20 março 2022

LIÇÃO 13: A LEITURA DA BÍBLIA E A EDUCAÇÃO CRISTÃ

(Texto do Livro de apoio ao trimestre, capítulo 13).

“Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá.” (1 Tm 4.13).


A Educação Cristã tem como finalidade a formação espiritual e o desenvolvimento do caráter do cristão. A Escola Dominical (ED), dentre outros, é uma agência educadora no contexto da Igreja. A fonte para o ensino é a Bíblia Sagrada, autoridade suprema de fé e prática para o salvo em Cristo. A leitura e o estudo das Escrituras servem de base para o conteúdo programático da ED a ser observado tanto em sala de aula como fora dela. Seus principais objetivos são ganhar almas, desenvolver o caráter e preparar o salvo para o serviço cristão. Nesse propósito, enfatiza-se que seus alunos são instruídos e motivados à leitura e ao estudo da Bíblia e, sobretudo, a pautar suas vidas na autoridade das Escrituras Sagradas. 


I – A BÍBLIA É O LIVRO TEXTO DA ESCOLA DOMINICAL


1. O Currículo Adotado. O vocábulo curriculum é de origem latina e significa “pista de corrida”. Era um caminho ou uma trilha que orientava o corredor até o seu objetivo final. O renomado teólogo e educador Antonio Gilberto apresenta a seguinte definição para currículo: “É um grupo de assuntos constituindo um curso de estudos, planejado e adaptado às idades e necessidades dos alunos. Em outras palavras, são os meios educacionais adotados, visando aos objetivos do ensino”. Nesse diapasão, o referido autor estabelece as seguintes considerações sobre o currículo da ED: 

(1) Deve abranger os principais assuntos bíblicos necessários ao conhecimento e à experiência do crente; 

(2) Tal currículo deve ser devidamente dosado, visando ao desenvolvimento de uma vida cristã ideal e uma personalidade cristã que em tudo honre a Cristo, perante a Igreja e o mundo;  

(3) Deve ser um currículo graduado, mas também, ao mesmo tempo inter-relacionado, por ser a vida cristã um todo indivisível. 


Nessa concepção, um bom currículo é o resultado de um trabalho organizado e meticulosamente planejado. Na elaboração do currículo da ED, observa-se sua conformidade com as doutrinas bíblicas, um programa completo e abrangente de ensino das Escrituras e atividades de aprendizagem com aplicação das verdades aprendidas. Ao contrário disso, escreve Antonio Gilberto, “um simples conjunto de lições bíblicas sem sequência continuada, sem relacionamento entre si e sem levar em conta os agrupamentos de idade, não pode ser chamado de currículo, e não atingirá o alvo desejado no ensino da Palavra”. 


Visando alcançar tais objetivos, a ED prima pela excelência do “ensino bíblico”. As revistas que integram o currículo são de lições bíblicas. A Bíblia é o livro base para todo o seu ensino-aprendizagem (Jo 5.39). O currículo da ED preserva a autoridade suprema da Palavra de Deus como única regra infalível de fé e prática (2 Tm 3.14-17). Em vista disso, as doutrinas bíblicas reproduzidas no material didático servem como padrão para o viver diário e a formação do caráter cristão (Sl 119.105). O conteúdo expressa a ortodoxia professada pelas Assembleias de Deus, contribui para manter a unidade doutrinária da igreja e atua como antídoto contra as heresias. 


2. A Prática Pedagógica. A prática pedagógica é a expressão das atividades rotineiras que são desenvolvidas no âmbito da ED. É o somatório de todas as atividades planejadas com o intuito de possibilitar o processo educativo. As múltiplas dimensões da prática pedagógica compreendem, entre outros: a gestão, os professores, os alunos, a  metodologia, o material didático, a avaliação e a relação professor-aluno. Destaca-se que uma boa prática pedagógica requer o comprometimento de todos, em especial, a capacitação e o preparo dos professores acerca de seus saberes e deveres. É responsabilidade do corpo docente planejar as aulas de acordo com o currículo estabelecido; dominar o assunto a ser ensinado; despertar e manter o interesse dos alunos. 


