Parte 4 - Instruções pastorais e pessoais.
Neste quarto bloco das Epístolas Paulinas, falaremos das Epístolas pastorais, que são as 1 e 2 Epístolas a Timóteo e a Epístola a Tito, que são epístolas do apóstolo Paulo a dois jovens pastores, companheiros de missão do apóstolo. Nestas epístolas, o apóstolo orienta os seus filhos na fé sobre o ministério pastoral, com instruções de combate aos falsos ensinos (1 Tm 1.3,9,10; (Tt 1.5,10,11); requisitos para a ordenação de bispos, presbíteros e diáconos (1 Tm 3; Tt 1.5-16); e sobre a conduta pessoal deles próprios como obreiros (1 Tm 4.6-16).
Estudaremos também a Epístola a Filemon, que é uma carta pessoal do apóstolo Paulo ao seu cooperador e amigo Filemon, que pertencia à Igreja de Colossos. Paulo escreveu-lhe esta carta para interceder pelo escravo fugitivo de Filemom, Onésimo, que se converteu na prisão.
a. 1 Timóteo. A primeira Epístola a Timóteo foi escrita por volta do ano 62 d.C., pelo apóstolo Paulo, que se identifica no prefácio, como "Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, segundo o mandado de Deus, nosso Salvador e do Senhor Jesus Cristo, esperança nossa" (1 Tm 1.1). A Epístola é endereçada a Timóteo, a quem Paulo chama de "meu verdadeiro filho na fé". (1 Tm 1.2).
O primeiro assunto tratado são as falsas doutrinas. Paulo relembra a Timóteo que o deixou em Éfeso, para que ele advertisse a alguns para que não ensinassem "outra doutrina". O apóstolo cita as questões das fábulas judaicas e genealogias intermináveis, que só produzem contendas.
Na seção seguinte, o apóstolo glorifica a Deus, por tê-lo escolhido para o ministério, apesar dele ter sido blasfemo e perseguidor, antes de ter um encontro com o Senhor, no caminho de Damasco. Paulo diz que alcançou misericórdia, porque fizera isso por ignorância.
No capítulo 2, o apóstolo recomenda ao jovem pastor, que se levante orações, súplicas, intercessões e ações de graças, por todos os homens, principalmente pelas autoridades, para que tenham uma vida quieta e sossegada. Neste texto, o apóstolo lembra que Deus quer que todos os homens sejam salvos e que há um mediador entre Deus e a humanidade: Jesus Cristo, homem.
Na sequência, Paulo traz recomendações sobre os deveres das mulheres. Ele começa falando sobre as vestes das mulheres, que devem ser um traje honesto, com pudor e modéstia. Em seguida, ensina que as mulheres devem ser submissas aos seus maridos e não devem exercer liderança sobre eles na Igreja.
No capítulo 3, Paulo fala sobre os requisitos e deveres para os bispos, diáconos e as esposas. O apóstolo traz várias exigências sobre a conduta pessoal, familiar, social e cristã dos candidatos ao episcopado. Devem ser irrepreensíveis, moderados, governar bem a sua casa, experientes e aptos para ensinar a Palavra de Deus. Os diáconos devem ser honestos, discretos, não cobiçosos, de consciência pura, bons governantes das suas casas, irrepreensíveis e monogâmicos. As esposas dos obreiros também devem ser honestas, não maldizentes, moderadas e fiéis.
No capítulo 4, o apóstolo alerta sobre a apostasia generalizada dos últimos dias. Ele profetiza que muitos se apostatarão da fé e darão ouvidos a espíritos enganadores e doutrinas demoníacas. O apóstolo alerta que estas pessoas serão hipócritas, mentirosas, de consciência cauterizada e ensinarão falsas doutrinas.
No capítulo 5, Paulo traz recomendações de como Timóteo deveria tratar vários tipos de pessoas na Igreja: os anciãos, as mulheres idosas, os rapazes, as moças e as viúvas. No mesmo capítulo, o apóstolo fala sobre os presbíteros e como Timóteo deve tratá-los: os que presidem devem ser assalariados pela Igreja; as denúncias contra eles só devem ser aceitas se houver duas ou três testemunhas; os que pecarem devem ser repreendidos publicamente; e deve haver cautela na ordenação de presbíteros.
Por fim, no capítulo 6, o apóstolo fala sobre as relações entre servos e senhores. Depois fala novamente sobre os falsos mestres, alertando contra a avareza e o amor ao dinheiro, que é a raiz de todos os males. Paulo alerta a Timóteo para que fuja destas coisas e siga as boas virtudes. Nos versículos finais da Epístola, Paulo deixa algumas recomendações aos ricos, para que façam o bem e sejam generosos.
b. 2 Timóteo. A segunda Epístola de Paulo a Timóteo foi escrita entre 62 e 67 d.C. Além de ser considerada uma Epístola pastoral, é considerada também uma das Epístolas da prisão, pois o apóstolo a escreveu durante a sua última prisão pouco antes da sua execução em Roma, durante o governo do imperador Nero.
