28 fevereiro 2025

HERESIAS ANTIGAS E NOVAS

(Comentário do 3º tópico da Lição 09: Quem é o Espírito Santo)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, apresentaremos as heresias antigas e novas sobre a pessoa do Espírito Santo. Falaremos das heresias dos arianistas, tropicianos e pneumatropicianos, que foram heresias que surgiram no Oriente sobre o Espírito Santo. Seguindo o padrão das lições deste trimestre, veremos como estas heresias se apresentam na atualidade, através das Testemunhas de Jeová e no Islamismo. 


1- As primeiras heresias. Nos séculos subsequentes ao período apostólico da Igreja, não havia um entendimento claro sobre a Pessoa do Espírito Santo. As discussões teológicas se concentraram na Pessoa do Filho. Nos dois primeiros credos (Credo Apostólico e Credo Niceno), há apenas uma menção singela ao Espírito Santo: “Creio no Espírito Santo”, sem nenhuma afirmação sobre a sua personalidade e divindade. 


Somente no primeiro Concílio de Constantinopla, em 381 d.C. ficou definida explicitamente a Doutrina do Espírito Santo, com as seguintes palavras que foram escritas no chamado Credo Niceno-constantinopolitano: “Creio no Espírito Santo, o divino, o doador de vida, que procede do Pai, o qual deve ser adorado e glorificado com o Pai e com o Filho e o qual falou pela boca dos profetas”. 


No Credo ou Declaração de Calcedônia, o Espírito Santo sequer é mencionado, pois o alvo das discussões foram o Nestorianismo, o Monofisismo e Apolinarismo, que eram heresias referentes à natureza de Cristo. Finalmente, no Credo de Atanásio é que foram estabelecidas as mais contundentes defesas das Doutrinas da Trindade e do Espírito Santo. Neste credo ficou definido em outras palavras que: “O Pai, o Filho e o Espírito Santo são um só Deus e três pessoas, mas não são três deuses; o Pai, o Filho e o Espírito Santo são incriados, imensos, eternos e onipotentes”. 


As muitas heresias cristológicas que surgiram neste período geraram muitos embates e, certamente, contribuíram para este “esquecimento” da doutrina do Espírito Santo. Isto não significa que não tenham surgido heresias sobre o Espírito Santo, mas foram em escala muito inferior às heresias cristológicas, sobre as quais estudamos nas oito lições anteriores. O comentarista apresentou neste subtópico, três heresias do passado sobre o Espírito Santo: Os arianistas, os tropicianos e os pneumatomacianos.


a) Arianistas. Os arianistas, como já vimos em outras lições, eram seguidores do presbítero Ário de Alexandria, que deu muito trabalho na questão da Pessoa de Cristo, que ele dizia que foi criado pelo Pai e era um deus de categoria inferior. Mas os arianistas tinham também um pensamento heterodoxo sobre a Pessoa do Espírito Santo. Os arianistas ensinavam que o Espírito Santo teria sido criado pelo Filho, a pedido do Pai. 

b) Tropicianos. Os tropicanos eram uma seita egípcia, que dizia que o Espírito Santo era um anjo e, portanto, uma criatura de Deus. Este nome deriva do grego tropos que significa figura. Quem os denominou assim foi Atanásio, por causa da exegese figurada que eles utilizavam. 

c) Pneumatocianos. Os pneumatocianos também negavam a divindade do Espírito Santo. O seu nome deriva de pneuma, (espírito), e machomai, (falar mal, contra). Portanto, pneumatocianos significa literalmente “opositores do Espírito”. O seu principal defensor foi Eustáquio de Sebaste (300-380). 


2- As heresias na atualidade. Na atualidade, as Testemunhas de Jeová são seguidores do Arianismo, na doutrina Cristológica, pois dizem que Jesus foi criado pelo Pai, é um “deus menor” e não é igual ao Pai. Em relação à Doutrina do Espírito Santo, eles não dizem que o Espírito Santo foi criado pelo Filho, como diziam os arianistas. As Testemunhas de Jeová negam a personalidade do Espírito Santo e dizem que Ele é a “força ativa de Jeová” e não é Deus. 