Nesse aspecto, convém ressaltar a importância e o papel preponderante do professor da ED. A performance do corpo docente é fundamental para conquistar a atenção, manter a frequência e assiduidade dos alunos. Um professor despreparado ou desmotivado servirá de pedra de tropeço no processo ensino-aprendizagem. Portanto, é da competência da gestão da ED a responsabilidade da escolha e o compromisso da capacitação dos professores. Nesse propósito, recomenda-se a promoção de eventos que possam contribuir na qualificação dos professores, tais como seminários teológicos, cursos de capacitação, congressos e conferências da ED. Nas atividades da igreja local, faz-se necessário conhecer as principais limitações a fim de propiciar atividades pedagógicas que possam equacionar as dificuldades e maximizar o ensino das Escrituras. 


Nessa perspectiva, no contexto da ED, cabe aos gestores priorizar a excelência da prática pedagógica, e aos professores compete o “fazer pedagógico” com qualidade. Dentre outros aspectos, enfatizamos o uso de metodologia adequada às faixas etárias, bem como o objetivo a ser alcançado em cada lição. Desse modo, torna-se indispensável que o texto bíblico seja o referencial permanente da prática pedagógica. Nesse sentido, o ensino não deve ser limitado a “transferência de conhecimento”, mas, sobretudo, o estudo das verdades reveladas deve instruir, expor e corrigir o erro (2 Tm 3.16), a fim de produzir verdadeira transformação na velha natureza humana (Ef 4.22,23). A ED terá cumprido o seu papel educacional cristão quando forem perceptíveis mudanças na vida dos alunos que atestem o novo nascimento e o crescimento espiritual (1 Co 6.10-12). 


3. O Padrão Ético e Moral. Historicamente o conceito de ética surgiu na Grécia antiga (IV século a.C.). Quando os códigos ainda não estavam escritos e positivados, a própria consciência estabelecia a ética a ser observada (Rm 2.14-15). A palavra “ética” possui origem no vocábulo grego ethos (costumes ou hábitos). No latim é usado o termo correspondente mos (moral), com o sentido de “normas” ou “regras”. Assim, “ética e moral referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade e que, como tais, são considerados valores e obrigações para a conduta de seus membros”.  Esses termos são muito próximos e na práxis diária são confundidos como sinônimos. Porém, didaticamente é possível defini-los separadamente:


A ética trata dos princípios e valores que orientam a conduta de uma pessoa. A moral é a prática dessa conduta ética. A ética trata dos princípios e a moral da prática baseada nesses princípios. Sendo assim, ética e moral não são a mesma coisa, mas estão conectadas – ética e moral são como a teoria e a prática. Por exemplo, se eu tenho um princípio ético que me orienta a dizer a verdade, minha conduta moral será mentir ou não.


Nesse enfoque, a ética cristã tem como objetivo indicar a conduta ideal para a retidão do comportamento humano. O fundamento da ética e da moral cristã são as Escrituras Sagradas. Desse modo, a ética cristã não pode ser desassociada da moral e dos bons costumes preconizados nas doutrinas bíblicas. É verdade que não se pode desprezar a tradição da Igreja, as leis civis e criminais, as variadas literaturas e nem tampouco os bons costumes adotados pela sociedade, entretanto, para o cristão, toda e qualquer prática e conduta precisa passar pelo crivo e pelo aval da Palavra de Deus (Hb 4.12). 


Por conseguinte, o texto bíblico é divinamente inspirado e, portanto, permanece inalterado (Mt 24.35). Os valores cristãos são permanentes, pois sua fonte de autoridade é imutável (1 Pe 1.25). Em suma, a Palavra de Deus não pode ser relativizada, revogada ou ajustada aos interesses humanos (Is 40.8). Assim, no propósito de cumprir o seu papel de instituição educadora, a ED também atua como multiplicadora dos princípios éticos e dos valores morais da fé cristã. A Igreja que zela pelo ensino sólido das lições bíblicas não é influenciada pelo erro, mas estabelece o padrão  moral e ético a ser observado pelos cristãos (1 Tm 4.6; 2 Tm 3.10).


II – A EDUCAÇÃO CRISTÃ E A FORMAÇÃO DE LEITORES DA BÍBLIA


1. Conceito de Educação Cristã. As palavras “educação” e “educar” vêm do latim educare, que significa literalmente “guiar”, “levar”, “tirar de”, “retirar”, “conduzir para fora”. No texto do Novo Testamento, entre outros, destaca-se o emprego da palavra grega paideia, com o sentido de “instruir”, “formar”, “ensinar” e “educar”. Na Grécia Antiga, a paideia referia-se tanto ao modo como à meta da educação. O Dicionário Bíblico Wycliffe assegura que, quando aplicada às crianças, “abrange todo o cultivo da mente e da moral e o emprego de ordens, admoestações e censuras com o objetivo de treinamento e correção” (Hb 12.5-11); e, no caso de adultos, “se refere aquilo que desenvolve a alma, corrigindo erros e controlando as paixões (2 Tm 3.16)”. 


