06 outubro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 2: O CORPO — A MARAVILHOSA OBRA DA CRIAÇÃO DE DEUS

TEXTO ÁUREO:

“Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.” (Sl 139.14).

VERDADE PRÁTICA:

A ciência busca desvendar os mistérios do corpo humano, mas o crente descansa em saber que é obra da poderosa e perfeita mão de Deus.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Salmos 139.1-4,13-18.

OBJETIVOS DA LIÇÃO:

I) Conduzir os alunos a reconhecerem que o corpo humano é uma criação maravilhosa de Deus, formada com propósito, sabedoria e amor;

II) Conscientizar os alunos sobre a importância de glorificar a Deus com o corpo, evitando extremos como o desprezo do corpo e sua idolatria;

III) Incentivar os alunos a compreenderem o papel do corpo nas relações interpessoais, na vida congregacional e no culto a Deus.

Palavra-Chave: CORPO

O corpo é a parte física do ser humano, formada por órgãos e tecidos, que se relaciona com  mundo ao seu redor através dos cinco sentidos: visão, audição, paladar e olfato. O corpo não tem vida própria e necessita da alma e do espírito para ter vida. Se a parte imaterial sair do corpo humano, imediatamente, os seus órgãos para de funcionar e inicia-se o processo de decomposição. 

INTRODUÇÃO

Nesta lição, estudaremos a primeira de quatro lições sobre a parte material do ser humano, que é o corpo, como uma obra magnífica da criação de Deus. A famigerada teoria evolucionista tenta explicar o surgimento do ser humano a partir de supostas evoluções de outras espécies, mas não conseguem apresentar a fase de transição. O ser humano, embora tenha um corpo físico, formado por vários órgãos e tecidos como os animais, ele possui raciocínio, consciência e religiosidade natural.

O racionalismo, que é uma corrente filosófica que procura explicar o Universo unicamente através da razão, busca explicações racionais para a existência humana há muitos séculos. Da mesma forma, o chamado cientificismo, que coloca a ciência como algo superior a todas as outras formas de compreensão do Universo, pensa que a ciência é capaz de explicar tudo sobre a existência humana.

Entretanto, o que vemos são inúmeras lacunas e perguntas sem respostas, que tem gerado crises existenciais, insatisfações generalizadas, doenças físicas e emocionais e incertezas. Se atentassem para a Palavra de Deus, veriam que o corpo humano é uma estrutura complexa, porém maravilhosa, que foi formada por Deus. Tanto a constituição quanto o funcionamento do corpo humano são maravilhosos e perfeitos. É inimaginável, pensar que tudo isso é obra do acaso.

TÓPICOS DA LIÇÃO

I. A MARAVILHOSA OBRA DE DEUS

No primeiro tópico, falaremos do corpo como uma obra maravilhosa de Deus. Inicialmente, veremos que o corpo humano foi formado por Deus , a partir de uma matéria prima que havia sido criada por Ele: o pó da terra.  Na sequência, veremos que Deus, o autor da vida, criou também o corpo da mulher, usando uma das costelas do homem que havia criado. Por fim, falaremos da formação integral de cada ser humano, com corpo, alma e espírito, no ventre materno. 

II. O CORPO E A GLÓRIA DE DEUS

No primeiro tópico, falaremos da relação entre o corpo humano e a glória de Deus. Com base nas palavras de Davi, no Salmo 139, veremos que Deus é o grande tecelão do corpo humano. Na sequência, veremos que o entendimento de que foi Deus quem nos criou, livra-nos de falsas especulações e leva-nos a louvar ao nosso Criador. Falaremos também sobre dois extremos que devemos evitar, em relação ao corpo humano: o desprezo e a idolatria. Por último, veremos que em relação ao corpo, o cristão não deve se preocupar com regras e sim em seguir os princípios bíblicos.

III. O CORPO E A COLETIVIDADE

No terceiro tópico, falaremos sobre o corpo humano e a coletividade. Discorreremos sobre a prática relacional, pois não fomos criados para viver isolados socialmente. Na sequência, falaremos da prática congregacional, destacando o papel do corpo no culto ao Senhor. Por último, falaremos do uso exagerado dos recursos tecnológicos nos cultos.

Ev. WELIANO PIRES
AD--BELÉM / SÃO CARLOS, SP

O CORPO — A MARAVILHOSA OBRA DA CRIAÇÃO DE DEUS

(SUBSÍDIOS  DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO / CPAD).


Nesta lição, veremos com maiores detalhes uma das obras mais sublimes de nosso Criador: o corpo humano. De modo extraordinário, o Senhor formou o homem do pó da terra. O corpo é a estrutura material onde se encontra a alma e o espírito. A Bíblia o classifica também como templo do Espírito Santo e, como tal, precisa ser preservado (1Co 3.16). O cuidado com o corpo está além da simples nutrição ou atividade física. Cuidar do corpo significa também ter uma vida equilibrada de modo a evitar que os maus comportamentos e pensamentos da natureza humana pecaminosa tornem a predominar sobre o corpo. Ainda que por um tempo haja em nós uma incessante luta entre a carne e o espírito, nosso corpo deve ser apresentado para uma vida que ande no espírito e sirva a Deus com integridade (Gl 5.16).


Vale ressaltar que, antes da Queda, o propósito de Deus era que o homem desfrutasse da plenitude da vida em perfeita comunhão com seu Criador. Nesse sentido, o corpo humano fruía de plenas condições quando habitava o Éden. Conforme discorre o Comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global (CPAD), “ao criar os seres humanos à sua própria imagem, Deus designou as pessoas como seres triunos (isto é, ‘trifacetados’), com espírito, alma e corpo (1Ts 5.23; Hb 4.12). Deus formou Adão do pó da terra (corpo) e soprou em suas narinas o fôlego de vida (espírito), e ele se tornou ‘alma vivente’ (alma, Gn 2.7). Deus pretendia que, ao comer da árvore da vida e obedecer à sua instrução de não comer da árvore da ciência do bem e do mal, a humanidade continuasse a viver em sua condição perfeitamente criada (cf. Gn 2.16,17; 3.22-24). Somente depois que a morte entrou no mundo, como resultado do pecado humano, é que lemos sobre o corpo retornando ao pó e o espírito voltando para junto de Deus (Gn 3.19; 35.18; Ec 12.7; Ap 6.9). Em outras palavras, a separação do corpo do espírito e da alma (isto é, o momento da morte física) é resultado da maldição de Deus sobre a raça humana por causa do pecado. [...] O corpo também passará por uma transformação quando ressuscitar (isto é, quando voltar à vida para se unir à alma e ao espírito). Esta é a maneira como a nossa completa qualidade de ser humano será restaurada, no final, se tivermos entregado a nossa vida a Jesus Cristo”. (2022, pp.1106,1107).

