25 maio 2023

FILHOS E PARENTES NA CASA DE DAVI

(Comentário do 2º tópico da Lição 09: Uma família nada perfeita)

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos sobre os filhos e parentes na casa de Davi, envolvidos no episódio do incesto e estupro ocorrido na casa dele e o assassinato do estuprador, que aconteceu dois anos depois. Falaremos sobre Tamar, Absalão e Amnom, filhos de Davi e sobre Jonadabe, sobrinho de Davi, que foi o mau conselheiro de Amnom. Amnom, o filho primogênito de Davi, foi tomado por um desejo incestuoso pela sua meio irmã Tamar. Jonadabe, filho de Siméia, irmão de Davi, era um conselheiro do mal e aconselhou Amnom a fingir que estava doente e pedir que a sua irmã viesse cuidar dele. Quando ela atendeu ao pedido, Amnom a estuprou e em seguida a desprezou. Absalão, que era irmão de Tamar por parte de pai e mãe, tomado pelo ódio, acabou matando o seu meio-irmão Amnom, para vingar a honra da irmã. 


1- Tamar. Tamar, cujo nome em hebraico, significa “palmeira”, era uma bela moça, filha de Davi com Maaca, filha de Gesur, um rei que possuía um pequeno reino nas cercanias das terras de Israel. Naturalmente, este casamento de Davi deve ter sido por algum acordo de amizade e comércio, que era uma prática comum na época. 

A beleza de Tamar despertou uma paixão incestuosa doentia em seu meio-irmão Amnom, que era o filho mais velho de Davi, com Ainoã, a jezreelita (II Sm 13.2). Amnom fingiu estar doente e pediu ao rei que mandasse a sua irmã à casa dele, para preparar-lhe dois bolos (2 Sm 13.6). Sem desconfiar de nada, Davi autorizou e a moça foi. Quando estavam a sós, Amnom se levantou e forçou a sua irmã a ter relações sexuais com ele, cometendo os graves pecados de fomicação, incesto e estupro, ignorando os apelos dela para que não fizesse esta loucura (2 Sm 13.12). Após o estupro, ele sentiu aversão por ela e passou a odiá-la. Chamou o seu servo e mandou colocá-la para fora de casa. 

Ela rasgou a sua roupa de muitas cores, que era típica das filhas virgens dos reis, jogou cinza sobre a cabeça e saiu andando e clamando (2 Sm 13.18). Absalão, que era irmão de Tamar por parte de pai e mãe, viu a sua irmã neste estado, e desconfiou que Amnon tivesse feito algum mal a ela. Provavelmente, ele já sabia que Amnom era um depravado. Absalão, então, perguntou a Tamar se o seu irmão Amnom havia estado com ela. Diante da confirmação, ele a abrigou em sua casa e pediu que ela se calasse. Davi soube do ocorrido, ficou indignado, mas não tomou nenhuma providência contra os crimes de Amnom. Tamar foi a única vítima nesta sequência de horrores na família de Davi.


2- Absalão. Absalão, cujo nome em hebraico significa “o pai é da paz”, era o terceiro filho de Davi. Era também filho de Maaca e irmão de Tamar, por parte de pai e mãe. Era admirado por sua beleza impecável e por sua longa e vasta cabeleira. O estupro da sua irmã Tamar, causou revolta em Absalão, contra o seu meio irmão, Amnom. Porém, ele não agiu de imediato e maquinou friamente a vingança, por dois anos. Vendo que o rei não havia tomado nenhuma providência contra os males causados por Amnom à sua irmã, Absalão resolveu se vingar. Convidou o rei e todos os seus filhos para a festa da tosquia das ovelhas, Baal-Hazor (2 Sm 10.23-25). Davi recusou o convite, alegando que não queria ser pesado a Absalão. Ele insistiu para que deixasse ir pelo menos Amnom e, depois de muita insistência, o rei permitiu. 

