23 maio 2023

O REI DAVI E SUA GRANDE FAMÍLIA

(Comentário do 1º tópico da Lição 09: Uma família nada perfeita)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos sobre o rei Davi e a sua família. Inicialmente, falaremos de Davi, como o ungido de Deus para reinar sobre Israel, no final do desastroso reinado de Saul, que Deus havia rejeitado. Na sequência, veremos que Davi era também um homem de Deus, capacitado pelo Espírito de Deus para reinar sobre todo o Israel. Como rei, Davi unificou a todo o Israel, depois da morte de Saul e foi bem sucedido. Por último, falaremos da grande família de Davi, que teve várias esposas e concubinas, que lhe deram mais de 20 filhos. Este ambiente com várias mulheres, filhos e filhas de mulheres diferentes, aliado ao descaso de Davi para com os filhos, trouxeram problemas gravíssimos para a família.

1- Davi, o ungido por Deus. Davi era o filho mais novo dos 8 filhos de Jessé, o belemita, filho  de Obede e neto de Rute e Boaz (Rt 4.18-21). Era um adolescente ruivo e destemido, responsável por pastorear as ovelhas do pai nas montanhas de Belém de Judá. Davi tinha habilidade no manuseio da funda, uma espécie de estilingue que os antigos usavam como arma arremessando pedras.  Era também um moço temente a Deus, habilidoso tocador de harpa e poeta,  com 73 dos  Salmos da Bíblia atribuídos a ele.

Davi aparece pela primeira vez na narrativa bíblica, no capítulo 16, de 1 Samuel, durante o reinado de Saul. Deus falou para o profeta Samuel: "Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche um chifre de azeite, e vem, enviar-te-ei a Jessé o belemita; porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei". (1 Sm 16.1).   Inicialmente, Samuel relutou, pois temia que Saul o matasse por estar ungindo outra pessoa como rei. Mas Deus lhe deu a estratégia, mandando-o convidar Jessé e os seus filhos para um sacrifício ao Senhor. Chegando lá, Samuel impressionou-se com a aparência de Eliabe, o primogênito de Jessé, e achou que ele seria o escolhido. Mas Deus o repreendeu, dizendo que não olhasse para a aparência, pois Deus vê o coração. 

Jessé fez passar os seus sete filhos adultos perante Samuel e Deus não escolheu nenhum deles. Indagado se não tinha mais filhos, Jessé respondeu que ainda tinha o menor, que estava no campo com as ovelhas. Samuel mandou chamá-lo e disse que não se assentaria para comer, antes que ele chegasse. Quando Davi entrou, o Senhor mandou  Samuel ungi-lo e, a partir daquele momento, o Espírito do Senhor se apoderou dele (1 Sm 16.12,13). 

No Salmo 89.20, o Senhor diz: "Achei a Davi, meu servo; com santo óleo ungi." A palavra hebraica traduzida por achei dá a ideia de que Deus procurou em todo o Israel um homem que executasse o seu propósito como líder do seu povo e "achou" a Davi. Já a palavra ungido, em hebraico é “Mashiach" e foi transliterada para o português como “Messias”. No grego, a palavra correspondente é “Christos”. Literalmente, significa derramar óleo em uma pessoa ou objeto, consagrando-o para um serviço ou finalidade específica. Quando se tratava de unção de pessoas, através deste ato simbólico, a autoridade de Deus era conferida à pessoa ungida. Esta autoridade conferida é chamada de unção. A pessoa ou objeto ungido, se tornavam santos (Êx 30: 22-33; 1 Sm 24: 6; 10). No contexto do Antigo Testamento, a unção era determinada por Deus e só se ungia três tipos de pessoas: reis, profetas e sacerdotes. 