Por não terem como justificar biblicamente este ensino herético, eles alteraram vários textos bíblicos em sua versão modificada da Bíblia, chamada Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas. No segundo versículo da Bíblia, onde está escrito: “...e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”, eles substituíram a expressão “o Espírito de Deus” (Heb. Ruach Elohim) por: “a força ativa de Deus”.


Nos textos do Novo Testamento, onde está escrito que as pessoas foram cheias do Espírito Santo, eles modificaram para: “ficaram cheias de espírito santo”, como por exemplo, em Atos 2.4. Além disso, escrevem sempre espírito santo, com iniciais minúsculas. O objetivo é claramente colocar o Espírito Santo como uma força impessoal e não como uma pessoa, como a Bíblia o apresenta em vários textos. Curiosamente, eles escrevem “Diabo” com inicial maiúscula. 


Conforme vimos no tópico anterior, o Espírito Santo é uma pessoa, pois Ele possui vontade, sentimento e intelecto. Ele ama, se entristece, intercede, geme, fala, etc. Somente uma pessoa pode ter estas características. A Bíblia também mostra a divindade do Espírito Santo, conforme foi amplamente demonstrado nos tópicos anteriores. 


3- O Espírito Santo em outras religiões. Há muitas crenças confusas na atualidade em outras religiões, sobre o Espírito Santo. Na verdade, muitas delas tentam adaptar as suas crenças à Bíblia. Segundo a Fé Mundial Bahaí, uma religião que surgiu na Pérsia em 1844, o Espírito Santo é uma energia divina de Deus, que concede poder a cada manifestação.  Alguns teólogos muçulmanos, dizem que o anjo Gabriel é o Espírito Santo. Os judeus dizem que o Espírito Santo é outro nome para a atividade de Deus neste mundo. O espiritismo diz que o Espírito Santo seria a comunidade dos espíritos puros. Os adeptos do Movimento Nova Era dizem que o Espírito Santo é uma força psíquica, e assim, sucessivamente. Não daria para estudar todas estas crenças em um único tópico. 


a) Uma crença estranha. Aqui, o comentarista trata da crença Islâmica referente ao Espírito Santo. Conforme falamos acima, alguns muçulmanos dizem que o Espírito Santo é o anjo Gabriel. Entretanto, eles se apegam também às palavras de Jesus referentes à promessa do Consolador, que abordamos no primeiro tópico, e dizem que esta promessa se cumpriu em Muhammad, ou Maomé como é conhecido. 


Na verdade, eles colocaram no Alcorão, que é o livro sagrado do Islã, as seguintes palavras, que são atribuídas a Jesus: “Sou para vós o Mensageiro de Allah, para confirmar a Tora, que havia antes de mim, e anunciar um Mensageiro, que virá depois de mim, cujo nome é Ahmad” (61.6). Com isso, dizem que esta promessa se cumpriu em Muhammad. Confundem também confundem a palavra grega periklytós, que significa “renomado ao redor, ilustre”, com paraklētos, que significa defensor, advogado, intercessor ou ajudador, que foi chamado para representar outra pessoa no tribunal. 


b) Resposta bíblica. Conforme demonstrou amplamente o comentarista, a promessa de Jesus não tem nada a ver com Muhammad. O Parakletos prometido por Jesus é o próprio Espírito Santo (Jo 14.26) que é outro igual, da mesma substância (Gr. Allos) do Filho. Jesus também prometeu que o Parakletos “ficaria com os seus discípulos para sempre” (Jo 14.16). Não foi este o caso de Muhammad, que faleceu em 632 d.C., aos 62 anos. O Consolador prometido por Jesus também “habita conosco e estará em nós” (Jo 14.17). Além disso, Ele testifica de Cristo e o glorifica. 


