02 fevereiro 2023

PEDRO APÓS O PENTECOSTES

(Comentário do 2⁰ tópico da lição 06: O avivamento na vida de Pedro)


Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos sobre o comportamento de Pedro após o Pentecostes. Pedro foi batizado no Espírito Santo, juntamente com 120 discípulos que perseveraram em oração, aguardando a descida do Espírito Santo prometida por Jesus antes de subir ao Céu. Após esta experiência, Pedro passou por uma profunda transformação e nunca mais foi o mesmo. Falaremos também sobre o episódio da cura de um coxo de nascença na porta do templo. Por último, veremos o avivamento na vida de Pedro em outras ocasiões.


1. Pedro batizado no Espírito Santo. Após a ascensão do Senhor Jesus ao Céu, Pedro se tornou o principal protagonista entre os apóstolos, ao lado de João. Tiago, irmão de João, apesar de fazer parte do grupo dos três apóstolos mais próximos de Jesus durante o seu ministério terreno, junto com Pedro e João, praticamente não aparece no livro de Atos. A única referência que temos a ele, está no capítulo 12, quando Herodes mandou matá-lo à espada (At 12.1,2). 


Pedro, no entanto, imediatamente após a subida de Jesus ao Céu, tomou para si a responsabilidade de líder do grupo e propôs a escolha de outro apóstolo para o lugar de Judas Iscariotes, que havia traído Jesus e em seguida se matou (At 1.13-26). Foram apresentados os nomes de José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome o Justo, e Matias. Após orarem, fizeram um sorteio e escolheram Matias. 


No capítulo 2 do Livro de Atos temos o conhecidíssimo relato da descida do Espírito Santo. Cento e vinte pessoas estavam reunidas em um cenáculo, aguardando em oração, o cumprimento da promessa de Jesus, de que enviaria o Consolador para estar para sempre com eles. De repente, veio do Céu, um som como de um vento forte e impetuoso e encheu toda a casa. Foram vistas línguas repartidas como se fossem de fogo, descendo sobre a cabeça de cada um dos presentes, e eles falaram em outras línguas e profetizaram (At 2.1-4). 


Era o dia da festa de Pentecostes, a segunda mais importante festa de Israel depois da Páscoa, que acontecia 50 dias após a páscoa, por isso, era chamada pelo nome grego pentekosté, que significa "quinquagésimo". Era também chamada de Festa das Semanas (Êx 34.22; Dt 16.10,16; 2 Cr 8.13); Festa da Colheita, (Êx 23.16) e Dia das Primícias (Nm 28.26). Por ocasião desta festa havia uma multidão de pessoas em Jerusalém, vindas de várias partes do mundo, que falavam outros idiomas. 


O barulho dos crentes glorificando a Deus em outras línguas foi ouvido de longe e as pessoas se aproximaram para ver o que estava acontecendo. Os estrangeiros ficaram espantados, pois, cada um ouvia pessoas falarem na língua deles, das maravilhas de Deus. Diante disso, perguntaram: “Estes que estão falando não são todos galileus? Como, pois, os ouvimos falar em nossas próprias línguas?”. Outros, no entanto, zombavam dizendo: “Estes homens estão embriagados!” 


Pedro, cheio do Espírito Santo, se levantou com os demais apóstolos e fez um longo e ousado discurso, explicando que aquilo era o cumprimento da profecia de Joel, que dizia: "E acontecerá nos últimos dias, diz Deus, que derramarei o meu Espírito sobre toda a humanidade. Os filhos e as filhas de vocês profetizarão, os seus jovens terão visões, e os seus velhos sonharão. Até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei o meu Espírito naqueles dias, e profetizarão. Mostrarei prodígios em cima no céu e sinais embaixo na terra: sangue, fogo e nuvens de fumaça. O sol se transformará em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e glorioso Dia do Senhor. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo." (At 2.17-21). 


Em continuação à citação desta profecia, Pedro fez uma exposição detalhada sobre o a morte e ressurreição de Jesus, mostrando pelas Escrituras que Ele era o Messias prometido a Israel. No final da pregação de Pedro, a multidão perguntou: “Que faremos, homens irmãos?” (At 2.37). Pedro respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo. (At 2.38). Três mil almas creram na mensagem e se converteram a Cristo. 


A vida de Pedro após o batismo no Espírito Santo mudou radicalmente. Aquele discípulo precipitado, impulsivo, que algumas vezes questionava o próprio Jesus e o negou três vezes diante das autoridades religiosas, agora falava ousadamente de Cristo, diante destas mesmas autoridades, chamando-os de assassinos (At 2.23; 3.15; 5.30). O Pr. Hernandes Dias Lopes assim descreve esta mudança na vida de Pedro: “O Pentecostes foi um divisor de águas na vida de quem tantas vezes esteve dentro do mar da Galileia! Antes de ser revestido com o poder do Espírito Santo, Pedro era um homem impetuoso, mas covarde; falante, mas precipitado; ousado em suas declarações, mas frágil em suas atitudes”. 


O ministério de Pedro após o Pentecostes nos ensina que, um crente que é verdadeiramente revestido do poder do Espírito Santo, fala ousadamente o Evangelho cristocêntrico. Pedro não buscava glória para si e não falava de prosperidade e bem estar nesta vida. O tema da sua pregação era a morte e ressurreição de Jesus. O Espírito Santo nos capacita para sermos testemunhas de Cristo e não de nós mesmos, ou de alguma instituição religiosa.  