Em termos gerais, a educação é um processo contínuo de desenvolvimento e aperfeiçoamento do ser humano. No sentido formal, designa o ensino como um sistema que compreende tanto a teoria quanto a prática. No aspecto da Educação Cristã, entendemos que ela começa por Deus: “É Ele quem prescreve o que deseja que saibamos e nos ensina por meio de sua Palavra, a fim de vivermos, por graça, à altura do privilégio de nossa filiação”. O Dicionário Teológico corrobora com essa definição nos seguintes termos: “programa pedagógico que, tendo por base a Bíblia Sagrada, visa ao aperfeiçoamento espiritual e moral dos que se declaram cristãos e daqueles que venham a entender o chamado do Evangelho de Cristo”. Em suma, a Educação Cristã molda o nosso viver segundo as Escrituras e produz crescimento e amadurecimento espiritual. 


Nesse entendimento, reiteramos que o ensino-aprendizagem da Educação Cristã se fundamenta na revelação divina, cujo livro texto é a Palavra de Deus. No âmbito eclesiástico, especialmente na ED e no culto de doutrina, sua ocupação é o ensino sistemático e contínuo das doutrinas bíblicas (Mt 28.20; At 15.35; Cl 1.28, 2 Tm 2.2). Na esfera da sociedade civil, dedica-se à educação formal, como, por exemplo, colégios confessionais e instituições de ensino superior que oferecem formação acadêmica e intelectual com o embasamento e a práxis dos princípios cristãos (Mt 5.13-14; Rm 12.1-2). 


2. Objetivos da Educação Cristã. O Senhor Jesus confiou à Igreja a tarefa da Grande Comissão (Mt 28.19-20; Mc 16.15). Nesse aspecto, o ensino cristão sempre esteve relacionado ao IDE estabelecido por Jesus. A incumbência é tanto de formação de indivíduos como de transformação da sociedade. Trata-se de uma ordenança proclamadora e de um mandato educacional. É responsabilidade dos discípulos de Cristo evangelizar e ensinar as doutrinas bíblicas (1 Tm 4.13; 2 Tm 4.2). Em vista disso, Paulo enfatiza a necessidade da dedicação ao ensino (Rm 12.7). O apóstolo aponta para o indispensável “esmero” e “diligência” da Igreja no exercício do dom de ensinar. 


Desse modo, o ministério da Educação Cristã se reveste de notável importância, uma vez que, bem estruturado, pode cabalmente cumprir a missão ordenada à Igreja. Sua atividade é imprescindível no propósito de evangelizar e ensinar. Os agentes da Educação Cristã nas Assembleias de Deus são diversificados e possuem áreas de abrangência variadas, entre eles, ratifica-se o culto de ensino e a ED, e, ainda, acrescenta-se a obra evangelística e missionária, a formação teológica, bem como, já citado, a atuação  por meio de uma escola de cunho confessional da educação básica ou de nível superior. 


Nessa estrutura, destaca-se o papel de excelência da ED como maior agência de Educação Cristã, porque evangeliza enquanto ensina, atendendo os dois lados da ordem de Jesus: fazer discípulos e ensinar (Mt 28.19,20). Ao contrário do culto de doutrina, que reúne em um único auditório todas as faixas etárias, o currículo da ED merece destaque pela sua abrangência específica. Nesse mister, Antonio Gilberto enfatiza três principais objetivos da ED, a saber: (a) Ganhar almas para Jesus, o que requer dedicação para conduzir o aluno a aceitar a Cristo (2 Co 12.15); (b) Desenvolver a espiritualidade e o caráter cristão, o que engloba empenho na formação dos hábitos cristãos (Gl 5.22); e, (c) Treinar o cristão para o serviço do Mestre, o que demanda propiciar oportunidades para a capacitação de obreiros (2 Tm 2.2,15). 


