(Comentário do 1º tópico da Lição 09: Quem é o Espírito Santo)
Ev. WELIANO PIRES
No primeiro tópico, falaremos do Espírito Santo como o Consolador prometido por Jesus. Faremos uma exegese da expressão “Outro Consolador”, usada por Jesus, quando prometeu aos seus discípulos que enviaria o Espírito Santo para que ficasse para sempre com eles. Na sequência abordaremos o significado do termo grego Parakletos, usado por Jesus em João 16.7. Por fim, falaremos do uso do termo Parakletos em outras partes do Novo Testamento.
1- O outro Consolador (14.16). Pouco tempo antes da crucificação, Jesus falou aos seus discípulos que Ele seria entregue nas mãos dos pecadores e seria crucificado. Depois de três dias, Ele iria ressuscitar e voltar para o Pai. Eles ficaram tristes com essa informação, pois imaginavam que ficariam sem o Seu Mestre. Jesus, então, lhes disse: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também”. (Jo 14.1-3).
Mesmo com esta promessa de que Jesus voltaria, os discípulos não entenderam e continuaram tristes, pois pensavam que ficariam sozinhos, durante o período em que Jesus retornaria para o Pai. Nas últimas instruções aos seus discípulos, antes da sua morte, Jesus prometeu aos discípulos que eles não ficariam órfãos com a sua partida, pois, Ele enviaria "outro Consolador", que ficaria para sempre com eles: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.” (Jo 14.16,17).
O consolador prometido por Jesus seria alguém da mesma natureza dele. A palavra grega traduzida por “outro” neste texto é “allos”, que significa “outro” da mesma natureza. É diferente de “heteros”, que se refere a “outro diferente”, como nas palavras heterogêneo, heterodoxo e heterossexual. O “outro” Consolador prometido por Jesus, portanto, é alguém igual a Ele em natureza, caráter e poder, mas não é Ele, como dizem os unicistas.
2- O Paracleto (16.7). A palavra grega usada por Jesus, traduzida por Consolador, é “parákletos”. Esta palavra é formada por dois termos gregos: “pará” (ao lado de) e “kaleo” (chamar, convocar). Significa, portanto, um defensor, advogado, intercessor ou ajudador, que foi chamado para representar outra pessoa no tribunal. Esta palavra já foi aportuguesada como Paracleto e significa “aquele que defende e protege outra pessoa; mentor, defensor, consolador”.
A palavra portuguesa consolador é muito limitada para se referir à obra do Espírito Santo e não é a mais adequada. Embora o Espírito Santo também seja o nosso Consolador, a sua atuação vai muito além de consolar quem está triste. Algumas versões bíblicas traduzem o termo "parakletos" por “auxiliador” (NTLH), “Conselheiro” (NVI) e “Encorajador” (NVT). De fato, o Espírito Santo é também o nosso auxiliador, conselheiro e encorajador. Ele nos ajuda em nossas fraquezas e nas nossas orações (Rm 8.26); nos conforta, edifica e consola, através das profecias (1 Co 14.2); e também nos guia na obra de evangelização (At 16.6).
Na continuidade deste texto de João 14, Jesus descreve algumas ações que o Espírito Santo faria na vida dos seus discípulos:
a) O Espírito da Verdade (Jo 14.17a). Isto significa que a sua atuação é sempre de acordo com a Palavra de Deus, que Ele mesmo inspirou. Todo ensino ou manifestação espiritual que contraria as Escrituras, não provém do Espírito de Deus.
b) O mundo não pode receber (Jo 14.17b). O Espírito da Verdade só será dado àqueles que receberem a Cristo. Não existe a possibilidade da pessoa ser ímpio, blasfemo e herege e o Espírito Santo habitar nele.
c) Ele ensina e faz lembrar (Jo 14.26). Tendo as mesmas características de Jesus, o Espírito Santo é também um ensinador. Ele nos ensina e nos capacita a entender as Escrituras, para a tarefa da evangelização. O Espírito Santo nos faz lembrar daquilo que Jesus ensinou. O seu ensino, portanto, não dispensa o estudo das Escrituras, como alguns sugerem por aí. Só podemos ser lembrados daquilo que já aprendemos.
3- Seu uso no Novo Testamento. Conforme nos mostrou o comentarista, a palavra "parakletos'' aparece cinco vezes no Novo Testamento e somente nos escritos do apóstolo João. Em quatro delas se refere ao Espírito Santo: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador [Parakletos], para que fique convosco para sempre; Mas aquele Consolador [Parakletos], o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (Jo 14.16,26); “Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim”. (Jo 15.26); “Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei”. (Jo 16.7).
Apenas uma vez, o termo parakletos se refere a Jesus e foi traduzido na Versão Almeida Revista e Corrigida por “advogado”: “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado [Parakletos] para com o Pai, Jesus Cristo, o justo”. (1Jo 2.1). Mais uma vez, temos aqui a igualdade do Espírito Santo com o Filho. Jesus disse que enviaria “outro consolador”, porque o Espírito Santo é igual a Ele, iria dar continuidade ao Seu Ministério neste mundo. Só pode ser enviado outro, se já houver um, senão seria enviar o mesmo. Jesus Cristo é o nosso parakletos diante do Pai (1 Jo 2.1), enquanto o Espírito Santo é o nosso Parakletos diante das perseguições e adversidades neste mundo.
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