2. Pedro e a cura do coxo. Após o batismo no Espírito Santo e a pregação fervorosa de Pedro, na qual três mil pessoas se converteram, ele manteve a tradição judaica de orar três vezes ao dia. O dia judaico começava às seis horas da manhã, chamada de primeira hora, e terminava às seis horas da tarde, chamada de hora duodécima. Os três horários de oração dos judeus eram às nove da manhã (hora terceira), ao meio-dia (hora sexta) e às três da tarde (hora nona). 


O capítulo 3 de Atos nos relata que Pedro e João subiam juntos ao templo para a oração, na hora nona (às três da tarde). Chegando na porta do templo, chamada Formosa, um homem coxo de nascença estava ali mendigando e lhes pediu em esmola. Pedro fitou os olhos nele e pediu-lhe que olhasse para eles. O homem olhou, na esperança de receber alguma ajuda, e Pedro lhe disse: "Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isto e dou. Em Nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda!". Imediatamente, os pés do homem se firmaram, ele levantou e entrou com eles no templo, andando, saltando e glorificando a Deus. 


Não se sabe ao certo a localização desta porta chamada Formosa, neste Templo construído por Zorobabel e, posteriormente, restaurado e ampliado por Herodes, o grande. Alguns eruditos dizem que não havia nenhuma porta com este nome e tratava-se de uma porta em homenagem a Nicanor de Alexandria, que foi apelidada de Formosa, por ser totalmente de bronze, com revestimentos de ouro e prata. Isso a tornava altamente valiosa. 


A existência de mendigos, diante de uma porta tão valiosa, escancarava a imensa desigualdade social existente em Jerusalém naqueles dias. A situação de extrema pobreza e sofrimento dos pobres e deficientes físicos à porta do templo era completamente ignorada pelos sacerdotes, levitas e ricos, que frequentavam o templo. Quando davam esmolas, era de forma exibicionista e hipócrita, para passarem a imagem de piedosos. Esse tipo de descaso e insensibilidade para com os pobres era totalmente contrário à Lei mosaica. 


Agora, aparecem dois homens cheios do Espírito Santo, que pararam diante de um coxo e se compadeceram da sua necessidade: Olha para nós, disse Pedro. Dirigido pelo Espírito Santo, Pedro ordenou em Nome de Jesus, que o homem se levantasse e andasse. O milagre aconteceu imediatamente. Pedro não fez nenhuma manipulação, não usou amuletos e não buscou para si a honra. Posteriormente, quando indagado pelas autoridades a respeito desse milagre, Pedro esclareceu: "Homens israelitas, por que vos maravilhais disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nossa própria virtude ou santidade fizéssemos andar este homem? [...] pela fé no seu nome [Jesus] fez o seu nome fortalecer a este que vedes e conheceis; sim, a fé que vem por ele, deu a este, na presença de todos vós, esta perfeita saúde." (At 3.11,16). 


3. Pedro avivado em outras ocasiões. A partir do Dia de Pentecostes, Pedro se tornou o principal protagonista do Livro de Atos, até à conversão de Saulo no capítulo 9. Depois, os relatos se voltam novamente para Pedro no capítulo 10, no caso da conversão de Cornélio. No capítulo 11, Pedro teve que se explicar à Igreja porque havia se hospedado na casa dos gentios e por tê-los batizado. No capítulo 12, temos o relato da libertação milagrosa de Pedro da prisão. Depois, ele aparece no primeiro concílio da Igreja Cristã no capítulo 15. A partir daí, o Livro de Atos se volta completamente para o ministério do Apóstolo Paulo. 


A cura do coxo de nascença foi o primeiro milagre de cura realizado pelo Espírito Santo, através do apóstolo Pedro, após a ascensão de Jesus. Mas, não ficou somente neste. O Espírito Santo concedeu a Pedro os dons de operação de maravilhas, dons de curar e palavra da ciência. Ele foi usado por Deus para realizar muitos milagres, que deixavam as pessoas espantadas. 


Após a grande perseguição que se desencadeou contra a Igreja Cristã, depois da execução de Estêvão, os discípulos tiveram que sair de Jerusalém. Mas, por onde passavam, eles anunciavam o Evangelho. Os apóstolos iam depois, confirmando os trabalhos e dando as orientações doutrinárias aos novos convertidos. O apóstolo Pedro fez algumas viagens evangelísticas pela região, passando em Samaria e confirmando o trabalho realizado pelo diácono Filipe. 


Em uma destas viagens, Pedro passou por uma cidade chamada Lida, que ficava entre Jope e Jerusalém. Ali havia um homem chamado Enéias, que estava paralítico havia oito anos. Pedro olhou para este homem e disse: “Enéias, Jesus Cristo te dá saúde; levanta-te e faze a tua cama.” (At 9.34) .Imediatamente, o homem se levantou. Este milagre gerou muitas conversões naquele local (At 9.35). 


