25 março 2023

O AVIVAMENTO PELA PALAVRA

(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 13: Aviva, ó Senhor a tua obra).

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico falaremos sobre o avivamento pela Palavra, com base nas palavras de Habacuque diante da resposta de Deus ao seu clamor. Falaremos da importância de se ouvir a Palavra de Deus. Depois veremos o que significa temer a Deus. Por último, falaremos sobre a necessidade de clamar ao Senhor por avivamento. 


1- Ouvir a Palavra de Deus. Depois de fazer o seu clamor, angustiado pela situação pecaminosa em que vivia o seu povo, e questionar a Deus pela aparente indiferença, o profeta Habacuque teve uma resposta da parte de Deus. Conforme vimos no tópico anterior, esta resposta de Deus não foi a que ele esperava. Entretanto, diante da resposta de Deus, o profeta teve uma atitude louvável, respondendo a Deus: "Ouvi, Senhor a tua Palavra…". (Hc 3.1a). Mesmo não as ações de Deus ao usar os caldeus como chicote para corrigir o povo de Judá, o profeta deu ouvidos à Palavra de Deus. 

No Livro de apoio, o pastor Elinaldo Renovato traz algumas características da Palavra de Deus, que aparecem na Bíblia:

" ...A Palavra de Deus purifica os caminhos (Sl 119.9); dá condições para o crente não pecar contra Deus (Sl 119.11); alegra o coração de quem se lembra dela (119.16); vivifica o coração (119.25); fortalece a alma (119.28); traz salvação (119.41); produz a piedade de Deus (119.58); consola o aflito (119.76); veio do céu e permanece no céu (119.89); é lâmpada e luz para o caminho da vida (119.105); a Palavra de Deus sustenta (119.116); ordena os passos (119.133); é muito pura (119.140); a Palavra de Deus é a verdade desde o princípio (119.160); ela dá entendimento (119.169); é gozo e alegria no coração (Jr 15.16); a Palavra de Deus é a verdade (Jo 17.17).

A Palavra de Deus é o único manual de doutrina e conduta do cristão. Através da oração nós falamos com Deus e através da Palavra de Deus, Ele fala conosco. Por isso, não pode haver um avivamento genuíno, onde não há exposição bíblica.

Quando lemos a Bíblia, não podemos questionar, relativizar, ou discordar dos seus ensinos. Nenhum escrito, tradição, tratado ou opinião humana podem ser equiparados à eterna, infalível, inspirada, inerrante e completa Palavra de Deus. A Bíblia não está sob julgamento, pois ela é a Palavra de Deus. A nós cabe única e exclusivamente, ouvir e cumprir o que ela determina. A Palavra de Deus é fonte inesgotável de conhecimento e é poderosa para produzir uma profunda transformação nos corações daqueles que dão ouvidos a ela: "Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração." (Hb 4.12). 


2- Temer a Deus. Depois de ouvir a Palavra de Deus, o profeta Habacuque disse que 'temeu". Temer a Deus não é ter medo, pavor ou viver aterrorizado. Temer a Deus significa reverenciá-lo, respeitá-lo e obedecê-lo em todas as áreas da nossa vida, mesmo quando ninguém está vendo, ou quando as leis dos homens não nos obrigam a fazer isso.  O salmista descreve o temor a Deus, como o princípio da sabedoria:

“O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; bom entendimento têm todos os que lhe obedecem; o seu louvor permanece para sempre” (Sl 111.10).

Tanto importante quanto crer na Palavra de Deus e ouvir os seus ensinos, é temer a Deus. Quem tem a Deus, obedece a Ele voluntariamente e foge de toda a aparência do mal. Temos na Bíblia o exemplo de José, que era escravo no Egito e foi assediado sexualmente pela esposa do seu senhor. Ele estava sozinho com ela em casa e o que acontecesse ali, ninguém ficaria sabendo. Mas, por temor a Deus e respeito ao seu senhor, mesmo em sua ausência, ele preferiu fugir, arriscando a própria vida. Por causa disso, ele foi parar na prisão injustamente. Entretanto, não traiu a Deus, nem ao seu senhor. Depois, Deus honrou a sua fidelidade, colocando-o como governador geral do Egito. 

