08 julho 2025

Introdução Lição 2: A Igreja de Jerusalém: um modelo a ser seguido


Ev. WELIANO PIRES


TEXTO ÁUREO:

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.” 

(At 2.42).

 

VERDADE PRÁTICA:

"A Igreja de Jerusalém, como igreja-mãe, tornou-se exemplo para as demais. Um modelo a ser seguido por todas as igrejas verdadeiramente bíblicas".


INTRODUÇÃO


Nesta lição estudaremos a Igreja de Jerusalém, como um modelo para as demais Igrejas cristãs. A Igreja de Jerusalém foi a primeira Igreja, que foi inaugurada no dia de Pentecostes, com a descida do Espírito Santo. Esta Igreja nasceu forte e cheia do Espírito Santo, sendo liderada pelo colégio apostólico, tendo inicialmente Pedro como principal líder e posteriormente, Tiago, o irmão de Jesus. Naturalmente, a Igreja de Jerusalém não era perfeita, pois era formada por seres humanos como nós, que eram igualmente falíveis. Entretanto, era uma Igreja que vivia em constante oração, comunhão e temor a Deus, alicerçada na Doutrina dos apóstolos, recebida diretamente do Senhor Jesus. Como resultado, o Espírito Santo operava sinais e maravilhas e milhares de pessoas se rendiam a Cristo. 


Palavra-Chave: MODELO


A palavra modelo tem vários significados na língua portuguesa. O significado que se aplica aqui é “Coisa ou pessoa que serve de imagem, forma ou padrão a ser imitado, ou como fonte de inspiração; exemplo dado por uma pessoa ou coisa, que possui determinadas características em alto grau”. No caso em estudo nesta lição, a Igreja de Jerusalém é apresentada como um modelo de Igreja a ser imitada, cujo fundamento doutrinário, comunhão e piedade deve ser seguido pelas Igrejas genuinamente cristãs.  


TÓPICOS DA LIÇÃO


I. UMA IGREJA COM SÓLIDOS ALICERCES


No primeiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja com sólidos fundamentos. Inicialmente, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja com fundamento doutrinário, que é uma característica indispensável a qualquer Igreja genuinamente cristã. Na sequência, falaremos do significado da expressão “Perseveravam na doutrina dos apóstolos". Por último, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja relacional e piedosa, que é uma referência à comunhão e à vida de oração que os primeiros cristãos praticavam. 


II. UMA IGREJA OBSERVADORA DOS SÍMBOLOS CRISTÃOS


No segundo tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era observadora dos símbolos cristãos ou ordenanças de Jesus à sua Igreja. O primeiro símbolo cristão observado pela Igreja de Jerusalém era o batismo em águas. O batismo era um dos primeiros passos dos novos convertidos. Entretanto, só eram batizados os que realmente se arrependiam dos seus pecados. O segundo símbolo do cristianismo praticado pela Igreja de Jerusalém era a Ceia do Senhor, conforme podemos ver em Atos 2.42: “E perseveravam... no partir do pão”


III. UMA IGREJA MODELO


No terceiro tópico, falaremos da Igreja de Jerusalém como uma Igreja modelo. Inicialmente, veremos que era uma Igreja reverente e cheia de dons do Espírito Santo. Lucas descreve que “em cada alma havia temor” e que “muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos” (At 2.43). Na sequência, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja acolhedora, pois “estavam sempre juntos e tinham tudo em comum” (At 2.44). Por último, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja adoradora, pois estavam sempre “Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo” (At 2.47).


REFERÊNCIAS:


GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Ensinador Cristão:  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p. 37.  
Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1932.
Comentário Bíblico Beacon — João e Atos. Vol. 7. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, p.225.