Depois da cura de Enéias, uma mulher muita piedosa e querida, cujo nome em aramaico era Tabita e em grego, Dorcas, adoeceu e rapidamente veio a óbito. Os crentes de Jope, sabendo que Pedro estava em Lida, que ficava próximo dali, mandaram chamá-lo. Quando Pedro chegou ao local, viu as viúvas e amigas de Tabita chorando e mostrando as roupas que ela fazia. Pedro pediu que todos saíssem e fez uma oração. Em seguida ordenou: Tabita, levanta-te! A mulher abriu os olhos e, vendo a Pedro, assentou-se. (At 9.40). Esta ressurreição foi notória em Jope e muitas pessoas se converteram a Cristo. 


Pedro também foi usado pelo Espírito Santo no dom da Palavra da Ciência, que consiste em revelar segredos que são impossíveis de se saber por meios naturais. Logo após o dia de Pentecostes, os discípulos que tinham mais de uma propriedade, vendiam-nas e traziam, voluntariamente, o dinheiro da venda aos apóstolos, para socorrer aos necessitados. Um casal chamado Ananias e Safira venderam uma propriedade e combinaram entre si, de levarem apenas uma parte do dinheiro e ficar com o restante. 


Quando Ananias chegou diante de Pedro, o Espírito Santo revelou toda a trama e Pedro lhe disse: “Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.” (At 5.3,4). Imediatamente, o homem caiu e morreu. Alguns jovens o cobriram e o levaram para o sepultamento. 


Três horas depois, Safira, a esposa de Ananias, também foi à presença de Pedro, sem saber do que havia acontecido ao marido. Sem que ela falasse nada, Pedro lhe perguntou: “Dize-me, vendestes por tanto aquela herdade? E ela disse: Sim, por tanto.” (At 5.8). Após a confirmação da mentira, Pedro lhe respondeu: Por que é que entre vós vos concertastes para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e também te levarão a ti.” (At 5.9). A mulher também caiu e morreu. Os mesmos jovens a recolheram e sepultaram-na junto ao seu marido. 


Este episódio provocou grande temor entre as pessoas e muitos outros sinais e prodígios foram realizados pelos apóstolos, mas não foram relatados os detalhes. As pessoas traziam enfermos de todos os lados para serem curados. A fé deles era tão grande, que tentavam projetar os doentes na sombra de Pedro para que fossem curados quando a sombra os cobrisse. Isso despertou a fúria do sumo sacerdote e dos saduceus, que os conduziram à prisão. Mas de noite, o Anjo do Senhor abriu as portas da prisão e os libertou. 


Saindo da prisão, eles foram para o templo pregar e alguém foi às autoridades avisar que os homens que eles haviam prendido estavam no templo pregando. As autoridades se reuniram e mandaram os guardas verificar o que havia acontecido na prisão. Eles voltaram dizendo que a prisão estava trancada e intacta, mas não havia ninguém lá. O capitão do templo mandou buscar os apóstolos, mas sem violência, pois temia ser apedrejado pelo povo. 


Quando chegaram à presença do sumo sacerdote este perguntou por que eles não haviam cumprido a ordem dele, para que não falassem mais de Jesus. Pedro, cheio do Espírito Santo, respondeu ousadamente: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens”. (At 5.29). Em continuação, fez um discurso fervoroso e ousado sobre Jesus. As autoridades se enfureceram e decidiram matá-los. Mas, um fariseu muito respeitado, chamado Gamaliel, recomendou que tivessem cautela e liberassem aqueles homens, pois se aquilo fosse obra de homens iria se desfazer, mas se fosse de Deus, eles não iriam conseguir detê-los e estariam lutando contra Deus. (At 5.34-39). 


Eles acataram o conselho de Gamaliel e os libertaram. Mas, mandaram açoitá-los e os advertiram para que não falassem mais no Nome de Jesus. Os discípulos saíram de lá regozijando por terem sido considerados dignos de padecer por causa do Nome do Senhor! Que convicção maravilhosa, sair regozijando depois de ser açoitado por causa da sua fé! 


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 5. 11 ed. 2013. pág. 159.

PFEIFFER. Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pág. 1490-1491;1493.

ZIBORDI, Ciro Sanches. Pedro: O primeiro pregador pentecostal. Editora CPAD. 1 Ed. 2018.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 634-635.

LOPES, Hernandes Dias. Pedro: Pescador de homens. Editora Hagnos. 1 Ed. 2015. pág. 90-91.


01 fevereiro 2023

PEDRO ANTES DO PENTECOSTES


(Comentário do 1⁰ tópico da lição 06: O avivamento na vida de Pedro)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, estudaremos um pouco sobre a vida de Pedro antes do Pentecostes. O nome do apóstolo Pedro em hebraico é “Shimon” (Simeão), nome do segundo filho de Jacó e Lia, que transliterado para o grego é Simão. Jesus deu-lhe o nome aramaico de “Kefas” (Jo 1.43) (transliterado para o português “Cefas”), que em grego é “Pedro” e significa “pequeno fragmento de pedra”.  


Pedro era natural de Betsaida (Jo 1.44), que ficava às margens do Mar da Galiléia e próxima a Cafarnaum, onde ele estabeleceu a sua residência (Mt 8.13,14). Foi ali que Jesus curou a sogra dele. Era filho de um homem chamado Jonas, por isso, Jesus usou a expressão “Simão Barjonas”, que significa filho de Jonas (Mt 16.17). Era irmão de André, outro apóstolo de Jesus (Jo 1.44), que foi discípulo de João Batista. Pedro era pescador profissional, junto com André seu irmão e foi um dos primeiros e mais importantes discípulos do Senhor Jesus. 


