30 agosto 2024

A TRISTEZA DE MARDOQUEU, DOS JUDEUS E DE ESTER

(Comentário do 2º tópico da Lição 09: A conspiração de Hamã contra os judeus).

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos da tristeza de Mardoqueu, de Ester e dos judeus, após o rei determinar o extermínio completo do povo judeu. Este decreto violento, causou pânico nas comunidades judaicas de todo o Império Persa. Veremos também que, Assuero e Hamã se puseram a beber, após terem enviado cartas às províncias, determinando o extermínio dos judeus. Por outro lado, Mardoqueu, Ester e todo o povo judeu se encheram de tristeza. Por último, falaremos da crise que se instalou nas comunidades judaicas, as quais se uniram em lamentação, oração e jejum, por livramento. 


1- O pavor da violência. Depois de convencer o rei Assuero, usando toda a sua astúcia e oportunismo, a eliminar todo o povo judeu, Hamã recebeu carta branca para agir. O rei lhe entregou o seu anel, que era o carimbo oficial do rei, para que ele levasse a cabo o seu plano genocida contra os judeus. 


Hamã mandou redigir cartas a serem enviadas a todas as províncias do Império Persa, contendo a sentença de morte a todos os judeus. Segundo a ordem de Hamã deveriam ser mortos todos os judeus de todas as idades: crianças, jovens, adultos e idosos, homens e mulheres. Foi determinado um dia para que o genocídio fosse realizado em um único dia, que seria o dia 13 do mês de Adar, o décimo segundo mês do calendário judaico, que corresponde a fevereiro/março no nosso calendário. 


O ódio havia tomado o coração de Hamã. Não se tratava apenas de ira contra Mardoqueu, conforme já falamos. Ao saber das origens israelitas de Mardoqueu, Hamã, que era amalequita, certamente resolveu se vingar daquilo que foi feito nos dias de Saul. Mardoqueu era da mesma tribo de Saul, a tribo de Benjamim. O seu bisavô também se chamava Quis, igual ao pai de Saul. 


A ordem de Hamã é semelhante à ordem dada a Saul, para eliminar todo o povo amalequita. A diferença é que Saul recebeu ordem de Deus para eliminar os amalequitas, mas não deveria pegar os seus bens. Além disso, os amalequitas eram inimigos históricos dos Israelitas. Hamã, além de mandar matar todo o povo judeu, ordenou que se tomassem os seus bens. 


Era uma violência gratuita, pois o povo judeu não havia cometido nenhum crime contra o rei. Não havia nenhum histórico de rebelião deles contra os persas. Ao contrário, os judeus receberam autorização para retornar à sua terra e reconstruir o templo e a cidade de Jerusalém. Mas, boa parte deles estavam bem estabelecidos na Babilônia e resolveram permanecer lá sob o domínio persa. 


Entre a expedição do decreto de Hamã para eliminar os judeus e a data escolhida para a execução, havia um período de onze meses. A sentença estava dada e eles sabiam que as leis persas não poderiam ser revogadas, nem mesmo pelo rei. Diante desta situação trágica, o pânico tomou conta de todo o povo judeu em todas as províncias. Não poderia ser diferente, pois eles sabiam que todos seriam mortos no dia determinado e não tinham a quem recorrer. 


2- Bebida, confusão e tristeza. Além de ser extremamente mau, por determinar o extermínio de um povo, sem que tivessem praticado nenhum ato de rebelião e sem haver uma situação de guerra, Hamã era também muito frio e insensível. A vida para ele não valia nada. Depois de enviar as cartas para todas as províncias da Pérsia, marcando um dia para o extermínio geral dos judeus, ele se assentou com o rei para beber vinho. 


Desde a queda, a maldade humana tem sido alarmante. Caim, por exemplo, matou o próprio irmão, sem que ele tivesse feito nada, unicamente por inveja. Depois de assassinar o irmão, ele seguiu a sua vida normalmente, como se não tivesse acontecido nada. Quando Deus lhe perguntou sobre o seu irmão, ele fingiu-se de desentendido e respondeu a Deus: 

– Não sei! Porventura sou eu o guarda do meu irmão?


Da mesma forma, Lameque, bisneto de Caim, o primeiro polígamo registrado na Bíblia, era um assassino frio. Ele matou dois homens por motivos fúteis e vangloriou-se disso, recitando uma poesia para as suas duas mulheres, dizendo: 

– Ouvi a minha voz; vós, mulheres de Lameque, escutai as minhas palavras; porque eu matei um homem por me ferir, e um jovem por me pisar. (Gn 4.23). 