07 julho 2025

IGREJA DE JERUSALÉM — UM MODELO A SER SEGUIDO


SUBSÍDIOS DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO / CPAD 

A lição desta semana tem como finalidade apresentar a igreja primitiva como modelo de fé e relacionamento cristão aos irmãos da igreja atual. Ao observarmos o livro de Atos, identificamos vários aspectos que revelam a face da igreja primitiva como uma igreja doutrinariamente sólida, que perseverava nos ensinamentos introduzidos pelos apóstolos, e na qual os seus membros desfrutavam de uma comunhão salutar; e, não menos importante, oravam assiduamente (At 2.42). Dessa forma, o trabalho realizado por esses irmãos resultava no avanço da pregação do Evangelho, mesmo em meio às perseguições (2Ts 3.1-3).

Além de ser uma igreja que gozava da manifestação abundante dos dons espirituais, bem como da operação contínua de sinais, prodígios e maravilhas, havia uma característica muito marcante que a tornava pujante. A igreja primitiva era uma igreja “acolhedora”. Em linhas gerais, o termo acolhedor, de acordo com o Dicionário Houaiss (2009), significa “oferecer ou obter refúgio, proteção ou conforto físico, amparo; dar hospitalidade”. No contexto da igreja primitiva, significava acolher os pecadores, oferecer a oportunidade de perdão e reconciliação com Deus. Além disso, significava também que a igreja não fazia acepção de pessoas, nem mesmo fomentava o preconceito seja qual fosse a condição de pecado em que a pessoa estivesse (At 10.34,35; Rm 2.11); mas, pelo poder regenerador do Espírito Santo, tornava cada pecador arrependido em um discípulo de Cristo (Mt 28.19,20). 

Aprendemos com a igreja primitiva que devemos acolher o pecador e ensinar que Jesus cura, salva, liberta, batiza no Espírito Santo e voltará para buscar Seus servos para estarem para sempre com Ele. Nesse sentido, a Declaração de Fé das Assembleias de Deus, documento que traz os fundamentos doutrinários de nossa denominação, discorre que “entendemos que é responsabilidade da igreja a obra missionária. A edificação é realizada por meio do ensino da Palavra nas reuniões da igreja, como o culto de ensino, da escola bíblica dominical. A igreja também exerce o ministério de socorro e misericórdia, que inclui o cuidado dos pobres e dos necessitados, e não somente dos seus membros, mas também dos não membros. Enquanto membros da igreja, somos o sal da terra, proporcionando sabor à vida e evitando a putrefação da sociedade ao combatermos o pecado e a corrupção” (2017, p.123). Que o compromisso de acolher os pecadores não seja furtado de nossos corações. Jesus nos libertou e salvou para que, uma vez regenerados por Seu Espírito, tenhamos o prazer de levar outras vidas a Ele. Uma igreja acolhedora prioriza alcançar vidas para o Reino de Deus.


Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p.37, 

05 julho 2025

CARACTERÍSTICAS DO PENTECOSTES BÍBLICO

(Comentário do 3 tópico da Lição 01: A Igreja que nasceu no Pentecostes)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, veremos as principais características do pentecostes bíblico. Inicialmente, veremos que o Pentecostes foi uma experiência específica, distinta da salvação, pois aqueles discípulos já eram salvos. Em segundo lugar, veremos que foi uma experiência definida e contínua, pois os crentes “começaram a falar em outras línguas” e este fato se repetiu em outras ocasiões. Por último, veremos que o falar em línguas foi a evidência inicial de que os discípulos foram cheios do Espírito Santo e não o amor ou a alegria. 


1. Uma experiência específica. A primeira característica do Pentecostes bíblico é que ele é uma experiência específica. Isto significa que o batismo do Espírito Santo é uma experiência diferente da salvação. Infelizmente, há muita confusão, sobre a obra do Espírito Santo. Muitas pessoas confundem a entrada do Espírito Santo no crente, por ocasião da sua conversão, com o batismo no Espírito Santo. Outros pensam que aqueles que não são batizados no Espírito Santo não tem o Espírito Santo. Há ainda os chamados cessacionistas, que dizem que o batismo no Espírito Santo e os dons espirituais cessaram após a conclusão das Escrituras.