A vida plena no Espírito deve ser destacada. Atualmente, nos deparamos com a busca demasiada por uma beleza perfeita e culto à imagem, inclusive por quem trabalha com mídias sociais. O excesso de exposição do corpo traz efeitos à mente e ao corpo. Nosso corpo é templo do Espírito e deve estar à serviço do Reino (Rm 12.1,2).

03 outubro 2025

A INTERAÇÃO DAS TRÊS DIMENSÕES

(Comentário do 3º tópico da Lição 01: O homem - Corpo, Alma e Espírito)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos da interação das três dimensões do ser humano. Veremos a relação do corpo, que a parte material do ser humano, com o espírito e alma, que formam a parte imaterial, abordando a chamada somatização, que são os sintomas físicos decorrentes dos problemas das crises da alma e do espírito. Por fim, falaremos de equilíbrio e saúde para o corpo, alma e espírito, mediante um viver santo e equilibrado.  


1. Corpo, afetos e somatização. O ser humano é formado por três partes: corpo, alma e espírito, conforme já vimos. Mas estas três partes estão interligadas e formam uma única pessoa e não três pessoas independentes. Sendo assim tudo o que acontece no corpo, seja bom ou mau, repercute na alma e no espírito e vice-versa. A palavra corpo em grego é soma, por isso, a manifestação no corpo, de sintomas derivados de problemas emocionais ou espirituais, é chamada de somatização. 


O Antigo Testamento usa a palavra hebraica “leb” [pronuncia-se lev] e o Novo Testamento usa o termo grego “kardia” [que deu origem à palavra cardiologia], traduzidos em nossa Bíblia por coração, para se referir à alma humana, como sede das emoções. Por exemplo, em Provérbios 15.13, Salomão disse: “O coração [heb. Leb] alegre aformoseia o rosto”. Isso significa que se a alma está alegre, esta alegria repercute no corpo. O oposto também acontece: “O coração alegre serve de bom remédio, mas o espírito [heb. Leb] abatido virá a secar os ossos” (Pv 17.22) “E olhai por vós, para que não aconteça que o vosso coração [Gr. kardia] se carregue de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia”. (Lc 21.34).


É o que acontece muito em nossos dias, com as chamadas doenças psicossomáticas que são sofrimentos físicos, causados por problemas emocionais. Entre estas doenças estão a enxaqueca, gastrite, úlcera, irritação intestinal, manchas na pele, dores musculares e nas articulações, hipertensão, infarto, AVC, etc. Estas doenças aparecem devido ao estresse, ansiedade, depressão, traumas, pressões psicológicas, pecado, opressão maligna, entres outros problemas emocionais e espirituais. 


2. Equilíbrio e saúde.

Assim como os problemas emocionais e espirituais prejudicam o nosso corpo, o oposto também acontece. Isso acontece porque os cinco sentidos do nosso corpo são as portas de entrada para o nosso ser interior. Os olhos, por exemplo, são as janelas da alma. O salmista disse: “Não colocarei coisa má diante dos meus olhos…”. (Sl 101.3). Há um ditado popular que diz: “O que os olhos não vêem, o coração não sente”. Há pessoas que passam o dia inteiro vendo coisas ruins na internet e na televisão. Evidentemente, o seu interior será contaminado e a sua alma e espírito adoecerão. 


Em relação às doenças, sejam elas físicas, emocionais ou espirituais, há três posicionamentos que devemos rejeitar, pois são contrários às Escrituras:


a) O ensino da chamada Ciência Cristã. Este ensino não tem nada de ciência e muito menos de cristão. É uma seita panteísta que tem como fundamento dos seus ensinos a negação da realidade da matéria. Sendo assim, negam a existência do pecado, doenças e sofrimentos. Segundo os proponentes dessa idéia, estas coisas só existem na mente das pessoas e, portanto, se mudarem a forma de pensar, estas coisas não existirão. A Seicho-no-ie tem ensino semelhante. 

b) O ensino da Teologia da prosperidade. Os teólogos da prosperidade não negam a existência das doenças, mas dizem erroneamente que todas elas são manifestações demoníacas, falta de fé ou punição pelo pecado. Por isso, ensinam que o crente fiel não pode ficar doente e, se adoecer, deve exigir a cura imediatamente, pois Jesus “já levou todas as doenças”, interpretando erroneamente Isaías 53.4.

c) A negação das doenças emocionais e espirituais. Há também os materialistas que negam a realidade espiritual e dizem que todas as doenças são apenas físicas e devem ser tratadas apenas com medicamentos. Ignoram que há doenças oriundas de opressões malignas, traumas emocionais e pecados. Para esse tipo de doenças, remédios são ineficazes e podem apenas aliviar os sintomas. 


REFERÊNCIAS:


QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito: A restauração integral do ser humano para chegar à estatura completa de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

CIÊNCIA CRISTÃ – A SEITA. ICP – Instituto Cristão de Pesquisas – Série Apologética – Vol. IV. Publicado em: https://teologaroficial.com.br/ciencia-crista-a-seita/

TANIGUCHI, Masaharu. As Sutras da Seicho-No-Ie: Educação Divina e Treinamento Espiritual Para a Humanidade. Sociedade Religiosa Seicho-No-Ie no Brasil, 3ª edição, p. 302).

A DISTINÇÃO ENTRE ALMA E ESPÍRITO

(Comentário do 2º tópico da Lição 01: O homem - Corpo, Alma e Espírito)

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos da distinção entre alma e espírito. Inicialmente, apresentaremos o conceito bíblico de alma e a distinção entre a alma humana e alma do animal. Depois, apresentaremos o conceito bíblico do espírito humano, que é distinto da alma, porém inseparável e com funções distintas. 

1. A alma. A palavra traduzida por alma em nossa Bíblia, no hebraico é nephesh. No grego é psychē, de onde vêm as palavras portuguesas psicologia, psiquiatria, psicotécnico, etc. A palavra alma na Bíblia é uma palavra polissêmica, ou seja, tem vários significados e precisa ser entendida em seu respectivo contexto. Em alguns textos, como em Gênesis 1.20, a alma significa a própria vida. Nesse sentido, se aplica também à vida dos animais (Gn 1.24). Em outros textos, como  em 1 Pedro 3.20, a alma significa a própria pessoa humana (oito almas que se salvaram no dilúvio). Em Mateus 10.28, porém, a alma significa a parte imaterial junto com o espírito, que pode perecer eternamente no inferno. 
A alma é parte imaterial do ser humano que forma a nossa personalidade e tem como faculdades os sentimentos, a vontade e o intelecto. É a alma que dá vida ao corpo. Na morte física, a alma sai do corpo junto com o espírito (Gn 35.16-19). A alma humana jamais morrerá e voltará ao corpo na ressurreição, seja para a vida eterna, ou para a condenação eterna (Dn 12.2). Também não fica inconsciente, quando a pessoa morre, como dizem aqueles que defendem o “sono da alma”. Em Apocalipse 6.9-11, João viu as almas dos justos que morreram clamando a Deus por justiça. Nas lições 5 a 9, estudaremos com mais detalhes sobre a alma humana.

