02 fevereiro 2023

PEDRO APÓS O PENTECOSTES

(Comentário do 2⁰ tópico da lição 06: O avivamento na vida de Pedro)


Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos sobre o comportamento de Pedro após o Pentecostes. Pedro foi batizado no Espírito Santo, juntamente com 120 discípulos que perseveraram em oração, aguardando a descida do Espírito Santo prometida por Jesus antes de subir ao Céu. Após esta experiência, Pedro passou por uma profunda transformação e nunca mais foi o mesmo. Falaremos também sobre o episódio da cura de um coxo de nascença na porta do templo. Por último, veremos o avivamento na vida de Pedro em outras ocasiões.


1. Pedro batizado no Espírito Santo. Após a ascensão do Senhor Jesus ao Céu, Pedro se tornou o principal protagonista entre os apóstolos, ao lado de João. Tiago, irmão de João, apesar de fazer parte do grupo dos três apóstolos mais próximos de Jesus durante o seu ministério terreno, junto com Pedro e João, praticamente não aparece no livro de Atos. A única referência que temos a ele, está no capítulo 12, quando Herodes mandou matá-lo à espada (At 12.1,2). 


Pedro, no entanto, imediatamente após a subida de Jesus ao Céu, tomou para si a responsabilidade de líder do grupo e propôs a escolha de outro apóstolo para o lugar de Judas Iscariotes, que havia traído Jesus e em seguida se matou (At 1.13-26). Foram apresentados os nomes de José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome o Justo, e Matias. Após orarem, fizeram um sorteio e escolheram Matias. 


No capítulo 2 do Livro de Atos temos o conhecidíssimo relato da descida do Espírito Santo. Cento e vinte pessoas estavam reunidas em um cenáculo, aguardando em oração, o cumprimento da promessa de Jesus, de que enviaria o Consolador para estar para sempre com eles. De repente, veio do Céu, um som como de um vento forte e impetuoso e encheu toda a casa. Foram vistas línguas repartidas como se fossem de fogo, descendo sobre a cabeça de cada um dos presentes, e eles falaram em outras línguas e profetizaram (At 2.1-4). 


Era o dia da festa de Pentecostes, a segunda mais importante festa de Israel depois da Páscoa, que acontecia 50 dias após a páscoa, por isso, era chamada pelo nome grego pentekosté, que significa "quinquagésimo". Era também chamada de Festa das Semanas (Êx 34.22; Dt 16.10,16; 2 Cr 8.13); Festa da Colheita, (Êx 23.16) e Dia das Primícias (Nm 28.26). Por ocasião desta festa havia uma multidão de pessoas em Jerusalém, vindas de várias partes do mundo, que falavam outros idiomas. 


O barulho dos crentes glorificando a Deus em outras línguas foi ouvido de longe e as pessoas se aproximaram para ver o que estava acontecendo. Os estrangeiros ficaram espantados, pois, cada um ouvia pessoas falarem na língua deles, das maravilhas de Deus. Diante disso, perguntaram: “Estes que estão falando não são todos galileus? Como, pois, os ouvimos falar em nossas próprias línguas?”. Outros, no entanto, zombavam dizendo: “Estes homens estão embriagados!” 


Pedro, cheio do Espírito Santo, se levantou com os demais apóstolos e fez um longo e ousado discurso, explicando que aquilo era o cumprimento da profecia de Joel, que dizia: "E acontecerá nos últimos dias, diz Deus, que derramarei o meu Espírito sobre toda a humanidade. Os filhos e as filhas de vocês profetizarão, os seus jovens terão visões, e os seus velhos sonharão. Até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei o meu Espírito naqueles dias, e profetizarão. Mostrarei prodígios em cima no céu e sinais embaixo na terra: sangue, fogo e nuvens de fumaça. O sol se transformará em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e glorioso Dia do Senhor. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo." (At 2.17-21). 


Em continuação à citação desta profecia, Pedro fez uma exposição detalhada sobre o a morte e ressurreição de Jesus, mostrando pelas Escrituras que Ele era o Messias prometido a Israel. No final da pregação de Pedro, a multidão perguntou: “Que faremos, homens irmãos?” (At 2.37). Pedro respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo. (At 2.38). Três mil almas creram na mensagem e se converteram a Cristo. 


A vida de Pedro após o batismo no Espírito Santo mudou radicalmente. Aquele discípulo precipitado, impulsivo, que algumas vezes questionava o próprio Jesus e o negou três vezes diante das autoridades religiosas, agora falava ousadamente de Cristo, diante destas mesmas autoridades, chamando-os de assassinos (At 2.23; 3.15; 5.30). O Pr. Hernandes Dias Lopes assim descreve esta mudança na vida de Pedro: “O Pentecostes foi um divisor de águas na vida de quem tantas vezes esteve dentro do mar da Galileia! Antes de ser revestido com o poder do Espírito Santo, Pedro era um homem impetuoso, mas covarde; falante, mas precipitado; ousado em suas declarações, mas frágil em suas atitudes”. 