Não consta na história que Muhammad, ou qualquer outro líder religioso que os seus adeptos alegam ser o Consolador, tenham estas características. Há outras seitas que até já foram consideradas evangélicas, como a “Igreja Apostólica” conhecida como Igreja da Santa Vó Rosa, que se enveredaram por este caminho e hoje dizem que os seus fundadores são o Consolador. 


REFERÊNCIAS: 


SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 

SOARES, Esequias. O Verdadeiro Pentecostalismo: A atualidade da Doutrina bíblica sobre a atuação do Espírito Santo.  RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2021.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 40..

Declaração de Fé das Assembleias de Deus. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2017, pp.67,68.

GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. 1. Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2008, p.175.

CRISTIANO, Paulo. As seitas que usurpam o Espírito Santo. Publicado na Revista Defesa da Fé, Ed. 65, Instituto Cristão de Pesquisas (ICP).

25 fevereiro 2025

SUA DEIDADE, ATRIBUTOS E OBRAS

(Comentário do 2° tópico da Lição 09: Quem é o Espírito Santo)

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos da deidade, atributos e obras do Espírito Santo. Veremos as inúmeras referências bíblicas que comprovam que o Espírito Santo é Deus. Veremos ainda os atributos divinos do Espírito Santo revelados na Bíblia que comprovam a sua divindade. Por último, falaremos das suas obras mencionadas na Bíblia, que também evidencia que Ele é igual ao Pai, porém Ele não é o Pai, como ensinam os unicistas.


1- Sua deidade. O comentarista não falou nesta lição sobre a personalidade do Espírito Santo. Mas, antes de falarmos da deidade ou divindade do Espírito Santo, é importante sabermos que Ele é uma pessoa e não uma força, como dizem as Testemunhas de Jeová. A personalidade do Espírito Santo é uma verdade bíblica. Ele é uma pessoa, pois tem sentimento, vontade e intelecto. O Espírito Santo se entristece (Ef 4.30); intercede (Rm 8.26,27); ama (Rm 15.30); revela (1 Co 2.10); tem vontade própria, pois, não permitiu que o apóstolo Paulo e sua equipe missionária fossem para a Bitínia (Atos 16.7); e distribui dons conforme ele quer (1 Co 12.11).


A Bíblia deixa claro em vários textos que o Espírito Santo é Deus. O texto bíblico fala de Deus e do Espírito do Senhor de forma alternada, mostrando que o Espírito Santo é Deus: “O Espírito do Senhor falou por mim e a sua palavra está na minha boca. Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Haverá um justo que domine sobre os homens, que domine no temor de Deus.” (2 Sm 23.2,3). No versículo 2, é dito que “O Espírito do Senhor falou…” e na sequência, o versículo 3 diz que “O Deus de Israel falou…”. 


O mesmo aconteceu com os textos mencionados pelos comentarista referentes a Sansão:  (“O Espírito do Senhor possantemente se apossou dele” Jz 15.14); Depois que Sansão foi traído por Dalila, o texto bíblico diz que Sansão “não sabia que já o Senhor se tinha retirado dele” (Jz 16.20). Ou seja, primeiro é dito que o Espírito Santo se apossou de Sansão. Depois que o Espírito Santo se retirou dele, o texto diz que foi Deus quem se retirou dele. 


No Novo Testamento também são feitas referências alternadas a Deus e ao Espírito Santo no mesmo texto, como na repreensão de Pedro a Ananias: “Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.” (At 5.3,4). Aqui, Pedro diz que Ananias mentiu ao Espírito Santo e logo em seguida, diz que ele havia mentido a Deus. 