A entrada do Espírito Santo no crente, quando ele se converte, é indispensável à salvação, pois é Ele que opera o novo nascimento e Jesus disse que “aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.” (Jo 3.3). Paulo também disse que “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”.  (Rm 8.9 c). O batismo no Espírito Santo, por sua vez, não está relacionado à salvação. É um revestimento de poder, para os que já foram salvos, serem testemunhas de Cristo, com ousadia e poder (At 1.8). Serve também para capacitar o crente para uma vida cristã vitoriosa (At 6.8-10) e de adoração mais profunda (1 Co 14.26), conforme falamos no tópico anterior. 


2. Uma experiência definida e contínua. O comentarista nos diz que o batismo no Espírito Santo é uma experiência definida e contínua. O texto bíblico diz que os discípulos “começaram a falar em outras línguas..”. Isso nos mostra que a evidência inicial do batismo no Espírito Santo é o falar em outras línguas. Evidentemente houve também outros sinais que se seguiram após o batismo no Espírito Santo, mas em todos os casos que vemos na Bíblia, mostram que as pessoas batizadas no Espírito Santo falaram em outras línguas. 

No dia de Pentecostes, os discípulos foram cheios do Espírito Santo e falaram em “outras línguas”. Posteriormente, em Samaria, após a pregação de Filipe, com a chegada de Pedro e João, foram impostas as mãos sobre os que que creram e eles também foram batizados no Espírito Santo. Nesse caso, o texto não diz explicitamente que eles falaram em línguas. Porém, houve um sinal visível de que foram batizados, pois até o mágico Simão percebeu e ofereceu dinheiro para conseguir este dom (At 8.17,18). Na casa do Centurião Cornélio, as pessoas que ouviram a mensagem pregada por Pedro também foram batizadas no Espírito Santo e também falaram em línguas (At 10.46). Depois, em Atos 19, o apóstolo Paulo encontrou um grupo de 12 discípulos em Éfeso, que desconheciam a Doutrina do Espírito Santo. Depois de explicar sobre o Espírito Santo, Paulo impôs-lhes as mãos e eles também falaram em línguas (At 19.1-6).

A Doutrina Pentecostal clássica ensina desde os primórdios, que a evidência inicial do batismo no Espírito Santo é o falar em línguas desconhecidas. Este também é o posicionamento das Assembléias de Deus, desde a sua fundação. Podemos ver isso claramente na Declaração de Fé das Assembleias de Deus de 1916: 


“O batismo dos crentes no Espírito Santo é testemunhado pelo sinal físico inicial de falar em outras línguas conforme o Espírito de Deus lhes dá capacidade de falar.'' (At 2.4).


3. As línguas e o amor. Conforme vimos acima, a evidência inicial do batismo no Espírito Santo é o falar em línguas. Isso está claro no Livro de Atos. Por que o comentarista falou sobre as línguas e o amor neste ponto? É porque alguns pentecostais na atualidade dizem que as línguas não são a evidência do batismo no Espírito Santo e sim o amor. Entretanto, não é isso que a Bíblia ensina. 

Evidentemente, o amor é indispensável ao cristão, pois não é possível ser cristão sem amor, mesmo que não seja batizado no Espírito Santo. O amor de Deus foi derramado em nossos corações desde a nossa conversão e nos identifica como cristãos. A primeira virtude do Fruto do Espírito Santo é o amor. Além disso, Paulo coloca o amor como uma virtude superior aos dons do Espírito Santo (1 Co 13). Entretanto, o apóstolo não colocou o amor como evidência do batismo no Espírito Santo, mas de crescimento espiritual e maturidade. 


REFERÊNCIAS: 
 
GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Ensinador Cristão:  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p. 36.  
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol. 1. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, p.632.