O ministério de Pedro após o Pentecostes nos ensina que, um crente que é verdadeiramente revestido do poder do Espírito Santo, fala ousadamente o Evangelho cristocêntrico. Pedro não buscava glória para si e não falava de prosperidade e bem estar nesta vida. O tema da sua pregação era a morte e ressurreição de Jesus. O Espírito Santo nos capacita para sermos testemunhas de Cristo e não de nós mesmos, ou de alguma instituição religiosa.  


2. Pedro e a cura do coxo. Após o batismo no Espírito Santo e a pregação fervorosa de Pedro, na qual três mil pessoas se converteram, ele manteve a tradição judaica de orar três vezes ao dia. O dia judaico começava às seis horas da manhã, chamada de primeira hora, e terminava às seis horas da tarde, chamada de hora duodécima. Os três horários de oração dos judeus eram às nove da manhã (hora terceira), ao meio-dia (hora sexta) e às três da tarde (hora nona). 


O capítulo 3 de Atos nos relata que Pedro e João subiam juntos ao templo para a oração, na hora nona (às três da tarde). Chegando na porta do templo, chamada Formosa, um homem coxo de nascença estava ali mendigando e lhes pediu em esmola. Pedro fitou os olhos nele e pediu-lhe que olhasse para eles. O homem olhou, na esperança de receber alguma ajuda, e Pedro lhe disse: "Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isto e dou. Em Nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda!". Imediatamente, os pés do homem se firmaram, ele levantou e entrou com eles no templo, andando, saltando e glorificando a Deus. 


Não se sabe ao certo a localização desta porta chamada Formosa, neste Templo construído por Zorobabel e, posteriormente, restaurado e ampliado por Herodes, o grande. Alguns eruditos dizem que não havia nenhuma porta com este nome e tratava-se de uma porta em homenagem a Nicanor de Alexandria, que foi apelidada de Formosa, por ser totalmente de bronze, com revestimentos de ouro e prata. Isso a tornava altamente valiosa. 


A existência de mendigos, diante de uma porta tão valiosa, escancarava a imensa desigualdade social existente em Jerusalém naqueles dias. A situação de extrema pobreza e sofrimento dos pobres e deficientes físicos à porta do templo era completamente ignorada pelos sacerdotes, levitas e ricos, que frequentavam o templo. Quando davam esmolas, era de forma exibicionista e hipócrita, para passarem a imagem de piedosos. Esse tipo de descaso e insensibilidade para com os pobres era totalmente contrário à Lei mosaica. 


Agora, aparecem dois homens cheios do Espírito Santo, que pararam diante de um coxo e se compadeceram da sua necessidade: Olha para nós, disse Pedro. Dirigido pelo Espírito Santo, Pedro ordenou em Nome de Jesus, que o homem se levantasse e andasse. O milagre aconteceu imediatamente. Pedro não fez nenhuma manipulação, não usou amuletos e não buscou para si a honra. Posteriormente, quando indagado pelas autoridades a respeito desse milagre, Pedro esclareceu: "Homens israelitas, por que vos maravilhais disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nossa própria virtude ou santidade fizéssemos andar este homem? [...] pela fé no seu nome [Jesus] fez o seu nome fortalecer a este que vedes e conheceis; sim, a fé que vem por ele, deu a este, na presença de todos vós, esta perfeita saúde." (At 3.11,16). 


3. Pedro avivado em outras ocasiões. A partir do Dia de Pentecostes, Pedro se tornou o principal protagonista do Livro de Atos, até à conversão de Saulo no capítulo 9. Depois, os relatos se voltam novamente para Pedro no capítulo 10, no caso da conversão de Cornélio. No capítulo 11, Pedro teve que se explicar à Igreja porque havia se hospedado na casa dos gentios e por tê-los batizado. No capítulo 12, temos o relato da libertação milagrosa de Pedro da prisão. Depois, ele aparece no primeiro concílio da Igreja Cristã no capítulo 15. A partir daí, o Livro de Atos se volta completamente para o ministério do Apóstolo Paulo. 


A cura do coxo de nascença foi o primeiro milagre de cura realizado pelo Espírito Santo, através do apóstolo Pedro, após a ascensão de Jesus. Mas, não ficou somente neste. O Espírito Santo concedeu a Pedro os dons de operação de maravilhas, dons de curar e palavra da ciência. Ele foi usado por Deus para realizar muitos milagres, que deixavam as pessoas espantadas. 


Após a grande perseguição que se desencadeou contra a Igreja Cristã, depois da execução de Estêvão, os discípulos tiveram que sair de Jerusalém. Mas, por onde passavam, eles anunciavam o Evangelho. Os apóstolos iam depois, confirmando os trabalhos e dando as orientações doutrinárias aos novos convertidos. O apóstolo Pedro fez algumas viagens evangelísticas pela região, passando em Samaria e confirmando o trabalho realizado pelo diácono Filipe. 


