28 fevereiro 2025

HERESIAS ANTIGAS E NOVAS

(Comentário do 3º tópico da Lição 09: Quem é o Espírito Santo)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, apresentaremos as heresias antigas e novas sobre a pessoa do Espírito Santo. Falaremos das heresias dos arianistas, tropicianos e pneumatropicianos, que foram heresias que surgiram no Oriente sobre o Espírito Santo. Seguindo o padrão das lições deste trimestre, veremos como estas heresias se apresentam na atualidade, através das Testemunhas de Jeová e no Islamismo. 


1- As primeiras heresias. Nos séculos subsequentes ao período apostólico da Igreja, não havia um entendimento claro sobre a Pessoa do Espírito Santo. As discussões teológicas se concentraram na Pessoa do Filho. Nos dois primeiros credos (Credo Apostólico e Credo Niceno), há apenas uma menção singela ao Espírito Santo: “Creio no Espírito Santo”, sem nenhuma afirmação sobre a sua personalidade e divindade. 


Somente no primeiro Concílio de Constantinopla, em 381 d.C. ficou definida explicitamente a Doutrina do Espírito Santo, com as seguintes palavras que foram escritas no chamado Credo Niceno-constantinopolitano: “Creio no Espírito Santo, o divino, o doador de vida, que procede do Pai, o qual deve ser adorado e glorificado com o Pai e com o Filho e o qual falou pela boca dos profetas”. 


No Credo ou Declaração de Calcedônia, o Espírito Santo sequer é mencionado, pois o alvo das discussões foram o Nestorianismo, o Monofisismo e Apolinarismo, que eram heresias referentes à natureza de Cristo. Finalmente, no Credo de Atanásio é que foram estabelecidas as mais contundentes defesas das Doutrinas da Trindade e do Espírito Santo. Neste credo ficou definido em outras palavras que: “O Pai, o Filho e o Espírito Santo são um só Deus e três pessoas, mas não são três deuses; o Pai, o Filho e o Espírito Santo são incriados, imensos, eternos e onipotentes”. 


As muitas heresias cristológicas que surgiram neste período geraram muitos embates e, certamente, contribuíram para este “esquecimento” da doutrina do Espírito Santo. Isto não significa que não tenham surgido heresias sobre o Espírito Santo, mas foram em escala muito inferior às heresias cristológicas, sobre as quais estudamos nas oito lições anteriores. O comentarista apresentou neste subtópico, três heresias do passado sobre o Espírito Santo: Os arianistas, os tropicianos e os pneumatomacianos.


a) Arianistas. Os arianistas, como já vimos em outras lições, eram seguidores do presbítero Ário de Alexandria, que deu muito trabalho na questão da Pessoa de Cristo, que ele dizia que foi criado pelo Pai e era um deus de categoria inferior. Mas os arianistas tinham também um pensamento heterodoxo sobre a Pessoa do Espírito Santo. Os arianistas ensinavam que o Espírito Santo teria sido criado pelo Filho, a pedido do Pai. 

b) Tropicianos. Os tropicanos eram uma seita egípcia, que dizia que o Espírito Santo era um anjo e, portanto, uma criatura de Deus. Este nome deriva do grego tropos que significa figura. Quem os denominou assim foi Atanásio, por causa da exegese figurada que eles utilizavam. 

c) Pneumatocianos. Os pneumatocianos também negavam a divindade do Espírito Santo. O seu nome deriva de pneuma, (espírito), e machomai, (falar mal, contra). Portanto, pneumatocianos significa literalmente “opositores do Espírito”. O seu principal defensor foi Eustáquio de Sebaste (300-380). 


2- As heresias na atualidade. Na atualidade, as Testemunhas de Jeová são seguidores do Arianismo, na doutrina Cristológica, pois dizem que Jesus foi criado pelo Pai, é um “deus menor” e não é igual ao Pai. Em relação à Doutrina do Espírito Santo, eles não dizem que o Espírito Santo foi criado pelo Filho, como diziam os arianistas. As Testemunhas de Jeová negam a personalidade do Espírito Santo e dizem que Ele é a “força ativa de Jeová” e não é Deus. 


Por não terem como justificar biblicamente este ensino herético, eles alteraram vários textos bíblicos em sua versão modificada da Bíblia, chamada Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas. No segundo versículo da Bíblia, onde está escrito: “...e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”, eles substituíram a expressão “o Espírito de Deus” (Heb. Ruach Elohim) por: “a força ativa de Deus”.


