(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 06: Pais zelosos e filhos rebeldes)
Ev. WELIANO PIRES
No terceiro tópico, falaremos sobre a fraqueza de caráter de Sansão. Desde a infância, Sansão sabia que era escolhido por Deus para libertar o seu povo da opressão dos filisteus. Mas ele acabou subestimando o poder do inimigo e tornou-se vítima das suas armadilhas. Sansão também passou a agir de forma presunçosa, subestimando a ação de Deus em sua vida e alimentando o próprio ego. Passou também a manipular o poder de Deus e brincar com o pecado. Isso o levou à ruína e à humilhação diante dos seus inimigos. Felizmente, na iminência da sua morte, ele se humilhou, clamou ao Senhor e Deus teve misericórdia dele.
1- Sansão subestimou o poder do inimigo. Dois erros podem ser fatais na estratégia de guerra: desconhecer o inimigo e subestimar o seu poder. Sansão cometeu estes dois erros em relação aos filisteus. Ele entrava nos territórios dominados pelos filsteus sozinho e desarmado. Sansão cometeu o erro gravíssimo de casar-se com uma mulher filistéia, mesmo sendo advertido pelos seus pais de que aquilo não acabaria bem. Certa vez, ele foi cercado por mil homens dos filisteus e só não foi morto, porque o Espírito de Deus se apossou dele e ele os feriu com uma queixada de um jumento. Em outra ocasião, ele foi a Gaza, uma das cidades fortes dos filisteus, e deitou-se como uma prostituta. Os filisteus cercaram a cidade, mas ele arrancou o portão com os seus batentes e trancas e o levou até o cume de um monte sobre os seus ombros. Por último, se envolveu com uma mulher astuta, chamada Dalila, que o fez revelar o segredo da sua força e os filisteus o dominaram. Por causa disso, o seu fim foi trágico e humilhante.
Muitos crentes atualmente também cometem estes mesmos erros que Sansão cometeu: menosprezam o poder e artimanhas do inimigo e se expõem ao perigo, brincando com a natureza carnal, o pecado e o diabo. Sobre este assunto, o apóstolo Pedro nos alertou: “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8). Nesta advertência, o apóstolo alertou os crentes sobre o perigo do nosso adversário, que é maligno e altamente destruidor, mas, ao mesmo tempo, é astuto como um leão quando ataca as suas presas. O primeiro passo para o leão atacar uma presa é acompanhar os seus passos e isolá-la do bando. Quando a presa está sozinha, ele a ataca com um golpe certeiro, que impede a sua reação.
O pastor Hernandes Dias Lopes, comentando este texto de 1 Pedro 5. 8, mostra-nos quatro armas muito eficientes para não cair nas ciladas do adversário, que transcrevo abaixo resumidamente:
Sobriedade. Esta palavra é sinônimo de domínio próprio. É o contrário de estar embriagado e sem controle. Se o inimigo conseguir dominar a mente do crente, ele o destruirá.
Vigilância. Significa estar atento ao que acontece ao seu redor, identificando as possíveis ciladas do adversário para não cair nelas.
Fé. A fé pode ter o sentido de confiança absoluta em Deus e capacidade de suportar as provações, mas pode se referir também ao conjunto das doutrinas bíblicas. Nos dois casos, é uma arma poderosa contra o inimigo.
Consciência em meio ao sofrimento. O diabo é especialista em exagerar na dimensão da nossa dor e, ao mesmo tempo, menosprezar o consolo que temos em Deus. Sendo assim, o crente precisa se conscientizar de que ele não é o único que sofre, que Deus nos ajuda a suportar o sofrimento e que este é passageiro. Na eternidade, está reservado para nós uma glória indizível, que suplanta qualquer sofrimento desta vida.
2- A presunção de Sansão. Se por um lado, como vimos acima, Sansão menosprezou o inimigo, por outro lado, ele era presunçoso e superestimava a própria força. Segundo o dicionário Michaelis, da Língua Portuguesa, uma das definições de presunção é a “avaliação muito favorável que alguém tem de si próprio; arrogância, cachaço, orgulho, pomada, vaidade.” Era exatamente assim que Sansão se comportava, achando que era um homem excepcional e invencível. Depois que o seu cabelo foi cortado, Dalila o despertou, dizendo: “Os filisteus vêm sobre ti, Sansão!”. Sansão abriu os olhos e respondeu autoconfiante: “Sairei, como das outras vezes, e me livrarei.” Porém, ele não sabia que o Espírito do Senhor já tinha se retirado dele (Jz 16.20).
