04 maio 2023

O NASCIMENTO DE SANSÃO E SUA FORMAÇÃO

Foto: Biblioteca do Pregador

(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 06: pais zelosos e filhos rebeldes).

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos sobre o nascimento de Sansão e a sua formação. O seu nascimento foi um milagre anunciado, pois a sua mãe era estéril. Falaremos também sobre o ambiente familiar em que Sansão foi criado. Temos poucas informações sobre os seus pais, mas podemos concluir pelo relato do nascimento de Sansão, que eles tinham uma vida piedosa e uma vida conjugal bem ajustada. Por último, falaremos sobre a formação de Sansão. Não temos no texto bíblico, a informação de que, realmente, os seus pais lhe ensinaram a Lei do Senhor. Mas, pela vida piedosa que eles levavam, podemos deduzir que sim. Porém, vemos que Sansão na idade adulta se afastou das exigências do nazireado. 


1- O nascimento e desenvolvimento de Sansão. No texto de Juízes 13.24,25 lemos o seguinte: “E o menino cresceu, e o Senhor o abençoou. E o Espírito do Senhor o começou a impelir de quando em quando para o campo de Dã, entre Zorá e Estaol”. Os pais de Sansão viram a fidelidade do Senhor, no cumprimento da promessa. Podemos inferir deste texto, que a infância e juventude de Sansão foram dirigidas por Deus. Certamente os seus pais, que eram tementes a Deus e viram o cumprimento da promessa do nascimento de um filho, sendo a sua mãe estéril, criaram-no seguindo os princípios de Deus. 


Assim como aconteceu com Jesus quando tinha doze anos, o Espírito do Senhor já agia na vida de Sansão ainda muito jovem, abençoando o menino e depois, impelindo-o a ir ao campo de Dã, entre Zorá e Estaol, que ficava na fronteira com os filisteus e era dominado por eles. Mesmo sendo precipitado, inconsequente e afoito muitas vezes, o fato é que desde cedo, apesar de ser um homem fraco moralmente, Sansão era dirigido pelo Espírito Santo para livrar Israel do domínio dos filisteus. 


Sansão cresceu sabendo que era o filho prometido aos seus pais e que ele nasceu por um milagre de Deus, tendo como missão começar a livrar Israel das mãos dos filisteus. Deus concedeu a ele um desenvolvimento físico extraordinário e também muita coragem para realizar a missão que Deus lhe concedeu. Sansão desde cedo enfrentou situações de perigo, sem nenhum temor e os inimigos de Israel o temiam e fugiam dele. A primeira manifestação de força e coragem de Sansão foi quando um leão veio ao seu encontro e ele o despedaçou com as mãos, como se fosse um cabrito, sem nenhuma arma. Evidentemente, tanto a força física, como o ímpeto e coragem vinham do Espírito Santo (Jz 14.6).


2- A família de Sansão. Sansão foi criado por um casal que temia a Deus, mesmo vivendo em uma geração que se afastou de Deus. Conforme vimos no primeiro tópico, após a morte de Josué, o povo de Israel caiu em um ciclo vicioso de idolatria e anarquia. Por isso, Deus os entregou a inimigos cruéis para puni-los e levá-los ao arrependimento. Quando se arrependiam e clamavam ao Senhor, Deus os livrava, mas, após a morte do libertador, eles voltavam ao pecado. 


A história de Sansão demonstra que os pais de Sansão continuaram fiéis a Deus. A sua mãe era estéril, em uma sociedade que considerava isso uma maldição e desprezava as mulheres que não tinham filhos. Mesmo assim, não há registros de que ela murmurou, se desesperou ou se precipitou como fizeram Sara e Raquel. O fato do Anjo do Senhor aparecer inicialmente ela e não ao seu esposo Manoá, indica que ela era mulher que tinha comunhão com Deus, talvez até mais do que o seu esposo. Mesmo assim, ela contou tudo ao seu esposo e, quando o Anjo apareceu novamente, ela pediu que ele esperasse e foi chamar o esposo, para que ele também ouvisse as instruções do Senhor. 


Estes relatos nos mostram, como disse o comentarista, que este casal tinha uma “vida conjugal de confiança e profunda piedade”. O exemplo de Manoá e sua esposa nos ensina valiosas lições para a nossa vida familiar:

  1. Mesmo vivendo no meio de pessoas que não temem a Deus, devemos manter a nossa comunhão com Deus e não seguir a maioria. 