Enquanto Hamã e o rei Assuero bebiam vinho, como se nada estivesse acontecendo, nas províncias da Pérsia havia muita confusão e tristeza. Os próprios moradores de Susã e de todo o império, que conviviam pacificamente com os judeus, não entenderam esta ordem absurda, pois não havia nenhuma justificativa para tamanha atrocidade. Entre os judeus o clima era de angústia, lamento e desespero. Mardoqueu rasgou as suas vestes, cobriu-se de cinzas, vestiu-se de saco e saiu clamando em voz alta pelas ruas. A rainha Ester quando o viu nesta situação, mandou roupas para que ele as vestisse, mas ele se recusou. Em situações assim, somente Deus pode nos socorrer e foi exatamente isso que aconteceu. 


3- Crise e clamor. Os judeus receberam a autorização de Ciro, o grande, para voltarem à sua terra e reconstruir o templo e a cidade de Jerusalém. Entretanto, o número de judeus que retornaram não chegou a 50 mil. Muitos estavam em uma situação confortável no cativeiro e decidiram ficar. Mesmo os que retornaram, estavam mais preocupados em cuidar da própria vida, deixando de lado a responsabilidade de reconstruir o templo. 


Agora, todos estavam condenados à morte e resolveram clamar a Deus com oração, jejuns e lamentos. Se todos os judeus tivessem obedecido a voz de Deus e retornado a Jerusalém com Zorobabel, Esdras e Neemias, nada disso teria acontecido. Quando não obedecemos a voz de Deus e fazemos as coisas do nosso jeito, os prejuízos são inevitáveis. Deus sabe o que faz e quando Ele nos dá uma ordem, é melhor obedecer. 


O comentarista chama a nossa atenção aqui para o fato de orarmos somente quando estamos em situação de risco. A Bíblia nos ensina a buscar ao Senhor em todo tempo e nos revestir de toda a armadura de Deus, para estarmos prontos para resistir nos dias maus e ficar firmes depois da luta (1 Ts 5.17; Ef 6.10-18). Enquanto estivermos neste mundo, estaremos em guerra constante contra as hostes espirituais da maldade. Um soldado vive em treinamento constante, para estar preparado, caso aconteça algum conflito. Um exército não pode se preparar apenas quando a guerra começar. Da mesma forma é o crente neste mundo. Precisa orar e vigiar em todo tempo, mantendo a sua comunhão com Deus, não apenas em tempos de crise. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág. 40. 

Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global, editada pela CPAD, pp.838-40.

HAGEE, John. Em Defesa de Israel. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, pp.109-10

28 agosto 2024

O PLANO ODIOSO DE HAMÃ

(Comentário do 1º tópico da Lição 09: A conspiração de Hamã contra os judeus).

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos do plano odioso de Hamã para exterminar todos os judeus. Veremos que este plano maligno era baseado em intrigas e patologias do poder. A conduta de Mardoqueu incomodou os seus colegas de trabalho e, por isso, eles o denunciaram a Hamã. Falaremos também da abrangência do plano de Hamã, que incluía o extermínio dos judeus de todo o domínio persa. Por último, falaremos da astúcia e oportunismo de Hamã para convencer o rei, de que os judeus eram um povo desleal e rebelde que deveria ser extinto. 


1- Intrigas e patologias do poder. Neste subtópico, o comentarista volta ao tema das intrigas no ambiente de poder. No primeiro tópico da lição passada, ele já havia tratado deste assunto, quando falou dos bastidores do poder, na ocasião da descoberta por Mardoqueu, de um plano para assassinar o rei Assuero. Ali, o comentarista falou que é muito comum em ambientes de poder, haver disputas, discórdias e ressentimentos, que se não forem tratados, acabam em tragédias.


Não sabemos a razão dos companheiros de trabalho de Mardoqueu estarem incomodados com o fato dele não se curvar diante de Hamã. Não parece ser apenas uma preocupação com a ordem do rei, pois isso, mais cedo ou mais tarde, o próprio Hamã iria descobrir, visto que Mardoqueu era o único que não se curvava e o fazia publicamente. Possivelmente, eles tinham inveja ou não gostavam de Mardoqueu e queriam destruí-lo. 


