23 janeiro 2023

O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO E O PÚBLICO-ALVO


(Comentário do 1º tópico da Lição 05: O Avivamento na Vida da Igreja).

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico falaremos sobre o Batismo com o Espírito Santo e o público-alvo. O chamado de Jesus para a Salvação envolve: a experiência da salvação, a obediência a Deus e a santificação. O batismo no Espírito Santo é uma experiência subsequente à salvação, ou seja, é para quem já é salvo. Veremos ainda neste tópico que a promessa do revestimento de poder é para todos os salvos (At 2.39), em qualquer época, local ou cultura. Por isso, os cessacionistas, que são aqueles que dizem que a manifestação dos dons espirituais se restringiram aos dias dos apóstolos, estão equivocados. 


1. O chamado abrangente de Jesus. Há muitos teólogos que confundem o batismo no Espírito Santo com a própria experiência da salvação. Outros ensinam que o batismo no Espírito Santo é diferente da salvação, porém, dizem que tanto o batismo no Espírito Santo como os dons espirituais, foram concedidos apenas à Igreja do tempo dos apóstolos. Estas duas correntes teológicas, no entanto, não se sustentam à luz do Novo Testamento. 


Por outro lado, há também muitos equívocos doutrinários em relação à doutrina da salvação. Por isso, neste primeiro subtópico, o comentarista explica passo a passo, a dinâmica da salvação, com base no resumo da pregação de Jesus no início do seu ministério, apresentado pelo evangelista Marcos: “O tempo está cumprido e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho”. (Mc 1.15). Nesta mensagem, Jesus apresenta duas condições iniciais da parte do homem, para ser salvo: Arrependimento e fé. O comentarista acrescenta também a obediência, mas ela está contida na fé. É importante deixar claro, que a fé para a salvação não consiste apenas em acreditar na existência de Deus, pois os demônios também crêem e estremecem, mas não obedecem (Tg 2.19). Tiago diz também que a fé sem as obras é morta (Tg 2.17). Há ainda outro aspecto da salvação apresentado pelo comentarista, que é a santificação, que aparece na Epístola aos Hebreus como condição para a salvação: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.” (Hb 12.14). 


Em relação à doutrina da Salvação, há vários tipos de heresias como: salvação por merecimento, por sofrimento, pelas obras, por pertencer a uma instituição religiosa e até pela intercessão após a morte. Estas doutrinas são ensinadas pelo catolicismo e não tem nenhum fundamento bíblico. Há quatro correntes teológicas no Cristianismo em relação à doutrina da Salvação: O pelagianismo, semi-pelagianismo, o calvinismo e o arminianismo. Claro que há subdivisões e divergências dentro destes grupos e não daria para comentar tudo aqui. Os dois primeiros são hereges e antibíblicos, mas os outros dois são considerados apenas divergências teológicas entre os cristãos: 

1. Pelagianismo. Doutrina ensinada por Pelágio, um monge do século IV d.C. Segundo Pelágio, os seres humanos nascem inocentes, sem a mancha do pecado original. Ele dizia também que Deus criou diretamente toda alma humana, livre do pecado. Pelágio acreditava que o homem que pecar pode, pelos próprios esforços, arrepender-se e ser salvo.

2. Semipelagianismo. Diferente de Pelágio, o semipelagianismo ensina que toda a humanidade foi manchada pelo pecado, mas não ao extremo de não podermos cooperar com a graça de Deus, mediante os nossos próprios esforços. 

3. Calvinismo. É também chamado de Monergismo, pois defende que a salvação é uma obra realizada unica e exclusivamente por Deus, sem qualquer cooperação do esforço humano. É chamada de Calvinismo, pois foi ensinada pelo teólogo e reformador francês, João Calvino. 


O Calvinismo se resume em cinco pontos, denominados pelo acrônimo TULIP, referentes às iniciais desses pontos em inglês:

  1. Depravação total. Como resultado da queda de Adão, toda a raça humana foi afetada e é incapaz de salvar-se, inclusive de decidir se quer ser salvo.

  2. Eleição incondicional. Deus, na eternidade passada, elegeu algumas pessoas para a salvação e outras para a condenação.

  3. Expiação limitada. Deus determinou que Cristo morreria apenas pelos eleitos. Todos a quem Deus elegeu e por quem Cristo morreu, serão salvos.

  4. Graça irresistível.  Aqueles a quem Deus elegeu, Ele chama a si mesmo através da graça, sem que o homem possa recusar. 

  5. Perseverança dos santos. Aqueles a quem Deus elegeu e atraiu a Si mesmo através do Espírito Santo irão perseverar na fé. (Uma vez salvo, salvo para sempre). 