O PROPÓSITO DO PENTECOSTES BÍBLICO

(Comentário do 2º tópico da Lição 01: A Igreja que nasceu no Pentecostes)

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos do propósito do Pentecostes bíblico. O primeiro propósito do Pentecostes bíblico é promover a verdadeira adoração, pois as pessoas ouviram os discípulos falar em suas próprias línguas, das grandezas de Deus. Em segundo lugar, o propósito do Pentecostes é conceder poder à Igreja para testemunhar de Cristo ao mundo com ousadia, realizando sinais que confirmam a mensagem poderosa que ela prega. 


1. Promover a verdadeira adoração. Após a descida do Espírito Santo no Pentecostes, os discípulos começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem (At 2.4). Os estrangeiros, que vieram à Festa do Pentecostes em Jerusalém, entenderam em seus próprios idiomas o que os discípulos falavam e disseram: “todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus”. (At 2.11). 

O mesmo aconteceu na casa de Cornélio, quando o Espírito Santo desceu sobre os gentios, durante a pregação do apóstolo Pedro. Os crentes judeus que estavam com Pedro se admiraram de que o Espírito Santo fosse dado também aos gentios e disseram: “Porque os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus”. (At 10.46).

O apóstolo Paulo, instruiu os crentes de Corinto sobre o falar em línguas e disse: “Se tu bendisseres com o espírito, como dirá o que ocupa o lugar de indouto o Amém sobre a tua ação de graças, visto que não sabe o que dizes? Porque realmente tu dás bem as graças, mas o outro não é edificado”. (1 Co 14.6,17). Ou seja, o crente quando fala em outras línguas glorifica bem a Deus, mesmo sem entender o que está falando. 

Estes textos bíblicos nos fazem entender que o pentecostes tem o objetivo de glorificar a Deus, promovendo a verdadeira adoração. O revestimento do poder do Espírito Santo não foi dado para elitizar o crente e torná-lo superior aos outros. A Igreja de Corinto tinha muitos dons, de forma que o apóstolo Paulo declarou sobre os coríntios: "nenhum dom vos falta". (1 Co 1.7).  Por outro lado, era uma Igreja carnal ou imatura. ((1Co 3.1,3). Infelizmente, em alguns cultos, parece que há uma competição para ver quem fala mais línguas durante o culto. 


2. Poder para testemunhar. Outro propósito do pentecostes bíblico é capacitar os crentes para testemunhar de Cristo ao mundo, com ousadia e operação de maravilhas. O livro de Atos inicia com as últimas palavras de Jesus aos seus discípulos, após a ressurreição e antes da sua ascensão aos Céus. Entre estas palavras do Mestre, está a promessa da descida do Espírito Santo "não muito depois daqueles dias". (At 1.5,8). Jesus deixou claro aos seus discípulos, o objetivo deste revestimento de poder: Para que eles fossem suas “testemunhas”, tanto em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra (At 1.8).

A palavra testemunha, no grego é “marturia” e refere-se ao testemunho de alguém a respeito de algo que viu, ouviu e tem convicção a ponto de dar a sua vida por aquela causa. É daí que vem a palavra portuguesa “mártir”. A virtude do Espírito Santo é tão indispensável aos discípulos de Jesus, para que eles possam testemunhar do Evangelho, que o próprio Jesus ordenou que eles não se ausentassem de Jerusalém, antes de receberem a promessa do Pai (Lc 24.49; At 1.4).

Após receberem o batismo no Espírito Santo, os discípulos tiveram grande ousadia para proclamar o Evangelho diante das autoridades judaicas, em meio à perseguição e oposição ferrenha. Aqueles discípulos, que outrora estavam trancados em casa com medo dos judeus, agora testemunhavam ousadamente de Cristo e diziam às autoridades religiosas de Israel: “Não podemos deixar de falar daquilo que temos visto e ouvido” (At 4.20). O Espírito Santo lhes concedeu poder para operar sinais e maravilhas e dirigiu a obra missionária. Em várias ocasiões no Livro de Atos, vemos a ação do Espírito Santo, através dos apóstolos. 