Isso são situações corriqueiras entre aqueles que trabalham com poderosos. Como diz o adágio popular “é cobra engolindo cobra”. Entretanto, Mardoqueu tinha uma postura diferenciada nesse ambiente hostil. O seu senso de justiça o levou a denunciar o plano assassino contra o rei Assuero. Mesmo não tendo sido recompensado, nem mesmo elogiado por isso, continuou fazendo o seu trabalho normalmente. 


Hamã era o oposto de Mardoqueu. Era um sujeito megalomaníaco, que se embriagou com o poder que recebera do rei Assuero. Quando recebeu a denúncia da resistência de Mardoqueu em se prostrar perante ele, Hamã ficou transtornado de ódio. A sua reação foi absurdamente desproporcional ao ato de Mardoqueu. Se o problema era a desobediência de Mardoqueu, a atitude natural de uma autoridade seria enquadrá-lo de acordo com os princípios legais. Mas, o seu ódio foi tão grande que resolveu exterminar não apenas Mardoqueu, mas todo o seu povo, que não tinha nada a ver com a situação. 


Aqui o comentarista, acertadamente, chama a nossa atenção para a questão do abuso de autoridade. Algumas pessoas dizem que o poder corrompe, mas eu penso que o poder apenas revela quem realmente as pessoas são. Há um adágio popular que diz: “Quer conhecer alguém, dê-lhe poder”. Isso é a mais pura verdade. Há pessoas que, enquanto são pobres e não exercem nenhuma posição de liderança, parecem ser humildes. Mas, basta subir um pequeno degrau, que já começam a pisar nos demais. 


É perfeitamente possível, exercer autoridade sem ser autoritário. Para isso, basta seguir apenas aquilo que está na lei, respeitar o direito de cada um e jamais levar as questões para o lado pessoal. O abuso de poder acontece, quando se ultrapassa os limites da lei, para impor a sua própria vontade. O apóstolo Paulo orientou os senhores cristãos a “abandonarem as ameaças contra os seus servos, sabendo que o Senhor de todos está nos céus e não faz acepção de pessoas”. (Ef 6.9).


Isso vale também para as autoridades da Igreja. O apóstolo Pedro, orientou os pastores a “pastorearem o rebanho de Deus, não por força, ganância, ou como tendo domínio sobre ele, mas de boa vontade, de ânimo pronto e servindo de exemplo ao rebanho”. (1 Pe 5.2,3). No caso dos pastores, os limites da sua atuação não são apenas as leis do seu país, mas a Palavra de Deus. Existem coisas que podem até ser permitidas pela lei, mas se a Palavra de Deus condena, não devem ser praticadas pelos líderes da Igreja. 


2- A extensão do plano. Hamã deixou extravasar todo o seu ódio, não apenas por Mardoqueu, mas por todos os judeus. Isso não incluía apenas os judeus que viviam em Susã, mas de todas as províncias do Império Persa. Aqui o comentarista descreve toda a abrangência geográfica deste plano genocida, fazendo menção da extensão do império persa, nos dias de Assuero. 


A extensão territorial do Império Persa, conforme as descrições das nações descritas na Bíblia, percorre a uma distância em linha reta de aproximadamente 4 mil quilômetros. Isso equivale, por exemplo, à distância do Rio de Janeiro a Portugal. A região de Jerusalém e Samaria também faziam parte do Império Persa. 


Os judeus tiveram permissão do rei Ciro para voltar a Jerusalém e reconstruir o templo, mas não tinham conquistado a liberdade total. Eles continuavam sob o domínio persa. Sendo assim, até mesmo os judeus que retornaram a Jerusalém estavam incluídos na sentença de morte decretada por Hamã, com o aval do rei Assuero. 


3- Astúcia e oportunismo. Além de ser megalomaníaco e cruel, Hamã era também astuto e oportunista. O seu modo de agir segue o padrão de Satanás, cujas ações são caracterizadas pelo engano e por esconder as suas reais intenções. Lendo o Livro de Ester, nós entendemos que Hamã decidiu eliminar todos os judeus, movido pelo ódio, não apenas por causa da atitude de Mardoqueu, mas também um ódio intergeracional, entre amalequitas e israelitas, como vimos na lição passada. 