O temor a Deus também é condição indispensável para que aconteça um verdadeiro avivamento. Infelizmente, em nossos dias, há pessoas que falam em avivamento mas não tem nenhum temor a Deus. Falam e praticam coisas reprováveis à luz da Palavra de Deus. Deus é absolutamente santo e também exige santidade do seu povo. (1 Pe 1.16). 


3- O clamor pelo avivamento. Habacuque ouviu a Palavra de Deus e esta Palavra produziu temor em seu coração. Ele entendeu, pela resposta de Deus, que o juízo seria inevitável. Então, ele clamou a Deus por um avivamento espiritual em Judá: "… aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira lembra-te da misericórdia” (Hc 3.2). 

Conforme já vimos em lições anteriores, o avivamento espiritual não é algo produzido pelo homem. Só quem produz o avivamento é Deus e Ele não se submete a agendas humanas. Por isso, é preciso clamar a Deus por um avivamento, como fez Habacuque. O tempo do avivamento também é determinado por Deus, por isso o profeta clamou a Deus para que avivasse a Sua obra no meio dos anos e não apenas na sua geração. É tempo de buscarmos a Deus em oração por um avivamento de Deus sobre a sua Igreja. 


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

LOPES, Hernandes Dias. HABACUQUE: Como transformar o desespero em Cântico de vitória. Editora Hagnos. pág. 140-141.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 1131.

PALMER, Robertson. Comentário do Antigo Testamento: Naum, Habacuque e Sofonias. Editora Cultura Cristã. pág. 277.

PFEIFFER, Charles F. Comentário Bíblico Moody: Habacuque. Editora Batista Regular. pág. 20-21.

24 março 2023

O CLAMOR PELO AVIVAMENTO


(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 13: Aviva ó Senhor a tua obra)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico falaremos sobre o clamor pelo avivamento. Veremos a intercessão angustiada do profeta Habacuque, que após ter uma visão sobre os horrores da invasão babilônica e diante da aparente indiferença de Deus, fez uma oração, questionando a Deus, perguntando até quando ele clamaria a não teria resposta. Veremos também a resposta imediata de Deus ao profeta. 


1- A intercessão angustiada do profeta. Não temos informações sobre o profeta Habacuque em seu livro, ou em outra parte da Bíblia sobre a pessoa do profeta. O livro o identifica apenas como “o profeta Habacuque”. Isso pode ser um indicativo de que ele era bem conhecido. O nome Habacuque significa “aquele que abraça” e, no final da sua profecia, o nome faz sentido, pois, o profeta se apegou a Deus. 

As referências ao templo (Hc 2.20) e a oração em forma de canto no capítulo 3, com referência ao cantor-mor e instrumentos musicais, são indicativos de que Habacuque deve ter sido um levita e cantor do templo. Habacuque iniciou seu ministério por volta do ano 609 a.C., no governo de Jeoaquim, rei de Judá (2 Rs 23.30-34) e profetizou durante os últimos momentos do império da Assíria e início da ascensão da Babilônia. Foi contemporâneo de Jeremias, Ezequiel, Daniel e Sofonias. 

O livro de Habacuque começa com a perplexidade do profeta diante da violência e da iniquidade que presenciava. Diante disso, ele clamou a Deus com várias perguntas, questionando porque Deus não o respondia e permitia que os ímpios (Caldeus) punissem ao povo de Israel (Hc 1.4-6). No capítulo 2, o Senhor lhe respondeu dizendo: “Escreve a visão e torna-a bem legível sobre tábuas, para que a possa ler o que correndo passa.” (Hc 2.2). O Senhor lhe mostrou que o povo de  Judá não era justo e mereceu a punição. No capítulo 3, Habacuque fez uma oração em forma de canto, suplicando a misericórdia do Senhor,  louvando-o por seu poder e demonstrando a sua confiança em Deus em qualquer circunstância. O versículo chave de Habacuque é: “O justo viverá pela sua fé (fidelidade)”. (Hc 2.4).