Sansão, realmente, fazia coisas extraordinárias, que nenhum homem comum conseguiria fazer, como por exemplo: destroçar um filhote de leão com as próprias mãos; arrancar o portão de uma cidade com os batentes e trancas e carregá-lo nos ombros até o cume de um monte; ferir mil homens, apenas com um pedaço de osso de um jumento; etc. Entretanto, estas coisas extraordinárias não foram realizadas com a força física dele e sim, porque o Espírito do Senhor se apossava dele e o capacitava com uma força sobrenatural. Tanto que depois que o Espírito do Senhor se retirou dele, os filisteus o dominaram, prenderam-no e furaram-lhe os olhos.
Um dos grandes inimigos do cristão é a sua própria carne (natureza pecaminosa) ou o velho homem, como é chamado na Bíblia. A carne cobiça contra as coisas do Espírito e leva o homem a agir de acordo com os próprios impulsos. O apóstolo Paulo disse que, “os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm 8.8) e “os que praticam as obras da carne não herdarão o Reino de Deus”. (Gl 5.19-21). É próprio da natureza carnal, a soberba, a arrogância e a autoconfiança. Se não andar segundo o Espírito, o ser humano não glorifica a Deus e busca a glória para si mesmo. Infelizmente, muitas pessoas que recebem dons de Deus para fazer a Obra de Deus e glorificá-lo, acabam caindo na tentação de se orgulhar dos dons que não lhe pertencem. Isso, certamente, os levará à ruína, pois Deus resiste aos soberbos.
3- Manipulando o poder de Deus e brincando com o pecado. Sansão era muito forte fisicamente, com a força que vinha de Deus. Por outro lado era muito fraco espiritual e moralmente. Ele não levava a sério as coisas de Deus e, portanto, se tornou profano.
Sendo israelita e nazireu de Deus, ele tinha várias regras a cumprir, que ele simplesmente ignorava. Os israelitas eram proibidos de se casarem com mulheres estrangeiras, pois a nação de Israel foi formada por Deus, para através dela trazer o Messias. Ignorando este mandamento de Deus e advertência dos pais, Sansão casou-se com uma filistéia, e depois envolveu-se com uma prostituta, também filistéia, que por pouco não morreu, quando estava com ela. Por último se apaixonou por outra filistéia, chamada Dalila, mulher astuta e avarenta, que o fez descobrir o segredo da sua força e o traiu, entregando-o aos inimigos dele.
Como nazireu, Sansão tinha regras ainda mais rigorosas para cumprir, que um israelita comum. Conforme falamos no tópico anterior, um nazireu não poderia beber vinho ou bebida forte, não poderia cortar o cabelo e não poderia tocar em cadáver ou em qualquer coisa considerada imunda. Não há registro de que Sansão tenha bebido vinho e ele não cortava o cabelo. Entretanto, comeu mel que estava em um cadáver de leão e envolveu-se com mulheres estrangeiras. Isso o tornava imundo e violava o voto do nazireado.
Esta profanação para com as coisas de Deus e brincadeiras com o pecado, inevitavelmente o levaram à destruição, com um final humilhante, sendo zombado em um templo de um deus pagão. Se tivesse dado ouvido aos ensinos e advertências dos seus pais, nada disso teria acontecido e ele teria terminado a vida como um grande herói de Israel, como foram Moisés, Josué, Samuel e Davi. Claro que este homens também tiveram falhas, mas viveram até a velhice, honrando a Deus em suas vidas.
Deus não se deixa escarnecer Ninguém sai ileso fazendo concessões ao pecado, vivendo uma vida dupla, dizendo que serve a Deus e ao mesmo tempo vivendo uma vida de pecado e dissolução. O apóstolo Paulo alertou os Coríntios, para não se prenderem a um jugo desigual com os infiéis, pois não pode haver comunhão entre as luz e as trevas, ou entre Cristo e Belial (2 Co 6.14). Isso não serve apenas para o casamento, mas para todas as áreas da nossa vida. Deus nos chamou para sermos santos, ou seja, separados do pecado e consagrados a Deus.
REFERÊNCIAS:
Cabral, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 110-115.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2ª Impressão: 2010. Vol. 2. pag. 734.
LOPES, Hernandes Dias. 1 Pedro: Com os pés no vale e o no céu. Editora Hagnos. pag. 176-179.
RIDALL, Clyde. Comentário Bíblico Beacon: Juízes. Editora CPAD. págs. 143-144.
CLARKE, Adam. Comentário Bíblico de Adam Clarke: Juízes.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1066.
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