Hamã foi astuto e oportunista, pois escondeu as suas reais motivações perante o rei, para convencê-lo a autorizar o extermínio dos judeus. Em momento algum ele falou que pretendia matar os judeus por causa da desobediência de Mardoqueu. Se ele tivesse falado isso, evidentemente, o rei não iria autorizar este genocídio. No máximo ele iria determinar uma punição a Mardoqueu. 


Para conseguir convencer o rei, Hamã fez todo um rodeio, desconstruindo a imagem do povo judeu e colocando-os na condição de um povo rebelde e inimigo do Império, que não cumpria as leis persas. Ora, Assuero estava em guerra contra os gregos e havia sido derrotado na batalha de Salamina. Tudo o que ele não precisava naquele momento era de um povo rebelde espalhado pelas províncias da Pérsia, que poderia se juntar aos seus inimigos. 


Para completar o seu oportunismo, Hamã ofereceu uma fortuna para os cofres do rei, caso ele autorizasse o genocídio do povo judeu. Ele ofereceu dez mil talentos de prata, que equivale a 350 toneladas de prata, segundo a explicação do comentarista, isso representava dois terços da renda anual do Império Persa. Considerando que o grama da prata nos dias atuais está em torno de R$ 5,00, uma tonelada seria 5 milhões de reais. 350 toneladas de prata, seria algo em torno de  1 bilhão e setecentos e cinquenta milhões de reais. Não é possível saber se Hamã possuía esta fortuna, ou se ele estava contando com os bens que seriam confiscados dos judeus. 


O comentarista aponta também que Assuero se mostrou um governante facilmente manipulável. De fato, ele foi manipulado por Hamã, tanto pela astúcia em colocar os judeus como inimigos do Império, como pela fortuna oferecida. Se ele fosse um rei que não se deixa manipular, teria mandado investigar, se realmente esse povo era aquilo mesmo, como fez com a denúncia de Mardoqueu. Como pode uma autoridade dar carta branca para um genocídio desse, com base na opinião de uma única pessoa?! Um verdadeiro líder, jamais pode agir dessa forma. Um líder que preza pela justiça, oferece sempre o direito de defesa e checa todas as informações que lhe chegam, antes de tomar decisões sérias.


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág. 40. 

Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global, editada pela CPAD, pp.838-40.

HAGEE, John. Em Defesa de Israel. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, pp.109-10

27 agosto 2024

Não viva de frustrações

 

Por WELIANO PIRES


Um dos grandes problemas da geração atual é a frustração. As pessoas estão sempre correndo atrás de sonhos e de conquistas, mas estão sempre frustrados, com a sensação de derrota. Esta situação tem levado muitas pessoas à depressão e até a cometeram suicídio.

Segundo a Psicanálise, a frustração “é a condição emocional alterada de quem vê contrariada, a satisfação de um desejo pulsional ou atividade satisfatória”. Em outras palavras, a frustração é o aborrecimento por não ter, ou não realizar algo que se acha merecedor. Uma pessoa frustrada é sempre alguém que não está contente com aquilo que é e tem. 

A frustração muitas vezes está relacionada à vaidade e ao egoísmo. Uma pessoa vaidosa sente constante necessidade de ser elogiada e admirada. Quando isso não acontece, fica aborrecida. O egoísta, por sua vez, acha que tudo deve girar em torno dele e sempre acha que merece mais do que tem. Por conta disso, vive sempre frustrado. 

Outra coisa que leva muitas pessoas à frustração é o excesso de expectativas e utopias. Estas pessoas vivem uma realidade paralela e criam expectativas irreais. Por exemplo, uma pessoa que ganha um salário mínimo, não estuda, não investe em nada e sonha em ser um milionário. Evidentemente irá se frustrar. A Bíblia nos ensina a contentar-nos com aquilo que temos e dar graças a Deus por tudo (Rm 12.16; 1 Ts 5.18).

É importante também não confundir contentamento com conformismo e inércia. Não é porque estamos contentes com o que temos e não nutrimos altas expectativas, que vamos viver a vida sem perspectivas e sem nenhum projetos para o futuro. 

Existem crentes que pensam que pelo fato da vinda de Jesus estar próxima e não sermos daqui, não devemos construir nada aqui. Eu conheço um irmão que dizia que não iria estudar, pois Jesus vai voltar em breve e ele não queria perder tempo com isso. Ora, ninguém sabe quando Jesus voltará. Ele pode voltar agora, mas pode demorar cem anos.

