(Comentário do 3° tópico da Lição 05: A Missão da Igreja de Cristo)
Ev. WELIANO PIRES
No terceiro tópico, falaremos da missão da Igreja em relação à comunhão e socialização. A Igreja é uma comunidade de irmãos e, portanto, os seus membros não podem viver isolados. Por isso, não se pode ser Igreja sozinho, como querem os desigrejados. No aspecto da socialização, a Igreja de Cristo deve estar pronta a socorrer os necessitados, começando pelos domésticos da fé. Se alguém tiver recursos neste mundo e não socorrer ao próximo em suas necessidades, o amor do Pai não está nele (1 Jo 3.17).
1. A fé na esfera fraternal. No texto de Atos 2.42, que está no Texto Áureo desta lição, vemos os principais pilares da Igreja Primitiva: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.” Falaremos abaixo sobre cada um destes pilares e a sua importância para a Igreja atual.
O primeiro pilar era a doutrina dos apóstolos, que era o ensino de tudo aquilo que eles aprenderam com Jesus ao longo de três anos. O Novo Testamento ainda não havia sido escrito e eles transmitiam oralmente à Igreja, os ensinos que receberam do Mestre.
O segundo pilar era a comunhão. A palavra grega traduzida por comunhão neste texto é koinonia, que significa “parceria, participação e comunhão espiritual”. O comentarista nos informa que este termo aparece 19 vezes no Novo Testamento.
No contexto de Atos 2.42, koinonia (comunhão) é uma referência à união dos irmãos em todos os sentidos. Eles tinham uma comunhão tão profunda que, os que tinham mais de uma propriedade decidiram, voluntariamente, vender uma e doar o dinheiro para a liderança da Igreja suprir a necessidade dos mais pobres. Esta atitude generosa fez com que não houvesse nenhum necessitado entre eles.
Não pode haver Cristianismo onde não há comunhão e os crentes vivem isolados. Há várias recomendações no Novo Testamento sobre a necessidade de haver comunhão entre os irmãos. O apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos disse: “Comunicai com os santos nas suas necessidades…” (Rm 12. 13). Muitas pessoas interpretam mal este texto e imaginam que ele está dizendo para “contarmos as nossas necessidades aos santos”. Mas não é isso que o texto diz.
A palavra comunicar neste texto significa “compartilhar” e “suas necessidades” significa a necessidade dos outros. Na versão NVI está mais claro: Compartilhem o que vocês têm com os santos em suas necessidades…” Portanto, Paulo está falando de ter comunhão, tomando parte nas necessidades dos irmãos.
O terceiro pilar da Igreja Primitiva fala do Partir do pão. O partir do pão aqui tem dois sentidos: a Ceia do Senhor e a refeição que eles chamavam de ágape. Era uma refeição, onde os discípulos se reuniam e comiam juntos, ricos e pobres. Em Corinto, eles deturparam o objetivo desta refeição e Paulo os repreendeu.
O último pilar era a oração. A Igreja Primitiva vivia em constante oração. Inicialmente eles oraram buscando o revestimento de poder, que havia sido prometido por Jesus. Depois disso, oraram em várias circunstâncias: Eles frequentavam o templo na hora da oração (At 3.1); Oraram, quando foram ameaçados pelas autoridades judaicas (At 4.24-40); oraram pela libertação de Pedro da prisão (At 12.5); etc.
Estes pilares estão interligados, ou seja um depende do outro. Uma Igreja que tem o ensino sistemático da Palavra de Deus e vive em constante oração, terá também comunhão, partir do pão, temor a Deus e salvação de almas (At 2.42-47). Quando os membros de uma Igreja vivem em guerra e isolados, cada um buscando os seus próprios interesses, é porque está faltando ensino bíblico e oração.
2. Unidade e Fraternidade. No segundo tópico da lição 03, quando falamos da natureza da Igreja, tratamos da unidade da Igreja. Vimos que a Igreja é una e que deve haver unidade na diversidade. O Senhor Jesus quando orou pelos seus discípulos, rogou ao Pai, para que eles um, assim como Ele é um com o Pai.
Evidentemente, quando falamos da unidade da Igreja não estamos falando de denominação, como fazem algumas seitas que dizem ser a única Igreja de Cristo. A unidade da Igreja é uma referência à Igreja universal e invisível, que é formada por todos os salvos. Nesse sentido, só existe uma Igreja de Cristo na Terra. A unidade da Igreja acontece também na união entre os membros de uma Igreja local.
A palavra fraternidade vem do latim frater, que significa irmão. Os membros da Igreja de Cristo são filhos de um mesmo Pai que é Deus e, portanto, são todos irmãos. Sendo irmãos devemos ter comunhão e tratar uns aos outros como irmãos. Na Epístola aos Hebreus, no capítulo 13, versículo 1, temos a seguinte recomendação: “Permaneça o amor fraternal”. A palavra grega traduzida por amor fraternal é “Filadélfia”, que é formada por dois termos gregos “Philos” (amor, amidade) e “adelphos” (irmão). Significa, portanto, “amor entre os irmãos”. O amor entre os irmãos é uma característica inerente à Igreja de Cristo.
3. A fé na esfera social. Nós somos adeptos da chamada Teologia da Libertação, propagada por alguns teólogos católicos, segundo a qual, a libertação que Jesus veio trazer foi econômica e social. Segundo esta teologia, Jesus veio libertar os pobres da opressão dos ricos. Por conta disso, demonizam os ricos e o capitalismo. Com a alegação de que os fins justificam os meios, defendem invasão de propriedade, roubos e luta armada em nome da causa socialista. Não há nenhum fundamento bíblico para isso.
Entretanto, isto não significa que a Igreja não deve socorrer os necessitados. Há no Novo Testamento vários textos que falam da ajuda aos necessitados. Na Igreja de Jerusalém, como já falamos, quem tinha mais de uma propriedade, vendia e trazia o dinheiro aos apóstolos para socorrer os pobres.
O apóstolo Paulo também fazia coletas nas Igrejas por onde passava para ajudar os pobres da Judeia. O apóstolo João, falando sobre o amor ao próximo, questiona se alguém que tem recursos, vendo o seu irmão passar necessidades e não o socorre, o amor de Deus pode estar nele. Tiago também falou sobre isso, dizendo: “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.” (Tg 1.27).
REFERÊNCIAS:
GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.
ENSINADOR CRISTÃO, CPAD, Nº 96, pág. 29, 1º Trimestre de 2024.
PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p.260
STOTT. John R. W. Cristianismo Equilibrado. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD. 1995, pp.60,61
BÍBLIA DE ESTUDO PALAVRAS-CHAVE: Hebraico e grego. 4ª Ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2015.
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