Pelos critérios humanos, Davi jamais seria escolhido rei. Ele não era de família real, não fazia parte do exército e, certamente, não era culto, pois vivia nas montanhas cuidando de ovelhas. Mas Deus o escolheu para ser o rei de todo Israel. Entretanto, desde a sua escolha até ele assumir o trono, passaram-se aproximadamente dez anos. Alguns comentaristas dizem que ele tinha 20 anos, quando foi ungido e quando Saul morreu, ele tinha 30 anos.  Davi passou pela escola de Deus nas perseguições, lutas, humilhações e fugas por desertos e cavernas. Certa vez, ele teve que fingir-se de louco para não ser morto. Davi aprendeu a ser dependente de Deus e, neste período, ele compôs muitos salmos, nas suas angústias e aflições. 

2- Davi, o homem de Deus. Após ser ungido como rei de Israel, como vimos acima, o Espírito Santo se apoderou de Davi e o capacitou para a missão de governar Israel. Deus rejeitou a administração de Saul e escolheu pessoalmente Davi para substituí-lo no reino. Deus não rejeitou apenas Saul, pois se fosse esse o caso, teria deixado o seu filho em seu lugar. Deus rejeitou a dinastia de Saul e entregou o governo a Davi e seus descendentes. 

O Espírito do Senhor se retirou de Saul e um espírito mau passou a atormentá-lo. Os seus servos o aconselharam a buscar um músico que tocasse bem, para afugentar o espírito mau. Foi informado a Saul que Davi, o filho de Jessé, tocava harpa muito bem, era corajoso, homem de guerra, sensato, de boa aparência e o Senhor Deus estava com ele (1 Sm 16.14-18). Saul, mandou buscar a Davi para tocar para o rei. Quando ele tocava, o espírito mau se retirava de Saul e ele se sentia melhor. Então, Saul se apegou a Davi e mandou a dizer a Jessé que Davi passaria a morar no Palácio e tornou-se seu escudeiro. 

Outra evidência de que Deus estava com Davi, foi a sua predisposição de enfrentar Golias, um gigante filisteus, guerreiro desde a sua mocidade, temido por todo o Israel (1 Sm 17.32). Golias propôs um desafio às tropas de Israel, para que arrumassem um homem para lutar com ele. Se o homem o vencesse, os filisteus se renderiam a Israel. Se o homem fosse derrotado pelo gigante, então, Israel se renderia (1 Sm 17.4-10). 

Os homens de Israel tiveram medo do gigante e ninguém se aventurou a lutar contra ele (1 Sm 17.11). Golias afrontou Israel por vários dias. Quando Davi viu aquela afronta, se prontificou a enfrentá-lo. Saul tentou fazê-lo desistir, mas ele estava decidido a enfrentar o gigante, em nome do Senhor (1 Sm 17.33). Saul mandou ele vestir as suas roupas de guerra, mas ele não se adaptou e resolveu enfrentar Golias com a sua funda e algumas pedras (1 Sm 17.38-40).. Quando o Gigante viu Davi, o desprezou. Davi seguiu em sua direção e atirou-lhe uma pedra na testa e o golpe foi fatal. 

Esta vitória de Davi sobre Golias fez com que os filisteus fugissem de Israel (1 Sm 17.51). Depois disso, Davi conquistou a amizade sincera de Jônatas, filho de Saul, o respeito de todo o povo e foi elogiado pelo cântico das mulheres mais do que Saul: “...Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares.” (1 Sm 18.7). Este cântico, no entanto, provocou a inveja de Saul que passou a persegui-lo incansavelmente, tentando matá-lo, até o fim da sua vida. Davi foi obrigado a viver como fugitivo, por aproximadamente dez anos, para escapar das mãos de Saul. Em uma das investidas de Saul. Davi teve a oportunidade de matá-lo, mas, se recusou a tocar no ungido do Senhor. 

