26 maio 2023

O PROBLEMA MORAL NA FAMÍLIA DE DAVI

(Comentário do 3º tópico da Lição 09: Uma família nada perfeita)


Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos sobre os problemas morais na família de Davi. Falaremos sobre a falta de domínio próprio de Davi, no caso do adultério com Batseba e o assassinato de Urias. Esta atitude imoral e covarde de Davi, acabou reproduzindo em seus filhos esse tipo de comportamento. Em seguida, falaremos sobre o Incesto e morte na família de Davi. Amnom, estuprou a sua irmã Tamar e, como não foi punido por Davi, acabou sendo morto pelo seu irmão Absalão. Por último, falaremos sobre a importância da vigilância, da proximidade e do exemplo na família. Nenhum de nós está livre de se deparar com problemas entre os filhos, por isso, é importante estar atento e acompanhar de perto, principalmente dando o exemplo de integridade. 


1- As consequências de sua falta de domínio próprio. A vida de Davi teve cinco fases, completamente diferentes uma da outra: a sua infância e juventude junto aos seus pais, como pastor de ovelhas; uma temporada no palácio de Saul, como músico do rei e escudeiro; a fase como fugitivo de Saul, vivendo em desertos, cavernas e até no exterior; os tempos áureos como rei de todo o Israel; e após ter sido confrontado pelo profeta Natã, por causa dos pecados de adultério e assassinato de Urias. 

Nas primeiras duas fases, com os seus pais e depois na casa de Saul, Davi era um moço temente a Deus, que tocava harpa e o espírito maligno se retirava. Na segunda fase, ele venceu Golias, era obediente e fazia tudo para exaltar a Deus. Nesta segunda fase, Davi casou-se com Mical, filha de Saul. Não temos relato de nenhum deslize dele, nestas duas primeiras fases da vida. 

Na terceira fase, no entanto, Davi enfrentou muitas lutas e aflições. Para sobreviver teve que se juntar a outros também fugitivos e enfrentar muitas batalhas sanguinárias. Nesta fase, como a sua esposa o ajudou a fugir, Saul a concedeu a outro homem. Foi nessa fase também que ele começou a colecionar mulheres, casando-se com Ainoã, a Jezreelita, e com Abigail, a carmelita, que havia sido esposa de Nabal.

Na quarta fase da vida, Davi assumiu o trono de Israel e prosseguiu em sua poligamia, casando-se com Maaca, mãe de Absalão e Tamar, e com Hagite, a mãe de Adonias, e colecionando concubinas. Foi nesta fase que Davi se deixou seduzir pelo poder e cometeu os dois piores pecados da sua vida: o adultério com Batseba e assassinato covarde de Urias, seu fiel soldado e marido dela. Passaram-se dois anos e Davi esqueceu-se dos pecados gravíssimos que havia cometido. A essa altura, certamente, o seu relacionamento com Deus também já havia declinado. 

A quinta e última fase da vida de Davi foi a partir da repreensão do profeta Natã, quando Davi passou a colher as consequências do seu pecado, até o fim da sua vida. Nesta fase, Davi se  arrependeu do seu pecado e se reconciliou com Deus, conforme nos mostra o Salmo 51. Nesta fase, ele também planejou construir o Templo e, como Deus não lhe permitiu, ele adquiriu o terreno e juntou muito do material que seria usado na construção.

Deus enviou o profeta Natã para confrontá-lo e levá-lo ao arrependimento. Natã contou a ilustração de um homem rico, que possuía muitas ovelhas e gado. Este homem tinha um servo, que tinha apenas uma ovelha, que ele havia criado desde pequena, junto com os seus filhos, dando-lhe leite, pois não aquele filhote de ovelha não tinha mãe. Era um animal de estimação da família. Vindo um amigo do homem rico à casa dele, o homem em vez de pegar uma das suas muitas ovelhas e bois, pegou a ovelha do servo e a matou para servir ao seu hóspede. 