4. Arminianismo. Sistema de Teologia formulado por Jacob Armínio, teólogo da Igreja holandesa, que resolveu refutar o sistema de Calvino. É também conhecido como Sinergismo e defende que, de alguma forma, o homem coopera na obra da salvação. Entretanto, é importante esclarecer que, embora os arminianos sejam sinergistas, nem todos os sinergistas são arminianos. Há muitos que são hereges, como os pelagianos e os semipelagianos. 


Armínio também resumiu a sua soteriologia em 5 pontos:

  1. Capacidade humana, Livre-arbítrio. Embora todos sejam pecadores e incapazes de se salvarem a si mesmos, são livres para aceitar ou recusar a salvação que Deus oferece a todos (por meio da Graça Preveniente).

  2. Eleição condicional. Deus elegeu os homens que ele previu que teriam fé em Cristo, com base em sua presciência.

  3. Expiação ilimitada. Cristo morreu por todos os homens e não somente pelos eleitos;

  4. Graça resistível. Os homens podem resistir à Graça de Deus para não serem salvos;

  5. Decair da Graça. Homens salvos podem perder a salvação caso não perseverem na fé até o fim.


Nós da Assembleia de Deus seguimos o ponto de vista arminiano. Muitas pessoas confundem o calvinismo com o cessacionismo. Mas é importante esclarecer que não são a mesma coisa. Há calvinistas que são pentecostais, como a Igreja Presbiteriana Renovada e há arminianos que não são pentecostais, como as Igrejas Batistas tradicionais.


2. A promessa é para todos os salvos. Muitas Igrejas históricas e reformadas, ensinam que a promessa do batismo no Espírito Santo era apenas para a Igreja do primeiro século e que os dons cessaram com a morte do último apóstolo. Por isso, são chamados de "cessacionistas". Entretanto, diferente do que ensinam os cessacionistas, esta promessa é para todos os salvos, em todas as épocas da Igreja. Vejamos o que disse o apóstolo Pedro, em sua pregação no dia de Pentecostes: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar.” (At 2.39). 


Não há nenhum fundamento bíblico, para afirmar ou mesmo supor que a manifestação dos dons do Espírito Santo se restringia aos dias apostólicos. Ao contrário, temos a promessa, através do apóstolo Pedro, descrita acima, de que esta promessa era para aqueles dias, para a geração seguinte, para os de longe e para aqueles que o Senhor ainda chamaria. 


Em sua onisciência, o Senhor Jesus sabia de antemão, que os discípulos não resistiriam às perseguições sem o poder do Espírito Santo. Por isso, recomendou que não se ausentassem de Jerusalém, antes que fossem revestidos de poder (Lc 24.49). Se naquela época, o Senhor Jesus viu que era indispensável o revestimento de poder para os discípulos pregarem o Evangelho, não há nenhuma razão para pensarmos que hoje seria diferente.


3. O engano dos cessacionistas. Há muitos equívocos em relação à natureza e a abrangência do batismo no Espírito Santo. Há os que pensam que isto foi uma experiência restrita aos dias apostólicos e que cessou, com a morte do último apóstolo, que foi João. Os que pensam assim são chamados de “cessacionistas”. 


No primeiro trimestre de 2004, estudamos o tema “A Pessoa e a Obra do Espírito Santo”, com comentários do saudoso missionário finlandês, Eurico Bergstén. Na segunda lição daquele trimestre, cujo tema era: “Novo nascimento e batismo com o Espírito Santo — Experiências distintas”, Eurico Bergstén assim escreveu:


“Salvação e batismo com o Espírito Santo são bênçãos distintas. Os que foram batizados no dia de Pentecostes já eram salvos. Jesus fez esta declaração quando disse: “Alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus” (Lc 10.20). Além disso, delegou responsabilidades a eles que são próprias de salvos, tais como: o convite para que o ajudassem a pregar o evangelho, autoridade para que expulsassem demônios e curassem enfermos e, a ordem para que aguardassem o revestimento de poder caracterizado pela descida do Espírito Santo sobre eles com evidências como outras línguas e fogo.”


Fica claro, portanto, que o batismo no Espírito Santo se distingue do Novo Nascimento, que o Espírito Santo opera no interior do ser humano que recebe a Cristo como Senhor e Salvador. Nós, os pentecostais, somos continuístas, pois cremos que tanto o batismo no Espírito Santo, como a manifestação dos dons espirituais são ações contínuas do Espírito Santo na vida da Igreja, até a volta de Cristo. Cremos também, com base nas páginas do Novo Testamento, que o batismo no Espírito Santo é uma capacitação sobrenatural do Espírito Santo ao crente, que ocorre após a sua salvação. 


REFERÊNCIAS:


RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

PEARLMAN, Myer. Marcos, O Evangelho do Servo de Jeová. Editora CPAD. 6 Ed. 2006. pág. 15-16.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 184.

BERGSTÉN, Eurico. A Pessoa e Obra do Espírito Santo. Lições Bíblicas/Adultos, 1º Trimestre de 2004. Editora CPAD. 