Da mesma forma, o apóstolo Paulo escrevendo aos Coríntios diz: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?" (1 Co 3.16). O apóstolo diz que nós somos o templo de Deus e, em seguida, diz que Deus habita em nós. Ou seja, se somos templo do Espírito Santo e Deus habita em nós, é porque o Espírito Santo é Deus. Na mesma Epístola, Paulo diz: “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (1 Co 6.19).


Há também citações de textos do Antigo Testamento, onde Deus falou uma palavra, e no Novo Testamento, a mesma palavra é atribuída ao Espírito Santo como no texto de Isaías 6.9: “Então, disse ele [Deus]: “Vai e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis”. Em Atos 28.25,26, Paulo cita este texto dizendo: “Bem falou o Espírito Santo a nossos pais pelo profeta Isaías, dizendo: Vai a este povo, e dize: De ouvido ouvireis, e de maneira nenhuma entendereis; e, vendo vereis, e de maneira nenhuma percebereis”. Na Epístola aos Hebreus também há vários exemplos como este, onde palavras que foram ditas por Deus são atribuídas ao Espírito Santo. 


2- Seus atributos. Outra forma de percebermos a divindade do Espírito Santo na Bíblia é através dos atributos que são exclusivos de Deus: Eternidade, onipotência, onipresença, e onisciência. Nenhuma criatura possui estes atributos, somente Deus. Em vários textos bíblicos, vemos que o Espírito Santo possui estes atributos divinos: 


a) Onipotência: “No poder de milagres e prodígios, no poder do Espírito Santo" (Rm 15.19); Ele é a fonte de poder e milagres  (Mt 12.28; At 2.4);

b) Onisciência: O Espírito Santo conhece todas as coisas, até as profundezas de Deus (1 Co 2.10,11). Conhece o coração humano (Ez 11.5; Rm 8.26.27); Conhece o futuro (Jo 16.13; At 20.23); 

c) Onipresença. “Para onde me irei do teu Espírito ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também”. (Sl 139.7,8).

d) Eternidade. Ele é chamado de "Espírito eterno” (Hb 9.14). 


3- Suas obras. Além de ser chamado de Deus na Bíblia, seja diretamente ou com palavras alternadas, como vimos no primeiro subtópico, e possuir atributos que são exclusivos de Deus, como vimos no segundo subtópico, vemos também na Bíblia que o Espírito Santo realiza obras que somente Deus pode fazer: 


a) Ele é Criador. O Espírito Santo é chamado de Criador do ser humano e do mundo: “O Espírito de Deus me fez; e a inspiração do Todo-Poderoso me deu vida. (Jó 33.4).

b) Ele inspirou os escritores bíblicos para escrever as Escrituras. “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”. (2 Pe 1.21)

c) Ele gerou Jesus no ventre de Maria. “...José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo”. (Mt 1.20).

d) Ele santifica. “Mas devemos sempre dar graças a Deus, por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito e fé da verdade”. (2 Ts 2.13).

e) Ele regenera e renova. Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo”. (Tt 3.5)

f) Convence o pecador. “E, quando Ele [O Espírito Santo] vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo”. (Jo 16.8).

g) Distribui os dons espirituais. “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, [os dons espirituais] repartindo particularmente a cada um como quer”. (1Co 12.11).


REFERÊNCIAS: 


SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 

SOARES, Esequias. O Verdadeiro Pentecostalismo: A atualidade da Doutrina bíblica sobre a atuação do Espírito Santo.  RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2021.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 40..

Declaração de Fé das Assembleias de Deus. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2017, pp.67,68.

GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. 1. Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2008, p.175.

24 fevereiro 2025

O CONSOLADOR

(Comentário do 1º tópico da Lição 09: Quem é o Espírito Santo) 

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos do Espírito Santo como o Consolador prometido por Jesus. Faremos uma exegese da expressão “Outro Consolador”, usada por Jesus, quando prometeu aos seus discípulos que enviaria o Espírito Santo para que ficasse para sempre com eles. Na sequência abordaremos o significado do termo grego Parakletos, usado por Jesus em João 16.7. Por fim, falaremos do uso do termo Parakletos em outras partes do Novo Testamento. 


