08 março 2022

O EVANGELHO DE LUCAS: O ESPÍRITO SANTO NO MINISTÉRIO DE CRISTO

(Comentário do 1º tópico da Lição 11: Lucas – Atos: o modelo pentecostal para hoje

Neste primeiro tópico, falaremos sobre a ação do Espírito Santo no ministério de Jesus, no Evangelho segundo Lucas. Lucas, o médico amado, foi companheiro de missões do apóstolo Paulo, a partir da segunda viagem missionária. O uso constante do pronome "nós", nos relatos de Atos dos apóstolos confirmam que ele estava presente naqueles acontecimentos (At 16.10-16).

 

Lucas é o único escritor gentio do Novo Testamento. O evangelho de Lucas possui menos capítulos que o de Mateus. Lucas tem 24 capítulos e Mateus tem 28. Entretanto, o conteúdo de Lucas é mais extenso. A base para afirmar que Lucas é o autor deste livro e do livro de Atos dos apóstolos são os prólogos de ambos, direcionados ao mesmo destinatário, que é Téofilo. 


O prólogo demonstra que o livro foi escrito mediante minuciosas pesquisas de Lucas, consultando documentos e ouvindo testemunhas oculares do ministério de Jesus. Este evangelho é considerado o Evangelho dos gentios. Lucas apresenta Jesus como o homem perfeito e estende a sua genealogia até Adão, diferente de Mateus que foi somente até Abraão, pois escrevia para os judeus. 


Lucas também dá bastante destaque aos gentios, relatando os casos da viúva de Sarepta (Lc 4.26); a cura de Naamã, o general sírio que venceu guerras contra Israel (Lc 4,27); a cura dos dez leprosos com destaque a um samaritano que voltou para agradecer (Lc 17.11-37); a parábola do  bom samaritano, que superou a insensibilidade do levita e do sacerdote (Lc 10.25-37); deu destaque às crianças (Lc 7.32); deu ênfase ao respeito de Jesus às mulheres (Lc 8.2; 23.27; 24.22); e aos pobres e oprimidos (Lc 7.22; 14.13; 18.22; 19.8). 


1- O Espírito Santo no Evangelho. A principal característica do Evangelho de Lucas que o diferencia dos outros dois sinóticos, Mateus e Marcos, é a ênfase dada à ação do Espírito Santo, que prossegue no Livro de Atos dos Apóstolos, conforme veremos no próximo tópico. Só nos primeiros dois capítulos, Lucas faz sete referências ao Espírito Santo: Lc 1.15, 16, 35, 41, 67; Lc 2.25, 26, 27). 


Nos dois primeiros capítulos Lucas, ao narrar os nascimentos de João Batista e Jesus, Lucas mostra a ação do Espírito Santo desde a concepção de ambos. No caso de João Batista, os seus pais eram idosos e a sua mãe era estéril. Zacarias, pai de João Batista recebeu a visita de um anjo que lhe anunciou que ele seria pai e que o menino seria cheio do Espírito Santo. Tanto Isabel, quanto Zacarias, foram usados pelo Espírito Santo. Ela, para engravidar sendo estéril e idosa. E ele, para profetizar e compor o seu cântico que é chamado em latim de “Benedictus”. (Lc 1.67-79). 


No nascimento de Jesus, a ação do Espírito Santo também aconteceu desde a sua concepção, de forma sobrenatural. Maria era uma virgem, desposada (prometida em casamento) com José. Antes de haver qualquer ajuntamento carnal entre eles, o anjo Gabriel anunciou a Maria: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus.” (Lc 1.35). Jesus foi gerado no ventre de Maria, sem a participação masculina ou qualquer espécie de inseminação. 


Esta concepção virginal, havia sido profetizada pelo profeta Isaías, 700 anos antes de Cristo: “Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel.” (Is 7.14). É importante destacar que não foi apenas um nascimento virginal, pois, isso pode acontecer. Foi uma concepção virginal, sem que houvesse nenhum ato sexual. Por isso dizemos que Jesus foi concebido por obra do Espírito Santo. 


Temos ainda a ação do Espírito Santo na vida de Simeão, um servo de Deus, que o Espírito Santo estava com ele. Em idade avançada, Simeão havia recebido uma revelação do Espírito Santo, de que não morreria sem antes conhecer o Messias (Lc. 2.67). O Espírito Santo conduziu Simeão ao templo, para que conhecesse o menino Jesus (Lc 2.27). Depois que viu Jesus, Simeão tomou-o em seu braço e também compôs o seu cântico chamado em latim de ‘Nunc dimittis”, devido às primeiras palavras do cântico em latim: “Nunc dimittis servum tuum, Domine”. (Despedes em paz o teu servo, Senhor) (Lc 2.29-32). 


