03 maio 2023

OS PAIS DE SANSÃO

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 06: pais zelosos e filhos rebeldes)


Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico falaremos sobre os pais de Sansão. Falaremos sobre o contexto em que eles viveram em Israel, que foi uma situação de decadência espiritual, onde os filhos de Israel faziam o que era mau aos olhos do Senhor. Por causa disso, o Senhor os entregou ao domínio dos filisteus. Depois falaremos sobre o encontro do Anjo do Senhor com a mãe de Sansão, que era estéril e foi agraciada com um filho. Por último falaremos sobre as instruções do Anjo ao casal, em relação ao estilo de vida diferenciado que Sansão deveria ter desde a infância até o fim da vida. 


1- Uma situação espiritualmente deplorável. Quando entraram na terra prometida, sob a liderança de Josué, o povo de Israel experimentou um período de temor a Deus, paz e conquistas. No final da sua vida, Josué reuniu todo o povo e fez um resumo de tudo o que o Senhor fizera por eles no Egito e no deserto. Em seguida colocou diante deles a opção de escolherem a quem queriam servir: aos deuses a quem os seus pais serviram do outro lado do Jordão, aos deuses dos cananeus, ou a Yahweh. O povo se comprometeu a servir ao Senhor e Josué fez uma aliança ali. 


Entretanto, Josué não formou nenhum sucessor e, após a morte e de toda a geração que conviveu com ele, o povo de Israel caiu na idolatria e se tornou uma anarquia, onde cada um fazia o que achava correto. Israel formou uma espécie de confederação tribal, sem nenhuma liderança espiritual que lhes ensinasse a Lei do Senhor. 


Por causa desta apostasia, Deus os entregou nas mãos de vários inimigos. Diante do domínio de inimigos, o povo chamava ao Senhor e Ele levantava juízes para os livrar. Porém, após a morte do juiz, o povo voltava ao pecado e vinham novos inimigos. O povo clamava a Deus e Deus os livrava novamente. Foram sete apostasias, sete servidões e sete livramentos. Este ciclo vicioso durou cerca de trezentos anos e só teve fim nos dias do profeta Samuel. 


Na sétima apostasia, Deus os entregou nas mãos dos filisteus, um povo guerreiro que fazia parte dos chamados “povos do mar” que, no século XII a.C., migraram de uma região da Grécia para a planície costeira de Canaã, na fronteira com a tribo de Dã. Os filisteus organizaram uma confederação de cinco cidades fortes: Gaza, Asquelom, Asdode, Gate e Ecrom e eram muito temidos. Esse povo dominou Israel por 40 anos. Foi nesse contexto de apostasias, servidões e livramentos, sob o domínio filisteu, que viveram os pais de Sansão. Apesar disso, eles se mantiveram tementes a Deus e aguardavam que Deus providenciasse alguém, que os livrasse do domínio dos filisteus. Diferente dos domínios anteriores, não há registro de que Israel tenha clamado ao Senhor desta vez. Parece que se acostumaram a esta servidão e não queriam que Sansão causasse tumulto ou perturbasse os filisteus (Jz 15. 9-15). 


2- A mulher agraciada. No meio dessa crise espiritual e anarquia, onde cada um fazia o que bem entendia, um casal da tribo de Dã, que morava em um lugarejo chamado Zorá, permanecia fiel ao Senhor, aguardando que Ele levantasse um libertador para livrá-los do domínio filisteu. O nome do homem era Manoá e a mulher não teve o seu nome mencionado. 


A mulher era estéril e, naquela sociedade, isso era visto como uma maldição. O marido poderia, inclusive, abandoná-la por este motivo. Entretanto, a mulher de Manoá recebeu a visita do Anjo do Senhor, o qual lhe anunciou que, ela daria à luz um filho, cujo nome seria Sansão. Este menino – disse o Anjo – seria nazireu de Deus desde o nascimento. A mãe, portanto, deveria abster-se de vinho, de bebida forte e de contaminações. O menino também deveria seguir as regras do nazireado, que incluía não cortar o cabelo, abster-se de vinho e bebida forte, não tocar em cadáver, entre outras proibições. Este começaria a livrar Israel das mãos dos filisteus (Jz 13.3-5). 


A palavra hebraica "malak", traduzida por "anjo", significa um mensageiro, que pode ser um ser celestial ou um ser humano. O anúncio da vinda de João Batista, por exemplo, foi predito assim: "Eis que eu envio o meu mensageiro (heb. malak), que preparará o caminho diante de mim;l)..." (Ml 3.1a). Em algumas referências, quando aparece a expressão "o Anjo do SENHOR", grafado com letra maiúscula em nossas Bíblias, é uma manifestação do próprio Deus, chamada pelos teólogos de "Teofania", palavra grega formada de "Théos" (Deus) e "phanei" (manifestação), ou "Cristofania" (manifestação de Cristo antes da encarnação do Verbo). Este ser se manifestou em várias ocasiões na Bíblia, identificando-se como o próprio Deus: a Agar (Gn 16.9-11); a Abraão (Gn 22.11,15; a Moisés (Ex 3.3); a Gideão (Jz 6.11,12); e aqui, à esposa de Manoá (Jz 13.3-5). 