1- O outro Consolador (14.16). Pouco tempo antes da crucificação, Jesus falou aos seus discípulos que Ele seria entregue nas mãos dos pecadores e seria crucificado. Depois de três dias, Ele iria ressuscitar e voltar para o Pai. Eles ficaram tristes com essa informação, pois imaginavam que ficariam sem o Seu Mestre. Jesus, então, lhes disse: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também”. (Jo 14.1-3). 


Mesmo com esta promessa de que Jesus voltaria, os discípulos não entenderam e continuaram tristes, pois pensavam que ficariam sozinhos, durante o período em que Jesus retornaria para o Pai. Nas últimas instruções aos seus discípulos, antes da sua morte, Jesus prometeu aos discípulos que eles não ficariam órfãos com a sua partida, pois, Ele enviaria "outro Consolador", que ficaria para sempre com eles: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.” (Jo 14.16,17).


O consolador prometido por Jesus seria alguém da mesma natureza dele. A palavra grega traduzida por “outro” neste texto é “allos”, que significa “outro” da mesma natureza. É diferente de “heteros”, que se refere a “outro diferente”, como nas palavras heterogêneo, heterodoxo e heterossexual. O “outro” Consolador prometido por Jesus, portanto, é alguém igual a Ele em natureza, caráter e poder, mas não é Ele, como dizem os unicistas. 


2- O Paracleto (16.7). A palavra grega usada por Jesus, traduzida por Consolador, é “parákletos”. Esta palavra é formada por dois termos gregos: “pará” (ao lado de) e “kaleo” (chamar, convocar). Significa, portanto, um defensor, advogado, intercessor ou ajudador, que foi chamado para representar outra pessoa no tribunal. Esta palavra já foi aportuguesada como Paracleto e significa “aquele que defende e protege outra pessoa; mentor, defensor, consolador”. 


A palavra portuguesa consolador é muito limitada para se referir à obra do Espírito Santo e não é a mais adequada. Embora o Espírito Santo também seja o nosso Consolador, a sua atuação vai muito além de consolar quem está triste. Algumas versões bíblicas traduzem o termo "parakletos" por “auxiliador” (NTLH), “Conselheiro” (NVI) e “Encorajador” (NVT). De fato, o Espírito Santo é também o nosso auxiliador, conselheiro e encorajador. Ele nos ajuda em nossas fraquezas e nas nossas orações (Rm 8.26); nos conforta, edifica e consola, através das profecias (1 Co 14.2); e também nos guia na obra de evangelização (At 16.6).


Na continuidade deste texto de João 14, Jesus descreve algumas ações que o Espírito Santo faria na vida dos seus discípulos: 

a) O Espírito da Verdade (Jo 14.17a). Isto significa que a sua atuação é sempre de acordo com a Palavra de Deus, que Ele mesmo inspirou. Todo ensino ou manifestação espiritual que contraria as Escrituras, não provém do Espírito de Deus. 

b) O mundo não pode receber (Jo 14.17b). O Espírito da Verdade só será dado àqueles que receberem a Cristo. Não existe a possibilidade da pessoa ser ímpio, blasfemo e herege e o Espírito Santo habitar nele. 

c) Ele ensina e faz lembrar (Jo 14.26). Tendo as mesmas características de Jesus, o Espírito Santo é também um ensinador. Ele nos ensina e nos capacita a entender as Escrituras, para a tarefa da evangelização. O Espírito Santo nos faz lembrar daquilo que Jesus ensinou. O seu ensino, portanto, não dispensa o estudo das Escrituras, como alguns sugerem por aí. Só podemos ser lembrados daquilo que já aprendemos.