Para não viver em constante frustração, chateado por não ter conseguido aquilo que pensamos que merecemos, devemos sempre agradecer a Deus pelo que Ele nos deu e viver a vida com contentamento.

Precisamos ter sonhos e perspectivas para o futuro? Claro! Mas não devemos viver de utopias e expectativas surreais. Descansemos em Deus, pois Ele está no controle de tudo e tem cuidado de nós. 


Pense nisso! 


WELIANO PIRES é bacharel em teologia, articulista, blogueiro evangélico, professor da Escola Bíblica Dominical e evangelista da Assembléia de Deus, Ministério do Belém em São Carlos-SP. 

Introdução à Lição 9: A conspiração de Hamã contra os judeus


Ev. WELIANO PIRES


REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA 


Na lição passada estudamos o tema: A resistência de Mardoqueu. Vimos a história de conspiração, lealdade e ódio, envolvendo dois personagens importantes do Livro de Ester: Mardoqueu e Hamã. Mardoqueu era um judeu que trabalhava no palácio do rei Assuero e descobriu um plano para assassinar o rei. Hamã era descendente de Agague, rei dos amalequitas, que odiava o povo judeu e acabou sendo exaltado ao cargo mais importante do império persa. Mardoqueu recusou-se a se curvar diante de Hamã e isso desencadeou um ódio mortal de Hamã contra o povo judeu. 


TÓPICOS DA LIÇÃO 


No primeiro tópico, vimos os detalhes da descoberta de um plano para assassinar o rei Assuero. Mardoqueu descobriu este plano, revelou-o a Ester, que transmitiu a informação ao rei. O rei mandou executar os conspiradores. O caso foi registrado nas crônicas do rei, mas Mardoqueu acabou sendo esquecido. 


No segundo tópico, falamos da exaltação de Hamã, um descendente dos amalequitas, que odiava os judeus. O ato heróico de Mardoqueu e a sua lealdade ao rei caíram no esquecimento. Entretanto, ele continuou as suas funções e não se abalou emocionalmente. 


No terceiro tópico, vimos a resistência de Mardoqueu a se curvar diante de Hamã. Isso provocou um ódio mortal por parte de Hamã, a ponto de resolver exterminar todo o povo judeu, que vivia na Pérsia. Este ódio era motivado por inimizades intergeracionais, pois Hamã era descendente dos amalequitas e Mardoqueu era israelita. 


Lição 9: A conspiração de Hamã contra os judeus


INTRODUÇÃO 


Esta lição é uma consequência dramática dos fatos estudados na lição passada. Por causa da resistência de Mardoqueu em curvar-se diante de Hamã, este elaborou um plano diabólico para exterminar todo o povo judeu do império persa. Partindo deste plano, falaremos também das diversas tentativas de eliminar o povo judeu ao longo da história, inclusive o antissemitismo atual. 


TÓPICOS DA LIÇÃO 


No primeiro tópico, falaremos do plano odioso de Hamã para exterminar todos os judeus. Veremos que este plano maligno era baseado em intrigas e patologias do poder. A conduta de Mardoqueu incomodou os seus colegas de trabalho e, por isso, eles o denunciaram a Hamã. Falaremos também da abrangência do plano de Hamã, que incluía o extermínio dos judeus de todo o domínio persa, inclusive os judeus que havia retornado a Jerusalém. Por último, falaremos da astúcia e oportunismo de Hamã para convencer o rei de que os judeus eram um povo desleal e rebelde e, portanto, deveria ser extinto. 


No segundo tópico, falaremos da tristeza de Mardoqueu, de Ester e dos judeus, após o rei determinar o extermínio completo do povo judeu. Este decreto violento, causou pânico nas comunidades judaicas de todo o Império Persa. Veremos também que, Assuero e Hamã se puseram a beber, após terem enviado cartas às províncias, determinando o extermínio dos judeus. Por outro lado, Mardoqueu, Ester e todo o povo judeu se encheram de tristeza. Por último, falaremos da crise que se instalou nas comunidades judaicas, as quais se uniram em lamentação, oração e jejum, por livramento. 


No terceiro tópico, falaremos do perigo e da crueldade do antissemitismo moderno. Veremos as faces do antissemitismo ao longo da história. Na sequência, falaremos dos tipos de Antissemitismo que são: nacional, religioso e racial. Por último, falaremos do Antissemitismo moderno. Lamentavelmente, após os ataques do grupo terrorista Hamas contra Israel em 2023, vemos o renascimento do ódio aos judeus, principalmente por parte de intelectuais de esquerda e autoridades brasileiras.  