Um pentecostalismo que não testemunha ousadamente de Cristo e não faz missões não é o Pentecostes bíblico. A evidência inicial do batismo no Espírito Santo é o falar em línguas, mas o propósito do revestimento de poder não é fazer o crente ficar no templo falando em línguas. Fomos revestidos do poder do Espírito Santo para proclamar ousadamente o Evangelho de Cristo aos pecadores. O Movimento Pentecostal, que surgiu no início do Século XX nos Estados Unidos, contribuiu significativamente para o crescimento da obra missionária em várias partes do mundo, principalmente em lugares onde o Evangelho ainda não havia chegado e em locais muito difíceis e hostis ao Evangelho.


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Ensinador Cristão:  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p. 36.  
GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. págs. 40-52.
RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

A NATUREZA DO PENTECOSTES BÍBLICO

(Comentário do 1° tópico da Lição 01: A Igreja que nasceu no Pentecostes)
 
 
Ev. WELIANO PIRES

 

No primeiro tópico, falaremos da natureza do Pentecostes bíblico. Veremos que foi um evento de natureza divina, com sinais que foram vistos e ouvidos, vindos do Céu. Na sequência, veremos  que foi um evento paralelo ao ocorrido no Monte Sinai, quando Moisés recebeu as tábuas da Lei. Por último, veremos que foi um evento centrado em Cristo e nos tempos finais, como podemos perceber no discurso de Pedro. 

 

1. De natureza divina. O evangelista Lucas foi o escritor do Evangelho segundo Lucas e também do Livro de Atos dos apóstolos. Lucas era médico, historiador e companheiro de viagens do apóstolo Paulo. Ele não foi testemunha ocular dos fatos narrados no Evangelho e também não estava presente nos acontecimentos narrados nos primeiros capítulos de Atos dos apóstolos. Sendo o único escritor não judeu da Bíblia e, segundo alguns estudiosos, natural de Antioquia da Síria, Lucas teria se convertido somente após a morte de Estevão, quando boa parte da Igreja de Jerusalém se dispersou por causa da perseguição. 

Em seus escritos, Lucas colheu depoimentos de várias pessoas que conviveram com Jesus (Lc 1.1). Em seu relato sobre a descida do Espírito Santo, Lucas assim descreveu o momento em que os discípulos foram revestidos de poder: “E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.’ (At 2.2-4).

Este relato de Lucas comprova que este é um acontecimento de natureza divina, primeiro porque veio do Céu. Em segundo lugar, por causa dos sinais visíveis como as línguas repartidas, como se fossem de fogo, pousando sobre os discípulos. Por fim, o sinal sobrenatural dos discípulos glorificando a Deus em outras línguas que eles nunca aprenderam. 

Há ainda outro sinal miraculoso, que são os ouvintes de várias línguas, ouvindo ao mesmo tempo e compreendendo o que cada um dizia em seu próprio idioma. Ora, em um ambiente assim, haveria um grande barulho e ninguém conseguiria entender nada. Mas não foi o que aconteceu. Sendo o mover do Espírito uma obra divina, não está sujeito a agenda humana ou determinações de pregadores como vemos na atualidade. Deus é soberano e opera quando quer, onde quer e como quer. 

 

2. Um evento paralelo ao Sinai. O comentarista faz aqui um paralelo deste acontecimento no dia de Pentecostes,  com as manifestações visíveis de Deus no Antigo Testamento, chamadas de “teofania”, palavra grega derivada de “Theos” (Deus) e “phainein” (manifestação). Teofania, portanto, é uma manifestação visível da presença de Deus. No Monte Sinai, quando Moisés se aproximou para receber as tábuas da Lei, a presença de Deus se manifestou de forma tão gloriosa, que o povo ousou se aproximar. O monte fumegava e o Senhor estabeleceu um limite e determinou que aquele  que o ultrapassasse seria morto (Êx  19.18-21). O próprio Moisés declarou: “Estou todo assombrado e tremendo!” (Hb 11.21).