Esta epístola traz as últimas palavras do apóstolo Paulo e é uma espécie de despedida. A saudação é igual à da primeira epístola. Na sequência do prefácio, Paulo agradece a Deus pela fé não fingida de Timóteo, que ele aprenderá da sua mãe Eunice e da sua avó, Lóide.
Em seguida, no capítulo 2, ele exorta o seu filho na fé, para que persevere e fortifique-se na Graça que há em Cristo Jesus. Paulo recomenda a Timóteo que confie o ministério a homens fiéis, que sejam capazes de ensiná-lo a outras pessoas. Ele usa as figuras do soldado, do lavrador, para exortá-lo à perseverança. O apóstolo exorta a Timóteo para que se apresente a Deus como obreiro aprovado e alerta contra os falatórios dos maus obreiros, que se desviaram da verdade.
Nos capítulos 3 e 4, assim como fizera na primeira Epístola, Paulo alerta a Timóteo sobre a apostasia e a corrupção dos últimos dias. Segundo Paulo, nos últimos dias surgirão pessoas egoístas, ingratas, profanas, cruéis, sem afeto natural e com aparência de piedade. A recomendação a Timóteo é que se afaste desse tipo de gente e permaneça naquilo que aprendeu de Paulo.
Ainda no capítulo 4 temos as palavras finais, emocionantes, do apóstolo Paulo, em tom de despedida: "Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé." (2 Tm 4.7). O apóstolo sabe que o seu fim está próximo, mas segue firme com a convicção do dever cumprido. O apóstolo recomenda Timóteo que venha ter com ele depressa. Fala sobre alguns companheiros de ministério que o abandonaram, mas o Senhor o sustentou. Por fim, envia saudações e se despede.
c. Tito. A Epístola a Tito foi escrita, provavelmente, entre a primeira e a segunda epístola a Timóteo, entre os anos 63 e 66 d.C. Paulo havia deixado Tito na Ilha de Creta, como supervisor das Igrejas ali estabelecidas.
No prefácio, o apóstolo se identifica como Paulo, servo e apóstolo de Jesus Cristo. Em seguida, identifica o destinatário, Tito, seu verdadeiro filho segundo a fé. Paulo relembra a Tito, a razão de tê-lo deixado em Creta, que era colocar as coisas em ordem. Para isso, Tito deveria estabelecer presbíteros em cada cidade. O apóstolo coloca para Tito os critérios e as qualificações para a escolha desses presbíteros, que são praticamente os mesmos que falou para Timóteo.
No capítulo 2, Paulo traz exortações para os velhos, mulheres idosas e novas e aos jovens. Em seguida recomenda que Tito seja o exemplo, nas boas obras, na linguagem e na doutrina. Ainda no capítulo 2, o apóstolo fala sobre a Graça de Deus, que se manifestou e trouxe salvação a todos.
No capítulo 3, o apóstolo traz várias exortações a Tito: Sujeição às autoridades; ser bom cidadão, cumpridor dos seus deveres; não entrar em questões loucas e evitar os hereges, após a repreensão. Por último, envia saudações dos irmãos que estão com ele e se despede.
d. Filemom. A Epístola a Filemom é uma carta pessoal do apóstolo Paulo, escrita por volta de 62 d.C. Filemom era um rico cooperador da Igreja de Colossos. A Igreja se reunia em sua casa. Filemom tinha um escravo, chamado Onésimo, que fugiu e provavelmente deve ter furtado alguma coisa do seu senhor. Paulo o encontrou na prisão em Roma e ele se converteu ao Evangelho.
A Epístola a Filemom tem apenas um capítulo com 25 versículos. Inicia com a saudação do apóstolo Paulo ao seu cooperador Filemom, a Áfia e Arquipo, que provavelmente eram a família de Filemom, e à Igreja que se reunia em sua casa.
Paulo faz uma série de elogios à Filemom e à sua conduta cristã. Em seguida faz a sua intercessão por Onésimo. Paulo explica que no passado, Onésimo causara males a Filemom, mas agora, ele seria útil, pois era uma nova criatura. O apóstolo se propõe a pagar qualquer prejuízo que Onésimo tenha causado e pede que o amigo o receba de volta e o perdoe.
Por último, envia as saudações dos seus companheiros e se despede com a benção costumeira: "A Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo seja contigo. Amém."
REFERÊNCIAS:
BATISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.
Bíblia de Estudo Plenitude. 1 Ed. 2001. Sociedade Bíblica do Brasil.
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 2. pag. 418.
ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. Editora CPAD. 1ª edição: 2008 pag. 282-283.
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Pb. Weliano Pires
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