Diferente do que ensina o deísmo, que diz que Deus criou o universo com leis próprias e se afastou dele, o Deus da Bíblia intervém no universo e na história da humanidade. Deus muda situações impossíveis, para cumprir os seus propósitos. Deus é transcendente, pois Ele é e está muito além da nossa compreensão. Mas, Ele é também imanente, pois se interessa e se envolve com o ser humano que Ele criou: Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade e cujo nome é Santo: Em um alto e santo lugar habito e também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e para vivificar o coração dos contritos." (Is 57.15). 


3- Recebendo orientações divinas. Conforme falamos acima, a esposa de Manoá recebeu a informação do SENHOR de que ela teria um filho, que seria nazireu de Deus. A palavra “nazireu” deriva  do hebraico "nazir", cuja raiz é "nazar", que significa: “separar; consagrar; abster-se”. Portanto, ser narizeu significa ser separado, ou consagrado exclusivamente para Deus. O voto de nazíreado era feito por algumas pessoas, por um período curto, para se dedicar exclusivamente ao Senhor. Mas, no caso de Sansão, ele foi escolhido por Deus para ser um nazireu por toda a vida. 


Quando Manoá soube que o Anjo do SENHOR havia aparecido para a sua esposa, ficou apreensivo sobre a forma que deveria proceder em relação ao menino que iria nascer. Então, ele orou a Deus, pedindo que o Anjo aparecesse também a ele, para dar maiores informações: "Então Manoá orou ao SENHOR, e disse: Ah! Senhor meu, rogo-te que o homem de Deus, que enviaste, ainda venha para nós outra vez e nos ensine o que devemos fazer ao menino que há de nascer." (Jz 13.8). 


O Anjo do SENHOR apareceu novamente à mulher e ela chamou o seu esposo Manoá, para ouvir as instruções. Manoá perguntou ao Anjo, se era ele o homem que havia aparecido à sua esposa e ele respondeu que sim. Numa atitude de fé e submissão, Manoá disse ao Anjo: “Cumpram-se as tuas palavras; mas qual será o modo de viver e serviço do menino?” (Jz 13.12). O Anjo repetiu as palavras ditas à esposa de Manoá e acrescentou: “De tudo quanto procede da vide não comerá, nem vinho, nem bebida forte beberá, nem coisa imunda comerá; tudo quanto lhe tenho ordenado guardará.” (Jz 13.14). Esta atitude Manoá se assemelha à de Maria, mãe de Jesus, quando ouviu o anúncio do nascimento de Jesus e disse: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra.” Lc 1.38). 


Em Números 6.1-21, estão descritas todas as exigências para quem fizesse o voto do nazireado: 

  • Abster-se de vinho, bebida forte se apartará, vinagre, ou qualquer derivado de uvas;

  • Não passar navalha sobre o cabelo;

  • Não se aproximar de cadáver, nem mesmo aos pais e irmãos;

  • Ser santo ao Senhor durante todo o período do nazireado;

  • Se alguém viesse a morrer junto a ele por acaso, deveria rapar a cabeça no dia da sua purificação, no sétimo dia e, ao oitavo dia, trazer a devida oferta de sacrifício ao sacerdote, para expiação do pecado.


É interessante notar que as instruções não eram apenas para o menino que seria nazireu. A mãe de Sansão também recebeu instruções, para passar por uma preparação. Ela também deveria abster-se de bebidas e contaminações (Jz 13.4). É importante como Deus se preocupou com a formação da criança ainda no ventre. Hoje, a ciência recomenda que as mães devem evitar certos alimentos, cigarros, bebidas e drogas durante a gravidez, para não comprometer a saúde do bebê. É lamentável quando vemos mulheres grávidas fumando, bebendo e fazendo extravagâncias, sem se preocupar com a integridade física, emocional e espiritual do próprio filho. Há ainda aquelas que amaldiçoam, xingam e até consagram os próprios filhos aos demônios. Ora, os nossos filhos são herança do SENHOR e devemos consagrá-los a Deus e cuidar deles desde o pré-natal, proporcionando-lhes um ambiente seguro, em todos os aspectos. No próximo tópico falaremos sobre o cuidado dos pais de Sansão após o seu nascimento e a sua formação. 


REFERÊNCIAS:

Cabral, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 103-104.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1054.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pág. 143-144.

RIDALL, Clyde. Comentário Bíblico Beacon: Juízes. Editora CPAD. pág. 137.

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