3- Seu uso no Novo Testamento. Conforme nos mostrou o comentarista, a palavra "parakletos'' aparece cinco vezes no Novo Testamento e somente nos escritos do apóstolo João. Em quatro delas se refere ao Espírito Santo: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador [Parakletos], para que fique convosco para sempre; Mas aquele Consolador [Parakletos], o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (Jo 14.16,26); “Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim”. (Jo 15.26); “Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei”. (Jo 16.7). 


Apenas uma vez, o termo parakletos se refere a Jesus e foi traduzido na Versão Almeida Revista e Corrigida por “advogado”: “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado [Parakletos] para com o Pai, Jesus Cristo, o justo”.  (1Jo 2.1). Mais uma vez, temos aqui a igualdade do Espírito Santo com o Filho. Jesus disse que enviaria “outro consolador”, porque o Espírito Santo é igual a Ele, iria dar continuidade ao Seu Ministério neste mundo. Só pode ser enviado outro, se já houver um, senão seria enviar o mesmo. Jesus Cristo é o nosso parakletos diante do Pai (1 Jo 2.1), enquanto o Espírito Santo é o nosso Parakletos diante das perseguições e adversidades neste mundo. 


REFERÊNCIAS: 

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 40..
Declaração de Fé das Assembleias de Deus. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2017, pp.67,68.
GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. 1. Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2008, p.175.
REVISTA LIÇÕES BÍBLICAS. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1º Trimestre 2021. 

Ele é Jesus, o Filho de Deus

Ele era o Verbo na eternidade
Uma das Pessoas da Trindade
Sendo Deus, Ele tudo criou
Sem Ele, nenhum ser se fez

Por amor, Ele se humanizou
E entre os humanos habitou
As agruras desta vida sofreu
E por nossos pecados morreu

A morte não conseguiu detê-lo
Pois, ninguém pode vencê-lo
Após três dias ressuscitou
E glorificado ao Céu voltou

Ele pagou o preço da redenção
Para nos livrar da condenação
Ele é Jesus, o Filho de Deus
Em breve virá buscar os seus.

Ev. Weliano Pires

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 09: QUEM É O ESPÍRITO SANTO


Ev. WELIANO PIRES

Depois de estudar 8 lições sobre a  Pessoa de Nosso de Nosso Senhor Jesus Cristo, nesta lição estudaremos outra matéria muito importante da Teologia Sistemática, chamada de Pneumatologia, que devida de dois termos gregos “pneuma” (espírito) e “logia” (estudo ou doutrina). Segundo o saudoso pastor Antonio Gilberto, o nome mais correto para esta matéria seria Pneumagiologia, de: “pneuma” (espírito) + “hagios” (santo) +.”logia” (estudo). 


A Pneumatologia ou Pneumagiologia, portanto, estuda a identidade, os atributos e a obra do Espírito Santo. Quando falamos da Doutrina do Espírito Santo, é preciso esclarecer que em relação a esta doutrina há três grupos entre as Igrejas que se declaram evangélicas: 

a) Os tradicionais ou cessacionistas. Acreditam que os dons do Espírito Santo se restringiram ao período apostólico e cessaram com a completude das Escrituras; 

b) Os pentecostais. Crêem na atualidade dos dons espirituais e no Batismo no Espírito Santo, como uma experiência subsequente à Salvação (A Assembleia de Deus pertence a este grupo);

c) Os neopentecostais. Crêem na atualidade dos dons espirituais, mas, dão ênfase à prosperidade financeira, e bem estar físico. Pregam a chamada teologia da prosperidade, confissão positiva e triunfalismo. 


Quem é o Espírito Santo? Ele é uma pessoa, ou uma força impessoal? O Espírito Santo é Deus? Ele possui atributos divinos? Quais são as heresias antigas e atuais sobre o Espírito Santo? Ao longo desta lição vamos procurar responder a estas questões e conhecer um pouco mais sobre a Pessoa e Obra do Espírito Santo.