Warren Wiersbe, comentando sobre esse clamor de Habacuque, escreveu: "Habacuque orou pedindo a Deus que tomasse uma providência quanto à violência, às contendas e às injustiças na terra, mas Deus pareceu não ouvir [….] O profeta usa o verbo “clamar”, que significa simplesmente “pedir socorro”, mas em seguida diz: 'gritar-te-ei', que no original significa: 'clamar com um coração perturbado'. "


2- A aparente indiferença de Deus. O profeta Habacuque clamou a Deus, angustiado com a violência e a iniquidade do seu povo. Inicialmente, ele teve a impressão de que Deus não estava indiferente a tudo aquilo e perguntou até quando, Deus ficaria em silêncio diante daquela situação (Hc 1.2,3). Entretanto, esta aparente demora de Deus em agir, na verdade, era a sua misericórdia e longanimidade para com os transgressores. Deus não tem prazer na morte dos ímpios e dá tempo para que eles se arrependam. 

Antes de destruir os povos de Canaã, Deus esperou que o limite da maldade deles se completasse (Gn 15.16).  O povo de Israel permaneceu na escravidão por 430 anos e os cananeus praticavam as mais terríveis abominações. Queimavam os próprios filhos a Moloque, adoravam ídolos e praticavam a prostituição sagrada. Deus, em sua longanimidade, esperou completar o limite da iniquidade, antes de destruir aquelas nações. 

Com o povo de Israel não foi diferente. Eles pecavam e Deus mandava os profetas para repreendê-los e exortá-los ao arrependimento. Muitos reis ímpios, além de não se arrependerem, ainda perseguiam e matavam os profetas. No Reino do Norte, todos os reis foram mais. O rei Acabe e a rainha Jezabel mandaram matar os profetas do Senhor. Alguns foram escondidos em covas por Obadias, mordomo do rei, para escaparem da morte. Muitas maldades foram praticadas, mas o Senhor esperou muitos anos até permitir o cativeiro da Assíria. 

No Reino do Sul, que era governado pela dinastia de Davi, houve muitos reis piedosos, como Asa, Josafá, Uzias, Jotão, Ezequias e Josias. Mas também teve reis ímpios como Roboão, Jeorão, Acazias, Acaz, Manassés, Amom e Zedequias. Estes reis ímpios levaram o povo à idolatria e praticavam a injustiça. Deus os alertou através dos profetas para que abandonassem o pecado, mas eles não deram ouvidos. Por isso, foram entregues ao cativeiro da Babilônia. 

Atualmente também as pessoas mergulham em todo tipo de pecado e maldade, como se Deus não existisse. O Filho de Deus veio a este mundo, pregou a mensagem de salvação e fé, muitos milagres. Mas o seu próprio povo o rejeitou e o crucificaram. Mas Ele ressuscitou e subiu ao Céu. Os seus discípulos continuaram pregando a mensagem dEle e foram barbaramente torturados e mortos pelos judeus e pelos romanos. Hoje, nós continuamos pregando, mas as pessoas não dão ouvidos à nossa pregação. Entretanto, Deus não está indiferente a tudo isso. Ele é longânimo e espera que as pessoas se arrependam e cheguem ao conhecimento da Verdade. Mas um dia, Ele julgará os ímpios e os condenará. 


3- A resposta pronta de Deus. Habacuque clamou a Deus e ficou incomodado porque a resposta não vinha. Entretanto, quando a resposta de Deus veio, ele ficou mais incomodado ainda, pois Deus não deu a resposta que ele esperava. O profeta imaginava que Deus levantaria pessoas entres os nobres de Judá para punir os pecados e crimes que eram praticados ali. Quando Deus lhe revelou que usaria a Babilônia como instrumento de punição ao povo judeu, Habacuque ficou perplexo e indagou a Deus, perguntando por que Ele usaria alguém para punir Judá, sendo aquele povo mais ímpio do que Judá (Hc 1.13). Em sua resposta, no capítulo 2, Deus explicou a Habacuque que os caldeus também receberiam a sua punição pelo que fariam ao povo de Judá (Hc 2.17). 