2. O espírito. Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, “o espírito pode ser brevemente definido como o componente de vida não material do ser humano ” a essência verdadeira da pessoa, dada por Deus — incluindo as nossas capacidades espirituais e a nossa consciência. É o aspecto pelo qual temos contato mais direto com o Espírito de Deus.” O espírito e a alma são distintos, mas, são inseparáveis. O espírito também é imortal. Ele separa-se do corpo junto com a alma, mas unir-se-ão novamente na ressurreição. As faculdades do espírito humano são a fé e a consciência. Através destas duas faculdades, o ser humano consegue conectar-se a Deus.
Assim como a palavra alma, a palavra espírito na Bíblia também tem mais de um significado. A palavra espírito no hebraico é ruach que significa vento, hálito, mente, espírito. O termo correspondente no grego é pneuma, que deu origem às palavras portuguesas pneu, pneumática, pneumonia, etc. Esta palavra aparece logo no segundo versículo da Bíblia: “E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito (Ruach) de Deus se movia sobre a face das águas”. (Gn 1.2). 
Nesse caso de Gênesis 1.2, a palavra Espírito (heb ruach) refere-se ao Espírito de Deus, que é divino, assim como o Pai e o Filho. Em outros textos, a palavra espírito se refere aos anjos (Hb 1.4); é usada também para se referir aos demônios (Mt 8.16); significa também o nosso ser interior (Sl 34.18); mas em outros textos, o espírito significa uma parte imaterial distinta da alma (1Ts 5.23; Hb 4.12). Estudaremos mais detalhadamente sobre o espírito humano nas lições 10 a 12. 

REFERÊNCIAS:


QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito: A restauração integral do ser humano para chegar à estatura completa de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

LIMA, Elinaldo Renovato de. Tempo, Bens e Talentos: Sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2019.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Edição Global. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, pp.1106,1107

Teologia Sistemática Pentecostal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 18ª Ed. 2024.

DANIEL, Silas. Reflexões sobre a Alma e o Tempo: Uma teologia de chronos e kairós. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2001, p.124.

02 outubro 2025

A TRICOTOMIA HUMANA

(Comentário do 1º tópico da Lição 01: O homem - Corpo, Alma e Espírito)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos da tricotomia humana. Inicialmente, apresentaremos o aspecto doutrinário e teológico do ser humano, mostrando do ponto de vista bíblico, quem ele é, como foi formado e o propósito da sua criação. Na sequência, mostraremos o fundamento bíblico da tríplice natureza humana, chamada na teologia de tricotomia. Por último, falaremos da combinação dos aspectos físico (corpo) e espiritual (alma e espírito) do ser humano, que o diferencia de todos os seres criados por Deus. 1. Doutrina e teologia. Neste tópico, eu peço aos irmãos mais experientes, que tenham um pouco de paciência, pois eu preciso explicar alguns conceitos básicos da teologia, que são familiares para aqueles que já tem um conhecimento teológico mais avançado. Mas, eu escrevo também para alunos e professores iniciantes, que não sabem ainda o significado de muitos termos usados nesta lição.

A palavra doutrina usada aqui, também está presente em outros ramos do conhecimento, como o Direito e a Filosofia. Esta palavra deriva do latim doctrina, que por sua vez traduz os termos gregos didaskalia e didachē, que significam instrução, ensinamento ou conjunto de ensinos de um sistema. Quando falamos de doutrina bíblica, referimo-nos ao conjunto de informações sobre um determinado tema, tendo como base a Bíblia Sagrada.

No caso da doutrina bíblica do ser humano, que é o nosso assunto aqui, o comentarista nos apresentou alguns textos bíblicos que nos mostram quem é o homem, como ele foi criado e qual o propósito da sua criação (Gn 1.26-29; 2.15; Sl 8.3-9; Ef 1.3-6). Estes textos bíblicos acima nos apresentam o ser humano como um ser criado por Deus do pó da terra, criado à imagem de Deus, conforme à sua semelhança, um ser racional, menor que os anjos e capaz de dominar sobre as coisas criadas. O objetivo dessa criação divina é que o ser humano fosse santo e irrepreensível diante de Deus, para louvor e glória da sua graça. 

Na teologia, a doutrina do homem é chamada de Antropologia bíblica, que é o estudo do ser humano, do ponto de vista bíblico. Conforme falamos na introdução ao estudo deste trimestre, a palavra antropologia vem de dois termos gregos “antropos” (ser humano) e “logia” (estudo ou tratado. Chamamos de Antropologia bíblica, porque existem outros tipos de Antropologia que estudam o ser humano em outros aspectos, como Antropologia biológica, cultural, linguística, filosófica, estruturalista, etc.

A disciplina da Antropologia bíblica está ligada à chamada Teologia Sistemática, que é ramo da Teologia que trata de organizar o conjunto das principais doutrinas bíblicas e apresentá-las de forma mais compreensível. Estas doutrinas estão interligadas, por isso, é importante sistematizá-las, pois não é possível compreendê-las individualmente, sem conhecer as demais. As matérias que compõem a Teologia Sistemática são: Doutrina da Bíblia, Doutrina de Deus, Doutrina de Cristo, Doutrina do Espírito Santo, Doutrina do homem, doutrina do pecado, Doutrina da Salvação, Doutrina dos Anjos, Doutrina da Igreja e Doutrina das últimas coisas. 


2. A tríplice natureza. A Bíblia mostra que o ser humano é formado por três partes: corpo, alma e espírito. Mas, é importante esclarecer que sobre a constituição do ser humano, há três pontos de vista: monismo ou unitarismo, dicotomismo e tricotomismo. O  primeiro é antibíblico deve ser rejeitado. Os dois não são heresias, pois têm base nas Escrituras e são interpretações diferentes. 

a) Monismo. Ensina que o ser humano é uma unidade, formada apenas da parte física. Creem que o ser humano é apenas um amontoado de células e que não há vida após a morte. É o que diz o velho ditado popular que diz “morreu, acabou”. Não há apoio nas Escrituras para esse tipo de pensamento. Há algumas seitas que, embora creiam na vida após a morte, acreditam na mortalidade da alma e na aniquilação dos ímpios. Os principais defensores destas duas heresias são os adventistas e as Testemunhas de Jeová. 

b) Dicotomismo. Ensina que o homem é formado por duas partes, sendo uma material (o corpo) e outra imaterial (alma ou espírito, que eles consideram que é a mesma coisa). De fato, em alguns textos, principalmente no Antigo Testamento, alma e espírito são usados de forma intercambiável e sinonímica, como se fossem a mesma coisa. Entretanto, há outros textos que mostram a distinção destas três partes. Nós respeitamos a posição dos dicotomistas e não os consideramos hereges, mas discordamos dessa interpretação. 

