(Comentário do 2º tópico da Lição 08: A disciplina na Igreja).
Ev. WELIANO PIRES
No segundo tópico, falaremos do propósito da disciplina bíblica. O primeiro propósito da disciplina é manter a honra de Cristo, pois quando o pecado é tolerado no seio da Igreja, Cristo é desonrado perante o mundo. O segundo propósito é frear o comportamento pecaminoso, pois o pecado é contagioso e se não contido, contamina toda a Igreja. O terceiro propósito da disciplina é não tolerar o pecado no seio da Igreja. A liderança de uma Igreja não é responsável diante de Deus pelo pecado das pessoas, mas será responsabilizada por tolerá-las no seio da Igreja, como parte dela (Ap 2.20).
1. Manter a honra de Cristo. A Igreja foi incumbida por Jesus da responsabilidade de pregar o Evangelho a toda criatura. Esta pregação não consiste apenas no discurso, mas também no testemunho de vida de cada cristão. As pessoas não olham apenas para o que nós pregamos. Olham principalmente para o que nós fazemos.
No Sermão da Montanha, o Senhor Jesus disse aos seus discípulos: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” Se por um lado, Deus é glorificado quando praticamos boas obras, o oposto também é verdadeiro. Se dizemos que somos seguidores de Cristo e continuamos no pecado, Deus é blasfemado por nossa causa.
As nossas boas obras autenticam a nossa pregação. O mundo está cheio de hipócritas com discursos bonitos e vida libertina, absolutamente incompatíveis. A Igreja do Senhor não pode ser assim. Se um membro da Igreja insiste em permanecer no pecado, a Igreja tem a obrigação de aplicar a disciplina para manter a honra de Cristo e ter autoridade para continuar pregando o Evangelho.
2. Frear o comportamento pecaminoso. Um pequeno furo em uma barragem, começa passando um pouco de água, mas se não for fechado, vai crescendo até romper a estrutura da barragem. Da mesma forma, uma pequena infiltração de água em uma parede pode gerar um desabamento. São problemas que começam pequenos, mas tendem a crescer e gerar um desastre enorme, se não forem contidos.
Uma fruta podre contamina toda a caixa, se não for retirada do meio das outras. Da mesma forma, uma ovelha rebelde pode levar todo o rebanho a se dispersar. há ainda o caso de uma doença contagiosa, que contamina outras pessoas. Há vários tipos de doenças que a pessoa infectada precisa ser isolada, como é o caso da tuberculose, sarampo rubéola, covid-19 e muitas outras.
A mesma coisa acontece com as práticas pecaminosas na Igreja. Se não forem contidas, irão se alastrar contaminar toda a congregação. A disciplina, nesse caso, tem o propósito de conter o pecado no seio da Igreja e evitar que ele cresça e influencie outras pessoas.
3. Não tolerar a prática do pecado. Vivemos em uma geração de crentes, onde as pessoas não querem ser confrontadas em seus erros. Tem uma frase muito correta sobre isso, que diz: “Antigamente, quando as pessoas pecavam e eram repreendidas, mudavam o comportamento, hoje mudam de Igreja”.
Muitos crentes hoje em dia, de forma equivocada, supervalorizam o amor de Deus, em detrimento da Sua Santidade e Justiça. É evidente que Deus ama, como ninguém jamais amou. Entretanto, Ele é Santo e Justo e não tolera o pecado. Amar não significa tolerar o erro e não repreender. Uma mãe que percebe que o seu filho pequeno está com um copo de veneno na para beber e não o repreender, não o ama!
Quando se critica alguma prática pecaminosa e se repreende o infrator, a primeira coisa que algumas pessoas dizem é que não devemos julgar. Estas pessoas interpretam mal o texto de Mateus 7.1, que diz:"Não julgueis, para que não sejais julgados". Mas, que tipo de julgamento, Jesus estava proibindo? Se lermos os versículos seguintes, entenderemos. Neles, Jesus fala de alguém com uma trave no próprio olho, querendo tirar um cisco no olho do seu próximo. Portanto, o que Jesus proíbe é um hipócrita julgar, sem olhar para os próprios erros e se por a vasculhar a vida dos outros, procurando erros, para lhes pronunciar sentença de condenação.
O apóstolo Paulo, escrevendo aos Coríntios, repreendeu-lhes, por tolerarem no meio da Igreja, uma pessoa que mantinha um relacionamento incestuoso com a mulher do próprio pai (1 Co 5.1,2). Da mesma forma, o Senhor Jesus repreendeu o pastor da Igreja de Tiatira, por tolerar que uma falsa profetisa enganasse a Igreja, levando os membros a se prostituir e comer os sacrifícios da idolatria (Ap 2.20). Não era o pastor que estava fazendo isso, mas tolerava que alguém fizesse.
GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.
ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 40, 1º Trimestre de 2024.
PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.466.
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp.510,511.
Nenhum comentário:
Postar um comentário