Na atualidade também há muitas pessoas que clamam a Deus e querem que Ele lhes responda de acordo com a vontade deles. Outros querem ser mais justos e mais misericordiosos do que Deus, dizendo que Deus não condenará ninguém ao lago de fogo e que não há sofrimento eterno. O falso ensino do Universalismo ensina que no final dos tempos Deus salvará a todos. Mas não é isso que a Bíblia ensina. Jesus deixou claro que há dois caminhos: um largo e outro estreito. O caminho estreito conduz à vida e poucos são os que o encontram. O caminho largo, por sua vez, conduz à perdição e muitos são os que entram por ele. Deus é soberano e não submete as suas decisões à opinião humana. Ele é absolutamente justo em tudo o que faz. 


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

LOPES, Hernandes Dias. HABACUQUE: Como transformar o desespero em Cântico de vitória. Editora Hagnos. pág. 37-41; 47-48.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos.  3615, 3516. 

PALMER, Robertson. Comentário do Antigo Testamento: Naum, Habacuque e Sofonias. Editora Cultura Cristã. pág. 181-182.

22 março 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 13: AVIVA, Ó SENHOR, A TUA OBRA


Ev. WELIANO PIRES

Com a graça de Deus chegamos ao final de mais um trimestre de estudos, em nossa Escola Bíblica Dominical. Estudamos sobre o avivamento espiritual. Vimos na primeira lição, o conceito de avivamento e as condições para que o avivamento aconteça. Nas lições seguintes vimos os exemplos de avivamento no Antigo e no Novo Testamento. Na sequência, falamos sobre os avivamentos ao longo da história da Igreja. Vimos também o avivamento na vida pessoal do crente, a relação entre o avivamento e a missão da Igreja. Na última lição estudamos o tema "Vivendo no Espírito", discorrendo sobre as obras da carne, o fruto do Espírito e o confronto entre estes dois estilos de vida. 


Esta última lição é uma conclusão dos assuntos estudados no trimestre. Tendo como base na oração do profeta Habacuque, estudaremos preciosas lições das palavras proferidas pelo profeta no capítulo 3 do seu livro. Depois de reclamar com Deus, porque Deus levantou a Babilônia, um povo ímpio para punir Israel pelo pecado, Habacuque ouviu a resposta de Deus no capítulo dois. No capítulo 3, ele inicia dizendo: Ouvi, Senhor, a tua palavra e temi. Aviva a tua obra, ó Senhor…” (Hc 3.2). No final do capítulo, ele diz que, mesmo que falte tudo em sua vida, do ponto de vista material, ele esperará e se alegrará no Senhor (Hc 3.16-19). Isto nos ensina que todo avivamento genuíno envolve oração, Palavra de Deus, temor e confiança em Deus. 


No primeiro tópico falaremos sobre o clamor pelo avivamento. Veremos a intercessão angustiada do profeta Habacuque, que após ter uma visão sobre os horrores da invasão babilônica e diante da aparente indiferença de Deus, fez uma oração, questionando a Deus, perguntando até quando ele clamaria a não teria resposta. Veremos também a resposta imediata de Deus ao profeta. 


No segundo tópico falaremos sobre o avivamento pela Palavra, com base nas palavras de Habacuque diante da resposta de Deus ao seu clamor. Falaremos da importância de se ouvir a Palavra de Deus. Depois veremos o que significa temer a Deus. Por último, falaremos sobre a necessidade de clamar ao Senhor por avivamento. 


No terceiro e último tópico, veremos que o avivamento, é questão de vida ou morte. O profeta Habacuque sabia que o seu povo havia pecado e que o juízo seria inevitável, por isso apelou para a misericórdia de Deus. Deus é misericordioso e compassivo e bondoso. O profeta Jeremias, em suas lamentações disse que "as misericórdias do Senhor é a causa de não sermos consumidos". (Lm 3.22). Clamemos, pois a Deus pela sua misericórdia e por um avivamento em nossa geração. 


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

LOPES, Hernandes Dias. HABACUQUE: Como transformar o desespero em Cântico de vitória. Editora Hagnos. pág. 11-12.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pag. 1119.