c) Tricotomismo. Ensina que o homem é formado por três partes: o corpo (que é a parte física) a alma (a parte emocional) e o espírito (que é a parte espiritual, capaz de se conectar a Deus). A alma e o espírito são distintos, porém inseparáveis, como veremos no próximo tópico. Esta é a posição oficial da Assembleia de Deus. Cremos que o ser humano é ser tricotômico, formado por espírito, alma e corpo (1Ts 5.23; Hb 4.12). O Senhor Jesus, quando se fez homem, recebeu um corpo (Hb 10.5), uma alma (Mt 26.38) e um espírito (Lc 23.46). Sobre isso, a Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil faz a seguinte afirmação: 


“Entendemos que o ser humano é constituído de três substâncias, uma física, corpo, e duas imateriais, alma e espírito. Exemplo dessa constituição nós temos no próprio Jesus. Essa doutrina é chamada tricotomia. Cristo é apresentado nas Escrituras com essas três características distintas e essenciais: “todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis [...]” (1 Ts 5.23); “[...] e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas” (Hb 4.12). Em 1 Coríntios 2.14-16; 3.1-4, o apóstolo Paulo mostra o homem “natural”, termo que literalmente quer dizer “pertencente à alma”, o homem carnal e o homem “espiritual”. Por essas passagens do Novo Testamento, a natureza humana consiste numa parte externa, o corpo ou a carne, chamada “homem exterior” e uma parte interna, denominada “homem interior”, composta do espírito e da alma.”


3. Físico e espiritual. Diferente dos anjos, que são seres apenas espirituais, e dos animais, que são seres apenas materiais, a Bíblia ensina claramente que Deus formou o homem do pó úmido da terra, soprou em suas narinas e deu-lhe o espírito. A partir daí, o homem tornou-se “alma vivente” (heb. nephesh chayim). A palavra alma (heb. nephesh), neste texto, não se refere à alma, no sentido da sede das emoções, sentimentos e vontades, mas ao sopro de Deus, que corresponde à parte imaterial do ser humano, formado por alma e espírito. 

Algumas versões da Bíblia traduzem a expressão nephesh chayim  por “ser vivente”. O comentarista menciona o fato do termo hebraico chayim, traduzido na versão Almeida Revista e Corrigida por “vivente”, estar no plural. No hebraico, o sufixo “im” indica plural. Aqui é um plural de intensidade, indicando uma unidade composta e não três vidas diferentes. Corpo, alma e espírito são três partes de uma mesma vida e não três vidas.

O ser humano é a coroa da criação de Deus. Os demais seres vivos também foram criados por Deus, mas nenhum deles foi criado à imagem e semelhança de Deus. Deus deu ordem para que a terra e os mares produzissem seres vivos, conforme as suas respectivas espécies (Gn 1.20-24). O Criador deu ordem e tudo no universo passou a existir. Mas para criar o ser humano, houve uma deliberação de Deus, que o criou conforme a sua imagem e semelhança.

Esta imagem, evidentemente, não é física, pois Deus é Espírito e não possui uma forma física. A palavra imagem no hebraico é ‘tselem’ e significa imagem mental, moral e espiritual de Deus. Isso significa que Deus deu ao homem, algumas das suas próprias características, ou atributos. Claro que não na mesma proporção, pois o homem não é um ser divino. Deus fez o ser humano um ser moralmente puro. Mas o pecado corrompeu-lhe a natureza e agora ele precisa ser restaurado pelo Espírito Santo.  


REFERÊNCIAS:


QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito: A restauração integral do ser humano para chegar à estatura completa de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

SOARES, Esequias. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2017, p.44.

BATISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o império do mal: Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD. págs. 72-84.

GONÇALVES, José. Os ataques contra a Igreja de Cristo. As sutilezas de Satanás neste dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD. 1ª Ed. 2022.

01 outubro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 1: O HOMEM — CORPO, ALMA E ESPÍRITO

Ev. WELIANO PIRES 

TEXTO ÁUREO:
“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1Ts 5.23).

VERDADE PRÁTICA:
Deus nos fez corpo, alma e espírito para glorificá-lo eternamente com todo o nosso ser.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Gênesis 1.26-28; 2.7,18,21-23.

OBJETIVOS DA LIÇÃO:

I) Levar os alunos a entenderem que o ser humano é formado por corpo, alma e espírito;
II) Ensinar a diferença entre alma e espírito com base nos termos originais, mostrando que ambos compõem a parte imaterial do homem; 
III) Conscientizar sobre a importância da harmonia entre corpo, alma e espírito, destacando como que os desequilíbrios em algumas dessas áreas podem afetar as demais.

PALAVRA-CHAVE: TRICOTOMIA
A palavra tricotomia deriva da junção de dois termos gregos: “trikhós”, (cabelo ou pelo) e “tomos” (corte ou cortado). Originalmente, a palavra tricotomia significava cortar ou depilar uma parte dos pelos do corpo para a realização de um procedimento médico. Posteriormente, a palavra tricotomia passou a ser usada em sentido filosófico, para se referir a algo que foi divido em três partes. Nesse sentido, a palavra tricotomia é usada na Matemática, Botânica, Medicina, Filosofia, etc. No sentido teológico, que é o assunto desta lição, refere-se à corrente teológica que afirma que o ser humano é formado por três partes: corpo, alma e espírito. 

INTRODUÇÃO 

Nesta primeira lição, introduziremos o tema do trimestre falando da criação do ser humano como um ser tripartite, formado por corpo, alma e espírito. Todos os outros seres foram criados por ordem de Deus: Haja isso e aquilo se formava. No caso do ser humano, Deus o formou do pó da terra, soprou em suas narinas e deu-lhe o espírito. Deus não fez isso com nenhum animal. Antes de criar o homem, Deus criou todo o Universo, possibilitando todas as condições para o homem viver nele. Por último, Deus criou o homem para dominar sobre as demais criaturas (Gn 1.26,27). 

Os naturalistas insistem em reduzir o ser humano à condição de mero animal, que evoluiu de outra espécie e dizem que não passa de um mamífero, como outro qualquer. Atualmente, alguns vão mais além e dão mais valor aos animais e às árvores que aos seres humanos. Entretanto, a Bíblia nos apresenta o ser humano como a coroa da criação de Deus, o único ser vivo criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26,27).

Deus criou o ser humano perfeito em todos os aspectos: físico, moral e espiritual. Entretanto, com a entrada do pecado no mundo, o ser humano foi totalmente corrompido e toda a sua posteridade, sem exceção, herdou uma natureza corrompida e pecaminosa. Sendo assim, todas as áreas do nosso ser foram afetadas pelo pecado. Somente por meio do sacrifício de Cristo na Cruz do Calvário, o homem pode ser restaurado da queda, mediante a fé nEle.

