01 setembro 2022

A DOUTRINA BÍBLICA DO DÍZIMO SOB ATAQUE

(Comentário do 2º tópico da Lição 10: A sutileza contra a prática da mordomia cristã)

No tópico anterior falamos sobre aqueles que praticam dízimos e ofertas, por motivações erradas, querendo barganhar com Deus. Para isso, usam as contribuições como moeda de troca, para "obrigar" Deus a prosperá-los financeiramente, ou como prática legalista, a fim de serem aceitos por Deus e alcançar méritos diante dele. 


Neste segundo tópico falaremos sobre os que combatem a doutrina do dízimo. Estes inventam várias desculpas esfarrapadas para não dizimar. As mais usadas são de que o dízimo era uma prática da Lei e, portanto, não se aplica à Nova Aliança; e que o dízimo é uma contribuição imposta, que se contrapõe à liberdade cristã. Outros dizem ainda que o dízimo era apenas doação de alimentos para o sustento dos necessitados. Veremos neste tópico que estas alegações não se sustentam à luz da Bíblia. 


1- O dízimo era uma prática da lei. Os críticos do dízimo alegam que esta prática fazia parte da Lei de Moisés e, portanto, não deve ser praticada pela Igreja. Entretanto, a prática do dízimo é anterior à lei. A primeira referência bíblica ao dízimo na Bíblia, refere-se aos dias do patriarca Abraão. Em Gênesis 14.20 lemos que Abraão pagou a Melquisedeque, o dízimo de tudo.  Neste caso, não foi do produto da terra nem dos rebanhos, e sim do despojo da guerra, costume também observado nos tempos antigos: “Porquanto, esse Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão, quando este voltava, depois de haver derrotado os reis, e o abençoou; para o qual também Abraão entregou o dízimo de tudo; em primeiro lugar, seu nome quer dizer “Rei de Justiça”; em segundo lugar, “Rei de Salém”, que significa, “Rei da Paz” (Hb 7.1,2). Melquisedeque, era rei de Salém, que depois se tornou Jerusalém e era também sacerdote do Deus Altíssimo (Heb. Elyom). Na Epístola aos Hebreus, vemos que Melquisedeque era um tipo de Cristo, pois Cristo é Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 5.10; 7.3). Portanto, se a ordem é a mesma, os deveres e privilégios continuam também os mesmos e isto inclui o dízimo. 


Encontramos ainda, no período anterior à Lei Mosaica, o patriarca Jacó, oferecendo dízimos a Deus, como forma de gratidão, pela proteção no retorno à casa dos seus pais (Gn 28.18-22). Isso nos leva a crer que mesmo antes da lei se praticava o dízimo, de forma voluntária, como forma de agradecer a Deus. Caim e Abel também ofereceram a Deus os primeiros frutos do seu trabalho. Caim ofereceu os frutos da sua lavoura e Abel ofereceu os primogênitos das ovelhas (Gn 4.3,4). No texto bíblico o sacrifício dos filhos de Adão é chamado de oferta, mas o princípio é o mesmo do dízimo: oferecer a Deus voluntariamente, uma proporção daquilo que Ele nos deu. 


2- O dízimo como contribuição imposta. Outra alegação dos críticos do dízimo é que ele não aparece como mandamento para a Igreja, no Novo Testamento e isto é verdade. Não encontramos no Novo Testamento, um mandamento expresso para a Igreja praticar o dízimo, sob pena de maldição, como há no Antigo Testamento. Jesus não mandou explicitamente dar o dízimo. Mas Ele disse que DEVEMOS dizimar, sem omitir as coisas mais importantes da lei, que são a justiça, a misericórdia e a fé. (Mt 23.23). 


Nas Epístolas também não há um mandamento para a Igreja dizimar. Entretanto há os mesmos mesmos princípios e finalidades dos dízimos do Antigo Testamento para a Igreja cumprir: Entretanto, as razões que fundamentam a existência do dízimo na Antiga Aliança, estão presentes no Novo Testamento. Vejamos as finalidades do dízimo no Antigo Testamento: 

  • O dízimo era uma forma de agradecer a Deus, pois tudo vem dele (Jó 41.11; Sl 24.1).

  • O dízimo também servia para sustentar o templo e cobrir as despesas com mantimento e reformas (Ml 3.10);

  • O dízimo servia para sustentar os sacerdotes e levitas (Nm 18.21-24).

  • O dízimo servia para ajudar aos necessitados. (Dt 14.28,29). 


Estes mesmos princípios e finalidades dos dízimos do Antigo Testamento, também estão presentes na missão da Igreja:

  • Os obreiros devem ser assalariados (Lc 10.5-7; 1 Co 9.14; Gl 6.6; 1 Tm 5.17,18).

  • A Igreja deve fazer missões e suprir os gastos da obra. (1 Co 9.12,13)

  • A Igreja deve ajudar os necessitados. (At 4.34; At 11.29);

  • Cada uma deve contribuir de acordo com a sua renda (1 Co 16.2).


Não há como a Igreja cumprir estas coisas se não houver contribuições. Há pessoas que acham que não precisa dizimar, apenas ofertar. Mas, ao longo da história da Igreja foi adotado o dízimo como forma de manter a Igreja funcionando, nos mesmos padrões do dízimo no Antigo Testamento. Tudo o que temos na Igreja foi adquirido com dízimos e ofertas. Se temos que fazer campanhas para comprar algumas coisas e construir templos, é porque o número de dizimistas ainda é pequeno. Eu já fui tesoureiro da Igreja e sei que muitos crentes não dizimam, inclusive obreiros. Se todos os crentes dizimassem a Igreja não teria tantas dificuldades financeiras. 


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Tempo, bens e talentos: Sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado. 1 Ed 2019. Editora CPAD. pag. 60-61.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 115.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry. Deuteronômio.  Editora CPAD. 4 Ed 2004. pag. 87.

LOPES, Hernandes Dias. I Coríntios: Como resolver conflitos na Igreja. Editora Hagnos. pág. 175-176.

MORRIS, Leon L. I Coríntios. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 108.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 2. pág. 144.


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Pb. Weliano Pires

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