O AVIVAMENTO PELO FRUTO DO ESPÍRITO


(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 12: Vivendo no Espírito)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos sobre  o avivamento pelo Fruto do Espírito Santo. Veremos que o Fruto do Espírito Santo e os dons espirituais são características essenciais à vida cristã. Os dons espirituais não são para todos os crentes e são concedidos pelo Espírito Santo a quem Ele quer, para o que for útil. O Fruto do Espírito Santo, no entanto, é indispensável a todos os crentes. Por último, faremos uma breve exposição das nove virtudes do Fruto do Espírito que são inseparáveis e interdependentes. A conclusão que Paulo faz da exposição dessas virtudes é que não há Lei contra o Fruto do Espírito.


1- Fruto do Espírito. O fruto do Espírito, no singular, se opõe frontalmente às obras da carne, vimos no tópico anterior. Muitos não entendem porque o Fruto do Espírito aparece no singular, diferente dos dons que aparecem no plural e são diversos. Isto significa que, as virtudes do Fruto do Espírito são inseparáveis e interdependentes, ou seja, não é possível ter uma e não ter as outras, como acontece com os dons espirituais. Para facilitar o entendimento, os expositores bíblicos comparam o Fruto do Espírito  a uma fruta, como uma laranja, que tem vários gomos, mas é um só fruto. 

O fruto do Espírito Santo é o resultado de uma vida cristã sob a direção e o domínio do Espírito Santo. O amor encabeça esta lista de virtudes e resume as demais, pois não quem ama de verdade tem alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Estas virtudes são produzidas em nosso interior pelo Espírito Santo e estão relacionadas ao nosso caráter. Não podem ser criadas artificialmente ou simuladas. Ou a pessoa anda no Espírito e produz estas virtudes, ou anda segundo a sua própria natureza e produz as obras da carne.


2- Os nove aspectos do Fruto do Espírito (Gl 5.22). O Fruto do Espírito se divide em nove virtudes inseparáveis e interdependentes, como já falamos. O apóstolo Paulo citou estas nove virtudes, escrevendo aos Gálatas. O comentarista fez uma breve exposição de cada delas, citando inclusive, os respectivos termos gregos correspondentes:

a. Amor (gr. ágape). É a mais nobre das virtudes. Somente Deus é capaz de amar com este amor e é Ele que produz em nós este amor sacrificial, capaz de fazer o bem a quem não merece, sem esperar nada em troca. Este não é o amor phileo, que é o amor aos amigos. Também não é o amor storge, que é direcionado aos familiares; nem tampouco, o amor eros, que é a atração sexual. O amor ágape, que é fruto do Espírito Santo, é uma virtudes chamadas de teologais, junto com a fé e a esperança, pois é Deus quem as concede ao ser humano que anda com Ele. Este é o amor de 1 Coríntios 13, que está acima dos dons espirituais.

b. Alegria  (gr. chara). A alegria produzida pelo Espírito Santo no crente, não é a alegria comum, que está relacionada às circunstâncias favoráveis ou a momentos felizes. A alegria como fruto do Espírito transcende às circunstâncias e à própria vida. O crente que tem a alegria do Espírito, alegra-se no Senhor e na esperança que tem nEle (Rm 12.12; Fp 4.4). 

c. Paz (Gr. eirene). A paz que o Espírito Santo produz no crente não é simplesmente ausência de guerra. Não é a paz que o mundo oferece. É a paz com Deus, consigo mesmo e com o próximo, independente das circunstâncias. É a paz que excede a todo entendimento. Infelizmente, em muitos meios ditos evangélicos não há esta paz e as pessoas vivem em disputas pelo poder. 

d. Longanimidade (gr. makrothumia). Longanimidade pode ser dividida em duas palavras: longo e ânimo. Portanto significa manter em paz por muito tempo, mesmo sob ofensas. É a paciência para suportar afrontas e não revidar. 

e. Benignidade (gr. chrestotes). É a disposição para desejar e fazer o bem ao próximo, independente de quem seja. A pessoa benigna jamais faria mal a alguém mesmo que tenha motivos para isso. 

f. Bonda­de (gr. agathosune). É a prática de boas ações. Somente Deus é bom, portanto, só faz coisas boas quem tem Deus no coração, pois as coisas boas vem dele. Quem tem esta virtude do Espírito tem uma boa índole e só pratica o que é bom. 

g. fé / Fidelidade (gr. pistis). Fé neste contexto não se refere apenas à crença na existência de Deus. É a confiança inabalável em Deus, que leva o crente a ser fiel a Deus em todas as coisas, renunciando até a própria vida e praticando boas obras por amor a Deus. Sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6). 

