Ev. WELIANO PIRES
No segundo tópico, falaremos dos acontecimentos relacionados à crucificação, morte e sepultamento de Jesus. Inicialmente, falaremos da trajetória até o Monte chamado Calvário, onde o crucificaram. Na sequência, falaremos do encerramento da missão de Jesus como homem neste mundo, quando declarou: Está consumado!. Por último, falaremos dos detalhes do sepultamento de Jesus.
1. O caminho do Calvário. Pilatos tentou de várias formas impedir a crucificação de Jesus, pois não via nele nenhum crime e sabia que os judeus queriam matá-lo por ódio e inveja (Mc 15.10). Vendo que não conseguiria demovê-los da obsessão de matar Jesus, Pilatos lavou as mãos, na tentativa de se eximir da responsabilidade pela morte de um inocente (Mt 27.24).
A partir daí, os soldados conduziram Jesus, sob espancamentos e humilhações, a um monte chamado em aramaico de “Gólgota", que significa “lugar da caveira”. Alguns comentaristas sugerem que este nome se dá devido à semelhança entre o formato daquele monte e uma caveira. Mas não há como saber ao certo, pois não sabemos a localização exata deste local. Outros dizem que é porque naquele lugar muitos condenados eram executados e as suas ossadas (caveiras) ficavam lá. O nome grego era kranion, que significa “caveira”. Calvário é a transliteração da palavra latina “Calvaria”, que significa caveira. Forçaram Jesus a levar a cruz até este local, onde o crucificaram ao no meio de dois criminosos. Cumpriu-se aqui a profecia de Isaías 53.12, que diz que ele “foi contado com os transgressores”.
Do ponto de vista bíblico, é impossível negar a morte de Jesus, pois há abundantes comprovações. Não há como negar a morte de Jesus sem negar as Escrituras. Mas, além da confirmação bíblica, a morte de Jesus é confirmada também pela história, inclusive por historiadores que não eram cristãos, como o judeu Flávio Josefo e o romano Tácito. Mas há hereges, tanto no passado quanto no presente, que negam que Jesus morreu e dizem que foi outra pessoa que morreu em seu lugar. Entretanto, a Bíblia diz o contrário disso: foi Jesus quem morreu no lugar de outras pessoas.
2. A missão foi encerrada. João não trouxe muitos detalhes sobre os momentos finais de Jesus depois de ter sido crucificado. Entretanto, Lucas, que era historiador e colheu informações com várias pessoas que presenciaram aquele momento, registrou as zombarias dos soldados, as palavras de Jesus pedindo ao Pai que perdoasse os seus algozes, o arrependimento de um dos criminosos e a blasfêmia do outro, o escurecimento do sol e o terremoto, a rasgadura do véu do templo e o reconhecimento de um centurião de que Jesus era justo, por causa desses acontecimentos.
João deu ênfase às mulheres que acompanharam Jesus ao pé da Cruz e às palavras de Jesus dirigidas a ele para que recebesse Maria em sua casa como sua mãe, e a Maria para que o recebesse como filho. Os católicos se apegam nisso, para defender a posição de Maria como mãe dos cristãos. Mas Jesus não disse isso a nenhum outro cristão, apenas a João.
Sabendo que a sua obra na cruz havia chegado ao fim e que as profecias haviam se cumprido, Jesus disse que estava com sede. Deram-lhe uma esponja encharcada de vinagre, que causaria mais sede ainda. O vinagre aqui não se refere ao vinagre atual que usamos na cozinha. Aqui é uma palavra genérica para se referir a uma espécie de bebida inebriante que os soldados ofereciam aos condenados para aliviar a dor. O texto de Mateus diz que deram vinagre misturado com fel e Jesus recusou. Esta mistura era anestesiante e poderia aliviar o sofrimento, pois Jesus não quis tomar. João, no entanto, falava de outro momento e disse que Jesus tomou o vinagre.
Depois disso, Jesus proferiu a expressão grega “Tetelestai”, que significa “está consumado”, ou “foi concluído”. A missão de Jesus entregar-se em sacrifício a Deus por nós estava encerrada. Após pronunciar a expressão tetelestai, Jesus dirigiu-se ao Pai e disse: Em tuas mãos, entrego meu espírito. Tendo dito isso, expirou. A partir deste instante, o corpo de Jesus estava morto, como o de qualquer ser humano quando morre. Mas, o que aconteceu com o seu espírito? Para onde Ele foi? Alguns pregadores emocionalistas tentam dramatizar este momento e criam teses equivocadas que não tem nenhum fundamento bíblico.
O primeiro equívoco é dizer que houve uma festa no inferno para comemorar a morte de Jesus, que foi interrompida quando Jesus chegou lá. É preciso esclarecer, em primeiro lugar, que o diabo e seus anjos não estão no inferno, pois este não foi inaugurado ainda. Eles estão nas regiões celestiais e na terra. Em segundo lugar, é preciso esclarecer também que o inimigo não tinha nada a comemorar. Diferente de muitos crentes, ele conhece as Escrituras e sabia que a morte de Cristo representava a vitória contra o pecado e a morte. Por isso, ele tentou até o fim, evitar que Jesus fosse à cruz.
Outro equívoco destes pregadores é dizer que Jesus foi ao inferno e tomou as chaves da morte e do inferno, das mãos do diabo. Ora, o diabo nunca teve chave de lugar algum. O controle da morte sempre esteve nas mãos de Deus. É Ele quem dá a vida e tira (1 Sm 2.6). Mas a Bíblia não diz que Jesus tomou as chaves da morte e do inferno? Não! A Bíblia que Ele tem as chaves da morte e do inferno, pois sempre teve: “E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno”. (Ap 1.18).
3. O Sepultamento. A morte por crucificação prolongava o sofrimento dos condenados, que às vezes demoravam alguns dias agonizando até morrer. Por causa da festa da Páscoa, os judeus não queriam que os corpos crucificados permanecessem naquele local à vista das pessoas que viriam à festa. Por isso, pediram autorização a Pilatos para quebrar-lhes as pernas a fim de apressar a morte e tirá-los da cruz. Mas, quando chegaram próximo a Jesus, Ele já havia entregado o seu espírito ao Pai. Por isso não lhe quebraram as pernas, mas um soldado furou o seu lado e saiu sangue misturado com água.
Havia um discípulo de Jesus chamado José, que era da cidade de Arimatéia. Este era um homem rico, membro do Sinédrio e era discípulo de Jesus em oculto, por medo dos judeus. Este foi a Pilatos e pediu que liberasse o corpo de Jesus, para que ele o sepultasse. Nicodemos, outro discípulo secreto de Jesus, comprou especiarias para preparar o corpo para o sepultamento e foi com José de Arimatéia.
Jesus foi sepultado em um sepulcro novo, aberto em uma rocha. Os judeus rogaram a Pilatos que colocasse guardas na entrada do sepulcro, para evitar que os discípulos furtassem o corpo de Jesus e mentissem ao povo dizendo que Jesus ressuscitou. Muitos céticos que não crêem na ressurreição, insistem em dizer que o corpo de Jesus foi furtado. Mas, não há nenhum fundamento nisso, pois além da segurança ter sido reforçada, a ressurreição de Jesus teve muitas testemunhas, como veremos no próximo tópico.
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