TÓPICOS DA LIÇÃO 

I. A TRICOTOMIA HUMANA
No primeiro tópico, falaremos da tricotomia humana. Inicialmente, apresentaremos o aspecto doutrinário e teológico do ser humano, mostrando do ponto de vista bíblico, quem ele é, como foi formado e o propósito da sua criação. Na sequência, mostraremos o fundamento bíblico da tríplice natureza humana, chamada na teologia de tricotomia. Por último, falaremos da combinação dos aspectos físico (corpo) e espiritual (alma e espírito) do ser humano, que o diferencia de todos os seres criados por Deus. 

II. A DISTINÇÃO ENTRE ALMA E ESPÍRITO
No segundo tópico, falaremos da distinção entre alma e espírito. Inicialmente, apresentaremos o conceito bíblico de alma e a distinção entre a alma humana e alma do animal. Depois, apresentaremos o conceito bíblico do espírito humano, que é distinto da alma, porém inseparável e com funções distintas. 

III. A INTERAÇÃO DAS TRÊS DIMENSÕES
No terceiro tópico, falaremos da interação das três dimensões do ser humano. Veremos a relação do corpo, que a parte material do ser humano, com o espírito e alma, que formam a parte imaterial, abordando a chamada somatização, que são os sintomas físicos decorrentes dos problemas das crises da alma e do espírito. Por fim, falaremos de equilíbrio e saúde para o corpo, alma e espírito, mediante um viver santo e equilibrado.

30 setembro 2025

O HOMEM — CORPO, ALMA E ESPÍRITO

(SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO)

Estamos iniciando um novo trimestre de estudos com a revista Lições Bíblicas Adultos, editada pela CPAD. Rogamos que as ricas bênçãos do Senhor sejam derramadas sobre a sua vida, ministério e família. Nesta rica oportunidade, estudaremos sobre a natureza humana a partir da Antropologia na visão bíblica. Deus constituiu o homem de corpo, alma e espírito. Estes aspectos fundamentam a Doutrina do Homem e apontam como o homem foi criado, bem como revela o propósito do Criador em trazê-lo à existência.

O estudo sistemático sobre a Doutrina do Homem tem a pretensão de dirimir em que consiste a natureza humana atrelada aos propósitos do Criador para a humanidade. Deus, por sua infinita graça, criou os seres humanos com o fim de glorificá-lo a partir de uma comunhão eterna. No estudo desta lição, sua classe é convidada a conhecer com maiores detalhes dos três componentes básicos da existência humana, a saber, corpo, alma e espírito. Para termos uma visão geral do assunto, Stanley M. Horton, na obra Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal (CPAD), Discorre:

“[...] A composição física dos seres humanos é a parte material da sua constituição que os une aos demais seres viventes, inclusive as plantas e os animais. As plantas, os animais, os seres humanos, todos podem ser descritos em termos de existência física. A ‘alma’ é considerada o princípio da vida física ou animal. Os animais possuem uma alma básica e rudimentar: apresentam evidências de emoções e são descritos com o termo psyché em Apocalipse 16.3 (ver também Gn 1.20, onde são descritos como nephesh chayyah, ‘de alma vivente’ no sentido de ‘indivíduos vivos’ dotados de certa medida de personalidade). Os seres humanos e os animais são distintos das plantas, em parte pela capacidade de expressar sua personalidade individual. O ‘espírito’ é considerado um poder sublime que estabelece os seres humanos na dimensão espiritual e os capacita à comunhão com Deus. Pode-se distinguir o espírito da alma, sendo aquele ‘a sede das qualidades espirituais do indivíduo, ao passo que nesta residem os traços da personalidade’. Embora distintos entre si, não é possível separar a alma do espírito”. (1996, p.248).

No estudo da natureza humana, a compreensão desses três componentes é indispensável para que o cristão experimente a vontade de Deus em sua totalidade e tenha uma vida equilibrada.

INTRODUÇÃO AO 4º TRIMESTRE DE 2025


Ev. WELIANO PIRES 

Com muita alegria e gratidão ao Senhor, iniciamos o 4º trimestre de estudos da nossa Escola Bíblica Dominical, no ano de 2025. Será um trimestre teológico e o nosso campo de estudo será Antropologia teológica. A palavra Antropologia deriva de dois termos gregos: Antropos (homem/ser humano) e Logos (estudo, tratado). Portanto, a antropologia é o estudo do ser humano. 

Quando falamos de Antropologia, é importante saber que há vários tipos: Antropologia biológica, cultural, linguística, filosófica, estruturalista e teológica. Cada uma delas estuda o ser humano sob o seu respectivo ponto de vista. No nosso caso, trataremos da Antropologia Teológica, que é a disciplina da Teologia Sistemática que estuda de forma sistemática o ser humano, do ponto de vista bíblico. 

O título da nossa revista é: Corpo, Alma e Espírito: A restauração integral do ser humano para chegar à estatura completa de Cristo. Estudaremos a tríplice composição do homem, chamada de tricotomia, abordando a Criação, Queda e Redenção do ser humano, que são os três principais temas da Bíblia. 

O conteúdo da revista está assim dividido: uma lição introdutória sobre a estrutura tricotômica do ser humano humano; três lições sobre o corpo humano; quatro lições sobre a alma humana e as suas faculdades; três lições sobre o espírito humano; e uma lição conclusiva sobre a preparação das três partes do ser humano para a eternidade. 


O comentarista deste trimestre é o Pr. Silas Rosalino de Queiroz, pastor na Assembleia de Deus de Ji-Paraná. Pr. Silas Queiroz é bacharel em Teologia e Direito; pós-graduado em Direito Público, Direito Processual Civil e Docência Universitária; procurador-geral do município de Ji-Paraná; jornalista e assessor jurídico da Convenção dos Ministros e Igrejas Assembleias de Deus no Estado de Rondônia (CEMADERON); membro do Conselho de Comunicação e Imprensa da CGADB. Foi comentarista das lições de jovens em dois trimestres, sobre o Evangelho segundo João (2021) e as Cartas Pastorais (2023). Comentou também as lições de adultos do 3º trimestre de 2024, sobre os Livros de Rute e Ester. 

SUMÁRIO 

Lição 1 – O Homem — Corpo, Alma e Espírito

Lição 2 – O Corpo — A Maravilhosa obra da Criação de Deus

Lição 3 – O Corpo e as Consequências do Pecado

Lição 4 – O Corpo como Templo do Espírito Santo

Lição 5 – A Alma — A Natureza Imaterial do Ser Humano

Lição 6 – A Consciência — O Tribunal Interior

Lição 7 – Os Pensamentos — A Arena de Batalha na Vida Cristã

Lição 8 – Emoções e Sentimentos — A Batalha do Equilíbrio Interior

Lição 9 – Vontade — O que Move o Ser Humano

Lição 10 – Espírito — O Âmago da Vida Humana

Lição 11 – O Espírito Humano e as Disciplinas Cristãs

Lição 12 – O Espírito Humano e o Espírito de Deus

Lição 13 – Preparando o Corpo, a Alma e o Espírito para a Eternidade.

