16 maio 2023

A PATERNIDADE DENTRO DA FAMÍLIA

Imagem: escola-dominical.com

(Comentário do primeiro tópico da Lição 08: A importância da paternidade na vida dos filhos)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos sobre a paternidade dentro da família. Inicialmente falaremos do papel dos pais na primeira família: Adão e Eva e os seus filhos. O pai era o líder do lar, responsável pela provisão do alimento e segurança. A esposa, como ajudadora do esposo, era responsável por cuidar da casa e dos filhos. Depois, falaremos sobre a falta de autoridade no lar, usando como exemplo os sacerdotes Eli e Samuel, que exerciam autoridade sobre todo o Israel, mas não exerceram autoridade em suas próprias casas. Por último, falaremos dos problemas advindos de uma paternidade ausente, na formação moral e espiritual dos filhos. 


1. A primeira família. A família é uma instituição divina, pois foi criada por Deus. Depois de criar o primeiro homem, Deus disse que não seria bom o homem viver só e decidiu criar a mulher para ser a sua companheira. O Criador criou o primeiro casal, uniu-os e ordenou que se multiplicassem e povoassem a terra. (Gn 1.26-28). 

Quando dizemos que Deus criou a família, estamos dizendo que Ele idealizou e projetou a família e não apenas formou o primeiro casal. Deus foi o arquiteto da família, pois Ele criou o projeto. Foi também engenheiro e construtor, pois formou o primeiro casal e os uniu. 

Na conversa que Jesus teve com os fariseus sobre o divórcio, Ele falou: “O que Deus ajuntou, não o separe o homem”. (Mt 19.6b). Aqui, o Senhor reconhece que a instituição divina da família. Portanto, a família não é uma construção social, como dizem os inimigos da família. Não foi uma necessidade econômica do ser humano, ou uma criação burguesa para reproduzir a força de trabalho do proletariado, como dizem os marxistas. 

Sendo Deus, o idealizador e criador da primeira família, Ele estabeleceu também o modelo de família, que é formado por homem e mulher, e estabeleceu os papéis de cada um. Deus estabeleceu o modelo de família patriarcal, onde o pai é líder da família, responsável por prover o sustento e a segurança do lar. A mãe, por sua vez, é a responsável por cuidar dos filhos e da casa, alimentando-os, ensinando os primeiros passos e palavras e oferecendo todo o apoio necessário para um crescimento saudável. Pai e mãe, unidos, cada um em seu papel, são fundamentais para a formação do caráter da criança.

Deus criou homem e mulher com características físicas e emocionais diferentes, compatíveis com os seus respectivos papéis. Não são competidores entre si e um não é mais importante do que o outro. Cada um tem a sua importância e ambos se completam. Com o avanço da iniquidade e rebeldia da humanidade contra Deus, o ser humano vem mudando os princípios que Deus estabeleceu, substituindo-os por filosofias humanas e diabólicas. Os resultados são trágicos. 

Os pais são responsáveis pela formação física, emocional e espiritual dos filhos. Portanto, cabe a eles providenciar: a alimentação adequada, para que que cresçam saudáveis; o amor, o afeto e o respeito, para que não desenvolvam traumas e distúrbios emocionais; o ensino da Palavra de Deus e exemplo de vida piedosa, para que temam a Deus. 


2. A falta de autoridade no lar. O princípio da autoridade em todas as áreas foi estabelecido por Deus: "Toda a alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.” (Rm 13.1,2). Deus estabeleceu a autoridade no lar, na sociedade, na vida religiosa de Israel e na Igreja. 

Na sociedade atual a autoridade tem sido contestada e desrespeitada em todas as áreas. O princípio da autoridade tem sido questionado em todos os setores da sociedade. Cidadãos afrontam policiais e autoridades publicamente, filmam a ação e ainda publicam nas redes sociais, como se fosse um troféu; até membros de Igrejas, afrontam uns aos outros e não querem se submeter à autoridade pastoral. Certamente, estas pessoas não aprenderam o que é autoridade com os seus pais. 

