(Comentário do 1º tópico da Lição 09: O Batismo - A primeira Ordenança da Igreja).
Ev. WELIANO PIRES
No primeiro tópico, falaremos sobre os pressupostos bíblico-doutrinários do batismo. Falaremos do erro de considerar o Batismo como um sacramento e a origem deste desvio doutrinário na Igreja. Depois veremos que o Batismo não é um sacramento e sim, uma ordenança de Cristo à Sua Igreja. Por último, veremos que o Batismo deve ser apenas a pessoas adultas, ou jovens que tenham alcançado a idade da razão, pois o Batismo está relacionado à Fé em Cristo.
1. O Batismo visto como sacramento: a origem de um erro. Um dos primeiros erros em relação ao batismo é considerá-lo como um sacramento, ou seja, um ritual sagrado, que transmite graça aos participantes. A palavra sacramento é desconhecida de muitas pessoas no meio evangélico. Ela deriva do latim sacramenntum e diz respeito a um ritual ou sinal sagrado, através do qual os que dele participam, recebem algum tipo de graça espiritual. Este ensino teve início com o bispo Agostinho de Hipona, que viveu entre 354 e 430 d. C. A Igreja Católica Romana e até algumas Igrejas Protestantes seguem esta tradição agostiniana. Entretanto, não há nenhum fundamento bíblico para afirmarmos que o Batismo em si transmita ao fiel algum tipo de benção espiritual.
A importância do batismo em águas está no fato da pessoa crer em Jesus e manifestar publicamente esta fé, de forma simbólica, através do batismo, como veremos no próximo tópico. O batismo não é um ritual para a salvação. Ele é uma prática ordenada por Jesus àqueles que nele creram. Primeiro a pessoa crê e depois é batizada, não o contrário. Se uma pessoa creu em Jesus de todo o coração e não houve possibilidade de ser batizada, será salva, como aconteceu com o ladrão que se arrependeu na cruz. Mas o fato de alguém ser batizado não faz dele um salvo.
2. O Batismo não é sacramento mas ordenança de Cristo. Se por um lado há aqueles que dizem que o batismo é um sacramento, como vimos acima, por outro lado, há os que acham que ele é desnecessário ou opcional. Também não é assim. Não há nenhuma menção na Bíblia ao batismo como ritual místico, capaz de transmitir algo a quem dele participa. Entretanto, a Bíblia nos o batismo como uma ordenança do Senhor Jesus à Sua Igreja, a ser ministrada aos que creram nele.
Quando falamos em ordenança nos referimos a algo que foi ordenado pelo Senhor Jesus e que deve, obrigatoriamente , ser praticado. O Senhor Jesus estabeleceu duas ordenanças à sua Igreja que são: o Batismo em águas e a Ceia do Senhor, que estudaremos na próxima aula. Estas ordenanças devem ser vistas apenas como memoriais e símbolos, não como rituais capazes de trazer benefícios espirituais aos participantes.
No conhecido texto de Mateus 28.19, que menciona a Grande comissão de Jesus à Sua Igreja, após a Sua ressurreição, lemos o seguinte: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Vemos claramente neste texto, que o batismo deve ser ministrado àqueles que creram em Jesus e foram feitos discípulos dele. Portanto, primeiro fazemos discípulos, depois batizamos.
O mesmo Jesus que mandou fazer discípulos, mandou também batizar. No Evangelho segundo Marcos também, a ordem para batizar aparece depois da ordem para pregar o Evangelho: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer, será condenado.” (Mc 16.15,16). Da mesma forma, o apóstolo Pedro, em seu discurso no Dia de Pentecostes, disse aos seus ouvintes: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.” (At 2.38).
3. O Batismo deve ser administrado aos adultos. O terceiro pressuposto bíblico em relação ao batismo é que ele é uma prática destinada aos adultos, ou a pessoas que tenham alcançado a idade da razão e creram em Cristo. O mesmo Agostinho, que ensinou que o batismo é um sacramento, também ensinou o pedobatismo ou batismo infantil. A Igreja Católica, Igreja Ortodoxa, Igreja Anglicana e alguns segmentos do protestantismo seguem esta prática, mas o fazem por razões diferentes.
Na Bíblia, no entanto, vemos o batismo sendo administrado apenas aos adultos. Não há nenhum caso de batismo infantil nas Escrituras. João Batista realizou batismos no Rio Jordão, recomendando antes o arrependimento. O próprio Jesus foi batizado aos 30 anos de idade. Os apóstolos, que deram continuidade ao ministério de Jesus, também batizaram. Mas não há registros na Bíblia de que eles batizaram crianças.
Em Samaria, o diácono Filipe pregava e aqueles que creram na mensagem pregada, eram batizados: “Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus, e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres.” (At 8.12). Filipe batizou também o oficial da rainha da Etiópia, depois que ele creu em Jesus (At 8.36-38). Da mesma forma, o apóstolo Pedro pregou na casa do Centurião Cornélio e todos os que creram, foram batizados (At 10.44-48). Depois de recomendar ao carcereiro de Filipos que, para ser salvo, ele deveria crer no Senhor Jesus Cristo, Paulo batizou todos os que creram (At 16.31-34).
Em nenhum destes episódios é mencionado o batismo de crianças. Alguém pode argumentar que estas pessoas foram batizadas na idade adulta, porque durante a sua infância, os seus pais não eram cristãos. Entretanto, cristãos como Atanásio, Basílio, Clemente de Alexandria, Hipólito, Gregório de Nissa, Crisóstomo, Jerônimo e o próprio Agostinho, mesmo sendo filhos de cristãos, não foram batizados na infância.
GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.
ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 40, 1º Trimestre de 2024.
HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, pp.569,570).
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