26 setembro 2025

A DECISÃO DA ASSEMBLEIA DE JERUSALÉM

(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 13: A assembleia de Jerusalém)

Ev. WELIANO PIRES 

No terceiro tópico, falaremos da decisão da assembleia de Jerusalém. Inicialmente, falaremos do papel do Espírito Santo nesta assembleia, com base nas palavras da carta enviada pelos apóstolos e anciãos de Jerusalém, aos líderes das Igrejas gentílicas: “[...] pareceu bem ao Espírito Santo e a nós”. Na sequência, falaremos da forma de orientação do Espírito Santo nesta assembleia. Por fim, trataremos do parecer final aprovado pela assembleia de Jerusalém sobre esta questão doutrinária, envolvendo o legalismo judaizante.   

1. O Espírito na assembleia. No documento enviado pelos apóstolos e presbíteros da Igreja de Jerusalém à Igreja de Antioquia, eles deixaram claro que aquela decisão não era uma decisão apenas deles, mas era algo dirigido pelo Espírito Santo: “[...] pareceu bem ao Espírito Santo e a nós” (At 15.28). Isso nos mostra o protagonismo do Espírito Santo nesta assembleia. Aquela era uma Igreja cheia do Espírito Santo, conforme já vimos em lições anteriores, que vivia em constante oração e tomava decisões sob a orientação do Espírito Santo. 

O comentarista traça um paralelo entre este texto de Atos 15.28, com Atos 5.32, onde o Espírito Santo é invocado como testemunha na resposta de Pedro às autoridades religiosas: “E nós somos testemunhas acerca destas palavras, nós e o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem”. O Espírito Santo é uma Pessoa divina e foi dado à Igreja para permanecer com ela, dando continuidade ao ministério de Jesus. Como Deus, o Espírito Santo conhece todos os mistérios, tem todo poder e está presente em todos os lugares ao mesmo tempo. A sua liderança, portanto, é indispensável. 

Lamentavelmente, em muitas convenções e reuniões de obreiros, não se dá espaço para a liderança do Espírito Santo. Em muitas delas, o estatuto e os interesses humanos falam mais alto. Estão mais preocupados com as benesses do poder terreno, mesmo que seja na esfera religiosa. O resultado disso é trágico: obreiros discutindo entre si de forma desrespeitosa, trocas de acusações, comportamentos inescrupulosos semelhantes aos de políticos corruptos, disputas judiciais, etc. Que Deus nos guarde destas coisas e nos dê discernimento espiritual. 

2. A orientação do Espírito na assembleia. Como o Espírito Santo fez esta orientação à Igreja? Não temos informações no texto de Atos 15, sobre a forma usada pelo Espírito Santo para falar com a Igreja e dar o seu parecer. Pode ter sido através de revelação aos apóstolos, ou através de profecias, como aconteceu na Igreja de Antioquia, quando Espírito Santo ordenou que a Igreja separasse Barnabé e Saulo para a obra missionária. O comentarista chama a atenção aqui, para o fato de que Judas e Silas, enviados da Igreja de Jerusalém a Antioquia, eram profetas. Isso nos dá um indício de que o Espírito Santo pode ter usado estes profetas para falar com a Igreja. 

Em todo o Livro de Atos dos Apóstolos, após a ascensão de Jesus aos céus, podemos ver a direção do Espírito Santo nas atividades da Igreja. Acertadamente, alguns sugerem que o Livro de Atos dos Apóstolos deveria se chamar "Atos do Espírito Santo", pois, os atos que vemos neste livro são, na verdade, do Espírito Santo e não dos Apóstolos. Após o revestimento de poder, os discípulos que outrora eram tímidos e cheios de dúvidas, agora pregavam ousadamente a Palavra de Deus e realizavam milagres, sem nada temer. 

No Livro de Atos dos Apóstolos, o Espírito Santo aparece sempre como protagonista, ou seja, Ele conduzia a missão da Igreja. Os discípulos eram apenas os coadjuvantes, que buscavam a Deus em oração e se submetiam à orientação do Espírito Santo, em tudo o que faziam. Vemos o Espírito Santo chamando pessoas para a obra missionária (At 13.1-3), guiando missionário para falar com uma pessoa (At 8.29), proibindo missionário de ir a uma cidade (At 16.7), etc. Como bem colocou o comentarista, a direção do Espírito Santo era o padrão na Igreja de Jerusalém e deve ser o nosso também. Sem a atuação do Espírito Santo uma igreja se torna uma mera organização religiosa humana, incapaz de transformar vidas e resolver o problema do pecado.

3. O parecer final da assembleia. A decisão final da assembleia de Jerusalém foi a seguinte: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes”. (Atos 15:28,29). Esta decisão rejeitou a tese dos judaizantes, de que seria necessário a circuncisão dos crentes gentios e a obrigatoriedade da guarda dos preceitos da lei, como condição para a Salvação. Por outro lado, foram feitas algumas concessões aos cristãos judeus, para não escandalizar os crentes de origem judaica. 

Três questões se referem à alimentação e apenas uma está relacionada às questões morais. A abstinência de alimentos sacrificados aos ídolos era uma prática comum entre os gentios, que consagravam os seus alimentos aos deuses. Em outros textos o apóstolo Paulo falou sobre isso em suas epístolas aos Romanos e aos Coríntios (Rm 14 e 1Co 8). Entretanto, o apóstolo deixou claro que “o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo”. (Rm 14.17). Segundo a orientação paulina, se alguém nos informar que o alimento foi consagrado aos ídolos, não devemos comer. Mas devemos “comer de tudo o que vende no açougue, sem nada perguntar”. (1Co 10.25). 

Na parte de comer sangue e comer carne sufocada (sem retirar o sangue), esta proibição vinha desde o tempo de Noé, antes da Lei mosaica. Após o Dilúvio, Deus permitiu o consumo de carne, mas proibiu comê-la com o sangue (Gn 9.3,4). Esta proibição foi absorvida pela lei (Lv 17.10,11). Comer sangue e carne sufocada era uma prática punida com a morte. Segundo a orientação de Deus aos israelitas, o sangue representava a vida do animal e, portanto, não deveria ser consumido. As Testemunhas de Jeová se baseiam neste texto de Atos 15.29, para proibir a transfusão de sangue. Mas isso é uma interpretação forçada, pois quem recebe sangue não está comendo sangue e naquela época não existia isso. 

A última proibição, traduzida na versão Almeida Revista e Corrigida por “fornicação” (Gr. porneia), refere-se a qualquer prática sexual condenada pela Palavra de Deus. No contexto evangélico atual fornicação é apenas a prática sexual entre pessoas solteiras. Mas o termo grego porneia é uma palavra genérica que engloba todos os pecados sexuais: adultério, homossexualidade, incesto, zoofilia, etc. Entre os judeus não havia dúvidas quanto a isso, mas, entre os gentios, algumas destas práticas eram culturais, como ver na primeira Epístola aos Coríntios. Os cristãos gentios não poderiam continuar nestas práticas. 