Falaremos ainda neste tópico sobre duas atitudes antagônicas do apóstolo Pedro. Uma delas foi elogiada por Jesus, como sendo uma revelação do Espírito Santo ao apóstolo. A outra, no entanto, foi repreendida pelo Senhor, como sendo uma influência de Satanás. 


Por último, estudaremos sobre o ponto mais crítico da vida de Pedro antes do Pentecostes, que foi o fato de ter negado a Jesus por três vezes, durante a sua prisão. Jesus havia predito que Pedro o negaria, mas, ele reafirmou a sua lealdade ao Mestre e disse, que mesmo diante da morte, jamais o negaria. Entretanto, quando Jesus foi preso, a profecia de Jesus se cumpriu plenamente e Pedro o negou por três vezes. 


1. As duas atitudes de Pedro. Em seu livro “Pedro, o primeiro pregador pentecostal”, o Pr. Ciro Sanches Zibordi diz: “...talvez, em toda a Bíblia, esse apóstolo seja o único que entregou a mensagem de Deus e, em seguida, empolgado, passou a falar da parte do Diabo. [...] Pedro, ele foi do “céu” ao “inferno” em poucos minutos, e essa experiência dupla parece ter afetado seu comportamento.” De fato, foram duas situações completamente antagônicas em um mesmo dia.


Primeiro, Pedro foi usado pelo Espírito Santo para trazer uma revelação divina sobre a identidade de Jesus: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. (Mt 16.16). Esta atitude foi elogiada por Jesus, que reconheceu publicamente que Pedro não fizera aquela afirmação de si mesmo, mas Deus lhe havia revelado: “Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus.” (Mt 16.16). Pedro conhecia Jesus como ser humano e já presenciara vários milagres e discursos dele. Mas, ninguém conhece, de fato a Jesus, se não for por intermédio do Espírito Santo. 


Logo em seguida, ao ser informado por Jesus de que o Mestre iria para Jerusalém e seria torturado e condenado à morte por  autoridades religiosas de Israel, mas que ressuscitaria ao terceiro dia, o mesmo Pedro repreendeu a Jesus dizendo: “Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso!” (Mt 16.22). Esta segunda atitude de Pedro foi vista por Jesus como uma influência de Satanás e, imediatamente, o repreendeu dizendo: “Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens.” 


Evidentemente, Jesus não estava chamando Pedro de Satanás, ou dizendo que ele estava possesso. Jesus identificou prontamente a fonte daquela declaração, que era o próprio Satanás, tentando mais uma vez fazê-lo desistir da Cruz. Muitas pessoas, por desconhecerem a Bíblia, dizem que o inimigo “fez festa no inferno” para comemorar a morte de Jesus, pensando que o havia vencido. Mas isso não tem nenhum fundamento bíblico. Primeiro, porque o inferno ainda não foi inaugurado e o diabo não está lá. Segundo, porque ele não tinha nenhuma razão para comemorar. Desde o início, ele tentou evitar que Jesus fosse à Cruz, pois sabia que o sacrifício de Cristo era o único meio pelo qual o ser humano poderia ser salvo. Diferente de muitos crentes, o diabo conhece a Palavra de Deus e sabe que ela não falha.  


2. Pedro nega a Jesus três vezes. Pedro, antes do Pentecostes, sempre foi intempestivo, impulsivo e precipitado. Esteve sempre próximo ao Senhor Jesus, nos momentos mais importantes do seu ministério terreno, junto com Tiago e João, filhos de Zebedeu. Também sempre foi muito sincero e leal ao Mestre. Quando o Senhor Jesus disse que Pedro iria negá-lo, Pedro afirmou categoricamente que jamais negaria o Senhor, mesmo diante da morte: "Ainda que me seja necessário morrer contigo, não te negarei. E todos os discípulos disseram o mesmo." (Mt 26.35). 


Quando os soldados prenderam Jesus e o levaram à casa do Sumo Sacerdote para o interrogarem, Pedro o acompanhou de longe:  “E Pedro o seguiu de longe até ao pátio do sumo sacerdote e, entrando, assentou-se entre os criados, para ver o fim”. (Mt 26.58). Ali, uma criada aproximou-se dele e disse: "Tu também estavas com Jesus, o galileu." Imediatamente, Pedro negou e disse que não sabia do que ela estava falando e saiu do local. Lá fora, outra criada afirmou que ele também estava com Jesus. Desta vez, Pedro negou e jurou que não conhecia a Jesus. Por último, um dos servos do Sumo Sacerdote insistiu que Pedro era um dos seguidores de Jesus, pois até a sua falta o denunciava. Desta vez, Pedro foi muito além e não apenas negou, mas começou a praguejar. Neste momento, Jesus direcionou o seu olhar para Pedro e o galo cantou. Pedro lembrou-se das palavras de Jesus, que disse que ele o negaria, saiu dali e chorou amargamente. 


Foi um fracasso tremendo e aquele servo de Deus, em sua sinceridade, deve ter sentido imensa vergonha da sua atitude. Mas, ele entrou pelo caminho do arrependimento e quebrantamento de coração. Pedro não sentiu apenas remorso como Judas e não apelou para o suicídio. As suas lágrimas sinceras e o coração arrependido o levaram à restauração. 


