19 março 2022

COMO AS EPÍSTOLAS GERAIS NOS FORMAM Parte 3

Parte 3- As outras Epístolas Gerais. 

Neste grupo falaremos sobre as três epístolas restantes que são a Epístola aos Hebreus, a Epístola de Tiago e a Epístola de Judas. 


a. Epístola aos Hebreus. Esta Epístola não nos fornece informações sobre a sua autoria, destinatários ou data da redação. Os próprios pais da Igreja, que tiveram contato com os escritores do Novo Testamento, não chegaram a um consenso sobre isso. Clemente de Alexandria e Orígenes atribuíram a sua autoria ao apóstolo Paulo. Entretanto, Tertúlia, que viveu no século II atribuía a autoria a Barnabé. Agostinho, por sua vez, pensava inicialmente que Paulo fora o escritor de Hebreus. Depois, passou a defender que somente o Espírito Santo sabia. Já Lutero acreditava que foi Apolo. 

Os estudiosos acreditam que a Epístola aos Hebreus foi escrita aos judeus helenistas, convertidos ao Cristianismo. A data da redação seria entre 68 e 70 d.C., antes da destruição de Jerusalém, pois há referências ao templo como se ele ainda existisse. Há alguns que sugerem que Hebreus não seria uma epístola, pois não há menção ao remetente e destinatários e o texto não tem o formato de Epístola. Por isso há quem acredite que se trata de um tratado teológico e doutrinário. 

A Epístola aos Hebreus, maior parte do seu conteúdo, gira em torno de uma comparação entre Cristo e os elementos do Antigo Testamento. O objetivo desta comparação é estabelecer a superioridade de Cristo: Cristo é superior aos anjos, Melquisedeque, a Moisés, ao sacerdócio levítico, aos profetas, aos sacrifícios, etc. Logo no primeiro versículo, o autor inicia dizendo que Deus antigamente falou de muitas maneiras aos pais pelos profetas, mas neste últimos dias falou-nos pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo (Hb 1.1). 

Sendo Cristo mediador de uma Eterna Aliança, superior ao Antigo Pacto, a qual Ele selou com o Seu próprio sangue, o autor de Hebreus alerta os seus leitores sobre o perigo da apostasia e de profanar esta Nova Aliança, pois se Deus não poupou aqueles que pecaram na Antiga Aliança, o castigo será muito mais severo para os que pisarem o Filho de Deus e profanarem o Sangue da Aliança. "Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus Vivo". (Hb 10.31).


b. Epístola de Tiago. A epístola de Tiago foi escrita por Tiago, o irmão do Senhor, por volta do ano 62 d.C. O autor identifica-se como “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo” (Tg 1.1). Tiago foi um importante líder da Igreja de Jerusalém (Atos 12.17; 15.13; 21.18). Os destinatários são identificados como “as doze tribos que andam dispersas”, uma referência aos judeus da diáspora. 

No primeiro capítulo, Tiago discorre sobre provações e tentações (1.2-18). Ele recomenda aos seus leitores que tenham alegria quando forem forem provados, pois a prova da fé produz a paciência. Entretanto, Tiago faz questão de estabelecer a diferença entre prova da fé e tentação. Ele esclarece que Deus prova a nossa fé, mas, não nos tenta. Cada um é tentado e atraído pela própria concupiscência (Tg 1.13). Ainda neste primeiro capítulo, Tiago diz aos seus leitores que se tiverem falta de sabedoria, peçam-na a Deus, pois Ele a concede liberalmente a todos (Tg 1.5-7). No final do primeiro capítulo, Tiago fala a respeito da prática da Palavra de Deus e a necessidade de ser praticante e não apenas ouvinte. (Tg 1.22-25). Por último, ele ensina sobre a necessidade de refrear a língua. (Tg 1.26,17). 

No capítulo 2, Tiago trata de um tema muito importante que é a acepção de pessoas (2.1-13). Ele fala sobre a situação de entrar alguém rico ou bem trajado e ser tratado com favoritismo pela Igreja, em detrimento dos pobres e maltrapilhos. Tiago diz que a acepção de pessoas é pecado (Tg 2.9). Na sequência, no capítulo 2, ele fala sobre o cumprimento da lei e a relação entre fé e obras. Tiago deixa claro que fé e obras precisam andar juntas, pois a fé sem as obras é morta (2.14-26). 

No capítulo 3, Tiago volta ao tema do domínio sobre a língua (3.1-12) e diz que aquele que domina a língua é perfeito e capaz de dominar o restante do corpo. Ele usa duas figuras para mostrar a importância de controlar a língua: o freio na boca dos cavalos, que é capaz de dominar um animal que tem muita força; e os lemes que controlam grandes embarcações. Na sequência, no capítulo 3, Tiago fala sobre dois tipos de sabedoria: a sabedoria que vem do alto e a sabedoria humana. Ele ensina que a sabedoria não se mede pelo conhecimento e sim pelas virtudes.  (3.13-18)

No capítulo 4, há advertência contra o mundanismo. Tiago fala sobre as guerras interiores que causam contendas, infidelidade espiritual, orgulho, calúnia. Ele esclarece que amizade com o mundo é inimizade contra Deus. Na continuação, faz várias exortações para que se chegue a Deus, sejam humildes, puros, não falem mal dos outros, não julguem, façam o bem e não prometam nada para o futuro, sem colocar Deus na frente (Tg 4.7-17). 

No capítulo 5, ele  faz advertência aos opressores ricos (5.1-6), que oprimem os trabalhadores, não lhes pagando o que é justo. Tiago alerta que eles clamam ao Senhor dos Exércitos e que, por isso, as suas riquezas estão apodrecidas. Ainda no capítulo 5 há diversas exortações sobre a paciência nos sofrimentos, os juramentos, a oração da fé e os que se desviam da verdade (5.19,20).


c. Epístola de Judas. O autor da Epístola de Judas se identifica como "Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago". (Jd 1.1). Estes dois nomes são, respectivamente, variações dos nomes Judá e Jacó e eram muito comuns nos tempos em que o Novo Testamento foi escrito. Entretanto, o mais aceito entre os exegetas é que seja Judas, irmão de Jesus, que era também irmão de Tiago. Não há informações sobre os destinatários. Judas escreve aos "chamados santificados em Deus Pai e conservados por Jesus Cristo". 

O tema do livro é a defesa da fé contra os falsos mestre, conforme está escrito no versículo 3: "Batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos". O assunto principal da Epístola é o alerta contra os falsos mestres que transformam a graça de Deus em libertinagem e negam a Deus, o único Dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo. 

Nesta perspectiva, Judas cita vários exemplos de pessoas que foram rebeldes e no passado e sofreram o Juízo de Deus: os anjos caídos, Sodoma e Gomorra, Caim, Coré e Balaão. Ele cita a profecia de Enoque contra os rebeldes da sua época e das palavras do Senhor Jesus e dos seus apóstolos, que predisseram a vinda de falsos mestres. Por último, Judas exorta os seus leitores a se edificarem mutuamente e se conservarem no amor de Deus. 


REFERÊNCIAS:

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

Bíblia de Estudo Apologética, Instituto Cristão de Pesquisas, 2000.

ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. Editora CPAD. pág. 442-443; 471-474; 508.

LIMA, Elinaldo Renovato de. LIÇÕES BÍBLICAS, 3º Trimestre 2001. Hebreus — “… os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes”.  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2001.


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Pb. Weliano Pires




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