O que fica evidente nesta decisão final é a sabedoria concedida aos líderes da Igreja pelo Espírito Santo, para preservar a unidade da fé, sem comprometer a doutrina bíblica. Ao longo da história da Igreja sempre houve conflitos entre os conservadores e os liberais nas questões de usos e costumes. Eu fui criado em um contexto absolutamente radical, onde tudo era pecado. Deu trabalho para eu me livrar dessas amarras. Em muitos estados brasileiros, a Assembléia de Deus ainda adota muitas proibições sem nenhum fundamento bíblico. Precisamos ter equilíbrio nesse sentido. 

Agostinho, bispo de Hipona, um dos maiores teólogos da igreja antiga, disse certa vez: ‘Ame a Deus e faça o que quiser’. Parece uma afirmação libertina, como se a pessoa pudesse continuar pecando. Entretanto, quem ama a Deus de verdade, não vai desagradá-lo, desobedecendo à sua Palavra. Antes de qualquer proibição, precisamos nos perguntar: A Bíblia realmente proíbe esta prática, ou é apenas um preceito humano? Por outro lado, antes de dizer que algo é permitido ao cristão, devemos também nos perguntar se isto não fere os princípios bíblicos. Não podemos também abusar da liberdade cristã e escandalizar outros irmãos que são fracos na fé. 

25 setembro 2025

O DEBATE DOUTRINÁRIO

(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 13: A assembleia de Jerusalém)

Ev. WELIANO PIRES 

No segundo tópico, falaremos dos detalhes deste primeiro debate doutrinário da Igreja de Jerusalém. Veremos a questão crucial a ser tratada neste debate, que era o relacionamento dos cristãos gentios com a Lei mosaica. Na sequência, abordaremos o argumento inicial de Pedro que foi a experiência do Pentecostes na fé dos gentios na casa de Cornélio. Por último, falaremos da argumentação de Tiago, o irmão de Jesus, sobre a aceitação dos gentios, que teve como base a profecia de Amós 9.11 e 12, que faz menção à restauração do tabernáculo de Davi e menciona a inclusão dos gentios. 

1. Uma questão crucial. A pauta desta assembleia de Jerusalém era: o papel da Lei Mosaica para os cristãos gentios, ou não judeus. Os judaizantes, como vimos no tópico anterior, saíram de Jerusalém, sem autorização dos apóstolos e foram a Antioquia ensinar que a Igreja deveria circuncidar os gentios e ordená-los a guardar a Lei de Moisés, como condição para a salvação. Em Antioquia, eles encontraram dois grandes apologistas de peso, que eram Paulo e Barnabé. Houve ali uma grande discussão e contenda por causa deste assunto (At 15.2). 

Ficou decidido, então, que o assunto deveria ser discutido na Igreja de Jerusalém com os apóstolos e os anciãos da Igreja. Paulo e Barnabé levaram consigo alguns cristãos gentios e subiram a Jerusalém, passando pela Fenícia e por Samaria, falando nas Igrejas das muitas conversões entre os gentios. Chegando a Jerusalém, foi-lhes dada a oportunidade para trazer o relatório das suas atividades na obra missionária, conforme vimos no tópico anterior. 

Novamente, os judaizantes se levantaram na assembleia e apresentaram a mesma questão que já havia gerado contenda deste grupo contra Paulo e Barnabé em Antioquia. Naturalmente, veio a réplica de Paulo e Barnabé contra essas imposições legalistas. De novo, a discussão foi acalorada e gerou grande contenda na assembleia. O clima ficou tenso para Paulo e Barnabé, mas eles não cederam, pois sabiam que o futuro da fé cristã estava em jogo. Se eles cedessem, o Cristianismo seria reduzido a mais uma seita judaica.

2. A experiência do Pentecostes na fé dos gentios. Em meio àquela discussão acalorada, Pedro se levantou para dar o seu parecer. Em sua argumentação, Pedro lembrou que Deus o havia escolhido anteriormente para que os gentios ouvissem o Evangelho através dele, referindo-se ao ocorrido na casa do centurião Cornélio. Em seguida, Pedro lembrou-lhes de que Deus conhece os corações e deu testemunho aos gentios, concedendo-lhes o Espírito Santo, da mesma forma que havia feito em Jerusalém no dia de Pentecostes.

Pedro já havia sido exposto a este mesmo questionamento, depois que pregou aos gentios na casa de Cornélio. Os cristãos de Jerusalém, que em sua grande maioria eram judeus, não perguntaram a Pedro naquela ocasião se houve conversões de almas e batismo no Espírito Santo. A preocupação deles foi o fato de Pedro se misturar aos gentios: “Entraste em casa de homens incircuncisos, e comeste com eles”. (At 11.3). 

Em sua defesa, Pedro contou tudo o que acontecera, desde a visão que ele teve em Jope, onde ele viu algo semelhante a grande um lençol, descendo do céu com várias espécies de animais considerados imundos pela Lei. Uma voz vinda do Céu ordenou-lhe por três vezes que ele os matasse e comesse. Pedro relutou, dizendo que nunca havia comido nada comum ou imundo. A voz insistiu para que ele não considerasse comum ou imundo àquilo que Deus purificou. 

Na sequência, Pedro contou que no mesmo instante chegaram os emissários de Cornélio e o Espírito Santo ordenou que fosse com eles, sem duvidar. Finalmente, Pedro contou aos irmãos que foi à casa de Cornélio e, quando ele começou a pregar, o Espírito Santo desceu sobre os seus ouvintes e eles falaram em línguas e exaltaram a Deus, exatamente como acontecera no Pentecostes. 

Depois de expor tudo o que aconteceu, Pedro lançou sobre eles a indagação: “se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando cremos no Senhor Jesus Cristo, quem era, então, eu, para que pudesse resistir a Deus?” (At 11.17). Naquele momento, os cristãos de origem judaica se conformaram e glorificaram a Deus por ter concedido também aos gentios o arrependimento para a vida eterna. 

Apesar de terem apaziguado os corações naquele momento, muitos judeus permaneciam presos aos ditames da lei e não se conformavam com a salvação pela graça, mediante a fé e exigiam a prática da lei como complemento. Agora, na assembleia da Igreja de Jerusalém, repreendeu aos judaizantes, apresentando uma declaração de fé: “...Por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós podemos suportar? Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também". (At 15.9-11).

3. A fundamentação profética da fé gentílica. Depois da argumentação de Pedro, que foi baseada na experiência pentecostal dos gentios, a palavra final sobre este assunto coube a Tiago, que presidiu esta assembleia. Este Tiago não era o apóstolo, filho de Zebedeu e irmão de João, pois este já havia sido morto por ordem de Herodes Agripa I. Também não era o outro apóstolo Tiago, filho de Alfeu, chamado também de Tiago, o menor. 