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 638-639.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO. Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pag. 23.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Editora CPAD, págs. 189-192. 


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INTRODUÇÃO À LIÇÃO 05: O AVIVAMENTO NA VIDA DA IGREJA


Ev. WELIANO PIRES

Nesta lição estudaremos sobre o avivamento na Igreja Primitiva. Este avivamento concedeu à Igreja de Jerusalém, ousadia e poder de Deus para pregar o Evangelho, diante de intensa perseguição, operando sinais e maravilhas por onde passavam. Depois deste revestimento de poder, a Igreja em Jerusalém nunca mais foi a mesma. Os discípulos não temiam prisões e mortes e falavam ousadamente da Palavra de Deus, mesmo sob constantes ameaças. Por outro lado, o Espírito Santo realizava sinais extraordinários através deles. 


Diferente do que ensinam os cessacionistas, esta promessa é para todos os salvos, em todas épocas da Igreja: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar.” (At 2.39). Não há nenhum fundamento bíblico, para afirmar que a manifestação dos dons do Espírito Santo se restringia aos dias apostólicos. Ao contrário, temos a promessa, através do apóstolo Pedro, descrita acima, de que a promessa era para aqueles dias, para a geração seguinte, para os de longe e para aqueles que o Senhor ainda chamaria. Em sua onisciência, o Senhor Jesus sabia de antemão, que os discípulos não resistiriam às perseguições sem o poder do Espírito Santo. Por isso, recomendou que não se ausentassem de Jerusalém, antes que fossem revestidos de poder (Lc 24.49).


No primeiro tópico falaremos sobre o Batismo com o Espírito Santo e o público-alvo. O chamado de Jesus para a Salvação envolve: a experiência da salvação, a obediência a Deus e santificação. O batismo no Espírito Santo é uma experiência subsequente à salvação, ou seja, é para quem já é salvo. Veremos ainda neste tópico que a promessa do revestimento de poder é para todos os salvos (At 2.39), em qualquer época, local ou cultura. Por isso, os cessacionistas, que são aqueles que dizem que a manifestação dos dons espirituais se restringiram aos dias dos apóstolos estão equivocados. 


No segundo tópico, falaremos a respeito do dinamismo da Igreja apostólica. A Igreja Cristã foi estabelecida por Jesus antes do Pentecostes (Mt 16.18). Entretanto, ela só foi inaugurada com a descida do Espírito Santo, no Dia de Pentecostes. Por isso, a Igreja já nasceu avivada. Depois disso, a Igreja passou a ter vida e a ser dirigida pelo Espírito Santo. A partir do Pentecostes, a Igreja passou a viver uma rotina de conversões, milagres, comunhão, orações, ensino da Palavra e temor a Deus (At 2.42). 


No terceiro e último tópico, falaremos sobre o ministério ungido para os dias atuais. É indispensável na pregação do Evangelho que haja sinais e maravilhas, como conversões de almas, batismo no Espírito Santo, expulsão de demônios e curas divinas. Isso só acontecerá se a Igreja tiver a unção do Espírito Santo. Quando Jesus enviou os seus discípulos a pregar o Evangelho, Ele disse: “Estes sinais seguirão aos que crerem…”. (Mc 16.17). Os sinais comprovam a autenticidade do ministério por Deus. Os milagres, além de autenticar a mensagem pregada, servem também para glorificar a Cristo, não ao pregador e a denominação.


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

BOER, Harry R. História da Igreja Primitiva. Faculdade latino Americana de Teologia. Editora Unilit.


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19 janeiro 2023

UMA VIDA NA UNÇÃO DO ESPÍRITO SANTO


(Comentário do 3º tópico da Lição 04: o Ministério avivado de Jesus)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos sobre o valor de uma vida na unção do Espírito. Primeiro veremos que a unção do Espírito é indispensável na vida dos obreiros do Senhor. No contexto assembleiano, os obreiros exercem muitas atividades administrativas na Igreja. Isso pode se tornar uma rotina, onde o obreiro usa simplesmente ferramentas e métodos meramente humanos. Entretanto, a Igreja do Senhor não é simplesmente uma organização. Ela é um organismo espiritual, dirigido pelo Espírito Santo. Por isso, o obreiro precisa estar em conexão com o Espírito Santo. 


Falaremos também sobre a unção do Espírito na vida do crente em particular. A responsabilidade de liderar a Igreja, foi dada por Deus aos pastores. Mas a responsabilidade de anunciar o Evangelho a toda criatura é de todos os crentes. Por isso, todos precisamos viver na direção do Espírito Santo, pois é Ele quem nos capacita para pregar o Evangelho e convence o pecador. 


