23 novembro 2023

A IGREJA DE FILIPOS E O SUSTENTO MISSIONÁRIO

(Comentário do 1° tópico da Lição 09: A Igreja e o sustento missionário) 

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos sobre a Igreja de Filipos e o sustento missionário. Inicialmente, veremos o relacionamento do apóstolo Paulo com a Igreja de Filipos na questão das ofertas que está Igreja enviou voluntariamente a ele. Depois veremos que é um privilégio para a Igreja, participar do sustento missionário. Por último, falaremos das esferas envolvidas no sustento missionário.


1- Paulo e a igreja de Filipos. Lendo a Epístola aos Filipenses, é possível perceber que o apóstolo Paulo tinha um carinho enorme por esta Igreja. Não vemos nesta epístola, nenhuma repreensão ou crítica aos filipenses, como vemos nas Epístolas aos Coríntios e aos Gálatas. O apóstolo inicia a Epístola elogiando a cooperação deles no Evangelho e na defesa dele nas prisões. Paulo também demonstra saudades deles e usa palavras carinhosas como “amados e mui queridos irmãos, minha alegria e coroa” (Fp 4.1)


Esta epístola é uma das chamadas Epístolas da prisão, junto com Efésios, Colossenses e Filemom. Foi escrita durante a primeira prisão do apóstolo Paulo em Roma, por volta do ano 61 d.C., dez anos após o início desta Igreja, que se deu na segunda viagem missionária. Após a separação de Paulo e Barnabé na primeira viagem missionária, a equipe de Paulo foi impedida pelo Espírito Santo de anunciar o Evangelho na Ásia. Depois quiseram ir à Bitínia, mas o Espírito de Jesus não lhes permitiu (At 16.6,7).


Neste contexto, Paulo teve uma visão em Trôade, na qual lhe apareceu um homem da Macedônia, rogando que ele fosse para lá e os ajudasse. Sensível à voz do Espírito Santo, Paulo concluiu que era um chamado do Senhor para anunciar o Evangelho naquela região (At 16.9,10). Partindo de Trôade, chegaram a Filipos, que é a primeira cidade da Macedônia, e ficaram ali alguns dias. O nome Filipos era uma homenagem a Filipe, o pai do imperador grego Alexandre Magno. 


Como não havia sinagoga na cidade, a equipe buscou um lugar para orar próximo ao rio. Ali encontraram algumas mulheres que lavavam roupa e lhes falaram do Evangelho. Uma vendedora de púrpura, chamada Lídia, creu na pregação de Paulo e foi batizada, ela e todos da sua casa. Depois do batismo, ela rogou que os missionários ficassem na casa dela e ali começou a Igreja de Filipos. 


Logo nos primeiros dias, houve aquele episódio em que Paulo expulsou o espírito que estava em uma jovem adivinhadora e, por causa disso, foram açoitados publicamente e presos. O Senhor abriu as portas da prisão e o carcereiro se converteu. Paulo e Silas foram soltos, mas foram expulsos da cidade. Depois da expulsão, eles partiram para Tessalônica, passaram por Beréia, Atenas, Corinto e Éfeso. Finalmente, Paulo decidiu voltar para Jerusalém, foi preso no templo e levado para Roma. 


Dez anos se passaram até o apóstolo ser preso. Da prisão, ele escreveu a Epístola aos Filipenses. A epístola tem apenas quatro capítulos e foi escrita para agradecer aos irmãos de Filipos pela oferta voluntária e generosa que aqueles irmãos enviaram ao apóstolo. Esta oferta foi enviada ao apóstolo Paulo, quando ele estava em Tessalônica, por meio de Epafrodito, que era um obreiro da Igreja de Filipos (Fp 4.16-18). 


2- O privilégio de participar do sustento missionário. Os filipenses enviaram voluntariamente ofertas ao apóstolo Paulo, mais de uma vez (Fp 4.16). Esta atitude generosa e voluntária demonstra o amor que eles tinham pelo apóstolo Paulo e pela pregação do Evangelho, pois o apóstolo nunca mandou pedir ofertas a eles. Ao contrário, ele trabalhava para se manter e não queria ser pesado às Igrejas, como vimos na lição passada, porém, ele reconhecia que isso era um direito dos obreiros. 


Conforme já vimos na lição 06, contribuir com a obra missionária é um grande privilégio. É ajuntar tesouros no céu, onde a traça não rói, a ferrugem não consome e os ladrões não têm acesso. A atitude daqueles que contribuem com missões faz com que sejam participantes da evangelização de milhares de pessoas pelo mundo. Na eternidade, estas obras serão manifestas e recompensadas por Deus. Evidentemente, ninguém será salvo pelas obras. Mas os salvos pela fé em Cristo, receberão recompensas pelo seu trabalho na obra do Senhor. 


3- Esferas de sustento missionário. A Igreja local deve enviar missionários aos povos não alcançados, para pregar o Evangelho de Cristo. Isso é uma ordem do Senhor Jesus. Entretanto, além de enviar é obrigação da Igreja local sustentar os missionários enviados. Conforme estudamos na lição 07, a Igreja precisa estabelecer um sistema de apoio aos missionários, que abrange vários aspectos. 


Aqui neste subtópico, o comentarista nos apresenta várias esferas, que estão envolvidas no sustento de um missionário: 

a. Alimentação. Esta é a parte principal, pois é uma questão de sobrevivência. É preciso ter consciência de que o missionário deve ter uma alimentação digna e não ser tratado a pão e água. 

b. Moradia. O missionário também deve ter uma moradia digna para abrigar a si e a sua família. Cabe à Igreja local providenciar o aluguel ou a compra de um imóvel que proporcione boas condições aos trabalhadores da obra do Senhor. Não é porque os primeiros discípulos do Senhor viviam em condições precárias que os missionários atuais também precisam viver assim. Nos primórdios da Igreja, eles não tinham condições financeiras. 

c. Transporte. Um missionário precisa se deslocar com muita frequência no campo missionário, para pregar o Evangelho, visitar pessoas, participar de reuniões e visitar a sua terra natal. A Igreja local também precisa planejar estes custos e providenciá-los. Em muitos lugares, o missionário percorre vários quilômetros a pé ou de bicicleta. 

d. Outras necessidades de acordo com o contexto cultural. As despesas com o missionário podem variar de uma região para outra, de acordo com a cultura e a economia. Em países ricos, embora haja mais conforto, o custo de vida também é bem mais elevado. 


Cabe à Igreja local fazer um planejamento financeiro, para cobrir estes e outros gastos envolvidos na manutenção dos seus missionários no campo, como veremos no próximo tópico. Não se pode enviar missionários ao campo e abandoná-los à própria sorte, deixando passar necessidades. Isso é uma irresponsabilidade e é desumano.


REFERÊNCIAS: 


GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023, págs. 83-95. 

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023, Ed. 95, p. 40.

MATHIS, David (Ed). Cumprindo a Missão: Levando o Evangelho aos não Alcançados e aos não Engajados. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2015, págs. 95,96, 99.

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