Antes de iniciar a festa, Absalão deu ordens aos seus servos para que, quando Amnom estivesse alegre por causa do vinho, eles o matassem. Os servos fizeram assim e os demais filhos do rei, que estavam presentes na festa, fugiram todos, com medo de também serem mortos. Um mensageiro correu e contou a Davi, que Absalão havia matado todos os filhos dele, mas Jonadabe, sobrinho de Davi, corrigiu a informação, dizendo que apenas Amnom havia sido assassinado. Absalão fugiu para Gesur, terra da sua mãe, e ficou lá por três anos. 

Davi chorou por alguns dias a morte de Amnom, mas logo esqueceu e já sentia saudades de Absalão. Joabe, que era comandante do exército e primo de Davi, elaborou um plano para trazer Absalão de volta. Mandou buscar uma mulher de Tecoa, para que se passasse por viúva diante do rei, dizendo que os seus dois filhos haviam brigado e um deles havia matado o outro, sem que ninguém separasse a briga. Agora, a sua família exigia a morte do assassino e ela iria ficar sem ninguém. Davi deu garantias à mulher de que ninguém iria tocar no filho dela. 

A mulher, então, seguindo as orientações de Joabe, pediu permissão para falar uma palavra ao rei. O rei permitiu e ela disse que, com aquele julgamento, Davi estava se tornando culpado, pois não trazia o próprio filho fugitivo. Imediatamente, Davi entendeu que Joabe estava por trás disso e a mulher confessou. Davi, então, mandou Joabe trazer Absalão de volta. 

Absalão voltou, mas ficou dois anos em Jerusalém sem ver o pai.  Neste período, ele mandou chamar Joabe duas vezes, para mediar o encontro, mas Joabe não foi. Absalão, então, mandou os seus servos incendiarem o campo de cevada dele. Joabe perguntou-lhe porque ele fez isso e Absalão respondeu que foi porque ele havia mandado chamá-lo duas vezes e Joabe não veio. Joabe, então levou Absalão ao rei e este o perdoou pelo assassinato de Amnom. 

A partir daí, Absalão sabendo que os seus dois irmãos mais velhos já haviam morrido e que o reino estava prometido a Salomão, usurpou o trono do pai. Primeiro, ele tratou de conquistar a confiança do povo, de forma astuta. Ele ficava na entrada do palácio e, quando as pessoas traziam alguma demanda ao rei, ele dizia: A tua causa é justa, mas, ninguém da parte do rei irá ouvi-lo. (2 Sm 15.2,3). Em seguida dizia: Quem me dera ser rei em Israel para que pudesse fazer justiça a todas as demandas do povo!. (2 Sm 15.4). 

Depois de quatro anos, Absalão resolveu dar o golpe final. Pediu ao rei para ir a Hebrom pagar um voto que teria feito em Gesur e quando chegou lá, enviou espias por todas as tribos de Israel dizendo: “Quando ouvirdes o som das trombetas, direis: Absalão reina em Hebrom.” (2 Sm 15.10). Com esta revolta, Davi se viu obrigado a fugir para não ter que matar o próprio filho. Absalão assumiu o reino e se relacionou publicamente com as concubinas do seu pai. Isso gerou uma guerra civil e Absalão acabou sendo assassinado por ordem de Joabe, mesmo contra as ordens de Davi para poupá-lo. (2 Sm 18.14,15). 


3- Amnom. Amnom, cujo nome em hebraico significa "fiel", não tinha nada de fiel. Era um homem pervertido, desajustado emocionalmente e dominado por paixões infames. Ele era o filho primogênito de Davi, com Ainoã, a jezreelita (1 Sm 25.43; 2 Sm 3.2). A esposa de Saul também se chamava Ainoã e, por causa disso, há pessoas que pensam que Davi casou-se com a esposa de Saul. Mas, isso não é verdade. Elas apenas tinham o mesmo nome, mas eram pessoas diferentes. Ainoã, esposa de Saul, era filha de Aimaás, que era da tribo de Benjamim, assim como Saul (1 Sm 14.50). Ainoã, esposa de Davi, era de Jezreel, uma cidade de Judá, que ficava ao sudeste de Hebrom. Além disso, antes de casar-se com Ainoã, Davi casou-se com Mical, filha de Saul, que não teve filhos. Isso demonstra que Davi era muito mais novo que a esposa de Saul e tinha idade para ser seu filho. 