h. Mansidão (gr. prautes). É virtude de quem é brando, dócil, amável e manso nas reações. Jesus é o nosso maior exemplo de mansidão e disse para aprendermos com Ele a ser mansos. A mansidão é o oposto de um comportamento explosivo e descontrolado.

i. Temperança (gr. egkrateia). A palavra grega egkrateia traduzida por temperança, na versão Almeida Revista e Corrigida, é formada por dois vocábulos gregos eg (eu) e Kratos (domínio). Significa, portanto, domínio próprio, autocontrole, moderação e equilíbrio em todas as coisas.


3- Contra o Fruto do Espírito, não há lei. Paulo concluiu o seu ensino sobre o Fruto do Espírito dizendo: "contra estas coisas não há lei".  (Gl 5.23). A lei foi dada a Israel para mostrar o pecado e a incapacidade do ser humano de cumprir a Lei. A graça veio por Jesus Cristo, que concede ao ser humano o Espírito Santo, o qual produz nele estas virtudes e o capacitam a vencer a sua natureza pecaminosa. 

As virtudes do Espírito Santo não são condenadas pela Lei de Deus nem pelas leis dos homens. Estas virtudes cumprem a Lei de Deus mais do que sacrifícios, ordenanças e rituais. O apóstolo Paulo disse que o cumprimento da Lei é o amor: "Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo." (Gl 5.14). 


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 1182.

WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Novo Testamento. Vol. I. 1 Ed 2006. Editora Central Gospel. pág. 9

LOPES, Hernandes Dias. GÁLATAS: A carta da liberdade cristã. Editora Hagnos. pág. 248.

21 março 2023

O CONFRONTO ENTRE A CARNE E O ESPÍRITO

(Comentário do 2⁰ tópico da lição 12: Vivendo no Espírito).

No segundo tópico, falaremos do confronto que há entre a carne e o Espírito. Esta é a maior luta que o crente enfrenta nesta vida. A carne é a natureza humana corrompida pelo pecado, que se inclina para a prática do pecado. Depois faremos uma breve exposição das obras da carne, descritas por Paulo em Gálatas 5.19-21.  


1- Carne x Espírito. Escrevendo aos crentes da Galácia,  o apóstolo Paulo disse: “Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis” (Gl 5.16-17). Para entendermos este texto bíblico, precisamos buscar o significado de três palavras chaves do texto: carne, Espírito (com "E" maiúsculo) e concupiscência. 

A palavra "carne" que aparece aqui, no grego é "sarx". Segundo o dicionário bíblico Wycliffe, esta palavra é usada em sentido figurado e refere-se à natureza carnal, ou a disposição no homem que é propensa a pecar e que é antagônica a Deus. A natureza humana foi corrompida pelo pecado e tem forte inclinação para o pecado. 

Espírito, por sua vez, é a tradução do grego "pneuma", que significa literalmente "sopro". Neste contexto de Gálatas 5 e em todas as vezes que aparece em nossa Bíblia com "E" maiúsculo, refere-se ao Espírito Santo. Quando recebemos a Jesus como Senhor e Salvador, o Espírito Santo nos é dado para habitar em nós e Ele se opõe frontalmente à natureza pecaminosa do homem (carne). 

A terceira palavra que devemos compreender para entender este texto é "concupiscência". A palavra grega traduzida por concupiscência é “epithymia”, que significa literalmente forte desejo por algo. É o contexto que determina o real significado, pois a palavra era usada em sentido positivo ou negativo. Por exemplo, o Senhor Jesus usou esta palavra em um sentido piedoso, quando se reuniu com os seus discípulos para a última ceia: “E disse-lhes: Desejei [epithymia] muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça." (Lc 22.15). Entretanto no contexto de Gálatas 5, a palavra é usada em sentido negativo, para se referir aos desejos da natureza pecaminosa, por práticas ilícitas. 

O apóstolo Paulo explica que em nosso interior há um embate entre a velha natureza, corrompida pelo pecado, e o Espírito Santo, que é absolutamente Santo e se opõe à carne. A seguir veremos as obras da carne descritas por Paulo e, no terceiro tópico discorreremos sobre as virtudes que compõem o fruto do Espírito. 