Este Tiago que aparece aqui era filho de Maria e José e meio irmão de Jesus. Tiago e Judas, irmãos de Jesus, se converteram após a ressurreição de Jesus e se tornaram importantes líderes da Igreja Primitiva, escrevendo inclusive, as Epístolas que levam os seus nomes. Tiago tornou-se líder da Igreja de Jerusalém e foi mencionado por Paulo como sendo uma das colunas da Igreja, ao lado de Pedro e João (Gl 2.9). 

Tiago apresentou o seu veredicto, fundamentado nas Escrituras judaicas e disse que a salvação dos gentios tem amparo nas palavras dos profetas do Antigo Testamento. Como fundamento escriturístico, Tiago citou a profecia de Amós 9.11 e 12, que diz: “Naquele dia tornarei a levantar o tabernáculo caído de Davi, e repararei as suas brechas, e tornarei a levantar as suas ruínas, e o edificarei como nos dias da antiguidade; Para que possuam o restante de Edom, e todos os gentios que são chamados pelo meu nome, diz o SENHOR, que faz essas coisas”.

Pedro apelou para a experiência pentecostal dos gentios. Tiago, por sua vez, usou as Escrituras como fundamento para dar o seu parecer. Evidentemente, não podemos estabelecer doutrinas na Igreja com base na experiência e esta não pode ser equiparada às Escrituras como fazem algumas seitas. Entretanto, naqueles dias, o Novo Testamento ainda não havia sido escrito e os apóstolos tinham a autoridade outorgada por Jesus para lançar os fundamentos doutrinários da Igreja. Nesse caso, a experiência confirmava aquilo que as profecias já diziam. 

24 setembro 2025

A QUESTÃO DOUTRINÁRIA

(Comentário do 1⁰ tópico da lição 13: A Assembleia de Jerusalém)

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, trataremos da questão doutrinária envolvida na assembleia realizada pela Igreja de Jerusalém. Inicialmente, veremos falaremos do relatório missionário sobre a primeira viagem missionária, apresentado por Paulo e Barnabé. Em seguida, falaremos do legalismo judaizante, apregoado por um grupo de cristãos judeus, que pertenciam ao partido dos fariseus e insistiam na judaização dos gentios convertidos. 

1. O relatório missionário. Após o chamado do Espírito Santo na Igreja de Antioquia da Síria, Barnabé e Saulo partiram em sua primeira viagem missionária, levando consigo João Marcos, como um cooperador da equipe (At 13.5). Esta primeira viagem missionária aconteceu entre os anos 46 e 48 d.C. Muitas coisas aconteceram durante esta viagem: milagres, conversões de muitos judeus e gentios ao Evangelho, mas também intensa perseguição por parte dos judeus. 

De volta a Antioquia da Síria, Paulo e Barnabé relataram à Igreja que os enviara, tudo o que o Senhor havia feito por meio deles entre os gentios (At 14.27). Muitas almas foram salvas, sinais e maravilhas aconteceram e muitas Igrejas foram plantadas. Mesmo sofrendo grandes perseguições, os servos do Senhor chegaram à sua base missionária, regozijantes e com a sensação de dever cumprido. Após o retorno dessa primeira viagem, os missionários ficaram um bom tempo com os discípulos em Antioquia. 

A mensagem pregada por Paulo e Barnabé entre os gentios era baseada na justificação pela fé em Cristo, sem a exigência das obras da lei. Apesar de todo o seu conhecimento das Escrituras hebraicas e das culturas gregas e romanas, Paulo teve como o ponto central da sua pregação o Cristo crucificado, expondo para judeus e gentios a importância da morte de Cristo no processo de salvação. Paulo pregava que Jesus Cristo é o Filho de Deus, que veio a este mundo, para padecer pelos pecadores, dos quais, ele se considerava o principal. 

2. O legalismo judaizante. Este relatório da obra missionária, apresentado por Paulo e Barnabé à Igreja de Antioquia, no entanto, desagradou ao grupo dos judaizantes. Apesar de todas as maravilhas relatadas pelos missionários, mostrando o que Deus fizera entre os gentios, este grupo não ficou contente, por causa da mensagem pregada por Paulo e Barnabé aos gentios.

Este grupo seguiu de Jerusalém a Antioquia, ao que tudo indica, com o objetivo de confrontar Paulo e Barnabé, por causa da sua mensagem aos gentios. Eles não aceitavam a Salvação pela graça, mediante a fé e insistiam na exigência das ordenanças da Lei como condição para a salvação: “Se vos não circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos”. (At 15.1).

Não se tratava apenas de guardar os princípios morais da Lei, como não servir a outros deuses, honrar aos pais, não cobiçar as coisas do próximo, não matar, não furtar, etc. Eles ensinavam que os cristãos, inclusive os gentios, deveriam ser circuncidados, guardar o sábado e seguir as regras dietéticas previstas na Lei. 

Os judaizantes eram maioria na Igreja de Jerusalém que era majoritariamente formada por judeus. Eles se tornaram ferrenhos opositores do apóstolo Paulo, que os chamava de “falsos irmãos”. Este grupo se apresentava nas Igrejas como “enviados da Igreja de Jerusalém”, mas Tiago, que era o líder da Igreja em Jerusalém, negou esta informação: "Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras…”. (At 15.24). 

O ensino judaizante representa um complemento ao sacrifício de Cristo na Cruz. Quando se coloca algo a mais como condição para a Salvação, isso anula o sacrifício de Cristo. Se houvesse a possibilidade de algum ser justificado pelas obras da Lei, não haveria necessidade de Jesus vir a este mundo e padecer em nosso lugar. Bastaria o ser humano se converter ao Judaísmo e praticar os preceitos da Lei Mosaica. Mas tudo aquilo eram apenas sombras e figuras do que estava por vir na Nova Aliança. 

Na atualidade ainda vemos grupos de que se dizem cristãos, propagando o ensino judaizante como condição para a salvação. O principal deles é a Igreja Adventista do Sétimo Dia, que exige a guarda do sábado e a abstinência de certos tipos de alimentos, como condição para a salvação. Estas exigências configuram-se em “outro evangelho”, como disse Paulo aos Gálatas (Gl 1.9). Nem Jesus, nem os apóstolos nunca ensinaram estas coisas (Cl 2.16,17). 

Há também outros grupos que adotam práticas típicas do Judaísmo, como a liturgia da sinagoga e o uso do kippar, do shofar e do manto para oração, mesmo não as colocando como condição para a salvação. Ora, não faz sentido algum um cristão brasileiro querer se vestir como judeu, seguir a liturgia das sinagogas ou orar em hebraico. Nós vivemos na dependência do Espírito e não estamos sob o jugo da lei. 

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