Em uma destas viagens, Pedro passou por uma cidade chamada Lida, que ficava entre Jope e Jerusalém. Ali havia um homem chamado Enéias, que estava paralítico havia oito anos. Pedro olhou para este homem e disse: “Enéias, Jesus Cristo te dá saúde; levanta-te e faze a tua cama.” (At 9.34) .Imediatamente, o homem se levantou. Este milagre gerou muitas conversões naquele local (At 9.35). 


Depois da cura de Enéias, uma mulher muita piedosa e querida, cujo nome em aramaico era Tabita e em grego, Dorcas, adoeceu e rapidamente veio a óbito. Os crentes de Jope, sabendo que Pedro estava em Lida, que ficava próximo dali, mandaram chamá-lo. Quando Pedro chegou ao local, viu as viúvas e amigas de Tabita chorando e mostrando as roupas que ela fazia. Pedro pediu que todos saíssem e fez uma oração. Em seguida ordenou: Tabita, levanta-te! A mulher abriu os olhos e, vendo a Pedro, assentou-se. (At 9.40). Esta ressurreição foi notória em Jope e muitas pessoas se converteram a Cristo. 


Pedro também foi usado pelo Espírito Santo no dom da Palavra da Ciência, que consiste em revelar segredos que são impossíveis de se saber por meios naturais. Logo após o dia de Pentecostes, os discípulos que tinham mais de uma propriedade, vendiam-nas e traziam, voluntariamente, o dinheiro da venda aos apóstolos, para socorrer aos necessitados. Um casal chamado Ananias e Safira venderam uma propriedade e combinaram entre si, de levarem apenas uma parte do dinheiro e ficar com o restante. 


Quando Ananias chegou diante de Pedro, o Espírito Santo revelou toda a trama e Pedro lhe disse: “Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.” (At 5.3,4). Imediatamente, o homem caiu e morreu. Alguns jovens o cobriram e o levaram para o sepultamento. 


Três horas depois, Safira, a esposa de Ananias, também foi à presença de Pedro, sem saber do que havia acontecido ao marido. Sem que ela falasse nada, Pedro lhe perguntou: “Dize-me, vendestes por tanto aquela herdade? E ela disse: Sim, por tanto.” (At 5.8). Após a confirmação da mentira, Pedro lhe respondeu: Por que é que entre vós vos concertastes para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e também te levarão a ti.” (At 5.9). A mulher também caiu e morreu. Os mesmos jovens a recolheram e sepultaram-na junto ao seu marido. 


Este episódio provocou grande temor entre as pessoas e muitos outros sinais e prodígios foram realizados pelos apóstolos, mas não foram relatados os detalhes. As pessoas traziam enfermos de todos os lados para serem curados. A fé deles era tão grande, que tentavam projetar os doentes na sombra de Pedro para que fossem curados quando a sombra os cobrisse. Isso despertou a fúria do sumo sacerdote e dos saduceus, que os conduziram à prisão. Mas de noite, o Anjo do Senhor abriu as portas da prisão e os libertou. 


Saindo da prisão, eles foram para o templo pregar e alguém foi às autoridades avisar que os homens que eles haviam prendido estavam no templo pregando. As autoridades se reuniram e mandaram os guardas verificar o que havia acontecido na prisão. Eles voltaram dizendo que a prisão estava trancada e intacta, mas não havia ninguém lá. O capitão do templo mandou buscar os apóstolos, mas sem violência, pois temia ser apedrejado pelo povo. 


Quando chegaram à presença do sumo sacerdote este perguntou por que eles não haviam cumprido a ordem dele, para que não falassem mais de Jesus. Pedro, cheio do Espírito Santo, respondeu ousadamente: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens”. (At 5.29). Em continuação, fez um discurso fervoroso e ousado sobre Jesus. As autoridades se enfureceram e decidiram matá-los. Mas, um fariseu muito respeitado, chamado Gamaliel, recomendou que tivessem cautela e liberassem aqueles homens, pois se aquilo fosse obra de homens iria se desfazer, mas se fosse de Deus, eles não iriam conseguir detê-los e estariam lutando contra Deus. (At 5.34-39). 


Eles acataram o conselho de Gamaliel e os libertaram. Mas, mandaram açoitá-los e os advertiram para que não falassem mais no Nome de Jesus. Os discípulos saíram de lá regozijando por terem sido considerados dignos de padecer por causa do Nome do Senhor! Que convicção maravilhosa, sair regozijando depois de ser açoitado por causa da sua fé! 


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 5. 11 ed. 2013. pág. 159.

PFEIFFER. Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pág. 1490-1491;1493.

ZIBORDI, Ciro Sanches. Pedro: O primeiro pregador pentecostal. Editora CPAD. 1 Ed. 2018.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 634-635.

LOPES, Hernandes Dias. Pedro: Pescador de homens. Editora Hagnos. 1 Ed. 2015. pág. 90-91.


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