1. A Unção do Espírito na Vida do Obreiro. Quando falamos de obreiro, em sentido genérico, seriam todos os que trabalham na Obra do senhor. Entretanto, o termo é usado no meio evangélico, para designar aqueles que foram separados para exercerem cargos ministeriais de qualquer natureza, seja pastor, evangelista, presbítero, diácono ou cooperador. O comentarista usa a palavra obreiro para se referir especificamente ao ministério pastoral. 


O  pastor é líder espiritual da Igreja; é aquele que tem a função principal de apascentar as ovelhas do Senhor. (1 Pe 5.2). No Novo Testamento equivale a bispo, ancião ou presbítero (At 20.17,18). No contexto das Assembléias de Deus diferencia-se do presbítero nas funções ministeriais. Um pastor na Assembleia de Deus não é apenas um líder espiritual. Ele tem também a função de administrador da Igreja. (1 Pe 5.1-3). É um ministro do Evangelho e é um cargo convencional.


Estas funções administrativas e convencionais exigem muito tempo, preocupação e trabalho do pastor. Muitos acabam se esgotando, se decepcionando, ou mesmo caindo na rotina, como se liderar uma Igreja fosse a mesma coisa de administrar uma empresa, com fins lucrativos. Isso acaba prejudicando a espiritualidade da Igreja e do próprio pastor. 


O pastor deve ter sempre em mente que ele foi chamado por Deus, para pastorear a Igreja de Deus. Esta é a função bíblica do pastor. Os apóstolos delegaram as questões administrativas e de assistência social aos diáconos, enquanto eles iriam se dedicar à oração e à Palavra de Deus (At 6.1,2). No contexto atual, em que a Igreja é uma pessoa jurídica e precisa ter a sua diretoria constituída, se faz necessário ter pessoas para exercerem as funções administrativas, financeiras, construções de templos, etc. No nosso modelo de administração eclesiástica, que é o assembleia ou episcopal, estas funções ficam sob a responsabilidade dos pastores. Eles podem até delegar a outras pessoas, mas precisarão supervisioná-las. Por conta destas multifunções, muitos pastores já não têm tempo para oração, preparações de estudos bíblicos e até para cultuar a Deus. Há pastores que nos horários dos cultos estão sempre em reuniões administrativas ou viajando. 


Para ser bem sucedido na liderança de uma Igreja, o pastor deve manter a comunhão com o Espírito Santo, através da oração e ter em mente que a Igreja é do Senhor e é o Espírito Santo que a conduz. Portanto, o pastor deve sem se manter na dependência de Deus e receber dele as orientações para as medidas que deve adotar como líder da Igreja do Senhor. Na Igreja de Antioquia havia vários profetas e mestres da Palavra, entre eles,  Saulo e Barnabé. O ambiente ali era espiritual. Eles buscavam a Deus com oração e jejum. Em uma destas reuniões, o Espírito Santo ordenou que separassem Barnabé e Saulo, para uma obra que Ele havia designado. A liderança da Igreja reunida em oração e jejum, impuseram as mãos sobre eles e os enviaram para a Obra missionária. Isso nos ensina que o trabalho da Igreja é conduzido pelo Espírito Santo e que as decisões da liderança da Igreja devem ser tomadas mediante a oração e comunhão com Deus. 


2. A Unção do Espírito na Vida do Crente. Conforme falamos no subtópico anterior, os pastores têm a responsabilidade de liderar a Igreja de e Cristo e, para isto, devem viver uma vida de comunhão com o Espírito Santo e buscar dEle a direção para a Igreja. Entretanto, viver sob a direção do Espírito Santo não é exclusividade dos obreiros. Todos os crentes precisam ser cheios do Espírito Santo e fazer a Obra do Senhor. 


Quando Jesus disse: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16.15), Ele deu esta ordem a todos os seus discípulos e não apenas aos apóstolos. Da mesma forma, a promessa do revestimento de poder para ser testemunha de Cristo, foi dada a todos e não apenas à liderança da Igreja. Pedro, em sua primeira Epístola, assim escreveu: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (1 Pe 2.9). Esta afirmação foi dirigida à Igreja em geral e não à liderança. 


Todos os crentes necessitam do poder do Espírito Santo em sua vida, para vencer as tentações, suportar as provas e perseguições, e ter ousadia e sabedoria do Espírito Santo, para proclamar as boas novas de salvação. Na Antiga Aliança, a unção era restrita aos reis, sacerdotes e profetas, como vimos no primeiro tópico. Entretanto, quando Jesus deu o brado na Cruz e expirou, o véu do templo se rasgou de alto a baixo. A partir dali, todos os crentes em Jesus tem acesso direto à presença de Deus e podem ser ungidos pelo Espírito Santo para fazer a obra do Mestre. O cristão não precisa de mediadores humanos, somente de Jesus (l Tm 2.5), para ter acesso à presença de Deus (Hb 10.19,20).