No evento do Pentecostes, no entanto, Jesus já havia consumado o seu sacrifício por nós e estabelecido uma Nova Aliança, tendo Ele próprio como Mediador. Agora, o Espírito Santo desceu sobre todos os crentes, sem risco de morte, rompendo todos os preconceitos e barreiras sociais. Segundo a profecia de Joel, o Espírito Santo seria derramado sobre toda carne (seres humanos) e não apenas sobre algumas pessoas específicas. Cairia por terra o preconceito contra os jovens (vossos jovens terão visões); contra as mulheres (vossas filhas profetizarão); contra os idosos (vossos velhos terão sonhos; e contras os pobres ( os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito) (Jl 2.28,29).

Outra diferença entre a manifestação divina no Monte Sinai e a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes é que no Sinai a Lei do Senhor foi escrita em tábuas de pedras, apontando o pecado. No Pentecostes, o Espírito Santo desceu e a Palavra de Deus foi escrita nos corações. O apóstolo Paulo falando sobre isso disse: “[Deus] nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica”. (2Co 3.6). Alguns interpretam equivocadamente este texto, como se a letra fosse uma referência ao estudo bíblico. Mas não tem nada a ver. O apóstolo se refere às tábuas da Lei, que apenas aponta o pecado, mas não vivifica. O Espírito Santo, por sua vez, nos regenera e nos capacita a obedecer a Deus. 


3. Centrada em Cristo e nos tempos finais. Depois que foram cheios do Espírito Santo, os discípulos começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. O barulho dos crentes glorificando a Deus em outras línguas foi ouvido de longe e as pessoas se aproximaram para ver o que estava acontecendo. Os estrangeiros ficaram espantados, pois, cada um ouvia pessoas falarem na língua deles, das maravilhas de Deus. Diante disso, perguntaram: “Estes que estão falando não são todos galileus? Como, pois, os ouvimos falar em nossas próprias línguas?”. Outros, no entanto, zombavam dizendo: “Estes homens estão embriagados!” (At 2.7,13).

Pedro, cheio do Espírito Santo, levantou-se com os demais apóstolos e fez um longo e ousado discurso, explicando que aquilo era o cumprimento da profecia de Joel. Na sequência, Pedro fez uma exposição detalhada sobre a morte e ressurreição de Jesus, mostrando pelas Escrituras que Ele era o Messias prometido a Israel. No final da pregação de Pedro, a multidão perguntou: “Que faremos, homens irmãos?” (At 2.37). Pedro respondeu: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.” (At 2.38). Três mil almas creram na mensagem e se converteram a Cristo. 

Vê-se, portanto, que o derramamento do Espírito Santo no Pentecostes está intimamente ligado à morte, ressurreição e ascensão de Cristo aos Céus. O Espírito Santo desceu para dar continuidade ao ministério terreno de Jesus e dirigir a sua Igreja. Após o Pentecostes, o tema da pregação apostólica era a morte e ressurreição de Jesus. O Espírito Santo nos capacita para sermos testemunhas de Cristo e não de nós mesmos. Por outro lado, está relacionado também aos últimos dias, que é uma referência ao período da era cristã, que vai desde a ressurreição de Jesus até a sua segunda vinda. 

 

REFERÊNCIAS: 
 
GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Ensinador Cristão:  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p. 36.  
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol. 1. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, p.631.

01 julho 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 01: A IGREJA QUE NASCEU NO PENTECOSTES

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Ev. WELIANO PIRES

TEXTO ÁUREO:
“E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.” (At 2.4).

VERDADE PRÁTICA:
A Igreja nasce no Pentecostes capacitada pelo Espírito para cumprir sua missão.