3. A Capacitação dos Alunos. Os processos educativos, seus currículos e metodologias, como já observado, integram a prática pedagógica adotada em uma instituição de ensino. O objetivo é fazer com que as pessoas aprendam e modifiquem seu comportamento. Na Educação Cristã, o procedimento não é diferente. Contudo, na esfera eclesiástica, a diferença se fundamenta no livro texto adotado: a Palavra de Deus. Não obstante, o processo da aprendizagem é o mesmo. O Manual  da Escola Dominical define aprendizagem como “a mudança de conduta do educando, pelo conhecimento adquirido, pela prática, e pela experiência resultante de seu aprendizado. Não havendo mudança de comportamento de quem está a aprender, não houve real aprendizagem”. 


Em busca dessa excelência, a Educação Cristã esmera-se em capacitar seus alunos. A capacitação é um processo permanente e deliberado de aprendizagem com a finalidade de “tornar capaz”, “preparar” e “qualificar” pessoas. O aprendizado cristão se alicerça nas Escrituras Sagradas; por conseguinte, o aluno é orientado e incentivado à leitura da Bíblia. Entretanto, a leitura bíblica não pode ter intenção meramente intelectual de acúmulo de conhecimento. Nesse quesito, o Guia Cristão de Leitura da Bíblia apresenta um triplo propósito: “descobrir os conteúdos; compreender as verdades; e aplicar as mensagens”. Dessa forma, a formação continuada de leitores da Bíblia se concentra em capacitar os alunos a “conhecer, entender e viver a Palavra de Deus”. 


Isso posto, reiteramos que, na Educação Cristã, o processo de desenvolvimento do caráter e habilitação do cristão para servir no Reino de Deus acontece por meio do estudo acurado da Bíblia. Assim sendo, os alunos são formados não apenas como leitores do texto bíblico, mas qualificados ao exame minucioso das Escrituras e habilitados para ensinar a outros (At 17.10,11; 2 Tm 2.2). Essa meta somente pode ser atingida por meio da leitura diária das Escrituras Sagradas (Sl 1.1,2), sob a iluminação do Espírito Santo (Ef 1.17,18), e da aplicação dos princípios hermenêuticos, tais como as regras gramaticais e o contexto histórico e literário (1 Ts 5.21). Para tanto, é imprescindível manter a disciplina na leitura bíblica, no aprendizado e no exercício  do devocional diário.


III – É PRECISO LER A BÍBLIA DIARIAMENTE


1. A Leitura e a Disciplina Cristã. A disciplina tem relação com “castigo” e “punição”, mas também significa “ordem” e “obediência às regras”. O conceito se relaciona com a prática regular de certos princípios que pautam a atividade diária e as metas de uma pessoa. Com esse sentido, encontramos três símbolos na Bíblia que exemplificam a vida disciplinada: (a) o Soldado — a disciplina na aflição: “Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo” (2 Tm 2.3); (b) o Lavrador — a disciplina da paciência: “porque o que lavra deve lavrar com esperança, e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante” (1 Co 9.10); (c) o Atleta — a disciplina no treinamento: “os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio” (1 Co 9.24). 


Em resumo, a “disciplina” compreende abnegação, regularidade, prioridade, metas e perseverança. Essas ações reivindicam renúncia e compromisso. Dentre as “disciplinas cristãs”, citamos a oração, a leitura da Bíblia e o jejum. Contudo, não podemos alcançar ou merecer o favor e a justiça do Reino de Deus meramente observando as disciplinas cristãs. Quem incorre nesse erro embarca no legalismo do qual Cristo já nos libertou (Rm 7.6). A disciplina cristã é um meio de nos aproximar de Deus. Paulo disse: “Quem semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna” (Gl 6.8). Richard Foster escreveu que “o mesmo acontece com as Disciplinas Espirituais — elas são um meio de semear para o Espírito”. 


Nesse sentido, o objetivo da disciplina cristã é propiciar intimidade singular com Deus por meio da “oração incessante” (1 Ts 5.17); “exame das Escrituras” (Jo 5.39); e a “prática do jejum” (1 Co 7.5). Em vista disso, o autêntico discípulo observa os exercícios espirituais. O termo “discípulo” está relacionado com a “disciplina” e, por isso, todo o discípulo é disciplinado. Em termos gerais, o zelo espiritual de um discípulo de Cristo repousa na prática das disciplinas cristãs. Repete-se que a disciplina não é um meio de salvação, mas por meio dela conhecemos a perfeita vontade de Deus (Rm 12.1,2). A disciplina cristã, ratifica-se, requer regularidade e prioridade na busca da santificação (Rm 6.22). Portanto, a leitura bíblica, por exemplo, deve ser diária (Sl 119.97; 1 Tm 4.13). 