  2. Ensina-nos também que em situações de lutas impossíveis aos nossos olhos, como o caso da esterilidade feminina naquele contexto, devemos confiar e esperar no Senhor. 

  3. Aprendemos também que, ao recebermos uma missão de Deus, devemos buscar a Ele e pedir as instruções, em vez de agir por conta própria. Sara tinha a promessa de que o seu esposo seria pai de uma grande nação, sendo ela estéril. Os anos se passaram e a promessa não se cumpria. Em vez de buscar ao Senhor e pedir informações, ela se precipitou e agiu por conta própria, como vimos na primeira lição.

  4. Ensina-nos que devemos criar os nossos filhos conforme os princípios da Palavra de Deus. O casal recebeu a promessa de que teria um filho, que seria nazireu de Deus. Eles perguntaram ao Senhor qual seriam as instruções para a criação e educação do filho. Mesmo os nossos filhos não sendo nazireus, há vários princípios na Palavra de Deus para a criação dos filhos, que nós devemos seguir. 

  5. Por último, aprendemos que o casal deve estar sempre unido e agir em parceria na criação dos filhos. Jamais o casal deve agir de forma diferente na educação dos filhos, tirando a autoridade um do outro. 


3- A formação de Sansão. Conforme vimos acima, os pais de Sansão eram piedosos e tinham uma vida conjugal bem ajustada. Certamente eles ensinaram a Sansão as exigências do nazireado e os orientaram corretamente, segundo o que receberam do Anjo do Senhor. Entretanto, vemos que na idade adulta, Sansão se afastou destes ensinamentos, seguiu a sua própria vontade e não honrou o voto de nazieado que o Senhor ordenara aos seus pais. Muitas pessoas acham que o problema de Sansão foi apenas o fato de ter contado o segredo a Dalila, que mandou cortar o cabelo dele. Mas, a rebeldia dele começou bem antes. Sendo um nazireu, Sansão não poderia tocar em cadáver. Mas ele comeu mel que estava em um cadáver de um leão. Casou-se com uma mulher das filhas dos filisteus, contrariando a orientação dos seus pais. Estas atitudes demonstram a sua rebeldia em relação aos ensinos dos seus pais. 


Muitos pais ao verem os seus filhos andando em caminhos tortuosos, ficam se martirizando e se culpando, perguntando onde erraram. É claro que em muitos casos, a culpa realmente é dos pais que não ensinaram, não impuseram limites e deram maus exemplos aos filhos. Entretanto, em muitos casos, os pais são piedosos e ensinam, porém, na idade adulta, os filhos têm livre arbítrio e se afastam daquilo que aprenderam, seja por más influências ou por rebeldia mesmo. Foi este o caso de Sansão. Ele nasceu em um lar de pessoas que serviam a Deus e foi ensinado corretamente Mas, depois abandonou os ensinos dos pais e seguiu a própria vontade, como veremos no próximo tópico. 


A Palavra de Deus nos ensina que devemos instruir a criança no caminho em que deve andar e até quando envelhecer, não se afastará dele (Pv 22.5). Entretanto, isso não é uma profecia e sim, uma palavra de sabedoria. O apóstolo Paulo também recomendou ao carcereiro de Filipos: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa”. Muitas pessoas também confundem este versículo, como se fosse uma garantia de que eu crer no Senhor Jesus Cristo, automaticamente a minha família também será salva. Mas não é isso que o texto está falando. O que Paulo falou é que se o carcereiro e a sua casa cressem no Senhor Jesus Cristo, eles seriam salvos. Evidentemente, se algum deles não cresse não estaria incluído. 

 

A tendência é que os filhos que foram ensinados desde cedo nos caminhos do Senhor, com as palavras e o exemplo, na idade adulta permaneçam servindo ao Senhor. Mas, existem as exceções, pois eles têm o livre arbítrio e podem escolher o caminho que irão trilhar. A nossa responsabilidade como pais é apenas ensinar e orar por eles. 


REFERÊNCIAS:

Cabral, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 105-109.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1056.

RIDALL, Clyde. Comentário Bíblico Beacon: Juízes. Editora CPAD. pág. 137.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pág. 143-144.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 4. 11ª Ed. 2013. pág. 466.

PFEIFFER, Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pag. 1347.

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