No primeiro tópico, falaremos do Espírito Santo como o Consolador prometido por Jesus. Faremos uma exegese da expressão “Outro Consolador”, usada por Jesus, quando prometeu aos seus discípulos que enviaria o Espírito Santo para que ficasse para sempre com eles. Na sequência abordaremos o significado do termo grego Parakletos, usado por Jesus em João 16.7. Por fim, falaremos do uso do termo Parakletos em outras partes do Novo Testamento. 


No segundo tópico, falaremos da deidade, atributos e obras do Espírito Santo. Veremos as inúmeras referências bíblicas que comprovam que o Espírito Santo é Deus. Veremos ainda os atributos divinos do Espírito Santo revelados na Bíblia que comprovam a sua divindade. Por último, falaremos das suas obras mencionadas na Bíblia, que também evidencia que Ele é igual ao Pai, porém Ele não é o Pai, como ensinam os unicistas.


No terceiro tópico, apresentaremos as heresias antigas e novas sobre a pessoa do Espírito Santo. Falaremos das heresias dos arianistas, tropicianos e pneumatropicianos, que foram heresias que surgiram no Oriente sobre o Espírito Santo. Seguindo o padrão das lições deste trimestre, veremos como estas heresias se apresentam na atualidade, através das Testemunhas de Jeová e no Islamismo. 


REFERÊNCIAS: 

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 40..

Declaração de Fé das Assembleias de Deus. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2017, pp.67,68.

GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. 1. Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2008, p.175.


21 fevereiro 2025

COMO ESSAS HERESIAS SE APRESENTAM NOS DIAS ATUAIS

(Comentário do 3º tópico da Lição 08: Jesus viveu a experiência humana).

Ev. WELIANO PIRES 


No terceiro tópico, veremos como estas heresias se apresentam nos dias atuais. Responderemos à pergunta: Quais países Jesus visitou quando esteve entre nós? Isto porque o Movimento Nova Era, grupos esotéricos e ocultistas e o Mormonismo têm crenças bizarras sobre a vida humana de Jesus. Na sequência veremos que Jesus era visto como alguém da comunidade de Israel e não como um estrangeiro. Os seus familiares, a sua maneira de viver e os seus ensinos estavam relacionados à cultura judaica. 

1- Quais países Jesus visitou quando esteve entre nós? Diferente do Arianismo e do Unicismo, que se apresentam claramente na atualidade da mesma forma do passado, não temos exemplos de manifestações do Apolinarismo e do Monotelismo  na atualidade. Por isso, aqui neste tópico, o comentarista nos  apresentou outros tipos de distorções que acontecem na atualidade, sobre a experiência humana de Jesus. 

Há muitas lendas sobre a humanidade de Jesus em outras religiões. Há pessoas que criam fábulas sobre coisas que Jesus teria feito na infância, como ressuscitar passarinhos, por exemplo. Certo “pregador”, em suas imaginações fantasiosas, disse que Jesus, sendo carpinteiro, recebia encomendas de trabalho e as realizava em tempo recorde, usando os seus poderes divinos. Com isso teria conseguido muito dinheiro. Mas, nada disso tem base nas Escrituras.

O Evangelho segundo João menciona que Jesus fez muitos sinais que não foram registrados, mas nem por isso podemos usar a imaginação e inventar milagres para Jesus. Ele não realizou nenhum milagre antes dos trinta anos. Em sua infância e juventude, Ele viveu e trabalhou como um judeu normal, com exceção do pecado, pois Ele nunca pecou. João deixou claro que o primeiro milagre realizado por Jesus foi a transformação de água em vinho, nas bodas de Caná da Galiléia (Jo 2.11). Certo bispo, cuja Igreja é neopentecostal e usa uma pomba como símbolo, na  petulância que lhe é peculiar, chegou ao cúmulo de criticar Jesus por ter feito este milagre, pois, segundo ele, “havia outras prioridades”. 