Davi sabia que Deus o tinha escolhido para ser o rei de Israel, mas esperou a promessa se cumprir no tempo de Deus e nunca intentou tomar o reino de Saul. Depois que Saul foi morto, o povo da tribo de Judá, à qual Davi pertencia, o escolhera como o seu rei em Hebrom. As demais tribos, lideradas por Abner, tio de Saul e comandante do exército, escolheram Isbosete, filho de Saul como rei. Isso gerou uma guerra civil entre as tribos de Israel e o grupo de Davi saiu vitorioso. Depois da vitória, Davi foi escolhido para ser rei de todo o Israel e pacificou a nação, fazendo as pazes, inclusive com os descendentes de Saul. 

Como rei de Israel, Davi foi um homem de Deus. Davi nunca adorou outros deuses e sempre consultava a Deus, antes de tomar decisões importantes no reino. Desejou construir um templo para o Senhor, mas Deus não permitiu. Ele derrotou muitos inimigos do povo de Deus, conquistou Jerusalém e a estabeleceu como a capital do seu reino. Davi tinha um coração perdoador e lamentou a morte de inimigos que queriam matá-lo, como Saul, Abner e Absalão. Ele muitos pecados, inclusive o adultério com Batseba e o assassinato covarde de Urias, marido dela. Mas, quando confrontado pelo profeta, se arrependeu e não colocou a culpa em ninguém. 

3- A grande família de Davi. Conforme está escrito em 2 Samuel 12.11,12, Davi iria colher as consequências amargas do seu pecado e crimes covardes contra o seu soldado Urias: “Assim diz o Senhor: Eis que suscitarei da tua mesma casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol.” O seu filho Amnom estuprou a irmã Tamar e depois foi morto por outro filho de Davi chamado Absalão. Falaremos mais detalhadamente desse episódio no próximo tópico. 

Após o assassinato de Amnon, Absalão fugiu para Gesur e permaneceu por três anos com seu avô, o rei Talmai. Depois disso voltou para Jerusalém e ficou dois anos esperando que o seu pai o perdoasse e recebesse de volta. Com a mediação de Joabe, que era primo de Davi e comandante do Exército, Davi recebeu Absalão de volta. No palácio, de forma astuta, Absalão foi conquistando o coração do povo. Posteriormente, se rebelou contra o pai, tentando tomar o reino e relacionou-se publicamente com as mulheres de Davi. Para não ter que matar o próprio filho, Davi abandonou o palácio e fugiu. No enfrentamento, o grupo que apoiou Absalão contra Davi foi derrotado. O próprio Absalão foi morto por Joabe, o mesmo que havia intermediado a sua volta. 

Durante o período de sucessão do reino de Davi, também houve disputa e assassinato entre os seus filhos. Deus havia falado para Davi, que Salomão seria o seu sucessor. Davi garantiu a Batseba que o seu filho seria o sucessor. Entretanto, quando Davi envelheceu, Adonias, o quarto filho dele, nascido em Hebrom e filho de Hagite (2 Sm 3.4), usurpou o trono e se declarou rei (1 Rs 1.3). Naquela ocasião ele era o filho mais velho, pois os três primeiros já haviam falecido. Porém Davi já havia prometido o reino a Salomão, por ordem de Deus (1 Rs 1. 29,30). 

Natã, o profeta, quando soube que Adonias havia se autoproclamado rei, chamou Batseba e orientou que ela fosse a Davi, para lembrá-lo do juramento que ele fizera sobre Salomão. Davi reafirmou o juramento e garantiu que Salomão seria o rei. Quando Salomão assumiu o trono, Adonias desejou se casar com Abisague, a jovem sunamita que havia cuidado de Davi em seus últimos dias de vida. Salomão interpretou esta atitude de Adonias como uma usurpação do trono e mandou matá-lo (1 Rs 2.24,25). Este foi o terceiro filho de Davi que foi assassinado. 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 156-157..

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1182.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Josué a Ester. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 285-286; 664

SELMAN, Martin, J. Introdução e Comentário 1 e 2 Crônicas. Editora Vida Nova. pág. 134.


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