Ouvindo esta história absurda, sem saber que era uma ilustração, Davi levantou-se indignado e deu a sentença: Digno de morte é o homem que fez uma coisa dessa! O profeta, prontamente, lhe respondeu: Este homem és tu, ó rei! Assim diz o Senhor: Eu te tirei do meio das ovelhas e te constituí rei sobre todo o Israel. Dei-te também riquezas, mulheres e te daria muito mais, se te parecesse pouco. Mas, desprezaste a palavra do Senhor, tomaste a esposa do teu servo Urias e ainda tramaste a morte dele. Agora, a espada jamais se afastará da tua casa; o que fizeste em oculto, eu farei com te façam publicamente. Eu permitirei que as tuas mulheres sejam entregues ao teu próximo aos olhos de todo o Israel.  (2 Sm 12.7-12). Confrontado com a dura repreensão e acusado pela própria consciência, Davi respondeu ao profeta: Pequei! Natã lhe disse: Também o Senhor já te perdoou. Não morrerás. Entretanto, como deste motivo os inimigos do Senhor blasfemarem contra Ele por causa deste pecado, o filho que te nasceu certamente morrerá. (2 Sm 12.14).

A partir destes pecados de adultério e assassinato, Davi colheu as duras consequências em sua própria família, conforme a sentença proferida pelo profeta Natã. Estes gravíssimos pecados de Davi aconteceram, por vários fatores, principalmente, porque lhe faltou uma virtude do fruto do Espírito chamada domínio próprio. Esta virtude consiste em dominar os próprios impulsos e apetites e impor limites à nossa natureza humana pecaminosa. Naquela época, os reis tinham um poder absoluto e podiam fazer o que quisessem, principalmente com mulheres, que eram vistas como propriedade do homem, praticamente não tinham direitos e os poucos que tinham, não eram respeitados. No caso de Israel, os limites dos reis eram os profetas de Deus que os repreendiam severamente. Mas alguns não ouviam e ainda mandavam matar os profetas. 

Davi viu aquela mulher se banhando, sem saber quem era. Ele poderia ter desviado o olhar, ou mandado alguém avisá-la para não se banhar ali. Entretanto, ele a cobiçou e perguntou quem era. Mesmo sendo informado que era a mulher do seu soldado, mandou buscá-la e deitou-se com ela. Após o adultério, quando soube que a mulher estava grávida, ele cometeu o segundo pecado, tentando fazer com que Urias fosse para casa se relacionar com a esposa, para que todos pensassem que o filho era dele. Urias se recusou e Davi, então, cometeu o terceiro pecado, ordenando que o comando do exército recuasse e deixasse Urias sozinho na linha de frente da guerra para ser morto. 

Evidentemente, neste adultério, Batseba também não era inocente, como muitos dizem. Ela era casada e conhecia a fama de Davi, que tinha muitas mulheres e concubinas. Poderia ter se banhado escondido e não em um local à vista do palácio. Nas obras da carne, descritas em Gálatas 5 19-21, há dois pecados na área sexual, que estão relacionados entre si: a lascívia e a impureza sexual. O primeiro é o ato de exibir o corpo ou se insinuar sensualmente, para atrair a cobiça do outro. O segundo é olhar para uma pessoa com olhar impuro, imaginando um relacionamento sexual. Em resumo, peca quem se mostra e quem fica olhando e cobiçando. 


2- Incesto e morte na família. Pela Lei Mosaica a punição para os pecados de adultério e assassinato era a morte. Entretanto, Deus iria punir Davi de três maneiras: (1) O filho dele com Batseba, fruto do adultério, iria morrer (2 Sm 12.16-18); (2) A espada não iria se apartar da casa de Davi (2 Sm 12.14); (3) Alguém da própria casa de Davi iria se relacionar publicamente com as suas concubinas (2 Sm 12.11,12). Não demorou muito e veio o cumprimento destas três punições. 