Depois que Jesus ressuscitou  apareceu primeiro às mulheres e mandou avisar aos discípulos e a Pedro, para que fossem ao seu encontro na Galiléia. Na pesca milagrosa, Jesus conversou em particular com Pedro e perguntou se este o amava. Diante da resposta afirmativa, o Senhor mandou que ele apascentasse as suas ovelhas. Isso aconteceu por três vezes. Em momento algum, Jesus tocou no assunto do fracasso de Pedro. Isto nos ensina que Jesus não despreza a um coração arrependido e não lança em rosto os nossos fracassos. "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para não perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça." (1 Jo 1.9). 


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

ZIBORDI, Ciro Sanches. Pedro, o primeiro pregador pentecostal. Editora CPAD. 1ª Ed. 2018.

LOPES, Hernandes Dias. Pedro: Pescador de homens. Editora Hagnos. 1 Ed. 2015. pag. 22-25; 56-59.



30 janeiro 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 06: O AVIVAMENTO NO MINISTÉRIO DE PEDRO

Ev. WELIANO PIRES

Na lição passada falamos sobre o avivamento na vida da Igreja Primitiva, de modo genérico. Dando continuidade a este assunto, nesta lição estudaremos sobre um dos principais protagonistas deste avivamento, que foi o apóstolo Pedro, primeiro líder da Igreja de Jerusalém e principal interlocutor no Dia de Pentecostes. Estudaremos a vida de Pedro antes e depois do Dia de Pentecostes. 


Quando andou com Jesus, Pedro era um discípulo impulsivo, indisciplinado e inconsequente. Embora amasse ao Senhor Jesus, acompanhando-o de perto nos momentos mais críticos do seu ministério terreno, Pedro negou Jesus por três vezes, depois da sua prisão. 


Após ser revestido de poder, Pedro se tornou uma das colunas da Igreja Primitiva, junto com Tiago e João. A partir do Pentecostes, Pedro nunca mais foi o mesmo e pregou ousadamente a palavra de Deus, diante de autoridades enfurecidas, sob ameaças e prisões, e realizou sinais e maravilhas.


No primeiro tópico, estudaremos a vida de Pedro antes do Pentecostes. Falaremos neste tópico sobre duas atitudes antagônicas do apóstolo Pedro. Uma delas foi elogiada por Jesus, como sendo uma revelação do Espírito Santo ao apóstolo. A outra, no entanto, foi repreendida pelo Senhor, como sendo uma influência de Satanás. Por último, estudaremos sobre o ponto mais crítico da vida de Pedro antes do Pentecostes, que foi o fato de ter negado a Jesus por três vezes, durante a sua prisão. 


No segundo tópico, falaremos  sobre o comportamento de Pedro após o Pentecostes. Pedro foi batizado no Espírito Santo, juntamente com 120 discípulos que perseveraram em oração, aguardando a descida do Espírito Santo prometida por Jesus antes de subir ao Céu. Após esta experiência, Pedro passou por uma profunda transformação e nunca mais foi o mesmo. Falaremos também sobre o episódio da cura de um coxo de nascença na porta do templo. Por último, veremos o avivamento na vida de Pedro em outras ocasiões.


No terceiro e último tópico, falaremos sobre a Igreja de hoje e o avivamento do Pentecostes. Faremos uma comparação entre o contexto da Igreja atual e o Pentecostes, destacando a necessidade urgente de um avivamento naqueles moldes. Nos dias atuais, conforme já havia predito o Senhor Jesus no Sermão profético, vivemos um tempo de multiplicação da iniquidade e o esfriamento do amor. Por último, falaremos da iminência do arrebatamento da Igreja, que é a nossa bendita esperança. Somos peregrinos e forasteiros neste mundo e estamos a caminho do nosso eterno lar celestial. 


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 5. 11 ed. 2013. pág. 159.

PFEIFFER. Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pág. 1490-1491;1493.


27 janeiro 2023

UM MINISTÉRIO UNGIDO PARA OS DIAS ATUAIS

(Comentário do 3º tópico da Lição 5: O Avivamento na vida da Igreja)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro e último tópico, falaremos sobre o ministério ungido para os dias atuais. É indispensável na pregação do Evangelho que haja sinais e maravilhas, como conversões de almas, batismo no Espírito Santo, expulsão de demônios e curas divinas. Isso só acontecerá se a Igreja tiver a unção do Espírito Santo. Quando Jesus enviou os seus discípulos a pregar o Evangelho, Ele disse: “Estes sinais seguirão aos que crerem…”. (Mc 16.17). Os sinais comprovam a autenticidade do ministério por Deus. Os milagres, além de autenticar a mensagem pregada, servem também para glorificar a Cristo, não ao pregador e a denominação.


1. Na unção do Espírito Santo. A palavra "unção" significa o ato de derramar óleo em uma pessoa ou objeto, consagrando-o para um serviço ou finalidade específica. No Antigo Testamento, através do ato simbólico, de derramar o óleo sobre uma pessoa, a autoridade de Deus era conferida à pessoa ungida. Esta autoridade conferida era chamada de unção. A pessoa ou objeto ungido, se tornavam santos (Êx 30: 22-33; 1 Sm 24: 6; 10). No contexto do Antigo Testamento, a unção era determinada por Deus e só se ungia três tipos de pessoas: reis, profetas e sacerdotes. Conforme estudamos na passada, Jesus foi ungido pelo Espírito Santo e cumpriu, com perfeição, estes três ofícios: Rei, Profeta e Sacerdote.