Temos ainda na mensagem de João Batista, a menção de que Jesus batizaria com o Espírito Santo e com fogo (Lc 3.16). Lucas relata também a ação do Espírito Santo no episódio da tentação de Jesus e durante todo o seu ministério, como veremos a seguir. 


2- O Espírito Santo e o batismo de Cristo.  No evangelho de João, quando lemos sobre o batismo de Jesus, João Batista nos informa que antes de batizar Jesus, aquele que havia lhe enviado a batizar, o orientou sobre quem seria o Cristo, e que Ele batizaria com o Espírito Santo: “E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu como uma pomba e repousar sobre ele. Eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo.” (Jo 1.32,33). 


Lucas relata que no momento do batismo de Jesus, aconteceram três eventos extraordinários: (a) o céu se abriu (Lc 3.21); (b) o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma de pomba (Lc 3.22a); e (c) ouviu-se uma voz vindo do céu que estava aberto (Lc 3.22b). Esta descida do Espírito Santo desta forma é uma indicação de que aquilo foi real e não apenas uma visão, como muitos poderiam imaginar. Isso também não significa que Jesus não tivesse o Espírito Santo antes do seu batismo, pois, conforme já falamos Jesus foi cheio do Espírito Santo desde a  sua concepção. 


A descida do Espírito Santo no batismo de Jesus significa que Deus estava confirmando publicamente que Ele é o Messias. Era também um sinal para João, pois como já falamos, Deus havia lhe dado este sinal. Há também uma manifestação visível da Santíssima Trindade: O Pai falando dos Céus, o Filho sendo batizado na terra e o Espírito Santo descendo sobre o Filho.


3 - O Espírito Santo e a tentação de Cristo. Todo o processo da tentação de Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo. O texto bíblico nos mostra que Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado pelo diabo. “E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto.” (Lc 4.1). No deserto, em jejum, oração e íntima comunhão com o Pai, Jesus foi tentado por um espaço de quarenta dias. 


O relato da tentação de Jesus nos ensina que Ele não foi tentado motivado por concupiscência interior, ou quaisquer resquício de soberba e cobiça, oriundo da natureza humana decaída, pois, Ele não tinha pecado e a sua natureza não era corrompida. Também não foi tentado por iniciativa do diabo. Fazia parte do plano de Deus e Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo a esse processo. Na tentação, o diabo tentou fazer com que Jesus desviasse o foco da sua missão e tentou fazê-lo ter dúvida de que Ele era o Filho de Deus. Mas, Jesus fortalecido no Espírito, venceu as investidas do inimigo com a poderosa Palavra de Deus.


Da mesma forma, quando somos tentados, nunca devemos  enfrentar as forças espirituais da maldade e do pecado, com as nossas próprias forças, sem o poder do Espírito. Precisamos nos equipar com toda a armadura de Deus, para vencer e depois da vitória ficar firmes. (Ef 6.10-18). 


4- O Espírito Santo e a missão de Cristo.  Após  a vitória de Cristo contra o diabo na tentação, o Espírito Santo continuou conduzindo os passos de Jesus em seu ministério. Ele foi conduzido pelo Espírito Santo para a Galiléia (Lc 4.14). Em Caná da Galiléia, o Mestre fez o seu primeiro milagre, transformando água em vinho (Jo 2.1-11). A sua fama correu por toda a região. Na Galiléia, Jesus pregou em vários lugares e, na sinagoga de Nazaré, cidade em que Ele foi criado, foi convidado para ler as Escrituras. Nazaré era uma cidade desprezada pelos judeus, como era toda a Galiléia. Mas, foi ali, que o anjo Gabriel havia anunciado o nascimento de Jesus. 


Na sinagoga de Nazaré, o Mestre abriu o rolo do Livro do profeta Isaías e leu o início do capítulo 61, onde declara que o Espírito Santo estava sobre Ele e o ungiu para evangelizar, quebrantar os corações, proclamar liberdade aos cativos, dar vista aos cegos e anunciar o ano aceitável do Senhor, que era uma referência ao ano do Jubileu de Israel, onde se perdoava as dívidas e libertava-se os escravos. (Lc 4.15,16).


Após a leitura, todos fitaram os olhos em Jesus, aguardando a explicação daquela Escritura e Ele lhes disse: “Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.” (Lc 4:21). Jesus fez a aplicação deste texto ao seu ministério como o Messias prometido a Israel. O povo ficou admirado das suas palavras, pois todos o conheciam, sabendo que Ele era o filho de José e Maria. Os seus pais e os seus irmãos também eram conhecidos ali. Por isso, Jesus acabou sendo expulso daquela sinagoga e seguiu para Cafarnaum, outra cidade da Galiléia, onde fez muitos milagres e pregou nas sinagogas da região.  


REFERÊNCIAS: 


BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

LOPES, Hernandes Dias. Lucas: Jesus o Homem. Editora Hagnos. 1 Ed 2017.        

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD. pag. 1529.    


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Pb Weliano Pires


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