(Comentário do 2º tópico da Lição 06: Orando, contribuindo e fazendo missões)
Ev. WELIANO PIRES
No segundo tópico, falaremos das contribuições para as missões. Primeiro trataremos da questão do sustento dos missionários, apresentando o fundamento bíblico tanto do Antigo, quanto do Novo Testamento, de que o obreiro é digno do seu salário.
Depois, veremos que contribuir para a missão é ajuntar tesouros no céu. Os frutos da obra missionária serão revelados e recompensados na eternidade. Aqueles que contribuíram também receberão o seu galardão.
Por último, veremos que contribuir para missões é um privilégio. É gratificante para um crente fiel, saber que as suas contribuições financeiras foram usadas para distribuir Bíblias, plantar Igrejas e salvar almas pelo mundo.
1- O sustento dos missionários. Não há como a Igreja cumprir a sua missão e se manter, se não houver contribuições, por parte dos seus membros. A Igreja não recebe, nem poderia receber, verbas do poder público para custear as suas despesas. Tudo o que temos na Igreja foi adquirido com dízimos e ofertas dos crentes fiéis.Alguns crentes reclamam porque além dos dízimos e ofertas, a Igreja ainda faz campanhas para construções, para a missão e outras coisas. Isso acontece porque, infelizmente, o número de dizimistas e ofertantes na Igreja ainda é muito pequeno. Eu já fui tesoureiro e sei que muitos crentes não dizimam e não ofertam, inclusive obreiros. Se todos os crentes dizimassem e ofertassem, a Igreja não teria tantas dificuldades financeiras.
Em relação à obra missionária, há uma necessidade enorme de contribuições, pois as despesas para manter um campo missionário são altas. Em um trabalho que está começando, não temos dizimistas e ofertantes regulares. Geralmente, se faz necessário o pagamento de aluguéis, despesas com viagens, literaturas, comunicação, documentação, assistência social, construções, etc.
Além das despesas com o trabalho missionário em si, é obrigação da Igreja que envia missionário, sustentar integralmente a ele e à sua família. O missionário deixou o seu trabalho secular, a sua pátria, os seus amigos, a Igreja local e se entregou completamente ao trabalho missionário. Portanto, o mínimo que a Igreja deve fazer é dar-lhe um sustento digno.
Há na atualidade, principalmente na internet, um verdadeiro exército de pessoas que combatem os dízimos e ofertas, alegando que isso era uma prática da Antiga Aliança. Outros, movidos pela avareza, tem o mesmo espírito de Judas Iscariotes, que reclamava de uma mulher que ofereceu um perfume caríssimo para ungir os pés de Jesus, alegando que aquele perfume poderia ser vendido e o dinheiro ser doado aos pobres.
O próprio texto bíblico esclarece que a preocupação de Judas não era com os pobres, mas porque ele era ladrão e era o responsável pelas ofertas. Claro que a Igreja também deve ajudar aos necessitados, mas isso não pode substituir as suas obrigações para com a evangelização do mundo e o sustento dos obreiros. Uma coisa não exclui a outra.
No Antigo Testamento, os dízimos e ofertas eram obrigatórios a todos os israelitas, para o sustento dos sacerdotes e levitas, para manter o templo e para ajudar aos necessitados. No Novo Testamento, estes mesmos princípios e finalidades exigidos em relação aos dízimos no Antigo Testamento, também se aplicam à Igreja:
- Os obreiros devem ser assalariados (Lc 10.5-7; 1 Co 9.14; Gl 6.6; 1Tm 5.17,18).
- A Igreja deve fazer missões e suprir os gastos da obra. (1 Co 9.12,13).
- A Igreja deve ajudar os necessitados ((1 Co 16.1,2).
- Cada uma deve contribuir de acordo com a sua renda (1 Co 16.2).
- Como a Igreja poderia cumprir estas obrigações, se não houver contribuições?
2- Contribuir para missões é juntar tesouros no céu. No conhecido Sermão do Monte, Jesus ensinou a respeito do relacionamento dos seus discípulos com os bens materiais. Em seu ensino, o Mestre contrapôs os tesouros deste mundo com os do Céu e recomendou aos seus seguidores que, não ajuntassem tesouros neste mundo, pois, eles estão sujeitos à deterioração da traça, da ferrugem e à ação dos ladrões. Mas, deveriam acumular tesouros no Céu, pois estes são perenes e jamais poderão ser corrompidos ou roubados.