No Novo Testamento, os discípulos de Jesus também foram ungidos pelo Espírito Santo para darem continuidade ao ministério terreno de Jesus. Não se trata mais do ato simbólico de derramar óleo sobre a cabeça deles, para serem ungidos. Mas, o poder do Espírito Santo é derramado sobre o crente e ele passa a ter a virtude do Espírito Santo atuando através dele. Quando falamos de poder, é preciso entender que no grego há quatro palavras que significam poder: 


a. Exousia. É a autoridade exercida por uma pessoa em nome de outro maior, como por exemplo, um oficial do rei fala em nome dele. Este é o poder que o Espírito Santo concede ao crente, contra as potestades, principados e hostes espirituais da maldade. Nós lhes damos ordens pela autoridade que o Senhor Jesus nos concedeu. É desta palavra que vem a palavra "exorcismo". 

b. Ischyros. Refere-se à força física capaz de vencer ou dominar outra pessoa através da força dos músculos. Esta força está relacionada unicamente ao corpo. 

c. Kratos. É o poder das autoridades que governam um país. É desta palavra que vem as palavras democracia e aristocracia. Este poder, Deus concedeu às autoridades e não à Igreja. (Rm 13.1-4). 

d. Dynamis ou dunamis. Significa energia, grande força e grande habilidade, vindas do mundo espiritual. É a força que vem de Deus e concede ao crente ousadia e habilidade para pregar o Evangelho e poder para operar sinais e maravilhas. Esta palavra deu origem às palavras dinamite, dínamo e dinâmico. Paulo disse que "o Evangelho é o 'poder' (dynamis) de Deus, para a salvação de todo aquele que crer". (Rm 1.16). Escrevendo aos Coríntios, Paulo disse: "A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder (dynamis); Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder (dynamis) de Deus." (1 Co 2.4,5). 


2. Autenticado por Deus. O Evangelho segundo Marcos, conforme vimos na Lição 03, é o mais sucinto dos quatro evangelistas. Marcos termina o seu relato, com as últimas palavras de Jesus e a sua ascensão aos Céus: "Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém". (Mc 16.19,20). Fica evidente que ele fala dos "sinais que se seguiram", após a ascensão de Jesus e após o dia de Pentecostes, pois não há registros de que eles tenham operado milagres ou mesmo pregado entre estes dois eventos. 


Atualmente vivemos a era da informação a um clique. A comunicação é feita em tempo real, com muitos recursos audiovisuais e técnicas para se comunicar bem. Há até uma frase que diz: "a comunicação é a alma do negócio". De fato, mesmo o produto não sendo muito bom, se houver uma boa estratégia de marketing, ele acaba se tornando atrativo. Até políticos corruptos, ou que não tem bons projetos, são eleitos mediante estratégias de marqueteiros.


A pregação do Evangelho, no entanto, não é um discurso qualquer, que basta ter um bom conhecimento do assunto a ser falado, usar os recursos da oratória e ter aprovação dos ouvintes. Paulo disse: "E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria." (1 Co 2.1). Embora seja importante ter uma boa comunicação, técnicas audiovisuais, conhecer profundamente o assunto que vamos falar (principalmente os professores da Escola Dominical), isso não é suficiente para sermos bem sucedidos na pregação do Evangelho. É preciso que a nossa pregação seja autenticada ou confirmada por Deus. Esta autenticação, conforme Marcos relatou, se dá através dos sinais que o Espírito Santo opera. 


Um exemplo disso aconteceu na casa de Cornélio. Enquanto Pedro pregava a Palavra de Deus para os convidados do centurião de Cesaréia, o Espírito Santo desceu sobre eles e falaram em línguas e profetizaram (At 10.44,45). Um dado importante neste caso, é que Deus conduziu todo este processo. Primeiro, Cornélio estava orando e um anjo lhe apareceu para falar que as suas orações e esmolas tinham chegado diante de Deus e que ele deveria mandar chamar Pedro, para que este lhe explicasse o que deveria fazer. Por outro lado, Deus trabalhou para eliminar o preconceito de Pedro contra os gentios, mostrando-lhe através de uma visão, que Deus não faz acepção de pessoas. Pedro não iria, se Deus não tivesse tratado esta questão com ele antes. 


A pregação para ser autenticada por Deus com os sinais, ela precisa ser dirigida por Deus e ser bíblica. Pedro foi à casa de Cornélio, mandado por Deus e expôs as Escrituras. O restante foi Deus quem fez. Não basta acontecer sinais para concluirmos que Deus está confirmando a mensagem. Lutero disse que "toda pregação que não estiver de acordo com as Escrituras deve ser rejeitada, mesmo que chova milagres todos os dias". Nesta mesma linha, Moisés escreveu em Deuteronômio 13.1-3: "Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, e te der um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los; Não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o Senhor vosso Deus vos prova, para saber se amais o Senhor vosso Deus com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma." Este texto bíblico deixa claro que podem acontecer sinais, através de pessoas que não pregam a verdade e se isto acontecer, não significa que a mensagem é de Deus e deve ser rejeitada. 