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág. 40. 

Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global, editada pela CPAD, pp.838-40.

HAGEE, John. Em Defesa de Israel. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, pp.109-10

23 agosto 2024

A RESISTÊNCIA DE MARDOQUEU E O ÓDIO DE HAMÃ

(COMENTÁRIO DO 3º TÓPICO DA LIÇÃO 08: A RESISTÊNCIA DE MARDOQUEU).

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, veremos a resistência de Mardoqueu a se curvar diante de Hamã. Esta postura de Mardoqueu acabou provocando um ódio mortal por parte de Hamã, a ponto de resolver exterminar todo o povo judeu, que vivia na Pérsia, conforme veremos na proxima lição. É possível que este ódio tenha sido motivado por inimizades intergeracionais entre israelitas e amalequitas. 


1- Reverenciado por todos. Com a ascensão de Hamã ao cargo mais elevado do Império Persa, o rei ordenou que todos os seus servos se “inclinassem e se prostrassem” diante dele (Et 3.2). Em obediência a esta ordem do rei, todos os servos do rei se inclinavam e se prostraram perante Hamã por onde ele passava, sem nenhuma resistência. Mardoqueu, no entanto, não se curvava, nem se prostrava, em hipótese alguma, e todos viam que ele não o fazia.


O texto bíblico não esclarece os motivos que levaram Mardoqueu a tomar esta atitude radical, de descumprir o decreto do rei e não se curvar diante de Hamã. O comentarista sugere que foi uma questão religiosa, por lealdade a Deus e coloca aqui o comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal, segundo o qual, provavelmente a honra era imerecida, ou havia elementos que confrontavam a adoração dos judeus única e exclusivamente a Deus. Este foi o caso dos companheiros de Daniel, em Daniel 3. 


Entretanto, no caso dos companheiros de Daniel, havia uma ordem expressa para adorar a imagem de Nabucodonosor e isso era proibido na Lei Mosaica. Não é este o caso aqui, pois não havia nenhuma ordem para adorar Hamã. Também não havia nenhuma proibição na lei de se curvar diante uma autoridade. A própria Ester se curvou diante de Assuero e provavelmente, Mardoqueu também tenha se curvado, pois este era um costume na Pérsia e ele era leal ao rei.


2- A condição de judeu. Os servos do rei, vendo a atitude de Mardoqueu em relação a Hamã, o indagaram dizendo: Por que transgrides o mandado do rei? (Et 3.3). Os dias foram passando e os questionamentos se repetiam, mas Mardoqueu não lhes dava ouvidos e não se curvava diante de Hamã. Os servos do rei, finalmente contaram o caso a Hamã, com o objetivo de ver se Mardoqueu manteria a sua palavra diante de Hamã, pois ele havia declarado que era judeu (Et 3.4). 


Quando Hamã confirmou que, realmente, Mardoqueu não se intimidava e não se inclinava perante ele, se encheu de ira contra ele. Ao descobrir que Mardoqueu era judeu, o ódio de Hamã foi elevado ao nível máximo. A partir desse momento, ele decidiu matar não apenas Mardoqueu, mas resolveu destruir todos os judeus do Império  (Et 3.4-6). Este será o assunto da nossa próxima lição. 


3- Inimizades intergeracionais. O ódio mortal de Hamã contra Mardoqueu e contra o povo judeu, evidentemente não foi apenas pela resistência de Mardoqueu em honrá-lo. Se fosse esse o caso, ele teria decretado a morte apenas de Mardoqueu e o problema estaria resolvido. O caso aqui era de um ódio histórico, vindo de várias gerações. A inimizade dos amalequitas para com Israel iniciou-se quando Israel estava no deserto, em direção à terra prometida (Êx 17.1-16). Os amalequitas pelejaram contra Israel e foram derrotados. 


Na ocasião, o Senhor falou para Moisés registrar esta agressão de Amaleque contra Israel e prometeu exterminá-los. Os anos se passaram e, nos dias de Saul, Deus ordenou que Saul os destruísse completamente. Mas, Saul não obedeceu a ordem de Deus. Samuel matou o rei Agague, mas, muitos amalequitas fugiram e houve outras guerras entre israelitas e amalequitas (I Cr 4.41-43). Quando alguém não obedece a ordem de Deus sempre haverá consequências. 