Na sequência deste ensino, Jesus afirmou que onde estiver o nosso tesouro, estará também o nosso coração. O Senhor Jesus mostrou em seu sermão, que há incompatibilidade entre servir a Deus e a Mamom, pois não há a possibilidade de agradar aos dois. Mamom é uma palavra aramaica que significa "riqueza" e envolve propriedades, alimentos, dinheiro, roupas, etc. Nas versões mais atualizadas, temos a palavra "riqueza", no lugar de "Mamom".
Há dois pensamentos teológicos opostos, que são equivocados, do ponto de vista bíblico, sobre o uso dos bens materiais. Há a teologia da libertação da Igreja Católica, que é totalmente contrária às riquezas e prega que Jesus veio libertar as pessoas não dos seus pecados, mas da opressão dos ricos. No meio evangélico também há uma versão desta teologia chamada de teologia da missão integral. A TMI não é radical como os teólogos da libertação, a ponto de apoiar a luta armada, mas também critica as riquezas e reduz o evangelho à distribuição de renda.
No outro extremo, está a teologia da prosperidade, que prega que as riquezas materiais são sinais da bênção de Deus e que a pobreza é sinal de maldição. Pregam que Deus é o dono de tudo e, portanto, os seus filhos também têm que ser ricos. Se os teólogos da libertação condenam as riquezas, os da prosperidade condenam a pobreza. Entretanto, nenhum dos dois tem apoio nas Escrituras.
Jesus não condenou a aquisição de bens materiais, nem tampouco proibiu a previdência e precaução para o futuro. Há inúmeros casos de homens de Deus na Bíblia que eram ricos: Abraão (Gn 14.18-20; 24.1), Isaque (Gn 26.12,13), Jacó (Gn 30.43), Jó (Jó 1.1-3), Salomão (2Cr 1.12), etc. O que Jesus condenou não foi o simples fato de alguém possuir riquezas e sim, colocar nelas a sua confiança e viver a vida apenas com o objetivo de alcançar riquezas e poder. Aliás, esta foi a proposta do diabo a Jesus: ofereceu riquezas e poder terreno, em troca de adoração.
Tanto os nossos investimentos e acúmulos de riquezas neste mundo, quanto aquilo que nós consumimos através do dinheiro, se restringem a esta vida. O ser humano pode ser bilionário e ter todo o conforto que o dinheiro oferece nesta vida. Mas, quando partir para a eternidade, nada disso o acompanhará. Entretanto, os investimentos que fazemos no Reino de Deus serão recompensados na eternidade.
Evidentemente, as nossas contribuições não servem para nos salvar, pois somos salvos pela Graça de Deus, mediante a fé em Cristo. Mas, haverá recompensas no Tribunal de Cristo para os salvos que contribuíram para o crescimento da Obra de Deus: “Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo.” (Cl 3.23,24). "Eis que venho em breve! A minha recompensa está comigo, e eu retribuirei a cada um de acordo com o que fez. (Ap 22.12).
3- Contribuir para missões é um privilégio. Além de ser um investimento para a eternidade, contribuir com a obra missionária também é um grande privilégio para o crente, ainda nesta vida. O crente fiel, que ama a Deus e as almas dos perdidos, sente profundo regozijo de saber que as suas contribuições serviram para enviar missionários aos países mais distantes e difíceis, onde o Evangelho ainda não havia sido pregado.
Nem todos podemos ir aos países muçulmanos, comunistas e outros povos que são extremamente hostis ao Cristianismo, anunciar o Evangelho. Mas se houver contribuições, a Igreja poderá enviar missionários que foram vocacionados para levar o Evangelho a estes povos não alcançados.
A cada relatório missionário,
com as notícias do que Deus fez no campo missionário, a Igreja que contribui
com missões sente-se também participante dos resultados alcançados. É
gratificante saber que a nossa contribuição financeira, mesmo que singela, ajudou
a levar o Evangelho a pessoas que viviam nas trevas, sem nenhuma
esperança.
REFERÊNCIAS:
GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. págs. 51-63.REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.39. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.
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