(Comentário do 3º tópico da Lição 06: Igreja: Organismo e organização).
Ev. WELIANO PIRES
No terceiro tópico, falaremos do governo da Igreja nas diferentes tradições cristãs. Discorreremos sobre os três tipos de governo eclesiástico: Presbiteral, Episcopal e Congregacional. Por último, falaremos do sistema de governo da Assembléia de Deus nos Estados Unidos e no Brasil, que varia de acordo com a época e a região.
1. Episcopal. O sistema de governo Episcopal deriva da palavra grega episkopos, traduzida por bispo, que é um superintendentes. Neste sistema, o governo da Igreja é exercido através de bispos ou pastores presidente. Há um supervisor regional que é o bispo ou pastor presidente, que lidera outros bispos ou pastores. Neste sistema, os bispos ou pastores são tanto líderes espirituais como administradores da Igreja.
É importante esclarecer que há vários tipos de episcopalismos, que diferem entre si:
a. Episcopalismo Católico Romano. É um modelo de episcopalismo herético. No início do quinto século d.C., a Igreja de Roma adotou a heresia de que o Bispo de Roma era o legítimo sucessor de Pedro e, como tal, tinha autoridade não apenas sobre os demais bispos, mas também do governo secular. A partir daí criaram uma série de heresias em torno da figura do Papa (palavra latina que significa pai) como a de que ele é o vigário (substituto) de Deus e que é infalível. O episcopalismo católico é o mais hierarquizado de todos. O Papa é o líder máximo da Igreja. Abaixo dele, há os cardeais arcebispos, que são líderes de uma arquidiocese, que corresponde a uma província ou estado. Depois vem os bispos, que são líderes de regiões chamada dioceses. Por último os padres, que são líderes de uma Igreja local, chamada paróquia. Outra heresia do episcopalismo romano é a ideia de que os seus clérigos são sacerdotes, ou mediadores entre o homem e Deus.
b. Episcopalismo Anglicano. Tem uma estrutura semelhante ao episcopalismo romano. O líder máximo é o Arcebispo da Cantuária. Este Arcebispo preside as assembleias dos bispos, mas não tem poderes absolutos sobre a Igreja, nem é chefe de estado como o Papa. Depois do Arcebispo da Cantuária, vem os bispos, presbíteros e diáconos na hierarquia. Na Igreja Anglicana, não há a ideia de infalibilidade do líder máximo, embora tenham também a ideia de sucessão apostólica.
c. Episcopalismo Luterano/Metodista. A Igreja não possui um lidera máximo. Os bispos lideram as dioceses, que são sedes regionais e escolhem os pastores das paróquias que são as Igrejas locais. A Igreja Metodista também segue este modelo.
d. Igrejas Neopentecostais. Nas Igrejas neopentecostais, o bispo ou apóstolo fundador é o líder máximo e detém o poder absoluto. Em muitas delas, o bispo é o líder e a sua esposa (que normalmente é bispa também) e filhos os seus auxiliares. Nesse meio há também aqueles que dizem receberam revelações especiais e que são patriarcas, apóstolos, paipóstolos e outras aberrações.
2. Presbiteral. O modelo de administração presbiteral ou Presbiteriano é uma democracia representativa. A Igreja local elege os presbíteros, pastores e diáconos. A administração da Igreja é feita pelo conselho, que é formado pelo pastor e pelos presbíteros eleitos pela Igreja. O conselho se reúnem e toma as decisões. Após cinco anos de mandato, todos os presbíteros deixam o conselho se não forem reeleitos.
Nessa forma de governo, o pastor é um líder espiritual, que cuida da oração, ensino da Palavra de Deus e visitas. Os presbíteros têm autoridade sobre ele. A autoridade máxima é o Supremo Concílio, que é formado por pastores e presbíteros representantes dos presbitérios de todo o país.
Este é o modelo das Igrejas Presbiterianas e de algumas Igrejas pentecostais dos Estados Unidos. A Assembléia de Deus dos Estados Unidos segue o modelo Presbiteral.
3. Congregacional. O modelo Congregacional é uma democracia direta e não há hierarquia. As Igrejas locais são soberanas e todas as decisões são tomadas pela Assembleia dos membros da Igreja local. Todos os membros da Igreja que estiverem em comunhão possuem direito a voto.
As Igrejas locais formam confederações e são filiadas a Convenções que deliberam sobre assuntos comuns a todas as Igrejas, como questões doutrinárias. Mas não possuem nenhuma autoridade sobre as Igrejas locais e não se intrometem em questões administrativas. Todas as decisões são tomadas em votação entre os membros da Igreja.
No modelo congregacional, o pastor é escolhido pela assembleia da Igreja local e não possui mandato. Se a assembleia decidir substituí-lo, tem autoridade para fazê-lo.
Neste modelo só existem dois oficiais, que são os pastores e os diáconos. Este é o modelo das Igrejas Batistas e da Igreja Congregacional.
4. O sistema de governo de nossa igreja. A Assembléia de Deus no Brasil foi fundada pelos missionários suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren, que pertenciam à Igreja Batista dos Estados Unidos e creram na Doutrina Pentecostal. Quando chegaram em terras brasileiras, em 1910, foram congregar na Igreja Batista, em Belém (PA). Entretanto, em poucos meses foram expulsos, por causa da pregação da atualidade dos dons espirituais.
Em 18 de junho de 1911, eles iniciaram um novo trabalho na casa da irmã Celina de Albuquerque, que foi a primeira crente brasileira a receber o batismo no Espírito Santo e também foi expulsa da Igreja Batista. Inicialmente, esta nova Igreja recebeu o nome de Missão da Fé Apostólica, nome usado pelo Movimento Pentecosta da Rua Azuza, em Los Angeles. Somente, em 1918, o nome foi mudado para Assembleia de Deus, por causa da fundação da Assembléia de Deus dos Estados Unidos, em 1914,
Em seus primórdios, a Assembléia de Deus seguia o modelo congregacional, pois os seus pioneiros eram congregacionais. Entretanto, a partir de 1930, com a criação da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil (CGADB), foram incorporados alguns elementos do modelo Presbiteral, talvez por influência da Assembléia de Deus americana que é Presbiteral.
A Assembléia de Deus no Brasil, por ter sido fundada por crentes oriundos da Igreja Batista e também ter recebido membros de Igrejas tradicionais, como Batista e Presbiteriana, que aderiram à Fé Pentecostal, tornou-se uma denominação plural, cujo modelo de administração varia muito de um ministério para outro, ou de um estado para outro.
Em alguns estados, há apenas um pastor presidente em todo o estado, que é também o presidente da Convenção estadual. As sub sedes ou filiais não possuem autonomia administrativa e tem um líder regional que é subordinado ao pastor presidente estadual. Em outros estados, há campos eclesiásticos, que têm um presidente com total autonomia administrativa. Mantêm apenas o vínculo convencional, através dos pastores e evangelistas. Mas a convenção não interfere na administração da Igreja.
Até no mesmo estado, muda de um campo eclesiástico para outro, onde os pastores de campo são presidentes. Por exemplo, no campo do Belenzinho, na Grande São Paulo, presidido pelo Pr. José Wellington, tem diferenças funcionais em relação a outros campos do interior, onde há outros presidentes. Estas diferenças, no entanto, não são doutrinárias, apenas administrativas.
REFERÊNCIAS:
GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.
ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 39, 1º Trimestre de 2024.
HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal.RIO DE JANEIRO:CPAD, 2023, p.550.
ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. RIO DE JANEIRO:CPAD, 2007, pp.715,716
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