A primeira foi a morte da criança, que se cumpriu logo após a repreensão de Natã, mesmo Davi tendo orado e jejuado durante sete dias, para que a criança não morresse (2 Sm 12.14-18). Deus já havia dado a sentença e não voltaria atrás. Em seguida, veio o caso do incesto e estupro de Tamar por seu irmão Amnom (2 Sm 13.11-14), que teve como consequência o assassinato de Amnom por ordem de Absalão (2 Sm 13.28,29), conforme vlmos no tópico anterior. Por último, houve a revolta de Absalão contra o próprio pai, usurpando o reino. Davi teve que fugir e, após a sua fuga, Absalão armou uma tenda e se relacionou publicamente com as concubinas do pai.

Como está escrito no Texto Áureo da lição: "Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará." Esta é a lei da semeadura, que está presente na natureza. Ninguém planta uma árvore e colhe frutos diferentes dos da árvore que plantou. Assim também é na nossa vida. Não podemos plantar injustiças e imoralidade e esperar colher coisa boa. É verdade que na vida também sofremos as consequências de coisas ruins que outros plantaram. Mas, isso não anula a Lei da semeadura, segundo a qual colhemos os frutos daquilo que plantamos. 

É preciso tomar cuidado, no entanto, para não confundir a Lei da Semeadura, que é bíblica, com a Lei do Carma, que é uma doutrina antibíblica, que está presente em várias religiões e é a base do Espiritismo. Segundo este falso ensino, tudo o que acontece em nossas vidas é a retribuição do que fizemos em supostas vidas anteriores. Nessa falsa doutrina não há espaço para a Graça de Deus e todos têm que pagar pelos seus erros cometidos aqui neste mundo. Por isso, eles não acreditam que a morte de Cristo tenha sido expiatória, para purificar os nossos pecados, e não acreditam em condenação eterna. 


3- Vigilância, proximidade e exemplo. Na família numerosa e mista de Davi, os valores morais e os laços familiares haviam desaparecido, principalmente, pelo mau exemplo do chefe de família. Naqueles tempos, nas famílias reais, isso era comum, pois os membros da realeza disputavam a sucessão do reino na base da espada, eliminando os próprios irmãos, que estivessem na linha sucessória. Isso, no entanto, jamais deveria ser o modelo de família do povo de Deus, que deveria seguir a Lei que Deus entregou a Moisés, com mandamentos para os filhos honrarem pai e mãe, com as regras para o casamento e outros relacionados aos irmãos, filhos e parentes em geral. 

Aprendemos com esta trágica história da família de Davi, o que devemos fazer  como pais e o que devemos evitar, para que tenhamos uma família equilibrada, com laços familiares fortalecidos. O comentarista coloca três coisas fundamentais que devemos fazer como pais:

a. Vigilância. Além de ensinar aos filhos, os valores da Palavra de Deus, os pais devem estar atentos sobre o que acontece no meio deles, desde pequenos. Precisamos estar atentos quanto aos perigos que os cercam e também com relação aos perigos internos. Davi foi omisso, pois não percebeu o comportamento pervertido de Amnom e autorizou que a sua filha fosse sozinha à casa dele, para ser estuprada. Ele também não desconfiou da emboscada armada por Absalão para assassinar Amnom. 

b. Proximidade. Os pais precisam acompanhar de perto o crescimento dos filhos e participar da educação deles. Não basta gerar filhos, é preciso estar presente em todos os momentos da vida deles, para ensinar, elogiar, criticar, corrigir os erros, e sobretudo, oferecer-lhes amor.

c. Exemplo. Este é o ponto principal, pois, sem ele, os demais se tornarão mera hipocrisia. Nós ensinamos muito mais com o nosso exemplo do que com as nossas palavras. A idéia do “faça o que eu digo, mas não o que eu faço” não funciona. Os filhos podem até segui-la, enquanto pequenos, por medo. Mas, crescem revoltados e sem respeito algum pelos pais. 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª Edição: 2023. pág.163-164 

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 2. 11ª Ed. 2013. pag. 21.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1282-1284.

PFEIFFER, Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pág. 14-15.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Josué a Ester. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 394-395, 397.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 999.


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