Parte 1 - As duas Epístolas de Pedro
Depois de estudar as Epístolas Paulinas, neste tópico veremos as Epístolas Gerais, cujas instruções devem para a formação do caráter cristão. Neste grupo estão as duas Epístolas de Pedro, as três Epístolas de João, a Epístola de Tiago, a Epístola aos Hebreus e a Epístola de Judas. Estas Epístolas não foram destinadas a uma única Igreja ou pessoa em particular. Foram escritas como instruções apostólicas para várias Igrejas. Destas, apenas a Epístola aos Hebreus é de autoria desconhecida.
a. 1 Pedro. A primeira Epístola do apóstolo Pedro foi escrita entre 60 e 63 d.C. O autor se identifica como Pedro, apóstolo de Jesus Cristo. Em seguida identifica os destinatários, que são os cristãos estrangeiros de cinco províncias romanas da Ásia Menor: Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia. Os destinatários eram formados por judeus convertidos ao Cristianismo e por cristãos de origem gentílica.
Logo após a saudação inicial, Pedro chama os seus destinatários de "eleitos segundo a presciência de Deus Pai". Isto significa que Deus conhece de antemão todos aqueles a quem Ele chama. Em seguida o apóstolo faz uma longa explanação sobre o novo nascimento e a santificação. Ele explica que o preço da nossa redenção não foram coisas corruptíveis, mas foi o precioso sangue imaculado de Cristo.
No capítulo 2, Pedro alerta os irmãos a deixarem todo o engano, malícia, fingimento, inveja e murmurações e crescerem espiritualmente. Pedro fala de Cristo como a Pedra Viva, rejeitada pelos homens, mas aprovada por Deus, e recomenda que os crentes como pedras vivas sejam edificados sobre Ele, a Pedra angular. O apóstolo os chama de geração eleita, sacerdócio real e nação santa, e os recomenda a viverem uma vida honesta e irrepreensível diante dos gentios e das autoridades.
No capítulo 3, Pedro recomenda às mulheres a submissão aos maridos, inclusive os que não servem a Deus, para que possam ganhá-los sem palavras, apenas com o seu procedimento. Fala também dos adornos que não devem ser exteriores, mas no coração. Em seguida, o apóstolo orienta os maridos a coabitarem com as suas esposas com entendimento, dando-lhes honras para que as suas orações não sejam impedidas. Ainda neste capítulo, ele recomenda aos cristãos que não retribuam o mal com o mal e que se forem perseguidos por sua fé, isso é motivo para se alegrarem.
Na sequência, no capítulo 4, Pedro recomenda aos seus leitores que não andem mais nos pecados dos gentios que eles andaram no passado. Em seguida, alerta-os de que o fim de todas as coisas está próximo e, portanto, os cristãos devem amar uns aos outros, ser hospitaleiros e administrar aos outros, os dons que receberam como bons despenseiros da multiforme Graça de Deus. O apóstolo alerta ainda para que os cristãos estejam preparados para as perseguições que viriam e que ninguém padeça como malfeitor e sim, por causa da sua fé.
No capítulo 5, o apóstolo traz várias orientações aos presbíteros e se apresenta como um deles. A recomendação é para que pastoreiem o rebanho de Deus, não como dominadores, mas sendo exemplos para os seus liderados. Se fizerem assim, quando aparecer o Sumo pastor, serão recompensados.
O apóstolo recomenda também aos jovens que sejam submissos aos anciãos. Por último, o apóstolo esclarece que Silvano (Silas) foi o redator da Epístola sob a sua supervisão. Em seguida, envia saudações e se despede.
b. 2 Pedro. Considerando que o imperador Nero, que empreendeu grande perseguição aos cristãos e foi o executor do apóstolo Pedro, morreu em 68 d.C, a maioria dos estudiosos colocam a data de 2 Pedro entre 65-67 d.C. Na saudação inicial desta segunda epístola, o apóstolo identifica-se como “Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo” (2 Pe 1.1). Pedro não identifica os destinatários da segunda carta, entretanto, no capítulo 3 ele diz: "escrevo-vos esta segunda carta”. Isto indica que os destinatários seriam os mesmos que receberam a primeira.
Pedro inicia esta segunda Epístola recomendando aos seus leitores que, já que Deus nos deu tudo, em relação à vida e à piedade e nos fez grandiosas promessas, eles devem acrescentar várias virtudes àquelas que eles já possuem, ou seja, crescer espiritualmente. No final do primeiro capítulo, o apóstolo faz menção às Escrituras do Antigo Testamento e diz que elas não foram produzidas por vontade de homem algum, mas os homens santos falaram inspirados pelo Espírito Santo (2 Pe 1.19-21).
O apóstolo dedica o capítulo dois para alertar os seus leitores acerca dos falsos mestres que iriam surgir entre eles. Pedro usa como exemplo os falsos profetas de Israel e diz que da mesma forma, surgiriam falsos mestres dentro da Igreja. Pedro cita algumas características dos falsos mestres, para possibilitar a identificação deles, quando surgirem: serão dissimulados, negarão o Senhor que os resgatou, serão avarentos e, com palavras fingidas, farão da Igreja um negócio. Pedro diz que a sentença deles não tardará e cita vários exemplos de rebeldia que foram condenados por Deus no passado: Os anjos que pecaram, os ímpios dos dias de Noé, Sodoma e Gomorra e os que seguiram o caminho de Balaão.
No terceiro capítulo, o apóstolo faz um alerta sobre os escarnecedores que surgiriam para desdenhar da promessa da vinda do Senhor. Pedro diz que eles questionariam o fato de que desde que os pais morreram, as coisas permanecem como estão. O apóstolo esclarece que a vinda do Senhor não está demorando. É que Deus é longânimo e não quer que alguns se percam. Além disso, um dia para o Senhor é como mil anos e vice versa. Pedro recomenda os seus leitores a se prepararem para a Vinda do Senhor, procurando ser achados imaculados e irrepreensíveis em paz. Em seguida fala sobre a longanimidade de Deus, citando as Epístolas Paulinas, onde segundo ele há pontos difíceis de entender, que alguns distorcem para a sua própria condenação. Aqui, Pedro equipara os escritos de Paulo às demais Escrituras (2 Pe 3.16). Por fim, recomenda que os cristãos cresçam na graça e conhecimento do Senhor.
REFERÊNCIAS:
BATISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.
HORTON, Stanley M. Serie Comentário Bíblico I e II Pedro. A razão da nossa fé. Editora CPAD. pág. 47-50; 91-95.
LOPES, Hernandes Dias. 2 Pedro e Judas. Quando os falsos profetas atacam a Igreja. Editora Hagnos. pág. 18-19.
NASCIMENTO, Valmir. A Razão da Nossa Esperança: Alegria, Crescimento e Firmeza nas Cartas de Pedro. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
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Pb. Weliano Pires
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