Outra distorção em relação à vida humana de Jesus, se manifesta através de grupos religiosos que dizem que Ele teria visitado outras nações, fora dos locais mencionados na Bíblia. O Movimento Nova Era e outros grupos esotéricos inventam anedotas de que Jesus esteve na Índia, Tibete, China e Pérsia (atualmente o Irã), por um período de 17 anos, a fim de ser iniciado no Budismo. Ora, que coisa mais sem nexo! O que o Filho de Deus, que é Eterno, Onipotente, Onipresente e Onisciente, teria a aprender com estas vãs filosofias humanas?! 

O Mormonismo segue na mesma direção e diz que Jesus esteve nos Estados Unidos da América. No Livro de Mórmon, que é considerado outro testamento de Jesus Cristo por esta seita, está escrito que Jesus visitou a América do Norte: 

“Jesus Cristo mostrou-se ao povo de Néfi enquanto a multidão se achava reunida na terra de Abundância e ministrou entre eles; e desta forma mostrou-se a eles.” (Epígrafe de 3 Nefi 11). 

Estas supostas passagens de Jesus por países da Ásia e pela América do Norte não passam de fábulas. Não há nenhum registro bíblico ou mesmo indício de que Jesus esteve nestas regiões. Conforme nos explicou o comentarista, a Bíblia deixa claro que Jesus visitou apenas três países durante a sua vida terrena: Israel, Egito e Fenícia. 

Jesus nasceu em Israel, na cidade de Belém da Judéia, a mesma cidade de Davi (Mt 2.1). Ainda criança, por ordem divina, os seus pais fugiram com Ele para o Egito, para escapar de Herodes que queria matá-lo (Mt 2.14-15). Depois de dois anos, Herodes morreu e eles voltaram para Israel, passando a morar na cidade de Nazaré, na Galileia (Mt 2.23). Na idade adulta, Jesus morava em Cafarnaum, também na Galiléia (Mt 4.12, 14). Durante o seu ministério terreno, Jesus fez várias viagens dentro do território de Israel, na Galiléia, Judéia e Samaria. O outro país que Jesus visitou foi a Fenícia, na região de Tiro e Sidom, onde Ele libertou a filha da mulher cananeia (Mt 15.21-28). 

2- Jesus era visto como alguém da comunidade. Aqui o comentarista fala da identificação de Jesus com a cultura judaica. Jesus nasceu em Belém, como vimos acima. Mas depois da fuga para o Egito, Ele voltou para a Galiléia e foi criado na pequena cidade de Nazaré, onde todos conheciam não apenas Ele, mas os seus pais e irmãos. Quando Jesus começou a fazer milagres, pregar e ensinar, todos se admiravam dizendo: “Não é este o filho do Carpinteiro, cuja mãe e irmãos nós conhecemos? De onde lhe veio esta sabedoria?” (Mt 13.55).

Em vários textos dos Evangelhos, Jesus é chamado de Nazareno. Mesmo em Jerusalém, onde muitos não o conheceram na infância e juventude e só souberam da sua existência quando Ele iniciou o seu ministério aos 30 anos, ninguém tinha dúvidas de que Ele era um israelita, natural da Galiléia. O seu idioma, as suas vestes e o seu modo de agir eram característicos da cultura judaica. Ninguém jamais perguntou se Ele teria vindo da Índia, China, Pérsia, Tibete ou outro país. Todos sabiam que Ele era galileu, pelas suas características. Naquela época, havia muitos estrangeiros em Israel que falavam o grego e eram facilmente identificados como tal. Jesus, no entanto, falava aramaico e se identificava com a cultura judaica.


REFERÊNCIAS: 

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 40..
Bíblia de Estudo Apologia Cristã. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2009, p.1892.
Declaração de Fé das Assembleias de Deus. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2017, pp.50-51
SOARES, Esequias. Manual de Apologética Cristã. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2002, pp. 85-6.

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