo de reencarnações e a união final da alma individual à alma universal. Para se alcançar o Mocsa, há três caminhos a percorrer: O caminho da atividade, o caminho do conhecimento e o caminho da devoção.


b. O Budismo. Religião oriental, que teve início no Século VI a.C., quando um homem chamado Sidarta Gautama resolveu abandonar o seu estilo de vida luxuoso no palácio e enfrentar a dura realidade da vida das pessoas comuns. Viveu durante alguns anos uma vida austera, mas não conseguiu se satisfazer. Até que chegou à conclusão de que há um caminho intermediário entre a auto negação e a auto indulgência. Com isso considerou-se um iluminado e passou a ser chamado Buda, que significa iluminado. Os budistas seguem “quatro verdades nobres”, que foram elaboradas por Buda: A natureza do sofrimento, a origem do sofrimento, a cessação do sofrimento e o caminho para a cessação do sofrimento. Acreditam na reencarnação e praticam a meditação como forma de encontrar a natureza espiritual em seu interior. 


c. O Confucionismo. Foi fundado pelo filósofo chinês Kung-Fu-Tzu, conhecido como Confúcio, que viveu de 552 a 479 a.C. Confúcio nasceu em uma família pobre, no período feudal. Estudou e saía de cidade em cidade oferecendo os seus ensinamentos. Isso lhe rendeu uma boa reputação como professor, tornando-se o primeiro professor particular da China. 


O princípio básico do Confucionismo é a busca do Caminho (Tao), que garante o equilíbrio entre as vontades da terra e as do céu. Por tratar mais de questões morais e sociais, o confucionismo é considerado por muitos como um sistema ético e filosófico e não como uma religião. Confúcio defendia os princípios da justiça para todos, cortesia, harmonia nos relacionamentos entre marido e mulher e pais e filhos, benevolência, retidão, lealdade e integridade de caráter. Entretanto, o confucionismo ensina preceitos religiosos equivocados, do ponto de vista bíblico: 

  • O ser humano é capaz de ser perfeito por si próprio, pelos esforços de seguir os caminhos dos seus antepassados; 

  • A natureza humana é inerentemente boa e divina;

  • Veneração dos espíritos dos antepassados; 

  • Prática de adivinhação,colocando pó de terra sobre uma mesa e examinando as figuras que se formam. 


d. Taoísmo. O Taoísmo vem de “tao”, palavra chinesa que significa “caminho, trilha, ou estrada”. Teve origem nos ensinamentos de um mestre chinês chamado Erh Li ou Lao Tsé (velho mestre). Lao Tsé foi contemporâneo de Confúcio, nos anos 550 a.C. Apesar de não ser uma religião mundialmente popular, os seus ensinos têm influenciado muitas seitas modernas. Muitas coisas relacionadas ao fundador do Taoísmo são lendas, como por exemplo, a ideia de que ele já nasceu velho. 


O Taoísmo é uma religião anti-intelectual e é uma reação ao confucionismo humanitário e ético. Ensina que o homem deve contemplar a natureza e se sujeitar às suas leis, ao invés de tentar compreender a estrutura destes princípios. A doutrina do Taoísmo se resume em uma forma prática, conhecida como as “Três Jóias” que são: compaixão, moderação e humilhação. Ensinam também que as pessoas deveriam evitar todo tipo de obrigações e convívios sociais, e se dedicar a uma vida simples, espontânea e meditativa, voltada à natureza. 


Atualmente, há dois ramos no Taoísmo: o filosófico e o religioso. O Taoísmo filosófico é ateísta e se diz panteísta. Tenta levar o homem a uma harmonia com a natureza através do livre exercício dos instintos e imaginações. Já o Taoísmo religioso é politeísta, idólatra e exotérico, pois consulta os mortos. Possui escritura sagrada, sacerdotes, templos e discípulos. Acredita também que surgirá uma nova era para derrotar o atual sistema deste mundo. 


e. Xintoísmo. É a religião nacional do Japão. Teve origem na China, num período anterior ao Budismo. O termo xinto significa “caminho dos deuses”. O xintoísmo reconhece um poder sagrado,  o kami, cuja natureza não pode ser explicada em palavras, que se acha difundido na natureza sob a forma do Sol (Amaterasu), da Lua (Tsukiyomi), da tempestade (Susanoo) e muitas outras. Os espíritos dos antepassados são considerados deuses tutelares da família ou do país, por isso, dão grande importância aos ritos fúnebres.


O xintoísmo cultua elementos da natureza e os espíritos dos ancestrais. Na adoração fazem pedidos de ajuda, promessas para o futuro e agradecimentos. Fazem também oferendas de gêneros alimentícios como arroz, sal e saquê, uma bebida alcoólica tradicional do Japão. Praticam também a pureza ritual através de banhos, jejuns e exorcismos. 


REFERÊNCIAS:


CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 5. 11 ed. 2013. pag. 10.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 2. 11 ed. 2013. pag. 112.

TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 2. pág. 130.

BICKEL, Bruce; JANT, Stan,; Guia de Seitas e Religiões. Editora CPAD. 4 Impressão 2011. pág. 221; 227; 253.

MARTIN, Walter. O Império Das Seitas. Editora Betânia. pag. 39-41.

CACP (Centro Apologético Cristão de Pesquisas) https://www.cacp.app.br/

BICKEL, Bruce; JANTZ, Stan. Guia de Seitas e Religiões: Uma Visão Panorâmica. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.231-32


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