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

CARLSON, Raymond; TRASK, Thomas E.; TRIPLERT, Loren; EASTMWN, Dick; BARNETT, Tommy; CRABTREE, Charles T.; BUENO, John BICKET, Zenas J.; CARMICHAEL, Nancie. Manual Pastor Pentecostal Teologia e Práticas Pastorais. 3 Ed. 2005. pag. 7.

HORTON, Stanley M. Série Comentário Bíblico I e II Pedro. A razão da nossa fé. Editora CPAD. pag. 30-31.

LOPES, Hernandes Dias. 1 Pedro: Com os pés no vale e o coração no céu. Editora Hagnos. pág. 73-75.


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18 janeiro 2023

JESUS E A ORAÇÃO NO SEU MINISTÉRIO

(Comentário do 2º tópico da Lição 04: o Ministério avivado de Jesus)

No segundo tópico, falaremos sobre a oração no seu ministério de Jesus. Veremos o valor da oração, com base no modelo de oração que Jesus ensinou aos seus discípulos, que é chamado de "Pai Nosso". Depois veremos que o Senhor Jesus em seu ministério terreno teve uma vida de oração. Em várias ocasiões, lemos nos Evangelhos que o Mestre buscava um lugar isolado para orar. 

1. O Valor da Oração. Os discípulos viam sempre Jesus orando e, certa vez, pediram-lhe que Ele lhes ensinasse a orar. Jesus, então, forneceu para eles um modelo de oração, que ficou conhecido como "Pai-nosso", pois começa com estas palavras. Esta oração não é para ser repetida várias vezes como uma reza, como fazem os católicos no terço, repetindo 50 vezes a oração do Pai-nosso e outras que a acompanham. É apenas um modelo, para servir de parâmetro para as nossas orações. Tanto que não vemos em momento algum, Jesus ou os seus discípulos repetindo esta oração. 


No Sermão do Monte, o Senhor já havia falado sobre a forma correta de orar, alertando aos seus discípulos de que não deveriam orar como os hipócritas que oravam em pé nas sinagogas e nas esquinas, com o objetivo de serem vistos pelos homens e, consequentemente, serem elogiados e tidos como pessoas piedosas (Mt 6.5). Evidentemente, o Senhor não estava condenando a oração feita em pé ou em público, como sugere a Congregação Cristã no Brasil, pois, Ele mesmo orou em pé e em público, várias vezes. O que Jesus estava condenando era a oração ostentativa e cheia de alardes, a fim de buscar a autopromoção. 

Jesus recomendou que os seus discípulos fossem discretos nas orações, pois o Pai vê em secreto e recompensa aqueles que o buscam (Mt 6.6). Deus é onisciente e conhece até os nossos pensamentos. Por isso, Ele não se impressiona com longas orações, cheias de palavras bem elaboradas. Deus sabe do que precisamos, antes mesmo de lhe pedirmos. 

Após trazer estes ensinos sobre a oração, os discípulos pediram que Jesus lhes ensinasse a orar e lhes ensinou, conforme o modelo abaixo: 

“Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém!” (Mt 6.9-13).


Nesta oração modelo de Jesus, aprendemos alguns princípios importantes para as nossas orações: 


a. Toda oração deve ser dirigida a Deus: “Pai nosso, que estás nos Céus” Os verdadeiros discípulos de Jesus não dirigem as suas orações a santos, anjos ou quaisquer entidades. 

b. Toda oração deve começar com adoração: “Santificado seja o Teu Nome”. Antes de pedirmos qualquer coisa a Deus, devemos adorá-lo por quem Ele é e louvá-lo pelo que Ele fez, faz e fará. 

c. As nossas orações devem buscar a vontade de Deus: “Faça-se a Tua Vontade”. Jamais devemos usar a oração para tentar impor as nossas vontades a Deus, ou tentar exigir algo dEle.

d. Na oração devemos pedir o necessário à nossa sobrevivência: “O pão nosso de cada dia”. Oração não deve ser usada para buscar coisas supérfluas deste mundo ou para satisfazer as concupiscências da carne. 

e. Em nossas orações devemos confessar os nossos pecados e perdoar: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.” Os  nossos pecados impedem a nossa comunhão com Deus, pois Ele é absolutamente santo. Portanto, devemos reconhecer os nossos pecados e pedir perdão a Deus. Porém, antes de pedir perdão, é preciso perdoar a quem nos ofender, senão não seremos perdoados (Mt 6.15). 

f. Na oração devemos sempre buscar a proteção de Deus: “não nos induzas à tentação, mas, livra-nos do mal”. A versão Nova Almeida Atualizada diz: “não nos deixes cair em tentação”. Esta tradução parece mais adequada, pois induzir traz a ideia de que Deus estaria incitando alguém à tentação. Deus é o nosso protetor fiel. Somente Ele pode nos livrar de todos os males, até daqueles que não percebemos. 

g. Em nossas orações devemos reconhecer sempre a Soberania de Deus. “Teu é o Reino, o poder e a Glória”. Deus é o Criador e sustentador de todas as coisas. Tudo pertence a Ele e, portanto, Ele faz o que quer, como quer, e quando quiser. 