Eu fui criado em um ambiente onde a autoridade dos pais, dos professores, da polícia, dos pastores e até das pessoas mais velhas eram inquestionáveis. As crianças eram ensinadas desde cedo, a se sujeitarem à autoridade dos pais. Sendo assim, quando íamos à escola, já tínhamos em mente que o professor exerceria autoridade sobre nós. O mesmo acontecia na Igreja. Aprendemos que o pastor, os diáconos, os líderes do departamento infantil, etc. exerciam autoridade na Igreja e tinham que ser respeitados. 

Quando não existe autoridade no lar, os filhos crescem em um ambiente de anarquia, onde cada um faz o que quer e levam isso para a vida adulta. É importante não confundir autoridade com autoritarismo e tirania, como veremos no próximo tópico. A autoridade deve ser exercida em primeiro lugar através do temor a Deus. Devemos desde cedo ensinar os nossos filhos a amar a Deus, pois quem ama a Deus obedece a autoridade. Em segundo lugar, devemos ser exemplo para os nossos filhos, pois, as atitudes ensinam muito mais às crianças do que as palavras. Em terceiro lugar, a autoridade paterna deve ser exercida por meio de um relacionamento de amor e confiança. Um filho que aprendeu a amar e respeitar o seu pai, faz de tudo para não desagradá-lo. 

 

3. Os problemas de uma paternidade ausente. A presença dos pais na vida da criança é muito importante para o seu desenvolvimento, em todos os aspectos. Os filhos precisam de referências tanto masculinas, através do pai, como feminina, através da mãe. A ausência deles, mesmo que não tenham morrido ou saído de casa, traz enormes prejuízos à formação psicológica, moral e espiritual dos filhos. Há pais que querem substituir a sua presença na vida dos filhos por presentes. Outros querem transferir a responsabilidade para a babá, para escola e até para a Igreja.  Mas o que eles precisam mesmo é que os pais se façam presentes e exerçam o seu papel. 

Muitos pais dedicam-se excessivamente ao trabalho e até às atividades da Igreja e se descuidam da autoridade do próprio lar. Tanto Eli como Samuel exerceram o sacerdócio em Israel e, como tal, tinham autoridade sobre o povo. Entretanto, descuidaram da própria família e os filhos se tornaram ímpios. Como sacerdotes, eles tinham a obrigação de ensinar aos filhos e corrigi-los. Tinham a obrigação de puni-los, inclusive depois de adultos. Mas, não fizeram isso e o resultado foi desastroso. Os filhos de Eli extrapolaram todos os limites da impiedade e foram mortos. Os de Samuel não foram mortos, mas foram rejeitados pelo povo. Sobre o cuidado que um obreiro deve ter com a própria casa, assim escreveu o Pr. Hernandes Dias Lopes: 

"O primeiro rebanho do presbítero é sua família. Se ele fracassa em cuidar de sua casa, está desqualificado para cuidar da casa de Deus. Se não cria os filhos no temor do Senhor, não é capaz de exortar os filhos dos demais crentes. Se os próprios filhos não lhe obedecem nem o respeitam, dificilmente sua igreja lhe obedecerá e respeitará sua liderança."


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 140-143.

MACARTHUR, John. Pais sábios, Filhos brilhantes. Editora Thomas Nelson Brasil. 1 Ed. 2014.

STAMPS, Donald C. (Ed) Bíblia de Estudo Pentecostal: Antigo e Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

CURY, Augusto Jorge. Pais brilhantes, professores fascinantes. Editora Sextante. 1 Ed. 2003

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 1. 11 ed. 2013. pág. 325.

TENNEY, Merrill  C. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pág. 359.

LOPES. Hernandes Dias. 1 Timóteo: O Pastor, sua vida e sua obra. Editora Hagnos. pág. 80-81.


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