O comentarista nos chama a atenção para a questão de conflitos que atravessam várias gerações, sejam por questões econômicas, ou por brigas familiares.Em Pernambuco, o estado em que nasci e fui criado, eu mesmo já vi muitos casos de famílias que brigaram, e várias pessoas dos dois lados foram assassinadas. Muitos tiveram que fugir para não serem mortos. 


O mais grave é que até mesmo em algumas Igrejas acontecem disputas entre grupos familiares, ou em grupos chamados de “panelinhas”. São pessoas que alimentam rancor e vivem em constantes disputas. Até obreiros se envolvem em disputas por cargos e em convenções, e vivem em guerras constantes. Ora, isso é obra da carne e é incompatível com a vida cristã. Jesus disse que são “bem aventurados os pacificadores, pois eles serão chamados filhos de Deus”. (Mt 5.9). Que Deus nos guarde destas coisas. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág. 40. 

Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global, editada pela CPAD, pp.838-39.0

22 agosto 2024

HAMÃ É EXALTADO PELO REI

(COMENTÁRIO DO 2º TÓPICO DA LIÇÃO 08: A RESISTÊNCIA DE MARDOQUEU) 

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos da exaltação de Hamã, um descendente dos amalequitas, que odiava os judeus. Hamã foi exaltado pelo rei e era reverenciado por todos. Com isso, Mardoqueu ficou aparentemente esquecido. O seu ato heróico de lealdade ao rei caiu no esquecimento. Entretanto, ele continuou as suas funções e não se abalou emocionalmente. 


1- Um novo personagem. Depois do ato heróico de Mardoqueu que salvou a vida do rei Assuero, como vimos no tópico anterior, eis que surge no capítulo 3 do Livro de Ester um novo personagem, chamado Hamã, que foi elevado ao principal posto do Império Persa, ficando subordinado apenas ao rei. O texto não fornece maiores informações sobre ele, nem as razões pelas quais ele foi tão elevado. 


No primeiro versículo do capítulo 3 de Ester, lemos o seguinte: “Depois destas coisas o rei Assuero engrandeceu a Hamã, filho de Hamedata, agagita, e o exaltou, e pôs o seu assento acima de todos os príncipes que estavam com ele.” O texto nos fornece o nome do pai de Hamã, Hamedata, mas não sabemos nada a respeito dele. Diz também que ele era agagita. Esta palavra é conhecida e está associada a Agague, rei dos amalequitas. Com base neste termo, o historiador judeu, Flávio Josefo afirma que Hamã era amalequita. 


A Nova Versão Internacional (NVI) diz que Hamã era descendente de Agague, em vez de agagita. Agague era o título do rei dos amalequitas e nos dias de Saul, este rei foi despedaçado por Samuel, depois que Saul desobedeceu a ordem de Deus para executar tanto o rei Agague como os amalequitas, por causa do que eles fizeram a Israel no deserto (1 Sm 15.1-3). Saul foi à guerra e venceu os amalequitas, mas poupou o rei e trouxe os despojos, contrariando a ordem de Deus. Quando Samuel chegou, repreendeu-o e lhe disse que, por causa desta desobediência, Deus o havia rejeitado para que não continuasse como rei (1 Sm 15.23). Em seguida, Samuel mandou trazer Agague e o executou (1 Sm 15.32,33). Isso explica o ódio que Hamã tinha pelos judeus, como veremos no próximo tópico. 


Outra informação importante que o texto nos traz, é que Hamã era um dos príncipes, que foi elevado “acima de todos os príncipes que estavam com ele”. Isto significa que ele era um dos príncipes, não no sentido de ser filho do rei, mas que provavelmente era um dos governadores de províncias do Império Persa. A Nova Almeida Atualizada (NAA) diz que ele foi elevado acima dos demais oficiais. Seja como for, o fato é que ele era um homem importante do governo que foi elevado ao cargo de primeiro-ministro ou grão-vizir, como era chamado naqueles tempos. 


O comentarista diz que Hamã era muito rico e coloca a referência de Ester 3.9, que diz que Hamã prometeu ao rei, colocar dez mil talentos de prata (375 toneladas) nas mãos daqueles que executassem os judeus, que iriam para os tesouros do rei. Entretanto, o texto não se refere à riqueza de Hamã e sim, aos bens dos judeus que seriam assassinados. Sem dúvida, Hamã era rico, pois era um dos principais nobres do Império Persa e se tornou o homem mais importante depois do rei. Mas esta riqueza mencionada não era a dele. 