Nos textos do Novo Testamento, onde está escrito que as pessoas foram cheias do Espírito Santo, eles modificaram para: “ficaram cheias de espírito santo”, como por exemplo, em Atos 2.4. Além disso, escrevem sempre espírito santo, com iniciais minúsculas. O objetivo é claramente colocar o Espírito Santo como uma força impessoal e não como uma pessoa, como a Bíblia o apresenta em vários textos. Curiosamente, eles escrevem “Diabo” com inicial maiúscula. 


Conforme vimos no tópico anterior, o Espírito Santo é uma pessoa, pois Ele possui vontade, sentimento e intelecto. Ele ama, se entristece, intercede, geme, fala, etc. Somente uma pessoa pode ter estas características. A Bíblia também mostra a divindade do Espírito Santo, conforme foi amplamente demonstrado nos tópicos anteriores. 


3- O Espírito Santo em outras religiões. Há muitas crenças confusas na atualidade em outras religiões, sobre o Espírito Santo. Na verdade, muitas delas tentam adaptar as suas crenças à Bíblia. Segundo a Fé Mundial Bahaí, uma religião que surgiu na Pérsia em 1844, o Espírito Santo é uma energia divina de Deus, que concede poder a cada manifestação.  Alguns teólogos muçulmanos, dizem que o anjo Gabriel é o Espírito Santo. Os judeus dizem que o Espírito Santo é outro nome para a atividade de Deus neste mundo. O espiritismo diz que o Espírito Santo seria a comunidade dos espíritos puros. Os adeptos do Movimento Nova Era dizem que o Espírito Santo é uma força psíquica, e assim, sucessivamente. Não daria para estudar todas estas crenças em um único tópico. 


a) Uma crença estranha. Aqui, o comentarista trata da crença Islâmica referente ao Espírito Santo. Conforme falamos acima, alguns muçulmanos dizem que o Espírito Santo é o anjo Gabriel. Entretanto, eles se apegam também às palavras de Jesus referentes à promessa do Consolador, que abordamos no primeiro tópico, e dizem que esta promessa se cumpriu em Muhammad, ou Maomé como é conhecido. 


Na verdade, eles colocaram no Alcorão, que é o livro sagrado do Islã, as seguintes palavras, que são atribuídas a Jesus: “Sou para vós o Mensageiro de Allah, para confirmar a Tora, que havia antes de mim, e anunciar um Mensageiro, que virá depois de mim, cujo nome é Ahmad” (61.6). Com isso, dizem que esta promessa se cumpriu em Muhammad. Confundem também confundem a palavra grega periklytós, que significa “renomado ao redor, ilustre”, com paraklētos, que significa defensor, advogado, intercessor ou ajudador, que foi chamado para representar outra pessoa no tribunal. 


b) Resposta bíblica. Conforme demonstrou amplamente o comentarista, a promessa de Jesus não tem nada a ver com Muhammad. O Parakletos prometido por Jesus é o próprio Espírito Santo (Jo 14.26) que é outro igual, da mesma substância (Gr. Allos) do Filho. Jesus também prometeu que o Parakletos “ficaria com os seus discípulos para sempre” (Jo 14.16). Não foi este o caso de Muhammad, que faleceu em 632 d.C., aos 62 anos. O Consolador prometido por Jesus também “habita conosco e estará em nós” (Jo 14.17). Além disso, Ele testifica de Cristo e o glorifica. 


Não consta na história que Muhammad, ou qualquer outro líder religioso que os seus adeptos alegam ser o Consolador, tenham estas características. Há outras seitas que até já foram consideradas evangélicas, como a “Igreja Apostólica” conhecida como Igreja da Santa Vó Rosa, que se enveredaram por este caminho e hoje dizem que os seus fundadores são o Consolador. 


REFERÊNCIAS: 


SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 

SOARES, Esequias. O Verdadeiro Pentecostalismo: A atualidade da Doutrina bíblica sobre a atuação do Espírito Santo.  RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2021.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 40..

Declaração de Fé das Assembleias de Deus. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2017, pp.67,68.

GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. 1. Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2008, p.175.

CRISTIANO, Paulo. As seitas que usurpam o Espírito Santo. Publicado na Revista Defesa da Fé, Ed. 65, Instituto Cristão de Pesquisas (ICP).

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