2. Uma Vida de Oração. Uma das estrofes do hino 296 da nossa Harpa Cristã diz o seguinte:

Jesus teve completa vitória

Porque sempre viveu em oração.

Muitos santos chegaram à glória

Sob o manto da doce oração.


De fato, o ministério terreno do Senhor Jesus foi marcado pela oração. Além de ensinar a orar, Jesus foi também um exemplo na oração. Mesmo sendo Deus, na condição humana Ele buscou ao Pai em diversas ocasiões. O Mestre orava sem cessar. Jesus falava constantemente com o Pai, em público e em particular. 


Em algumas situações, Ele orava ao amanhecer, ainda escuro: “Levantando-se de manhã muito cedo, fazendo ainda escuro, saiu, e foi para um lugar deserto, e ali orava” (Mc 1.35). Antes de escolher os seus apóstolos, Ele passou a noite em oração: "E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar e passou a noite em oração a Deus." (Lc 6.12). Que exemplo a liderança da Igreja atual! Se todos os pastores passassem a noite em oração, antes de ordenar alguém ao ministério, certamente a qualidade dos nossos obreiros seria muito mais elevada. 


No capítulo 17 de João, vemos a chamada Oração Sacerdotal de Jesus, onde Ele intercede ao Pai pelos seus discípulos. Outro exemplo muito importante a ser seguido pelos pastores, a oração intercessória pelos obreiros e membros da Igreja eles lideram. Em vez de reclamar das pessoas que lideramos na Igreja, ou maltratá-los com palavras, devemos apresentá-los a Deus em oração. 


Jesus orou também, em gratidão ao Pai: “Naquela mesma hora, se alegrou Jesus no Espírito Santo e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste às criancinhas; assim é, ó Pai, porque assim te aprouve. (Lc 10.21; Mt 11.25). Temos aqui mais um exemplo do nosso Mestre: Ser grato a Deus por tudo e reconhecer que tudo vem dele. 


No Jardim do Getsêmani, em profunda agonia, a ponto de suar gotas de sangue, o Mestre também orou ao Pai, dizendo: “Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.” (Mt 26.39). Aqui aprendemos que em nossas angústias, tristezas e lutas intensas, devemos orar e não desabafar nas redes sociais ou murmurar. Deus conhece e entende as nossas aflições. Nem sempre Ele nos livrará delas, mas, estará conosco em cada momento, por mais difícil que seja. 


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 47-48.

LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pág. 219 – 220.

BRANDT, Robert L. e BICKET, Zenas J. Teologia Bíblica da Oração: O Espírito nos Ajuda a Orar. Rio de Janeiro: CPAD, págs. 165-167).

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD. pág. 555-557.


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Ev. Weliano Pires


17 janeiro 2023

JESUS E A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

(Comentário do 1º tópico da Lição 04: o Ministério avivado de Jesus)

Neste primeiro tópico, falaremos sobre Jesus e a pessoa do Espírito Santo.  Discorremos sobre a ação do Espírito Santo na vida de Jesus em três momentos: em seu nascimento, no batismo e na tentação. Depois falaremos sobre o mover do Espírito Santo no Ministério de Jesus. O Mestre iniciou o seu ministério aos trinta anos e durou cerca de três anos. Logo no início, na Sinagoga de Nazaré, onde Ele fora criado, Ele leu a profecia de Isaías 61, que diz "O Espírito do SENHOR está sobre mim…" e aplicou-a ao seu ministério. Durante todo o seu ministério terreno, Ele foi guiado pelo Espírito Santo, operou muitos milagres pelo poder do Espírito Santo e a sua mensagem também era proclamada com autoridade. 


1. O Espírito Santo na vida de Jesus. Deus é um Ser Triúno, ou seja, Ele subsiste eternamente em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Neste aspecto, Pai, Filho e Espírito Santo são inseparáveis. Onde o Pai está, o Filho e o Espírito Santo também estão, pois Deus é Onipresente. Esta união intrínseca entre as três pessoas da Santíssima Trindade é chamada na teologia de "Pericorese". É um conceito teológico que se refere à habitação das Pessoas da Trindade uma na outra. Cada pessoa da Trindade está nas outras e cada uma se dá às outras duas. É assim que acontece a eterna intimidade entre o Filho e o Espírito Santo. Jesus falou desse relacionamento, que já existia antes da fundação do mundo: (Jo 17.5). Falou também dessa intimidade, que sempre teve com o Pai: "Não crês tu que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?" (Jo 14.10). O Espírito está também nessa Trindade (1 Co 2.10).