Palavra-chave: Pentecostes.
A palavra “pentecostes” é a transliteração do termo grego “pentekosté”, que significa o "quinquagésimo dia''. Era uma festa judaica que acontecia exatamente cinquenta dias após o sábado da semana da Páscoa (Lv 23.15,16). É também chamada de Festa das Semanas (Dt 16.10), Festa da Colheita (Êx 23.16) e Festa das Primícias (Nm 28.26). Antes de subir ao Céu, Jesus ordenou aos seus discípulos que não se ausentassem de Jerusalém e aguardassem o revestimento de poder, que aconteceria poucos dias depois. A promessa se cumpriu exatamente no dia da celebração da festa de Pentecostes, ocasião em que vinham pessoas de várias partes do mundo para Jerusalém. Por isso, a referência à Palavra Pentecostes nesta lição é à descida do Espírito Santo e não a festa judaica.

Objetivos da Lição:
I) Apresentar a natureza do Pentecostalismo Bíblico;
II) Enfatizar o propósito do Pentecostalismo Bíblico;
III) Elencar as características do Pentecostalismo Bíblico.

Nesta primeira lição, veremos como a Igreja de Jerusalém nasceu. A Igreja foi idealizada por Deus na eternidade. Diferente do que muitos imaginam, a Igreja não é um plano “B” de Deus, por Israel ter falhado como povo de Deus. Deus idealizou a Igreja e Jesus veio a este mundo edificar a sua Igreja. Porém a inauguração da Igreja se deu no dia de Pentecostes, após a ascensão de Jesus. Por isso, o assunto desta primeira lição é o Pentecostes, não a festa judaica que leva este nome, mas o derramamento Espírito Santo, que ocorreu no primeiro dia de Pentecostes após a ascensão de Jesus.
No primeiro tópico, falaremos da natureza do Pentecostes bíblico. Veremos que foi um evento de natureza divina, com sinais que foram vistos e ouvidos, vindos do Céu. Na sequência, veremos que foi um evento paralelo ao ocorrido no Monte Sinai, quando Moisés recebeu as tábuas da Lei. Por último, veremos que foi um evento centrado em Cristo e nos tempos finais, como podemos perceber no discurso de Pedro.

No segundo tópico, falaremos do propósito do Pentecostes bíblico. O primeiro propósito do Pentecostes bíblico é promover a verdadeira adoração, pois as pessoas ouviram os discípulos falar em suas próprias línguas, das grandezas de Deus. Em segundo lugar, o propósito do Pentecostes é conceder poder à Igreja para testemunhar de Cristo ao mundo com ousadia, realizando sinais que confirmam a mensagem poderosa que ela prega.

No terceiro tópico, veremos as principais características do pentecostes bíblico. Inicialmente, veremos que o Pentecostes foi uma experiência específica, distinta da salvação, pois aqueles discípulos já eram salvos. Em segundo lugar, veremos que foi uma experiência definida e contínua, pois os crentes “começaram a falar em outras línguas” e este fato se repetiu em outras ocasiões. Por último, veremos que o falar em línguas foi a evidência

INTRODUÇÃO AO 3º TRIMESTRE DE 2025: A IGREJA EM JERUSALÉM


Ev. WELIANO PIRES


Com a graça de Deus, estamos iniciando mais um trimestre de estudo em nossa Escola Bíblica Dominical, no ano  2025. O tema deste 3º trimestre será: A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. O estudo deste trimestre abrangerá os primeiros quinze capítulos do Livro de Atos dos Apóstolos. O foco do trimestre será especificamente a Igreja de Jerusalém, que é a Igreja mãe de toda a Cristandade e o primeiro modelo de Igreja apresentado no Novo Testamento. 


Evidentemente, a Igreja de Jerusalém não era perfeita e também tinha problemas, pois era formada por crentes imperfeitos como nós. Mas, é inegável que aquela Igreja teve um crescimento extraordinário, em um contexto de ferrenha perseguição, primeiro dos judeus e posteriormente do Império romano. Conforme podemos notar no título da Revista deste trimestre, o comentarista aborda três pontos fundamentais como base para o crescimento da Igreja em meio à perseguição: Doutrina, comunhão e fé. Este pontos estão descritos no texto de Atos 2.42-47, junto com outros como a oração e o temor a Deus. 