2. A Leitura e o Aprendizado. Como já argumentado, a leitura bíblica é uma disciplina cristã. E, como todo o ato disciplinado, a leitura requer dedicação. Como já afirmado, o termo “dedicação” tem o sentido de “esmero” e “diligência” no exercício de alguma atividade. Para bem trilhar esse caminho de crescimento e aprendizado, os objetivos do leitor da Bíblia devem ser bem definidos e obedecidos à risca. Nesse diapasão, corroboram-se as palavras do salmista que nos exorta ao exercício diário de leitura e meditação da Bíblia: “Antes, tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1.2); “Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia!” (Sl 119.97). 


Na busca desse objetivo, se faz necessário: planejamento, adoção de um cronograma de leitura e estabelecimento de metas. Por exemplo: (a) definição do horário diário da leitura. Deve ser o horário em que a pessoa se encontra mais bem disposta; (b) tempo destinado à leitura. Deve ser um tempo adequado para ao menos a leitura de um capítulo das Escrituras; e metas a serem alcançadas. A meta é um importante fator motivador, tais como ler a Bíblia toda dentro de um determinado prazo que seja exequível. Não obstante, a leitura não pode ser superficial ou centrada em um amontoado de informações. A leitura deve promover acima de tudo o aprendizado. 


O aprendizado é parte intrínseca de um discípulo. Isso porque “discípulo” significa literalmente “aprendiz”. Uma máxima pedagógica afirma que “ler é aprender”. Desse modo, por meio da leitura da Bíblia, aprendemos acerca de Deus e de seu plano de salvação (Rm 1.2-4). Esse aprendizado orienta o discípulo a tornar-se parecido com Cristo (Ef 4.13). Por isso, o aprendizado deve ultrapassar a teoria e ser aplicado na vida diária. Paulo repreende os “que aprendem sempre e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade” (2 Tm 3.7). Por essa razão, o apóstolo adverte Timóteo a observar o aprendizado bíblico que o faria sábio para a salvação, pela fé em Cristo Jesus (2 Tm 3.14,15). 


3. A Leitura e o Devocional. A plena comunhão com Deus é o aspecto mais importante para uma vida cristã espiritualmente frutífera e bem-sucedida. Em vista disso, reforçamos que a leitura e o estudo sistemático das Escrituras Sagradas nos auxiliam a manter a necessária intimidade com Deus e a sua Palavra. Como afirmou o salmista, é possível guardar a Palavra no coração e, dessa forma, não pecar contra Deus (Sl 119.11). Significa que “ela deve ocupar os sentimentos, assim como o entendimento; toda a mente precisa estar impregnada com a Palavra de Deus”. Por conseguinte, o correto aprendizado bíblico conduz o crente à plena adoração. Aquele que se dedica em aprender a Bíblia descobre que a verdadeira adoração é praticada “em espírito e em verdade” (Jo 4.23). 


Apesar de todo genuíno cristão concordar com essas afirmações, nem sempre o dia a dia do crente reflete a prática do devocional e da adoração devida. A falta de tempo, em virtude da agenda cheia e os mais variados compromissos são o pretexto mais comuns apresentados por boa parte dos evangélicos. No entanto, nenhuma atividade, seja eclesiástica, seja secular, pode ser mais importante que nosso devocional com Deus. Não é salvo aquele que conhece e até ensina a Bíblia, mas não mantém comunhão com o seu autor. É preciso ter em mente a mesma preocupação paulina: “Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” (1 Co 9.27). 


Portanto, recordamos que um dos aspectos da adoração é o culto devocional (Jo 4.23,24). Não se refere ao culto público que prestamos a Deus no templo, nem ao culto doméstico em família, mas aquele praticado de forma individual e constante (Sl 55.17). Inclui a oração, o louvor, o jejum e a leitura bíblica. Essa atividade fortalece a comunhão com Deus (Sl 119.11,15,24). O devocional é também uma oportunidade para o estudo sistemático/indutivo das Escrituras, que, por ação do Espírito Santo, abre o nosso entendimento (Jo 14.26). A intimidade com as Escrituras acontece, em primeiro lugar, com a leitura diária dos textos sagrados. Depois, pela leitura de bons comentários da Bíblia. Dicionários e tratados de teologia enriquecem o nosso conhecimento bíblico tal como a nossa Declaração de Fé, que expressa a ortodoxia pentecostal (Jd 1.3).   


BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021. Págs. 245-249.


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