Davi ainda não era rei, quando Amnom nasceu em Hebrom. Porém, ele já sabia que Deus o havia escolhido para ser o rei de Israel, pois Samuel o havia ungido, conforme vimos no primeiro tópico. Saul tinha dado a sua filha Mical como esposa a Davi, porém, depois que passou a odiar Davi, tomou a filha e deu-a a outro homem (1 Sm 25.44). Neste período em que fugia de Saul, Davi casou-se com Ainoã e nasceu Amnom, em Hebrom. A infância de Amnon foi nesse contexto de fugas e perseguições de Saul ao pai dele, que duraram aproximadamente dez anos. Além disso, Davi também casou-se neste período com Abigail, a carmelita, viúva de Nabal. Certamente, não participou da infância de Amnom. 

Sendo o filho primogênito, Amnom poderia ter sido abençoado e, pelo direito de primogenitura, receber o dobro da herança do pai e a sucessão no reino. Mas, por causa da sua conduta abominável, entrou para a história como um homem que estuprou a própria irmã e depois foi assassinado por seu irmão. Tornou-se a maior vergonha para a família de Davi. 


4- Jonadabe, um conselheiro do mal. Jonadabe era primo de Amnom e filho de Simeia, irmão de Davi. Segundo o que a Bíblia registra, era homem sagaz e de maus pensamentos em seu coração (2Sm 13.3). O mal sempre atrai o mal e, por isso, esse homem induziu a Amnom a satisfazer sua paixão com um plano de mentira que envolvia Davi e Tamar, a vítima dessa situação (2Sm 13.5-11). Jonadabe é o tipo de amigo que não se deve ter por perto quando se vive algum problema pessoal ou familiar. Ele é um exemplo concreto de mau conselheiro.


O último personagem, envolvido nesta tragédia ocorrida na família de Davi, foi Jonadabe, filho de Siméia, irmão de Davi e, portanto, primo de Amnom, Absalão e Tamar. Jonadabe era um sujeito astuto, que usava a sua mente com maus pensamentos para enganar (2 Sm 13.3). Além de primo, Jonadabe era confidente e conselheiro de Amnom. Como diz o adágio popular: "Dize-me com quem andas e eu te direi quem és". Um homem pervertido e descontrolado como Amnom, só poderia ter como conselheiro, um sujeito igual ou pior do que ele. 

Se Jonadabe fosse uma pessoa de bem e um amigo de verdade, teria pelo menos tentado demover Amnom desta ideia maligna de se relacionar com a própria irmã, que era também prima dele. Deveria ter feito como a própria Tamar fez, alertando o irmão para não cometer esta loucura, pois, esse tipo de comportamento não era tolerado em Israel e era punido com a morte. Caso não conseguisse fazer Amnom desistir da loucura, poderia ter alertado a sua prima Tamar, para que não se aproximasse de Amnom, pois ela corria perigo. Enfim, Jonadabe poderia ter feito muitas coisas para evitar esta tragédia. Mas ele fez o contrário, elaborou um plano diabólico para que a tragédia acontecesse. 

Tenhamos muito cuidado com os maus amigos, pois os seus conselhos podem nos levar à destruição. É preciso ter cuidado também com os bajuladores, pois estes dizem sempre aquilo que nos agradam para não contrariar e jamais nos alertam sobre os perigos que nos espreitam. O bom amigo é aquele que nos diz a verdade e nos repreende quando estamos errados, mesmo que isso nos desagrade. 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª Edição: 2023. pág.157-159.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 1. Ed. 11ª Ed. 2013. pág. 136.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia da Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 3. 11ª Ed. 2013. pág. 575.

PFEIFFER, Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pág. 14-15.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

AS TRÊS ARMAS ESPIRITUAIS DO CRISTÃO

(Comentário do 2º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais)  Ev. WELIANO PIRES No segundo tópico, descreveremos as três princip...