2- Um herói (aparentemente) esquecido. Com a exaltação de Hamã, todas as atenções do palácio se voltavam para ele, é claro. Com isso, toda a lealdade e heroísmo de Mardoqueu, embora tenham sido registrados no livro das crônicas do palácio, caíram no esquecimento. Mardoqueu tornou-se um herói sem medalha e um ilustre desconhecido no palácio. Ninguém mais se lembrava do que ele havia feito. 


Em uma situação assim, é normal a pessoa se sentir injustiçada e desmotivada de continuar fazendo o que é certo, pois sente que ninguém lhe dá valor. O comentarista chama a nossa atenção para o perigo da pessoa entrar em um crise emocional e até espiritual por causa disso. De fato, temos casos assim na Bíblia. 


O profeta Elias, por exemplo, era extremamente zeloso para com Deus e enfrentou o casal de ímpios cruéis, Acabe e Jezabel, arriscando a própria vida. Quando ele pensou que estava tudo resolvido e que, finalmente, ele seria aplaudido pelo povo de Israel, após a morte dos profetas de Baal e Aserá, recebeu uma ameaça de morte, vinda de Jezabel. Diante desta ameaça, ele fugiu para o deserto e, desolado, pediu a Deus a morte (1 Rs 19.4). Mas Deus ouviu as suas queixas, fortaleceu-o e deu-lhe novas tarefas. Pouco tempo depois, o arrebatou aos céus. 


Temos também o caso do salmista Asafe, citado pelo comentarista, que quase se desviou, ao ver que os ímpios prosperavam e ele não (Sl 73.2-17). Nos dias do profeta Malaquias também, as pessoas diziam que era inútil servir a Deus, pois percebiam que os soberbos eram felizes e os ímpios prosperavam. Entretanto, receberam a resposta de Deus dizendo: “Eles tentam a Deus e escapam… Mas, há um memorial diante de Deus para com aqueles que o temem… Eles serão meus… serão para mim como joias. Eu os pouparei, como um homem poupa o seu filho”. (Ml 3.11-18). Deus está vendo tudo, meus irmãos! Nada passa despercebido diante dele.  


3- Evitando frustrações. Segundo a Psicanálise, a frustração “é a condição emocional alterada de quem vê contrariada, a satisfação de um desejo pulsional ou atividade satisfatória”. Em outras palavras, frustração é o aborrecimento por não ter ou não realizar algo que se acha merecedor. Uma pessoa frustrada é sempre alguém que não está contente com aquilo que é e tem.


Mardoqueu, mesmo após o seu ato heróico, continuou as suas atividades no palácio, sem receber nenhuma recompensa, nem mesmo um elogio pelo excelente trabalho realizado. Entretanto, não vemos no relato bíblico, em momento algum, ele reclamando por não ter sido reconhecido. 


A frustração muitas vezes está relacionada à vaidade e ao egoísmo. Uma pessoa vaidosa sente constante necessidade de ser elogiada e admirada. Quando isso não acontece fica aborrecida. O egoísta, por sua vez, acha que tudo deve girar em torno dele e sempre acha que merece mais do que tem. Por conta disso, vive sempre frustrado. 


Outra coisa que leva muitas pessoas à frustração é o excesso de expectativas e utopias. Estas pessoas vivem uma realidade paralela e criam expectativas irreais. Por exemplo, uma pessoa que ganha um salário mínimo, não estuda, não investe em nada e sonha em ser um milionário. Evidentemente irá se frustrar. A Bíblia nos ensina a contentar-nos com aquilo que temos e dar graças a Deus por tudo (Rm 12.16; 1 Ts 5.18).


É importante também não confundir contentamento com conformismo e inércia. Não é porque estamos contentes com o que temos e não nutrimos altas expectativas, que vamos viver a vida sem perspectivas e sem nenhum projeto para o futuro. Existem crentes que pensam que pelo fato da vinda de Jesus estar próxima e não sermos daqui, não devemos construir nada aqui. Eu conheço um irmão que dizia que não iria estudar, pois Jesus vai voltar em breve e não queria perder tempo com isso. Ora, ninguém sabe quando Jesus voltará. Ele pode voltar agora, mas pode demorar cem anos. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág. 40. 

Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global, editada pela CPAD, pp.838-39.0

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