Jesus é Deus e sempre existiu. Ele estava no princípio com Deus, ou seja, é alguém distinto do Pai. Mas, Ele também é Deus, igual ao Pai e ao Espírito Santo (Jo 1.1; 17.5). Como Deus, Jesus não poderia se manifestar ao mundo em glória, pois ninguém O suportaria. O plano de Deus para a salvação da humanidade incluía: o cumprimento da Lei, que o homem falhou em cumprir  (Mt 5.17; Gl 4.5); e um sacrifício perfeito de sangue, para apagar os pecados (Hb 9.22; Hb 10.5). Somente o próprio Deus teria condições de fazer isso, pois não havia ninguém perfeito na humanidade que pudesse oferecer este sacrifício. Portanto, era necessário o Filho de Deus tornar-se homem, mas, sem pecado. Este processo é chamado de “Encarnação do Verbo”: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós".  (Jo 1.14). 


a. A ação do Espírito Santo no nascimento de Jesus. Todo o processo de encarnação do Filho de Deus foi conduzido e realizado pelo Espírito Santo. Uma virgem de Nazaré, na Galiléia, chamada Maria, estava desposada com um jovem da descendência de Davi, chamado José. Desposada era uma espécie de noivado, na cultura Judaica da época do nascimento de Jesus, que acontecia cerca de um ano antes do casamento. Os cônjuges oficializaram o casamento, mas esperavam um ano para se relacionarem sexualmente. Neste período, a jovem Maria recebeu a visita do anjo Gabriel, que lhe disse as seguintes palavras: “Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres; Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus. E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.” (Lc 1.28; 30-31). 


Maria, evidentemente, ficou sem entender, pois ainda não era casada oficialmente e não havia se relacionado sexualmente com ninguém. Ela, então, perguntou ao anjo: “Como se fará isto, visto que não conheço homem algum?” (Lc 1.34). O anjo lhe respondeu dizendo: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus.” (Lc 1.35). Após esta resposta do anjo, Maria creu e deu-lhe uma sábia resposta: “Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra”. (Lc 1.38). 


b. A ação do Espírito Santo no batismo de Jesus. No evangelho de João, quando lemos sobre o batismo de Jesus, João Batista nos informa que antes de batizar Jesus, aquele que havia lhe enviado a batizar o orientou sobre quem seria o Cristo, e que Ele batizaria com o Espírito Santo: “E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu como uma pomba e repousar sobre ele. Eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo.” (Jo 1.32,33). 


Lucas, por sua vez, relata que no momento do batismo de Jesus, aconteceram três eventos extraordinários: (a) o céu se abriu (Lc 3.21); (b) o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma de pomba (Lc 3.22a); e (c) ouviu-se uma voz vindo do céu que estava aberto (Lc 3.22b). Esta descida do Espírito Santo desta forma é uma indicação de que aquilo foi real e não apenas uma visão, como muitos poderiam imaginar. Isso também não significa que Jesus não tivesse o Espírito Santo antes do seu batismo, pois, conforme já falamos Jesus foi cheio do Espírito Santo desde a  sua concepção. 


A descida do Espírito Santo no batismo de Jesus significa que Deus estava confirmando publicamente que Ele é o Messias. Era também um sinal para João, pois como já falamos, Deus havia lhe dado este sinal. Há também uma manifestação visível da Santíssima Trindade: O Pai falando dos Céus, o Filho sendo batizado na terra e o Espírito Santo descendo sobre o Filho.


c. A ação do Espírito Santo na tentação de Jesus. Todo o processo da tentação de Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo. O texto bíblico nos mostra que Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado pelo diabo. “E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto.” (Lc 4.1). No deserto, em jejum, oração e íntima comunhão com o Pai, Jesus foi tentado por um espaço de quarenta dias. 


O relato da tentação de Jesus nos ensina que Ele não foi tentado motivado por concupiscência interior, ou quaisquer resquício de soberba e cobiça, oriundo da natureza humana decaída, pois, Ele não tinha pecado e a sua natureza não era corrompida. Também não foi tentado por iniciativa do diabo. Fazia parte do plano de Deus e Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo a esse processo. Na tentação, o diabo tentou fazer com que Jesus desviasse o foco da sua missão e tentou fazê-lo ter dúvida de que Ele era o Filho de Deus. Mas, Jesus fortalecido no Espírito, venceu as investidas do inimigo com a poderosa Palavra de Deus.


Da mesma forma, quando somos tentados, nunca devemos enfrentar as forças espirituais da maldade e do pecado, com as nossas próprias forças, sem o poder do Espírito. Precisamos nos equipar com toda a armadura de Deus, para vencer e depois da vitória ficar firmes. (Ef 6.10-18). 