3. Glorifica a Cristo. Quando Jesus prometeu aos seus discípulos que enviaria o Espírito Santo para que ficasse com eles, após a sua ascensão aos Céus, Ele disse que o Espírito Santo iria glorificá-lo: "Ele [o Espírito Santo] me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar." (Jo 16.14). Então, as manifestações poderosas do Espírito Santo na Igreja, além de autenticar a mensagem, tem também o objetivo de glorificar a Cristo. O Espírito Santo não opera sinais para exaltar pastores, pregadores ou denominações. Toda glória é para o Senhor Jesus, Rei dos reis e Senhor dos senhores.


Os verdadeiros servos do Senhor, quando são usados por Ele, seja na pregação da Palavra, ou nos dons espirituais, sempre transferem toda exaltação ao Senhor, pois é Ele que opera. Nós temos um tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não nossa (2 Co 4.7). João Batista foi informado pelos judeus de que Jesus estava com os seus discípulos batizando e as pessoas iam ao seu encontro. João respondeu: "O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu… Convém que Ele cresça e eu diminua". (Jo 3.27,30). O apóstolo Paulo também, não obstante todo o seu vasto conhecimento teológico e acadêmico, as visões que recebeu diretamente do Senhor Jesus e os dons espirituais que o Espírito Santo lhe concedeu, sempre deixava claro que a glória era para Deus, destacando a sua insignificância: "... ainda que nada sou." (2 Co 12.11); "Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo…" (Gl 4.14). "e, por derradeiro de todos, me [Cristo] apareceu também a mim, como a um abortivo." (2 Co 15.8). 


O ministério do Espírito não glorifica nem a Si mesmo, mas única e exclusivamente ao Senhor Jesus. Da mesma forma que Jesus não veio a este mundo para glorificar a Si mesmo. Em seu ministério terreno, Jesus veio como enviado do Pai para buscar e salvar o que se havia perdido e glorificar ao Pai. Se Jesus, sendo Deus, não buscou glória para Si, quanto mais nós, meros mortais, vasos de barro, que por misericórdia somos usados por Deus! A Ele seja toda glória, louvor, exaltação e majestade, eternamente! Amém!


REFERÊNCIAS:


RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2ª Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 305.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pág. 505.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento: MATEUS A JOÃO. Edição completa. Editora CPAD. 1ª Ed. 2008. pág. 506.

BARCLAY, William. Comentário Bíblico: Marcos. pág. 360.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 590.

LOPES, Hernandes Dias. João: As glórias do Filho de Deus. Editora Hagnos. pág. 410.

CONDE, Emílio (Coord.). O Espírito Santo Glorificando a Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 1967, pp.146,47


26 janeiro 2023

O DINAMISMO DA IGREJA APOSTÓLICA


(Comentário do 2º tópico da Lição 5: O Avivamento na vida da Igreja)

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos a respeito do dinamismo da Igreja apostólica. A Igreja Cristã foi estabelecida por Jesus antes do Pentecostes (Mt 16.18). Entretanto, ela só foi inaugurada com a descida do Espírito Santo, no Dia de Pentecostes. Por isso, a Igreja já nasceu avivada. Depois disso, a Igreja passou a ter vida e a ser dirigida pelo Espírito Santo. A partir do Pentecostes, a Igreja passou a viver uma rotina de conversões, milagres, comunhão, orações, ensino da Palavra e temor a Deus (At 2.42). 


1. A Igreja nasce avivada. Há divergências se a Igreja no dia de Pentecostes, ou após após a ressurreição de Jesus. A Igreja é um projeto de Deus, elaborado antes da fundação do mundo. Este plano era um mistério que esteve oculto nos séculos anteriores e foi revelado aos apóstolos e profetas (Ef 3.3-5). O Senhor Jesus instituiu a Sua Igreja durante o seu ministério terreno, mas ela só foi inaugurada e apresentada ao mundo, com a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes. Assim também aconteceu com o Tabernáculo e com o Templo de Salomão. Eles foram construídos, mas a glória de Deus desceu na inauguração (Êx 40.34: 2 Cr 7.1-3). Por isso, a Igreja do Senhor nasceu no avivamento do Espírito. 


Antes da ascensão de Jesus, os discípulos o seguiam e até fizeram milagres, tendo sido enviados por Ele, na missão dos doze (Mt 10.1) e na missão dos setenta discípulos (Lc 10.1-12). Mas era algo transitório e local, diferente do que aconteceu depois do Pentecostes, como veremos a seguir. Antes do Pentecostes, mesmo após a ascensão de Jesus, os apóstolos não sabiam direito o que deviam fazer e como proceder. Tanto que escolheram Matias para o lugar de Judas, por meio de um sorteio. 


Jesus foi visto por mais de 500 discípulos, após a sua ressurreição. Estes discípulos ouviram a promessa do revestimento de poder e, após a ascensão de Jesus aos Céus, começaram a orar. O número de pessoas foi caindo e no dia de Pentecostes restavam apenas 120 em oração. Nesse interim, não há registros de pregações, conversões, batismos ou qualquer atividade espiritual da Igreja. Mesmo perseverando em oração, não há registro de que eles realizaram algum milagre entre a ressurreição de Jesus e o Pentecostes. Isso comprova que a direção e o mover do Espírito Santo na Igreja é indispensável. Sem isso a Igreja não avança e morre espiritualmente.  