2- As obras da carne. Conforme mencionado acima, a carne, no contexto de Gálatas 5, não se refere aos órgãos e tecidos do corpo humano e sim, à natureza humana decaída, com forte inclinação ao pecado.  O apóstolo Paulo enumera uma lista de dezesseis obras da carne, mas deixa claro que esta lista não é exaustiva, quando diz "...e coisas semelhantes a estas". Estas obras de dividem em três categorias:

a. Pecados contra o próprio corpo: 

1. Prostituição. (Gr. porneia). Em sentido genérico, refere-se a qualquer tipo de imoralidade sexual, incluindo pornografia, homossexualismo, relacionamento sexual entre solteiros, etc. O adultério, que é o relacionamento sexual entre uma pessoa casada e outra que não é o seu cônjuge, no grego é moichéia, embora em alguns texto em português ambos são traduzidos como prostituição. 

2. Impureza. (Gr. Akatharsia). Refere-se aos desejos sexuais e pensamentos por pessoas que não sejam o seu cônjuge. Jesus disse que aquele que alimentar esse tipo de pensamento já cometeu adultério em seu coração (Mt 5.28). 

3. Lascívia (Gr. Aselgeia). Refere-se à sensualidade despudorada, para atrair o desejo sexual de outras pessoas. Por exemplo, exibir o próprio corpo, usando roupas minúsculas. Isso alimenta o pecado da impureza. Portanto, pecam aqueles que mostram o corpo e os que olham e desejam. 

4. Bebedices (Gr. methe). Descontrole físico e mental oriundo do consumo de substâncias inebriantes.

5. Glutonaria (Gr. Komos). Descontrole total em relação aos alimentos, bebidas, sexo, festas e diversões.

b. Pecados contra a religião:

1. Idolatria (Gr. Eidolatria). Vem da junção de dois termos gregos: eidolos (ídolos) e latreuo (adoração). Portanto, é a adoração a qualquer pessoa, espírito, instituição, pessoas ou objeto em lugar de Deus. 

2. Feitiçarias (Gr. Pharmakeia). Refere-se a todo tipo de espiritismo: magia negra, necromancia, invocação aos espíritos e uso de drogas na prática de feitiçarias.

c. Pecados contra o próximo.

1. Porfias (Gr. Eris). Brigas de disputas por posições superiores. 

2. Emulações (Gr. Zelos). Refere-se ao ressentimento e amargura pela prosperidade dos outros. 

3. Iras (Gr thumos). Explosão de fúria que resulta em palavras e atos violentos contra o próximo. Esta palavra deu origem à palavra portuguesa tumor.

4. Pelejas (Gr. Eriteia). Disputa ambiciosa pelo poder. 

5. Dissensões (Gr. Dichostasia). Ensinos exclusisvistas, sem nenhum respaldo bíblico. 

6. Heresias (Gr. Hairesis). Formação de grupos dentro da congregação, que destroem a unidade da congregação. 

7. Homicídios (Gr. Phonos). Assassinato doloso, por pura maldade. Jesus comparou o ódio aos irmãos com o assassinato. O apóstolo João também disse que aquele que odeia o seu irmão é assassino (1 Jo 3.15).


Estas e outras obras originam-se na natureza humana decaída e distante de Deus. No final, apóstolo Paulo diz que aqueles que praticam estas coisas não herdarão o Reino de Deus. Muitos crentes, equivocadamente, tentam repreender o demônio das pessoas que praticam estas coisas. Mas, embora o inimigo use estas coisas para escravizar as pessoas no pecado e afastá-las de Deus, estas pessoas não estão possessão por demônios. O que elas precisam fazer é buscar a Deus e andar segundo a direção do Espírito Santo. Somente assim, poderão vencer a carne e as suas concupiscências.


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 1180-1182.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2ª Impressão: 2010. Vol. 2. pag. 295-296.

UMA IGREJA MODELO

(Comentário da Lição 2: A Igreja de Jerusalém, um modelo a ser seguido) Ev. WELIANO PIRES  No terceiro tópico, falaremos da Igreja de Jerusa...