2. O Espírito Santo no ministério de Jesus. Além de estar presente e agir em todos os momentos da vida terrena de Jesus, o Espírito Santo também atuou no ministério de Jesus, desde o princípio. Após a vitória de Jesus sobre o diabo na tentação, Lucas registrou que “pela virtude do Espírito Santo, Jesus voltou para a Galiléia”. A sua fama corria toda parte e Ele ensinava nas Sinagogas (Lc 4.14,15). Na Sinagoga de Nazaré, onde Jesus havia sido criado e era conhecido de todos, Ele levantou-se para ler as Escrituras. Foi-lhe dado o Livro do profeta Isaías e Ele leu o trecho do capítulo 61.1-3, onde está escrito assim: "O Espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; A apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes; "A ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do SENHOR, para que ele seja glorificado." 


Após fechar o Livro e entregá-lo ao ministro da Sinagoga, os olhares do povo estavam voltados para Ele, aguardando a explicação daquela leitura. Jesus, então, respondeu-lhes: "Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos." Todos estavam admirados dos seus ensinos, até Ele dizer que nenhum profeta tem honra em sua própria pátria e fazer menção aos milagres realizados pelos profetas Elias e Eliseu entre os gentios e não em Israel. O povo de Nazaré se encheu de ira e o expulsaram da Sinagoga. Em seguida levaram-no ao cume do monte, tentando precipitá-lo de lá. Mas Ele conseguiu escapar. 


Podemos ver a ação do Espírito Santo no Ministério de Jesus em pelo menos três aspectos: 


a. Ele foi ‘ungido’ pelo Espírito Santo. A palavra ungido em hebraico é “Mashiach”, transliterada para o português como “Messias”. No grego, a palavra correspondente é “Christos”. Literalmente, significa derramar óleo em uma pessoa ou objeto, consagrando-o para um serviço ou finalidade específica. Quando se tratava de unção de pessoas, através deste ato simbólico, a autoridade de Deus era conferida à pessoa ungida. Esta autoridade conferida é chamada de unção. A pessoa ou objeto ungido, se tornavam santos (Êx 30: 22-33; 1 Sm 24: 6; 10). No contexto do Antigo Testamento, a unção era determinada por Deus e só se ungia três tipos de pessoas: reis, profetas e sacerdotes. No Novo Testamento, Jesus foi ungido pelo Espírito Santo e cumpriu, com perfeição, estes três ofícios: Rei, Profeta e Sacerdote. Como vimos na lição passada, o evangelista Mateus demonstrou para os judeus, através das profecias que Jesus era o “Mashiach” (O Ungido) prometido a Israel. 


b. Ele operava milagres no Poder do Espírito Santo. Jesus realizou muitos milagres, que causaram espanto nas pessoas que os presenciaram: curou paralíticos, leprosos, cegos, uma mulher com um fluxo de sangue, um homem que tinha a mão ressecada, um surdo-mudo, ressuscitou mortos, multiplicou pães e peixes, andou sobre as águas, acalmou tempestades dando ordem ao vento e ao mar, transformou água em vinho, expulsou demônios e fez muitos outros milagres, que segundo João, não foram registrados todos, pois o livro não comportaria (Jo 21.25). Todos estes sinais e maravilhas foram realizados pelo poder do Espírito Santo que estava sobre Ele. Quando Ele ressuscitou o filho da viúva de Naim, as pessoas ficaram maravilhadas e glorificaram a Deus: “E de todos se apoderou o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós, e Deus visitou o seu povo. E correu dele esta fama por toda a Judéia e por toda a terra circunvizinha.” (Lc 7.16,17).


c. Ele pregou mensagens poderosas. Os sermões e diálogos de Jesus eram cheios do poder de Deus e causavam impactos nas pessoas que os ouviam. Após o discurso de Jesus na Festa dos Tabernáculos, as autoridades religiosas se encheram de ira contra Ele e mandaram os guardas prendê-lo. Os guardas o ouviram e voltaram sem o prenderem. As autoridades os questionaram, por não terem cumprido a ordem e eles responderam: “Nunca homem algum falou assim como este homem.” (Jo 7.46). No final do Sermão do Monte também, a multidão ficou admirada com as Palavras de Jesus: “E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina, porquanto os ensinava com autoridade e não como os escribas.” (Mt 7.28,29). A mensagem de Jesus causava ira e inveja nos incrédulos, mas oferecia liberdade aos cativos, alívio aos cansados, perdão aos pecadores e esperança aos desesperados. Ele pregou aos pobres e pescadores, mas também pregou aos ricos, como Zaqueu e José de Arimatéia; pregou aos indoutos, mas também pregou aos mestres da Lei, como Nicodemos; pregou também às categorias discriminadas e desprezadas, como os publicanos, prostitutas, mulheres e samaritanos. 


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

LOPES, Hernandes Dias. Lucas: Jesus o Homem. Editora Hagnos. 1 Ed 2017.        

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD. pag. 1529.    

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 322-323.

PEARLMAN, Myer. Lucas. O Evangelho do Homem Perfeito. Editora CPAD. pag. 29-30.


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Ev. Weliano Pires

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