2. A Igreja depois do Pentecostes. Lucas registra em detalhes o que aconteceu no dia de Pentecostes, no capítulo 2 de Atos dos Apóstolos: “Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. (At 2.1-4). O Senhor Jesus cumpriu a promessa que fizera aos discípulos dez dias antes. Este episódio nos mostra cinco pontos importantes de um verdadeiro avivamento: 

  1. O avivamento acontece quando a Igreja ora. Os discípulos estavam orando quando aconteceu a descida do Espírito Santo. Se a Igreja atual quiser ser avivada, precisa voltar a orar.

  2. A Igreja estava reunida no mesmo lugar. A Igreja é um corpo e não pode viver cada um para o seu lado ou ser cristão sozinho em casa. O avivamento não acontece onde há desunião e no meio de desigrejados. 

  3. O avivamento vem do Céu. Por mais que Deus use muitas vezes, pessoas para despertar a Igreja através da Palavra e convocar os crentes a buscar ao Senhor, o avivamento não é obra humana e vem de Deus “...Veio do Céu, um som… e encheu toda a casa). Para que aconteça um avivamento verdadeiro, não precisamos forçar a barra. Basta crer e buscar a Deus em oração, pois é Ele que aviva a Sua obra. 

  4. A evidência inicial do batismo no Espírito Santo é o falar em línguas. Quando todos foram cheios do Espírito Santo, começaram a falar em outras línguas. Este foi o sinal visível de que foram batizados no Espírito Santo. Em outras ocasiões no Livro de Atos, as pessoas que foram batizadas no Espírito Santo também falaram em línguas: At 10.44-46; At 19.1-6). Em Atos 8 não está escrito que as pessoas que receberam o batismo no Espírito Santo falaram em línguas, mas subtende-se que falaram, pois o mágico Simão viu que aqueles a quem os apóstolos impunham as mãos recebiam o Espírito Santo e lhes ofereceu dinheiro para receber também este dom (At 8.17-20).

  5. O genuíno avivamento impulsiona as pessoas a pregar o Evangelho. Após serem cheios do Espírito Santo, quando a multidão começou a zombar, Pedro levantou da oração com os demais apóstolos e fez uma fervorosa exposição bíblica, que levou três mil pessoas à conversão (At 2.14-41). 


Após o derramamento do Espírito, os discípulos saíram da situação de letargia e passaram a viver sob total domínio do Espírito Santo. Imediatamente após o revestimento de poder, como falamos acima, Pedro pregou uma poderosa mensagem e três mil almas se converteram (At 2.41). As pregações públicas continuaram e o número de convertidos logo chegou a quase cinco mil pessoas (At 4.4). Os apóstolos também realizavam milagres extraordinários que deixavam as multidões perplexas, como a cura de um coxo de nascença (At 3.1-7). O Espírito Santo também concedeu ousadia para que eles pregassem o Evangelho diante de autoridades enfurecidas que os ameaçavam e prendiam. Também houve temor a comunhão, distribuição voluntária dos bens para socorrer os necessitados e permanência na Doutrina dos apóstolos e nas orações. (At 2.42-47). 


Podemos ver ao longo do Livro de Atos, uma Igreja fervorosa, poderosa e missionária. Muitos milagres foram realizados pela Igreja Primitiva, não somente pelos apóstolos Pedro e Paulo, mas também por Filipe, em Samaria, e Estêvão. Os milagres citados nominalmente foram: A cura do coco de nascença (At 3.’7); A morte de Ananias e Safira (At 5.1-10); A restauração da visão de Saulo (At 9.17,18); A cura de Enéias (At 9.33-35); a ressurreição de Dorcas (At 9.36-41); A cegueira do mágico Elimas (At 13.8-11); A cura de um paralítico de nascença em Listra (At 14.8-11); A expulsão de demônio de uma jovem que adivinhava (At 16.16-18); A ressurreição de Êutico (At 20.9,10); A cura do pai de Públio e outros moradores de Malta (At 28.7-9). Aconteceram também aberturas milagrosas das prisões dos apóstolos (At 5.18-20); de Pedro (At 12); e de Paulo e Silas (At 16.25-27). 


A Igreja de Jerusalém dedicou-se à evangelização local e, após a perseguição, à evangelização regional. Depois da conversão de Saulo, o Espírito Santo falou à Igreja de Antioquia, para que separassem Barnabé e Saulo para a missão transcultural. A partir daí, a Igreja se espalhou pelo mundo levando o Evangelho por todo o Império Romano, mesmo sob intensa perseguição inicialmente dos judeus e depois dos romanos. Depois o Senhor acrescentou à obra missionária, outros gigantes como Silas, Timóteo, Apolo, Tíquico e o casal Priscila e Áquila. 


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

BARCLAY, William. Comentário Bíblico: Atos. pág.8-9.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 639-641.

BARCLAY, William. Comentário Bíblico: Atos. pág. 30-32.


JESUS, A VERDADE QUE LIBERTA O PECADOR

(Comentário do 3º tópico da Lição 05: A Verdade que liberta). Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, mostraremos Jesus como a verdade que li...