18 novembro 2023

VOCAÇÃO, PROFISSÃO E MISSÕES

(Comentário do 3° tópico da Lição 08: Missionários fazedores de tendas).

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos sobre a relação entre vocação, profissão e missões. Veremos que Deus é quem chama e capacita os missionários para as suas respectivas missões. Depois, veremos que cada cristão deve se dispor a exercer a vocação para a qual foi chamado pelo Senhor. Por último, veremos que a nossa profissão pode ser o nosso campo missionário. 


1. Deus é quem chama. Jesus disse que a seara é grande e poucos são os trabalhadores (Lc 10.2). Há trabalho para todos os que querem trabalhar na obra do Senhor. Tanto na Igreja local em nosso bairro, como em nosso país e até no exterior, há muito trabalho a fazer. No mesmo texto, o Senhor Jesus disse aos seus discípulos para “rogarem ao Senhor que envie mais trabalhadores para a Sua Seara.”


A chamada vem de Deus. Ele chama a todos para a salvação (Mt 11.28; Lc 5.32). Aqueles que atenderem ao Seu chamado, ele faz um segundo chamado para levar o Evangelho aos perdidos (Mt 28.19; Mc 16.15; At 1.8). Além de chamar, Deus também capacita e concede as habilidades necessárias a cada um dos chamados.


Depois de ser chamados pelo Senhor e capacitados pelo Espírito Santo para fazer a obra de Deus, arde em nosso coração o desejo de fazer a Obra do Senhor. Atribui-se a Charles Spurgeon, a seguinte frase: “Se você não tem nenhum desejo de levar outros ao céu, é porque você mesmo não está indo para lá.” Quem foi salvo por Jesus, tem prazer e sente-se na obrigação de levar a mensagem de salvação aos perdidos.  


2. Exercendo a vocação. O que é vocação? Há diferença entre chamada e vocação? O pastor Elias Torralbo, em seu livro “Vocação - Descobrindo o seu chamado”, publicado pela CPAD mostra-nos uma excelente definição de vocação:  


“Vocação diz respeito à inclinação, tendência, ou, ainda, pender para o exercício de uma tarefa que é capaz de dar ao vocacionado verdadeira satisfação por estar diretamente ligado ao propósito de sua vida [...]. Podemos afirmar que vocação tem a ver com a percepção interna que o crente tem, ou deve ter, a respeito daquilo que Deus espera dele no que diz respeito a um trabalho específico a ser desenvolvido.”


A chamada é geral para todos os crentes. Todos nós fomos chamados para ser salvos e todos os salvos fomos enviados para pregar o Evangelho. Entretanto, a vocação é uma chamada específica e pessoal. Cada um de nós recebe do Senhor uma vocação. Infelizmente, nas igrejas há muitas pessoas fora da vocação que receberam do Senhor e causam muitos prejuízos a si mesmo e à Igreja de Cristo. 


O Senhor Jesus vocacionou alguns para serem: apóstolos, evangelistas, profetas, pastores e mestres (Ef 4.11). Estes são os dons ministeriais, concedidos pelo Senhor Jesus à sua Igreja, com o objetivo de “aperfeiçoar” o Corpo de Cristo. A palavra grega traduzida por "aperfeiçoar" era usada para se referir ao ato de fixar um osso quebrado durante uma cirurgia. Alguém que foi vocacionado por Deus para ser pastor, não deve atuar em outra área e assim, sucessivamente. 


O Senhor concedeu também os dons espirituais: Palavra de sabedoria, palavra de conhecimento, fé, dom de cura, operação de maravilhas, profecia, discernimento de espíritos, variedade de línguas e interpretação de línguas (1 Co 12.1-11). São capacitações sobrenaturais que o Espírito Santo concede à Igreja do Senhor, para edificação, exortação e consolação do povo de Deus.


Deus concedeu também os dons de serviço. Esta categoria de dons está listada em Romanos 12 e está relacionada ao serviço cristão, de forma individual em prol do próximo e da manutenção da comunhão entre os irmãos. São também chamados de "Dons da Graça": Profecia (não é o dom espiritual de profecia) ministério (serviço e não os dons ministeriais), ensino (também não é o dom ministerial de mestre), exortação, liberalidade, liderança, e misericórdia. 


Para exercer a nossa vocação, em primeiro lugar é preciso compreendê-la. Paulo foi vocacionado por Deus para levar o Evangelho aos gentios. Depois que ele entendeu esta vocação, ele disse ao rei Agripa: “Pelo que não fui desobediente à visão celestial.” (At 26.19). Em outro texto ele disse: “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!” (1 Co 9.16). A nossa vocação, portanto, se transforma em nosso propósito de vida. 


É preciso também nos prepararmos para exercer a nossa vocação. Não é porque temos uma vocação dada por Deus, que podemos exercê-la de qualquer maneira, achando que Deus fará tudo. Paulo recebeu a vocação do Senhor Jesus para ser o apóstolo dos gentios. Mas, o Senhor o enviou para o deserto da Arábia, onde ele era totalmente desconhecido. Distante das sinagogas e da filosofia grega, Paulo passou a depender completamente de Deus e teve revelações profundas do próprio Jesus, sobre o Evangelho que deveria pregar. (Gl 1.11,12).


Este foi o preparo espiritual, mas há também o preparo teológico. Mesmo tendo a vocação do Senhor, o crente precisa conhecer as doutrinas bíblicas, para não ser enganado. Há muitas pessoas que são vocacionadas pelo Senhor, mas não querem se submeter à liderança da Igreja e não se prepararam para exercer a sua vocação. Um pastor, mesmo vocacionado pelo Senhor, se não conhecer a Palavra de Deus e não souber administrar a Igreja, irá cometer muitos erros que poderão comprometer o seu ministério. 


3. Minha profissão, meu campo missionário. Os primeiros cristãos não faziam separação entre a sua vida particular e a vida espiritual. Era uma coisa só, onde quer que estivessem e independente do que estivessem fazendo. Não havia a ideia de separar “coisas espirituais” e “coisas seculares”. Tudo o que eles faziam, tinha como objetivo glorificar a Deus: “Tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai” (Cl 3.17); “Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31).


Da mesma forma deve acontecer em nossas vidas atualmente. Tudo o que temos, recebemos de Deus e isso inclui a nossa vida, as nossas finanças, o nosso trabalho, a nossa família, etc. Portanto, devemos glorificar a Deus com tudo o que somos e temos. No assunto estudado aqui, a nossa profissão pode e deve ser usada como um campo missionário. 


Existem profissionais e clientes, aos quais eu jamais teria acesso para comunicar-lhes o Evangelho. Entretanto, os seus colegas de profissão poderão perfeitamente testemunhar de Cristo com o seu exemplo de vida e em suas conversas diárias. Por exemplo, eu jamais teria acesso ao Presidente da República para falar de Jesus. Mas, os seus ministros e assessores têm. Da mesma forma, os jogadores da seleção brasileira, os ministros do Supremo Tribunal Federal, os deputados e senadores, os médicos, os juízes, os empresários, etc. Cada profissional tem acesso a pessoas do seu meio e pode comunicar-lhes a mensagem do Evangelho. 


REFERÊNCIAS: 

GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. págs. 74-84. 

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.40. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.1526,1690.

TORRALBO, Elias. Vocação: Descobrindo o seu chamado. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2020. 

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