A Igreja de Jerusalém perseverava "na Doutrina dos Apóstolos". Doutrina aqui é uma referência ao conjunto de ensinos ministrados por Jesus, que os apóstolos receberam do Mestre e transmitiram à Igreja. A Igreja do primeiro século cresceu muito rápido e eles tinham apenas o Antigo Testamento como Palavra de Deus. Então, se fazia necessário que os apóstolos transmitissem os ensinos de Jesus, oralmente e posteriormente, por epístolas. O ensino da doutrina dos apóstolos à Igreja continua sendo fundamental para o crescimento saudável da Igreja. Uma Igreja que cresce sem o ensino da Palavra de Deus, adoece e pode até se tornar uma seita. 


O termo grego traduzido por comunhão, no texto de Atos 2.42, é koinonia. É uma referência à união dos irmãos em todos os sentidos. Eles tinham uma comunhão tão profunda que, os que tinham mais de uma propriedade decidiram, voluntariamente, vender uma e doar o dinheiro para a liderança da Igreja suprir a necessidade dos mais pobres. Esta atitude generosa fez com que não houvesse nenhum necessitado entre eles. Não pode haver Cristianismo onde não há comunhão e os crentes vivem isolados. Há várias recomendações no Novo Testamento sobre a necessidade de haver comunhão entre os irmãos.


Embora não apareça no texto de Atos 2.42-47, a fé também fazia parte da base para o crescimento da Igreja de Jerusalém. A palavra fé, no grego é “pistis” e significa confiança, fidelidade e total dependência de Deus. A fé em Deus é provada nas adversidades e confirmada através da fidelidade a Deus. É preciso passar pelas provações e manter a sua fidelidade a Deus, até mesmo com o sacrifício da própria vida, para comprovar a fé em Deus. Quem realmente tem fé em Deus, precisa está disposto a morrer pela sua fé e abrir mão de tudo por amor à Deus. Era exatamente assim que vivia a Igreja de Jerusalém. 


A Igreja de Jerusalém foi inaugurada pelo Espírito Santo no dia de Pentecostes e continuou sendo dirigida por Ele. Por isso, esta Igreja é um modelo a ser seguido em todas as épocas e lugares. Ao longo deste trimestre estudaremos algumas características, virtudes desta Igreja e como ela enfrentou alguns problemas. A partir destes estudos, extrairemos preciosas lições para a Igreja atual.



COMENTARISTA

O comentarista deste trimestre é o pastor José Gonçalves. Presidente da Assembleia de Deus em Água Branca/PI, articulista, escritor, conferencista e comentarista de Lições Bíblicas de Adultos da Escola Dominical da CPAD há vários anos. É Mestre em Teologia pela Faculdade Batista do Paraná (FABAPAR) e especialista em Interpretação bíblica por essa mesma Instituição. É graduado em Teologia pelo Seminário Batista de Teresina (1995) e licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Piauí (2001). Ensinou grego, hebraico e Teologia Sistemática na Faculdade Evangélica do Piauí. Autor de mais de uma dezena de livros, dentre os quais: Por que Caem os Valentes? (2009); Defendendo o Verdadeiro Evangelho (2009); Davi: Vitórias e Derrotas de Um homem de Deus (co-autor, prêmio Areté, 2009); Maravilhosa Graça (2016), A Supremacia de Cristo (2017) e O Carisma Profético e o Pentecostalismo Atual (2021), todos publicados pela CPAD.

A MANIFESTAÇÃO DO AMOR NA SOLIDARIEDADE CRISTÃ

(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 05: Uma Igreja cheia de amor). Ev. WELIANO PIRES   No terceiro tópico, falaremos da manifestação do amor a...